O Principado de Órion

Tempo estimado de leitura: 8 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 24

    Visita Noturna

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Naquela mesma noite, em uma remota floresta de espinhos e pântanos, oeste de Eramar uma reunião ocorria em meio à sombras e chamas bruxelantes de tochas fincadas na grama úmida. Quatro sombras se postavam em circulo diante da roldana de pedra no centro. Os glifos e ideogramas gravados na pedra pulsavam num pálido azul enquanto um grupo se prostrava em adoração. Os murmúrios monossílabos, mais antigos que na Era das Feras.

    - Eis que a serpente desperta!

    Uma das sombras clamou, fazendo as três o olharem. Cada uma pertencia uma guilda contrária as diretrizes do Conselho. A única sombra feminina curvou os lábios em desdém. Olhando debochada aquele clérigo rezar para um “deus”. Ela sabia e seus aliados também que não havia um “deus”. A serpente era um ser indomável e real. A jóia escarlate no centro da roldana de pedra transmitia a voz sibilante e gélida.

    Sempre ameaçando e querendo sangue.

    Diz a lenda que somente um mago é capaz de domar a serpente. E ela já cuidou, mesmo que falho inicialmente da única, atualmente, capaz. Fitou o rubi sangue, pulsante de magia estreitando o olhar. O acidente no trem seria perfeito senão fosse por aquele mago. B.L.E.V.E jamais falhou e Azusa aguardava ordens para prosseguir. Ela tinha calma. Seu objetivo era maior do que ser escrava de uma criatura sádica.

    Então por ora, obedeceria as ordens. Até não ser mais necessário.

    ///////////////////////////////////////////////////////////////

    Eramar

    Caminhando no gramado ao subir a colina, Natsu encarava a casa adiante num estado entorpecido e elétrico. Resultado de virar uma ou duas garrafa de vinho ouvindo as merdas de Gajeel. Ele não tinha paciência para isso. Estava inquieto desde cedo e os conselhos cretinos do sujeito só fizeram piorar.

    Ele bem que tentou ignorar. Mas não era a mesma coisa.

    A loirinha não era só seu objeto de desejo. Era uma amiga, sua parceira de luta agora e melhor... sua apaziguadora. Que Gajeel fosse ao inferno sobre controle de instintos. Ele bem sabia do tormento que passava agora. Não queria outra mulher. Nem faria algo cretino como transar com outras. Seu corpo ansiava quente apenas por uma. Ela não era sua namorada? Se fosse para acabar com esse celibato terrível seria com ela.

    Claro, ia esperar o tempo que agüentasse. Mas sentia que faltava pouco para  queimar de loucura.

    Diante do muro alto, analisava os meios que usaria para escalar, depois correr e lidar com as duas estatuas malditas. Gajeel, aquele maldito, o largou sozinho. Dizendo que precisava procurar alguma coisa, ou será que era rastrear? Sorriu de canto recuando uns passos para tomar distancia. Se estivesse certo ele sabia bem o que o comedor de sucata procurava.

    Um cheiro irresistível. Para ser mais exato, o cheiro incrível e especifico de mulher. Ele notou o quanto o colega parecia incomodado na conversa. O jeito irritadiço sobre suas piadas. Gajeel era um cara bruto, violento e escandaloso em batalha. Ele tinha mais amantes intrépidas do que podia contar. Mas uma vez, o viu se aproximar de um tipo diferente. Raro naquela época. Uma menina erudita.

    Em sua opinião era cômico. O sujeito brutal encantado por alguém calmo. Por isso ele ficou quieto e estranho quando as duas apareceram na guilda hoje. O comportamento meio ofensivo contra a baixinha. Pois bem. Ficaria quieto e deixaria o idiota se cansar até entender. Mas primeiro teria que avisar a loirinha. Soltou um risinho. Afinal, as duas eram amigas.

    Encarando o muro, sem querer começou a arfar de expectativa. Como será que a loirinha o receberia? Chocada, nervosa ou será que brava por não ter lhe dado atenção? A garota era geniosa, mas era uma das coisas de que gostava. Queria muito ter uns momentos com ela. Era a primeira vez que tinha uma namorada. As outras mulheres não era nada perto do que a loirinha representava pra ele. O abraço na guilda foi muito pouco. Ele queria mais, muito mais...

    Mas, espera, ela ainda estava machucada. Provavelmente brigaria com ele. Contudo... sorriu largo de ansiedade e nuviado de álcool, estava pouco se importando com isso.

    Um dia longe foi demais pro seu controle já escasso. E pouco para ela se recuperar. Ele a queria perto e queria agora.

