Necromante - Os Deuses da Morte

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    14
    Capítulos:

    Capítulo 10

    Temor

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Violência

    Yoo,

    Você deve estar se perguntando o porquê de um não ter postado capítulo ontem, ainda mais caso você tenha lido meu último capítulo de Os Cinco Selos

    Eu poderia dar uma desculpa dizendo que meu hamster morreu, ou que meu irmão estava bêbado, tropeçou, bateu a cabeça no meio fio e morreu de desgosto por essa série dos Jovens Titãs. Contudo, por eu ser verdadeiro e muito transparente com vocês, eu admito que esqueci

    PERDÃO

    Boa leitura ^^

    Flechas flamejantes subiram aos céus em meio a floresta, o que sinaliza que inimigos se aproximavam.

    O som dos sinos por de dentro dos muros do reino de Condar ecoou.

    A tensão tornou-se tão grande que parecia ser apalpável. Todos ficaram sem se mover por um curto instante, e voltaram no momento que seus líderes começaram a repassar as ordens. O barulho metálico das armaduras e dos passos começaram a tomar conta. Os soldados começaram a tomar suas respectivas posições pelo reino, concentrando-se nos portões fechados.

    Em cima dos muros, os arqueiros começavam a linha, colocando seus arcos por entre as ameias. Um homem alto e robusto passava de um lado para o outro, corrigindo a postura de seus soldados.

    E o silêncio voltou. Só era possível escutar a respiração pesada dos arqueiros. Suavam frio. Estavam tensos, ansiosos, receosos e...

    Um barulho familiar começou a vir da floresta que cercava o reino. Cada vez mais alto... não, cada vez mais perto. Eram passos. Muitos deles.

    O exército de mortos rompeu da floresta e já correu em direção ao muro, sedentos e velozes. Ao ver aqueles seres sombrios e mórbidos, os arqueiros hesitaram. Porém, aos escutar os berros de seu comandante “Atirem!”, eles imediatamente voltaram para si, pegaram suas flechas, retesaram os arcos e dispararam. Os projéteis viajaram no ar, caindo em direção aos mortos. Não precisa ser um gênio para saber que flechas eram inúteis contra esqueletos, pois não tinha carne. E também não precisa ser para saber que, mesmo contra o mortos-vivos que ainda tinham corpos com carne, não faria diferença pois já estavam mortos.

    Com isto, o exército de mortos chegou até os muros. Eles se amontoaram em frente ao portão, tentando desesperadamente entrar simplesmente com força bruta, o que obviamente não daria certo. Alguns se juntaram ao redor do muro, amontoando-se em tentativas desesperadas para escalar. Cada vez mais e mais se aproximavam, parecendo um mar infinito de mortos.

    Os soldados perto do portão observavam os mortos. Sentiam que cada um deles queriam devorá-los vivos. Alguns homens recuaram um pouco, com medo. Outros se aproximaram e começaram a golpear os braços que ultrapassavam a grade, sendo que alguns pegaram hastes com lâminas afiadas para espetá-los.

    Já sobre os muros, os arqueiros se assustavam cada vez mais quando os esqueletos conseguiam conquistar mais altura. Alguns trocaram o arco por pedras de tamanho considerável, que deixavam cair em direção a estas concentrações de mortos, fazendo-os despencarem.

    Bonecos de pano do tamanho de humanos surgiram. Conforme se aproximavam, os esqueletos e mortos-vivos abriram espaços para passarem. Dois dos bonecos começaram a bater no portão, que chiava a cada impacto. Os outros tentavam atirar os esqueletos para cima dos muros.

    Os soldados sobre o muro começaram a pegar barris e carregá-los até as ameias. O líquido, óleo quente, fora despejado sobre os esqueletos, mortos-vivos e bonecos de pano, sendo que os dois últimos foram os que mais sofreram danos por isso. De cima das ameias, dois homens trajados com túnicas brancas e adornadas com dourado e com o rosto oculto por máscara surgiram. Ambos seguravam um tomo na mão esquerda, enquanto apontavam em direção aos inimigos com a direita, mantendo seus dedos mindinho e indicador em riste. Depois de recitarem algo, os livros emanaram um brilho, bolas de fogo formaram-se entre os dedos e foram disparadas para baixo, atingindo o óleo quente e fazendo todos os mortos ardessem em chamas.

    A verdade é que ninguém pensava que aquilo daria certo, mas deu. O exército de mortos-vivos parou de se mexer e pararam de sair da floresta. Ainda desconfiados e tensos, os soldados aproveitaram essa brecha para reagrupar.

    Depois de se passar muitos minutos sem o ataque do necromante, o rei Kornn subiu em seu muro acompanhando de seu Conselheiro de Guerra, Nalaf. Abaixo, ele notou a nojeira negra e gosmenta que se tornou aquelas aberrações depois de serem queimadas com óleo quente e fogo, e cuspiu neles.

