O Principado de Órion

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    Capítulo 23

    Aliados de Guerra - Parte III

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Minutos se arrastaram enquanto encarava o companheiro de guerra. O choque desaparecendo mais em proporção da outra emoção violenta que lhe acometia. Era inevitável. Gajeel continuava calado o observando com frieza e arrogância. Apesar do silencio ambos percebiam a maga os olhando cautelosa. Erza havia abaixado as espadas e sem uma palavra tinha entendido.

    Outro Dragon Slayer da guilda despertou de um Selo. E pelas palavras de Gajeel só um dragão poderia ter feito isso. Contudo...

    Isso não podia estar acontecendo, podia?

    Natsu estremecia com as ondas de raiva o percorrendo, encarando o outro mago pendurado no cavalete ao lembrar de cada briga que se envolveu com ele. Cada osso quebrado que ganhou e em troca, devolveu. Gajeel nem de longe era a pessoa que queria rever. Achava que estava morto e o sujeito agora aparece como se fosse a coisa mais normal do mundo. Sem perceber rosnava enraivecido, seu corpo tenso em reflexo do “cumprimento” do nakama.

    - O que está fazendo aqui?

    Pela visão periférica viu a ruiva de armadura o encarar de soslaio. Se mantinha calada e achava bom que continuasse assim. Enquanto isso, o Dragon Slayer de ferro abriu um sorriso torto. Gostando da sua reação irada.

    - Seus ouvidos torraram, pelo visto. – de repente os olhos vermelhos endureceram, o sorriso sumindo – Vim conversar, bakayarou. Mesmo depois de você e a aquela piranha loira terem me largado.

    Arregalou os olhos. “Piranha... loira”? Um jorro de lembranças veio com as palavras e sua raiva explodiu num gatilho. Tomando impulso, quebrando as tábuas do assoalho se atirou contra Gajeel. Este pestanejou num segundo e rangeu os dentes. Queria torrar a cara dele. Puxando um braço, seu punho em chamas se chocou com uma clava de ferro. Soltando faíscas com o metal tinindo. O braço dele. O impacto arrebentou a madeira do cavalete, enquanto eram jogados para o fim do corredor, direto para a sacada do segundo andar.

    Antes que se chocasse na balaustrada, ainda no ar Gajeel puxou o braço para baixo o levando junto, tirando seu equilíbrio e depois girou o corpo soltando uma risada, a mesma risada naquele tom doente e uma dor explodiu em suas costelas. O gosto metálico subiu na garganta ao ser jogado com a força do golpe. Pelo canto do olho viu a perna do Dragon Slayer transformada numa clava. Sem surpresa um pouco de sangue expelia da sua boca.

    Isso o deixou mais possesso.

    A instantes de se chocar com uma parede dobrou o corpo, batendo os pés nos tijolos amortecendo o impacto e tomando impulso, se atirando de volta. Gajeel arregalou os olhos, a risada morrendo ao ver seu sorriso perverso. Anéis de fogo escarlate de repente o envolveram e seus punhos brilharam dourados.

    - Maldi...

    - Karyû no Koen

    Chamas em forma de explosões o acertaram. Múltiplas e sucessivas enquanto toda aquela parte da sacada despedaçou. Os escombros caíram no primeiro andar. Os magos que estavam naquelas mesas berraram correndo dali, o estrondo levantando poeira enquanto Gajeel gritava de dor ao cair no local quebrando e abrindo uma cratera no piso de madeira. Pairando no ar, Natsu cessou o golpe, o empuxo das chamas sumindo fazendo-o cair também e girou no ar, sua perna direita pegando fogo.

    A sombra na poeira xingou e rápido se jogou para trás, instantes antes que acertasse seu estômago. Mal apagou as chamas, ficando de pé e um zunido cortou o ar. Se inclinou para lado, se endireitando e esquivando de uma comprida clava de ferro. Por pouco não acerta sua cabeça. Outro estrondo atrás de si avisou que um pilar despedaçou, desabando mais um pouco da sacada acima deles. Sem querer soltou um risinho debochado ouvindo outra risadinha.

    - Como nos velhos tempos.

    - Concordo, Salamander.