    Se inclinando correu para o muro e saltou. No ar girou para trás ao ir de encontro com a pedra e bateu as mãos, empurrando e pegando mais impulso ao se jogar para o alto. Seu corpo se arqueou no ar ao se endireitar girando, ficando momentaneamente de frente para o casarão, transpondo a barreira de pedra. O muro em si era alto demais. Sem uma arvore qualquer por perto era difícil de escalar. Acrobacias como essas eram rápidas e eficientes.  

    Logo caiu no jardim, rolando e parou perto de uma arvore. Não tinha luar. Ótimo. Apurou os ouvidos, procurando por uma vibração de energia. No entanto, não notou nada. Apenas grilos e sapos coaxando no lago ali perto. Porque os cães de guarda não acordam? Na outra vez, nem levou um minuto. Estranho, mas vantagem também.

    Observou melhor o casarão. A tintura em salmão e creme, os telhados de telhas de barro e vermelhas. Nenhuma das janelas que via tinha uma varanda e as luzes estavam apagadas. Droga. Seria difícil achar o quarto dela. O cheiro estava misturado com o de todas as garotas. Resolveu dar a volta no terreno. Arrombaria a porta da cozinha.

    Ao se encontrar atrás da casa, correndo atento e sem fazer barulho viu uma janela no primeiro andar iluminada. Seu coração martelou por dentro. Devagar e ofegante se esgueirou até o beiral de pedra e levantou-se rente a parede espiando atrás do vidro o cômodo iluminado. Seus sentidos sofreram um choque. Forte e entorpecente ao ver quem perambulava a essa hora da noite pela cozinha. Mancando até um armário, ela pegava um copo juntamente com um vidrinho de remédios. Talvez para dor, afinal ele sentiu o cheiro de sangue nela hoje.

    Contudo ele pode se fartar descendo os olhos nela. Uma camisola, rosada e curta era tudo o que a cobria. Era uma pena não ser decotada, mas mostrava as coxas alvas, uma delas ferida. Ela realmente não estava melhor. Porem, cansou de ver de longe. Quando ela deu-lhe as costas, torrou o ferrolho derretendo junto dos lacrimas esquisitos. Lentamente subiu a janela até o topo sem ranger e içou. Pulando para dentro e sorrindo.

    Lucy estava prestes a sair daqui. Se aproximou sorrateiro e arfando o mais leve que podia. Sentindo o cheiro único dela, o ar presente na cozinha estava saturado dele. O cabelo da loirinha jazia preso naquele lenço e teve uma idéia. Vencendo o espaço entre eles puxou o pano soltando-lhe os cabelos, vendo com prazer o pescoço delgado se arrepiar, ouvindo o coração dela disparar. Largando o copo de susto ela se virou quase sem fôlego.

    - Na..natsu?

    ////////////////////////////////////////////////////////////////

    - Yoo loirinha.

    Ele... ele estava aqui. Realmente sim! O sangue nos machucados havia sumido e ela notou um corte fino acima da sobrancelha esquerda, como se algo afiado tivesse zunido por ali. Natsu arfava leve, seu colete surrado da briga demolidora estava aberto, mostrando a camisa clara aderindo ao peitoral e abdômen esculpido dele quase tirando a força das suas pernas. No entanto esse ar frenético e malicioso em sua volta a assustava. Ele queria, muito, fazer algo. E estava sorrindo de prazer.

    Levou um segundo para se situar que estavam sozinhos aqui. Na parte mais isolada do dormitório.

    - O..o que você está fazendo aqui?!

    Observou em pânico para os lados. A cozinha estava completamente deserta.

    - Visitar minha namorada, não posso?

    O encarou ofegante encontrando um sorriso torto e debochado. Não... não tinha deboche ali. Era um ego inflado tamanha satisfação que ele sentia. Andando em sua direção, Natsu parou de sorrir mantendo o contato visual totalmente diferente daquele na guilda. O ar insinuante em seu rosto aumentava com a maneira dele lhe fitar.

    Ele estava gostando de lhe ver acuada?

    Pelo sorriso no olhar, com certeza estava. Antes que recuasse um passo ele puxou uma cadeira virando casualmente para o lado e lhe agarrou pela cintura, puxando-a para si.  Foi rápido demais. Tudo o que sentiu foi um par de mãos descerem por seu quadril até as coxas e então foi puxada, levantada. Quando deu por si Natsu caiu sentando-se no movel com ela sentada em seu colo. De pernas abertas de frente para o mago acomodado na cadeira. A posição embaraçosa além das mãos quentes dele em suas coxas a estremeceu de espanto.

    - Kyah!

    - Shsss, loirinha. Assim alguém vai ouvir.