    — Talvez devêssemos tentar flanqueá-los — sugeriu Kornn.

    — Precisamos descobrir onde eles estão primeiro — replicou o Conselheiro. — Talvez estejam nos cercando por todos os lados, e nós cairíamos em uma emboscada.

    — O que mais me preocupa são outras questões. Os soldados deles não sentem fome, medo, pavor, sono... Nós sentimos isso e muito mais. Não podemos deixar esta guerra se prolongar. — Kornn coçou a barba, pensativos. — Vamos nos reunir no castelo para discutir o próximo passo.

    Kornn escutou o leve som do retesar dos arcos. Olhando para baixo notou que um punhado de mortos-vivos saíram por de entre as árvores. Rapidamente notaram que aqueles mortos trajavam a armadura vermelha e negra do reino de Condar, fazendo-os hesitar. Logo em seguida, surgiu alguns esqueletos carregando uma estaca, onde um comandante de Condar jazia. Cletus estava com o rosto destroçado, seu corpo magro, cheio de ferimentos em carne viva, e com sangue seco grudado sobre a pele. Seguidamente, apareceu o segundo comandante, Lance, o bardo, porém este não jazia em uma estaca. Ele fora transformado em uma das marionetes do necromante, e, graças as diversas perfurações sofridas por Hades, mal conseguia manter-se de pé ou muito menos andar. Os espasmos em seu corpo deixam nítido a forma em que sofria.

    Repentinamente, mais esqueletos e mortos-vivos surgiram da floresta e começaram a dilacerar todos aqueles mortos-vivos que outrora respondiam as ordens do rei Kornn.

    Todos os soldados em cima do muro e os que enxergavam pelo portão viram aquela cena com horror, sendo que alguns deles chegaram até a vomitar. Enfurecido, Kornn bateu seu punho contra as pedras e xingou bem alto. O rei desceu das alturas ignorando qualquer um que redigisse palavras a ele, e seguiu em direção ao castelo a passos largos e ágeis.

    Todos os homens ficaram ainda mais tensos e cheio de pavor.

    Para quebrar o silêncio, o estrondo alto e forte de um trovão ecoou, como um rugido.

    Bem, de fato era um rugido, mas nenhum daqueles muitos soldados jamais viram um dragão na vida.

    Vendo aquela monstruosidade aladas pairar no ar, os soldados arregalaram os olhos. Muitos já largaram as armas, desistindo, outros começaram suas orações, mas todos eles pensaram na mesma coisa: morte.

    Desordem soprou seu bafo cálido em direção ao reino. Todos que estavam no muro e perto dele começaram a ser incinerados pelas terríveis chamas laranjas. Os mais sortudos viraram cinzas imediatamente, e os menos afortunados, claro, ficaram sentindo seu corpo queimar intensamente por poucos segundos, o que pareceu uma eternidade. O dragão cinzento chocou seu enorme e pesado corpo contra o alto muro, fazendo com que certa parte ruísse até o solo. Feito isso, Desordem pousou sobre a parte boa da muralha e ficou observando os soldados, emanando terror a eles.

    O exército de mortos apareceu em grande quantidade, correndo em direção ao muro, passando por cima dos escombros e adentrando no reino de Condar. Os primeiros metros depois do muro ardiam chamas. Escombros, cinzas e corpo negros que não foram completamente carbonizados. E esta situação não alterava em nada para os esqueletos, mortos-vivos e bonecos de pano, mas para os humanos, sim.

    Distraídos com aquela criatura de histórias fantasiosas que até então eles pensavam não existir, os soldados não notaram que os exércitos de mortos adentravam pelo buraco no muro. Sem notar o perigo na altura deles, os humanos fintavam o dragão com seus olhos trêmulo de pavor, assim como o resto do corpo. Por causa disto, a primeira fileira de guerreiros caiu facilmente, da mesma forma que a segunda, terceira e quarta foram caindo.

    Sem escolha, mesmo tremendo de medo, os humanos investiram contra o exército inimigo, colidindo contra eles. O soar metálico começou a surgir em meio aos gritos e o desespero. Os humanos perfuram seus inimigos, mas não fazia diferença alguma. Os esqueletos tomavam suas lâminas e atacavam. Os mortos-vivos os devoraram. E os bonecos de pano simplesmente os trucidavam com sua terrível força.

    De cima das casas, magos orquestravam sua magia de fogo e atiravam contra o exército inimigo, fazendo-os arder. Os mortos-vivos tinham sua carne queimada e os bonecos de pano desmanchavam. Os esqueletos, porém, resistiam mais ao fogo, mas perdiam em menor número.

