No dia seguinte, de manhã cedo, os quatros alunos dirigiram-se para a escola. Levavam consigo grandes mochilas com o saco de cama, tenda, e outros utensílios importantes para uma expedição na Amazónia.
- Olha o professor já ali está. ? disse Rubem, ao apontar para o Pro. Henrique, que estava ao pé da porta de entrada da escola.
- Bom dia. ? saudaram uns para os outros.
- Vamos então. ? disse o Pro. Henrique.
Dirigiram-se para o carrinho dele, e meteram-se a caminho. Foram para a floresta, e andaram até onde não se podia ir de veículo. A partir daí foram a pé.
Andaram, e andaram, pela floresta quente e húmida, cheia de belas flores e estranhos e fascinantes insetos.
- Vamos parar aqui. ? disse o Pro. Afonso, ao chegarem ao pé de um riacho. ? Vamos descansar um pouco.
- Sim Stor. ? disse Sérgio, e pousou a sua mochila no chão, e ajudou Carla a tirar a sua. Rubem também ajudou Maria, apesar de terem andado o caminho todo às turras.
- Está tudo bem Stor? ? perguntou Carla, ao ver o professor olhar o mapa com alguma preocupação.
- Sim, está. ? respondeu ele. ? Não estamos perdidos. Estamos indo no caminho certo, mas?
- Mas o quê? ? perguntou Rubem, com preocupação na voz.
- Sim, passa-se algo? ? perguntou Maria, também com preocupação.
- Calma, não é nada de grave, é só que o caminho mais rápido para o laboratório é praticamente impossível de percorrer.
- Porquê? ? perguntou Sérgio.
Carla não tomava muita atenção à conversa. Olhava á sua volta, tinha aquela irritante sensação de estar a ser observada.
- Porque não podemos ir por aí? ? perguntou Sérgio.
- É que para ir pelo caminho mais rápido, nós temos de subir um rio ? respondeu o Pro. Afonso.
- Oh! ? exclamou Rubem assustado.
- Isto não. ? concordou Maria. ? Então o que vamos fazer?
- Vamos dar a volta no rio. Vamos por um caminho mais fácil de percorrer. ? disse o professor. ? Vamos é demorar mais tempo.
- Então é melhor continuarmos. ? sugeriu Rubem.
- Sim, é. ? concordou Sérgio.
Beberam um pouco de água e comeram umas bolachas, para enganar a fome, e continuaram o seu caminho.
- Tá tudo bem? ? perguntou Sérgio a sua querida Carla.
- Sim, está. ? respondeu ela, com voz pouco segura. ? Tenho a sensação que estamos a ser observados.
- Ah! Isto é normal aqui na selva. ? disse Sérgio, para acalmar a namorada. ? Há muitos animais aí escondidos, e com certeza que muitos estão a olhar para nós.
- Sim? deve ser isto.
E continuaram o seu caminho.
Por detrás duns arbustos compridos e verdes, algo observava o grupo a afastar-se. Era uma estranha criatura verde, enorme e horrenda. Babava-se de fome ao ver aquele grupo de humanos.
O grupo caminhou até ao anoitecer.
Acamparam ao pé duma árvore enorme, com bela folhagem verdeada, e frutos estranhos com aspecto delicioso. Insetos da noite, voavam por ali, em volta do candeeiro que o professor trouxera, e agora acendera. O grupo montou as tendas em redor do candeeiro. Três foram montadas. Uma, que era a maior foi para o professor, outra para o casalzinho Sérgio e Carla, e a última para o Rubem e Maria, que apesar de estarem sempre a discutir, concordavam sempre um com o outro, e também tinham uma paixão.
O Pro. Afonso acendeu o seu fogareiro, e Rubem que era um ótimo cozinheiro preparou o jantar. Salsichas de conserva fritas com manteiga.
- Também só sabes cozinhar comida já feita. ? disse Maria a rir com voz de gozo, mas sem ofensa, era tudo uma brincadeira.
- Eu trouxe pão. ? disse Sérgio, tirando um saco de pão tipo sanduiche da sua mochila.
- Boa Sérgio! ? exclamou Rubem. ? A comida está quase pronta. Alguém trouxe pratos e talheres?
- Eu. ? responderam o Pro Afonso e Carla ao mesmo tempo.
E desataram a rir.