    Incrivelmente Natsu relaxava adorando ver seu rosto queimando, suando além do seu embaraço por estar sentada desse jeito nele.

    - Me solta. Se nos pegarem...

    - Não vão. Ficará sentadinha aqui no meu colo até quando eu quiser.

    O olhar descarado dele borbulhou sua raiva além da humilhação explicita ali. Minando sua vergonha. Fechou o punho, mirando um soco no queixo dele logo bloqueado por uma palma aberta. Natsu quase riu achando graça e segurou sua mão, puxando para ele. Lucy apenas espumou mais o socando com o punho livre e o idiota inclinou a cadeira nas duas pernas, esquivando e segurando junto da outra mão que prendia.

    - Imbecil – apertou os olhos para o mago sorrindo dela - Eu vou gritar.

    - Tente. Estou torcendo que faça isso.

    Levantou a sobrancelha jogando o corpo para trás. Quase gritou. A cadeira balançou por um momento e pousou com as quatro pernas no piso causando um baque que instalou forte nos ouvidos dela, pasma com a insinuação dele. De tão perto assim, a respiração de Natsu arfava de leve. Soprando morna no seu rosto acompanhada de um cheiro adocicado e etílico. Engoliu em seco, reparando melhor em seus olhos e os viu intensos, turvos...

    - Você bebeu.

    - Unhum.

    Nem negou!

    - P..p..por quê?

    Não conseguiu evitar gaguejar. Um medo antigo amortecia seus nervos enquanto encarava o olhar negro e profundo do mago. Ela sabia e viu desde pequena o que o álcool pode fazer com uma pessoa. Principalmente de natureza explosiva como ele. Natsu franziu o olhar estranhando seu comportamento, mas suspirou abaixando seus pulsos. Os descansando entre suas coxas ao inclinar a cadeira outra vez.

    - Precisava relaxar. Gajeel me deixou puto mais cedo e além disso, queria... sossegar umas coisas também.

    O encosto da cadeira apoiou na parede e viu que uma perna dele estava levantada apoiando no pia atrás dela. Equilibrando total. Desse jeito quase se debruçava nele, mas mantinha as costas eretas se afastando um pouco. Tensa e nervosa.

    - Que coisas são essas?

    Ele inclinou o rosto num ar malicioso. As mechas onipresentes em seus olhos martelaram seu coração agitado.

    - É bem curiosa. – ficou mais desconfiado – Porque está tremendo? Acha que vou te atacar?

    Natsu sorriu sacana e engoliu em seco. Não, ele não ia fazer isso. Tinha plena noção quanto suas mãos dadas em cima do colo dele. Aquela parte da sua anatomia não estava animada, nem um pouquinho e a fez lembrar de algo causando um certo aperto em seu coração.

    Naquela manhã, quando acordaram na mesma cama, ele disse que não havia dormido com mulher nenhuma fazia um bom tempo. Dragons Slayers são magos incomuns. Em força, agilidade, em sentidos. A voracidade que ganharam ao adquirir e manipular esse tipo de magia traz efeitos colaterais. Em senso de equilíbrio. Instabilidade de humor dependendo do elemento, mas ainda quanto a questão de instintos básicos. E um deles...

    Era o apetite sexual.

    Seu coração deu em outro nó de decepção. Meses sem sexo é demais para um homem comum. Imagine para um mago desses. Se Natsu estava tão calmo com ela sentada sobre suas pernas, de camisola, então porque ele matou sua “sede” hoje. Bem com uma vagabunda. Uma raiva lhe queimava por dentro, sentia seus olhos arderem, mas não chorou. Ela não ia chorar na frente dele. Em troca disso, segurou o tremor, o intrigando e ao observa-la mais atento.

    Cretino.

    - Por que veio mesmo aqui? Seu amigo não precisa de um lugar pra ficar ou coisa assim?

    O nó em garganta aumentava mais. Droga. Sem se importar com seu tom falso ele ficou sóbrio rapidamente. Os olhos negros endurecendo. Arfou confusa.

    - Gajeel que se vire.

    - Mas...

    - Porque me pergunta por que vim, ou que faço aqui? Se quiser que eu vá embora agora, pode esquecer. – o olhar ficou mais férreo – Um dia longe é o máximo que te dei.

    Estremeceu impressionada e vendo Natsu aliviou a determinação em seu olhar. Brincando com seus dedos, a mão segurava e puxava num aperto que não daria para soltar.

    - Você queria que eu melhorasse?

    Dedos quentes deslizaram em sua coxa num toque leve até encontrar a ferida causando-lhe arrepios. Eles circundavam lentamente o machucado causando um desconforto, fazendo se remexer. Tensa viu que ele olhava para o gesto, sorrindo ao ver os pelos eriçados.