    Os magos juntaram-se para fazer uma grande bola de fogo, que fora disparada, mas brandiu contra um muro de gelo que surgiu a frente do exército de mortos. O confronto entre o fogo e gelo causou uma explosão de vapor, dificultando a visão dos que ali confrontavam — e os soldados do necromante continuaram a avançar impetuosamente mesmo assim.

    Com a dispersão do vapor, foi possível ver que as casas onde os magos se encontravam haviam sido tomadas pelo gelo, assim como os próprios magos. Aisa se aproximou de uma das casas e fintou um mago que ainda não tinha sido tomado completamente pelo gelo.

    — Não é nada pessoal, sério. — Deu de ombros. — Você que está indo contra a vontade do meu rei.

    E o gelo sufocou o grito.

    Aisa olhou para o lado e notou alguns inimigos correndo em sua direção. Ela esticou o braço direito e, manipulando o ar e gelo, fez estacas gélida serem atiradas em alta velocidade, varando armaduras dos que viam a frente e dos que viam mais atrás.

    Mais bolas de fogo explodiram nos soldados do Rei Morto.

    A feiticeira olhou para o lado e observou mais magos em cima de outras casas. Do seu pé, o gelo traçou o chão até o outro lado, emergindo um grande bloco de gelo do chão no fim do rastro.

    Thanatos pegou impulso sobre aquele bloco de gelo e saltou em direção a casa. O primeiro mago foi facilmente subjugado com o ataque desferido em forma de arco do espadachim, cortando seu corpo ao meio como se fosse nada. Havia um segundo próximo, e Thanatos rapidamente o pegou com a mão esquerda e atirou-o para baixo, que foi pisoteado e depois devorado. Em seguida, saltou para outra casa.

    Já tendo notado o espadachim, um dos magos atirou uma bola de fogo na direção dele, mas fora bloqueado pela espada. Thanatos caiu estocando com sua lâmina, empalando o primeiro mago, e continuou seguindo, empalando o segundo e terceiro, tão rápido e violento quanto um raio. Depois ele se arrependeu amargamente por ter feito isso, pois teve certa dificuldade para tirar os três homens de sua grande espada.

    Depois Thanatos se jogou no meio do embate, obliterando seus inimigos. Aisa ficou um tempo parada observando o espadachim. Ela sempre achava admirável a forma que Thanatos parecia vivo em uma guerra.

    E o cheiro de sangue, brasa, merda e morte pairavam intensamente no ar.

     Por de dentro do castelo, o rei Kornn andava apressadamente pelos seus corredores, com seu conselheiro de guerra ao seu lado. Todos seus comandantes restantes e os de seus aliados estavam lá embaixo guerreando.

    — Ele tem a porra de um dragão, Nalaf! — esbravejou o rei. — Não importa o quanto a gente tentasse premeditar seu movimento, pois nunca pensaríamos que ele teria a porra de um dragão!

    — Senhor, nós podemos nos retirar pelas passagem secretas e-

    — Eu não irei fugir! — Fez uma pausa quando começou a subir as escadas. — Minha mulher e meu filho irão.

    — Não há como ganharmos este confronto, meu rei!

    — Não me diga! Isto é mais do que obvio, seu velho desgraçado. Eu tenho que escrever uma carta dizendo todo os perigos que os reinos correm. Se eles não souberem sobre esse dragão, ninguém irá deter esse necromante.

    Kornn e Nalaf adentram na espaçosa sala do trono. O rei rapidamente pegou um pergaminho e o conselheiro entrego-o a pena e a tinta.

    — Não importa o quão forte seja, dará tempo o suficiente para escrever detalhadamente antes que cheguem até aqui.

    No momento em que Kornn colocou a ponta da pena sobre o pergaminho, seus pelos da nuca se ouriçaram. Olhando instintivamente para trás, notou que uma sombra no canto da sala tornava-se maior, mais densa. De lá, duas silhuetas começaram a aparecer.

    Hela deu um passo à frente e fez uma reverência.

    — Rei Kornn, o Rei Morto dese-

    — Cala a sua boca, sua puta estúpida — cortou Kornn como aço. — Que ele mesmo fale se tiver coragem.

    — Em respeito ao meu rei... — A bruxa ergueu seu olhar sombrio — não irei matar você agora.

    — Se ele falar assim de novo com você, pode matá-lo, o mesmo para você, Hades. — Morrigan repousou sua mão sobre o ombro de Hela e fintou Kornn. — Eu irei falar e você irá escutar, se não...

    Pela primeira vez o rei e o conselheiro notaram a máscara branca que parecia flutuar, mas logo notaram que a escuridão ali era ela. E, com a sombria, estava seu filho, com sua barriga volumosa, e sua esposa, tão velha e cheia de rugas quanto ele.

    Continua...


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