- Carla, me ajuda a apanhar uns frutos? ? perguntou Maria. ? Para sobremesa?
- Sim, claro. ? respondeu ela.
E as duas raparigas começaram a apanhar aqueles frutos da árvore. Eram estranhos, mas tinham um aspecto delicioso. Seriam comestíveis? Não sei, mas elas deviam saber, estavam a estudar para botânicas, e o professor delas não as impediu, por isso os frutos deviam ser mesmos bons e comestíveis.
A um canto escuro, entre a vegetação, aquela estranha criatura, vegetal observava o grupo. Tinha seguido o grupo desde então. Andava à caça, e esperava pelo momento certo para caçar as suas presas.
- Já tá pronto! ? exclamou Rubem, desligando o fogareiro. ? Venham comer.
Sentaram-se no chão, encima duma espécie de manta azul clara que Maria trouxera. Eles comiam e falavam. Estavam a comer as salsichas que Rubem preparara, comiam-na com o pão que Sérgio trouxera. Também bebiam sumo de frutos tropicais e comiam outros snacks. No final, pediram ao Pro. Afonso para ele ler uma história dum livro, que Rubem trouxera. O título do livro era ?Medos e Pesadelos? de Sérgio Brázio, e era um livro de contos de terror. O professor aceitou ler o último conto do livro titulado: ?Flora?.
E, antes de irem dormir, os rapazes e o professor beberam um copo de whisky da marca japonesa Nikka. Era para ajudar a dormir, pois é difícil dormir na Amazónia, estava um calor húmido, e os insetos comem-nos vivos.
Despediram-se, e foram para as tendas. O professor ainda estudou um pouco mais o mapa, e lia uns relatórios que o irmão lhe enviava todas as semanas das suas pesquisas. Eram pesquisas estranhas. Genéticas. Também tinha dificuldade em dormir, não conseguia deixar de pensar no irmão.
Maria e Rubem, estes adormeceram logo, pareciam dois bebés.
- Tá tudo bem? ? perguntou Sérgio a Carla, ao ver que ela não conseguia dormir.
- Não consigo deixar de ter esta estranha sensação. ? disse ela.
- De que algo nos está a observar?
- Sim?
- Vem cá. ? pediu ele, e abraçou-a. ? Não se preocupe, o Stor trouxe um revolver com ele.
- Trouxe?!
- Sim? - murmurou ele com voz sensual.
Saiu de dentro do seu saco-de-cama, e meteu-se encima de Carla. Abraçaram-se, despiram-se, tocaram-se. Excitados, Sérgio tirou um preservativo da carteira, tirou-o dentro da embalagemzinha, e meteu o preservativo pelo pénis duro. Carla abriu as pernas, e ele penetrou-a com prazer. Mas Sérgio era bom namorado e assegurava-se que Carla atingia sempre o orgasmo, custasse o que custasse.
Entretanto, a estranha criatura aproximava-se das tendas. Aproximava-se lentamente, e babando-se de fome.
Maria, acordara então, ao ouvir um barulho. Abriu os olhos, que eram belos de um azul-marinho, e viu a sombra da criatura ao pé da entrada da sua tenda.
Começou logo a gritar, gritava como só as mulheres sabem gritar. A criatura fugira, e todos os outros saíram de suas tendas para ver o que se passara.
O primeiro a chegar à tenda foi o professor, a seguir vieram Sérgio e Carla, eles demoraram mais porque tiveram de se vestir, e Sérgio além de se vestir, também teve de se limpar.
- O que aconteceu? ? perguntou o Pro. Afonso.
- Não sei. ? respondeu Rubem. ? Ela começou a gritar de repente. ? ele tentava-a acalmar.
Depois de se acalmar um pouco, ela disse:
- Há algo aí no bosque.
- O quê?! ? exclamou Rubem. ? Deves ter sonhado.
E abraçou-a para a acalmar, para lhe mostrar que estava tudo bem.
Carla também ficou com ela.
Para precaução, o Pro. Afonso e Sérgio, com lanternas, deram uma volta pela área, mas nada de estranho viram.
Voltaram todos para as tendas, para dormir, mas ninguém conseguia.
O monstro continuava ali, escondido entre os arbustos, a olhar para a sua fonte de alimento, esperava que se separassem, e assim começar a caçada.