    A cortina de poeira abaixou um pouco e conseguiu ver Gajeel virado de lado, o braço direito esticado e transformado na clava. O mago estava surrado com partes da roupa queimada e pelos buracos na calça e no colete as feridas sangravam. Ninguém dizia nada, assistindo estupefato a cena e de fato, não era algo que se vê todo dia. Se encarando à certa distancia ambos seguravam o sorriso, duro da raiva que sentiam um do outro. Os corpos estremecendo tensos de hostilidade sequer arfavam.

    Quase rindo, Natsu estreitou o olhar, juntando o sangue na boca e cuspiu para o lado enquanto via pela visão periférica duas garotas discutindo. Uma era a albina, outra era a ruiva. Mirajane pelo visto segurava o braço de Erza, o fazendo simpatizar um pouquinho com ela.

    - Você não tem jeito.

    Voltou os olhos para Gajeel de soslaio. Mesmo as mechas dos cabelos atrapalhando viu o sorriso dele se tornar sarcástico, aumentando seu mau humor. Notando ele inclinou o rosto, se aproximando ainda com o braço transformado.

    - A bunny girl não gosta de você, otário. Mesmo que ande quase nua ela não te quer.

    Ofegou de raiva e cerrou os dentes. Seus punhos explodindo em fogo ardente ao abaixar a cabeça.

    - Yurusenee.

    Gajeel quase riu.

    - Fala mais alto, idiota!

    As pessoas aos poucos cochichavam. No entanto, tudo o que Natsu ouvia era um zumbido. Ecoando surdo em seus ouvidos enquanto imagens se repetiam rápidas em sua mente. Ele nas campanhas da Infantaria com Lucy e esse Maldito de ferro. Todos os homens da unidade cobiçando a maga que vestia roupas mostrando mais do que devia. Todas as surras que deu e Gajeel era obrigado a ajudar, para depois jogar na sua cara o quanto era idiota. Agia como se ela fosse sua mulher sendo que a mesma sequer o tratava como algo a mais do que amigo.

    Tudo isso doía e sem querer imaginou a loirinha no lugar. Ela usava roupas impróprias também em sua opinião e a lembrança daqueles três, principalmente o cretino que sentou ao seu lado no trem o perturbou. Rosnou irado com a onda de dor lhe oprimindo o peito, levantando o olhar. Gajeel se espantou e logo sorriu torto. Ao seu lado um som metálico num brilho esverdeado quase tirou sua atenção.

    - Gehe. É tão fácil te irritar.

    - Vai se fuder.

    Se atirou contra ele e soltando uma risada, o outro puxou o braço, balançando num arco lateral ao destruir a parede. O zunido alto o fez girar se esquivando, pulando para uma mesa e se abaixou, chutando a mesma e jogando ao bloquear outro ataque. O móvel se partiu ao meio. Gajeel atirando os pedaços para longe não o viu a tempo. De olhos arregalados engolfou ao socar seu estômago, que pulou pra trás e girou, o zunido da serra a centímetros do seu pescoço. Desviando da espada de ferro, avançou contra ele girando e acertando o joelho nas costelas dele. Ouviu um “crack” enquanto o Gajeel rosnava de raiva e dor. Isso o fez sorrir. Saltou para o alto, acompanhado do Dragon Slayer que deu outro golpe. Seu peito ardeu junto a colete empapando. Rosnando de raiva jogou a perna em chamas chutando a espada de ferro enquanto puxava o braço. O soco acertou bem na cara e agarrou o braço livre dele. No momento que ia joga-lo, ouviu um risinho e uma pancada chocou com seu peito.

    A força do golpe o atirou direto para a parede do palco. Abrindo um rombo. As pessoas se afastaram do caminho correndo, os chamando de monstro.

    - Parem já com isso!

    - Estão demolindo o salão!

    Quem é que gritava?

    Irritado levantou aos poucos dos escombros e tijolos. Uma dor latejante e ardente, (mais forte que as outras do corpo) pulsava do seu crânio. O mesmo lugar onde bateu a cabeça na floresta perto da vila. Tonto, sentindo o sangue descer esfregou o dorso da mão, tirando do rosto.

    - Erza faça alguma coisa!

    Tsk. Queria ver ela tentar. Mal se endireitou e Gajeel apareceu no ar. Sorrindo arrogante.