    - Não devia ter saído hoje. Essa ferida está mais inchada e vermelha do que deveria – levantou o olhar – Você correu, não foi?

    O calor da vergonha subiu pelo seu pescoço e virou o rosto escondendo entre as mechas. As pernas onde sentava estremeceram do riso reprimido, não... gargalhadas sufocadas. Quis se chutar ou socar a cara dele, apagando o sorriso divertido, mas seus pulsos estavam presos, além disso... O espiou um pouquinho encontrando um ar maroto e leve no rosto dele. Arfou sem querer.

    Natsu parecia... Descontraído? Feliz? Ele claramente se divertia à custa dela. De repente, desceu a perna onde se apoiava na pia e a cadeira caiu com as quatro pernas outra vez. Levou um susto e inclinando-se nela, as mãos grandes e quentes a agarraram forte na cintura, a puxando antes que caísse para trás. A pegada a agitou por dentro, juntamente do ar descarado e – engoliu em seco – febril dele.

    - O que acha de uma missão amanhã?

    Arregalou os olhos. Ele não estava há um minuto preocupado com os machucados dela?!

    - Você é louco? A gente acabou de voltar...

    As mãos em sua cintura a puxaram de repente, chocando seu corpo contra o abdômen definido dele. Prendeu o fôlego ao encarar os lábios desenhados e quentes centímetros dos seus. A respiração dele, calma e controlada não combinada com o coração martelando forte contra seus seios. não era preciso falar que sua intimidade estava em cima da dele.

    - Eu te levo num médico amanhã e depois vamos pegar uma missão.

    - Mas...

    Os dedos a apertaram, a fazendo estremecer e Natsu encostou a testa na sua. Inspirando profundamente quase a fez fechar os olhos com o som. Parecia sentir seu cheiro. Não, ele estava sentindo. Aspirando inebriado seu cabelo.

    - Você vem comigo, Lucy. Não vou admitir um não.

    Os dedos diminuíram a pressão, porem apertavam subindo e descendo naquela área das suas costelas. Seu corpo amoleceu ao mesmo tempo que se sentia tonta.

    - E então?

    A voz abafada sussurrou rouca perto da sua têmpora, descendo uma descarga num ponto em sua nuca, orelha, suas coxas... como ele conseguia isso só com a voz.

    - T..tá bom.

    Ele sorriu. Se afastando em seguida ao encostar desleixado no espaldar na cadeira. Tonta o olhava confusa esperando uma atitude mais ousada, no entanto, apenas ficou quieto. Segurando um sorriso e então mordeu o labio. Quase gemeu e se deu conta do que fez.. Desviou o olhar, sentindo seu corpo todo queimar por ele. Caramba! Natsu sequer a beijou! Que droga era essa?! Se bem que sentada no colo dele como se estivessem dando uns amassos lhe deixava tonta e sensível de todo jeito. O olhou por um minuto notando o ar satisfeito. O jeito sarcástico.

    Quis morrer. Ele mal se agüentava, convencido!

    Sua raiva e vergonha aumentaram quando o amiguinho dele continuou normal. Filho da mãe!

    - Que foi loirinha? Parece brava.

    - Vai se ferrar.

    O socou no peitoral com toda a força e tudo o que conseguiu foi um risinho. Imbecil. Cretino!

    - Calma. É por uma boa causa.

    - De quem? A sua?

    - Quem sabe?

    A encarou mais convencido. Sacudiu a cabeça incrédula.

    - Você é impossível. Eu não agüento outra luta agora. Sua antiga parceira até poderia, mas eu não tenho resistência Natsu! Você quer me matar?!

    Todo ar egocêntrico evaporou do mago e Lucy se arrependeu. Sério ele se endireitou na cadeira e a sentou em cima de suas coxas. Rompendo o contato intimo. As mãos em sua cintura escorregaram ao cruzar em suas costas. Sem apertar, sem acariciar. Apenas a segurando mantendo-a perto enquanto se debruçava. Os olhos negros assumindo uma intensidade ferina.

    - Acha mesmo que eu correria esse risco de novo?

    - O que?

    Ele quase riu, o som a arrepiando de medo. Natsu a analisou de cima abaixo, causando-lhe um mal estar.

    - Eu já perdi o que não tinha por um erro estúpido. Não vou perder agora que tenho algo.

    Ergueu o olhar, queimando ao fita-la. Era um brilho que beirava ao desespero. Mesmo que esteja bêbado, não foram palavras a esmo, sem valor. As mãos tensas cruzadas em suas costas estremeciam leves ao aperta-la um pouco. Mostrando o que o mago quis dizer sobre perder.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!