    - Não é hora de dormir, Salamander!

    Merda!

    Saltou pra longe, esquivando das lanças de kishin cravando na parede aumentando o buraco onde caiu. Gajeel riu balançou o braço num arco. Girou no ar, batendo o pé num pilar e se atirou de volta. Esquivou do golpe e agarrou a clava, seu corpo inteiro pegando fogo. Parando de rir Gajeel foi atirando pra longe.

    O mago de cabelo negro rebelde se chocou com a balaustrada de mármore e quase bateu na parede. Se endireitando no ar derrapou os pés no piso de tijolos para depois se atirar contra ele. Nem perdeu tempo e se inclinou indo atrás também enquanto Gajeel saltava das mesas no caminho, com um fio de sangue descendo pelo queixo. Vagamente ouviu mais gritos quando pulou em cima dele, seus punhos criando uma bola enorme de chamas. Dane-se se estava destruindo o lugar pela segunda vez e envolvendo os outros na briga.

    Gajeel o deixou mais que possesso. Era fácil notar que o ar queimava em sua volta. E uma parte pequena da sua mente dizia que na verdade, ele queimava de ciúmes do que estava por vir.

     /////////////////////////////////////////////////////////

    - Levy, você acha mesmo que é uma boa idéia?

    Apertou a alça da bolsa em nervosismo. Usava uma saia leve e camiseta, roupas leves por causa dos arranhões. Ao seu lado a baixinha a olhou risonha e impaciente. Estavam caminhando pelas ruas, vendo as pessoas se preparando para a noite.

    - Claro que sim. Seus machucados sararam bastante e ele não pode ir te visitar no dormitório. Lembra o que aconteceu da ultima vez?

    Fez um esgar ouvindo a outra reprimindo um riso. O arcanjo até hoje estava com o rosto quebrado.

    - Aquilo não foi uma visita. Natsu invadiu junto com Gray.

    - É, mas...

    A observou desconfiada.

    - Mas?

    - Não foi você que disse que esses magos são temperamentais? Pelo beijo de ontem eu aposto que quer muito te ver. Tipo, ele te segurava tão posses...

    - Já chega Levy.

    A outra riu enquanto suas bochechas queimavam de tanta vergonha. Podia sentir até suas orelhas esquentarem. Depois da conversa que tiveram passou a tarde toda esperando um alvoroço no dormitório. A maioria das meninas ainda estava lá e... discretamente escreveu um recado bem mais cedo para as estátuas de pedra dando permissão para certa pessoa entrar. Um Dragon Slayer irritante e debochado. No entanto, ele sequer deu as caras por lá.

    Suspirou amuada. Achava que ele lhe faria uma visita e agora estava indo para a guilda, na esperança de Natsu estivesse.

    A ferida na coxa estava lhe fisgando de dor a cada passo e verdade seja, era muito orgulhosa para admitir que queria muito vê-lo. Tinha muita coisa para perguntar. Uma delas era o que era “apaziguadora”, por que lhe beijou e ainda disse que podia falar que era seu namorado para suas amigas, mas ainda queria saber se estava levando isso a serio. Se não era algum tipo de brincadeira. Quer dizer, eles se conhecem não faz duas semanas. Sem contar que tinha a duvida sobre Natsu não estar lhe confundindo.

    Ela não queria servir de substituta de ninguém. Ele mesmo disse praticamente que era fraca comparada com sua ancestral, que não seria capaz de ser igual a ela como maga e ainda ele sequer disse seu nome normalmente!

    - Que droga.

    - O que foi?

    Levy a olhava estranhando e suspirando desviou o olhar. Estavam dobrando uma esquina chegando finalmente perto da guilda.

    - Não é nada, Levy.

    - Sei.

    Se emburrou com o tom desconfiado.

    - É serio. Minha perna esta me matando. Se ele não estiver lá você vai me pagar uma torta inteira de chocolate.

    - Mas não vou...

    Um estrondo assustou as duas. Seguidos de gritos e logo viram pessoas correndo no final da rua.

    - De onde veio aquele barulho?

    Levy olhava as pessoas confusa. Estremeceu por dentro, tendo uma sensação ruim.

    - Ei... Nessa direção... não fica a guilda?

    Elas se encararam por uns segundos, sem precisar explicar nada. Correram pela rua esbarrando e desviando das pessoas. Lucy quase caiu e tentava ignorar a ferida latejando. Por algum motivo estava apreensiva, ela conhecia esse estrondo. Só podia haver com ele.

    O que você ta fazendo, baka?

    Ao pararem diante dos portões em arcos de pedra, ambas arregalaram os olhos estremecendo. As grandes janelas do primeiro andar estavam quebradas. Fumaça saía e puderam escutar melhor os berros. As ondas de magias colidindo até que de repente, pararam. Seu coração acelerou.

    - Lucy...

    - Vamos ver.

    - Ei, espera!

    Não deu ouvidos. Atravessou correndo o pátio do café ao ar livre. Escuro apenas com os archotes da guilda iluminando. Ao subir os degraus, adentrando no salão prendeu o fôlego. Atrás de si Levy havia parado também e arquejou. O longínquo salão estava completamente destruído. Mesas compridas quebradas, estilhaços de madeira espalhados junto a escombros e tijolos. Chocada ergueu o olhar e viu uma parte da sacada demolida também. Sem falar que dois dos pilares de madeira estavam destruídos.

    Relanceou o olhar caminhando para o salão junto com a amiga, analisando o lugar e não encontrou uma parede que não estiveram com rombos. Parecia... que tinham jogado alguém.

    - Meu Deus!

    - Quem fez isso?

    Levy murmurou abismada. Foi quando ouviram um tinir de aço e olharam na direção. Seus olhos aumentaram. Perto do palco, ao lado das cortinas pegando fogo, quatro pessoas se encaravam sérias. Apontando uma espada carmim e negra, vestida em sua armadura de Imperatriz dragão, Erza ameaçava Natsu que sequer a olhava. Lucy se espantou. Estava todo machucado e sangrando. Suas roupas surradas. Seguiu a direção do olhar dele e viu um outro rapaz nas mesmas condições. Machucado e sangrando. As roupas rasgadas. Quem estava diante dele era Mira. Tensa e esticando um braço, seu take over de demônio ameaçava sua garganta preste a lançar uma bola negra e maciça de energia.

    - Quem é esse?

    No silencio os dois rapazes viraram o rosto e as viram. Engoliram em seco, não queriam atrair atenção. Antes que fizesse algo Natsu suspirou menos tenso, a expressão aliviada avançando um passo sendo parado por Erza. O olhar penetrante dele para espada em seu pescoço a arrepiou. Parecia que torraria no olhar.

    - Abaixe essa coisa.

    Erza não se intimidou.

    - Você estava descontrolado. Quem me garante que não irá...

    - Ele não vai fazer nada ruiva.

    Todos olharam para o rapaz estranho. Lucy se espantou. Ele sorria pra ela? Segurando o braço de Mira, que estranhou essa atitude, o rapaz sorriu sarcástico, ainda a encarando ao se afastar um pouco e sentou numa mesa ainda intacta. A expressão divertida dele a encabulou ainda mais.

    - Quem diria Bunny Girl. Conseguiu se vestir com respeito e ainda ficou fraquinha.

    O que?! Que diabos ele estava falando? E porque a chamou de coelhinha?! Ao seu lado sentiu um cutucão no braço e olhou a amiga. Levy mal piscava e estava pálida. Sua respiração soprava rarefeita de choque.

    - Levy o que foi?

    - Eu... não acredito.

    O rapaz a encarou estreitando o olhar e rapidamente a baixinha encarou o chão. Impressão ou ela estremecia?

    - Qual o problema nanica?! Parece que viu um fantasma.

    Levy deu um pulo.

    - Deixe-a em paz Gajeel!

    Natsu deu um tapa na espada ignorando os olhos furiosos da Erza ao caminhar até elas. Ele olhava diretamente para ela de um modo que lhe arrepiou, causando-lhe uma fraqueza nas pernas. Lucy engoliu em seco, sentindo o estômago dando voltas. Espera aí.

    - Ga..Gajeel?

    Ofegante fitou o rapaz sentado na mesa. Compreendendo a reação de Levy. Será que... Se atentou para sua aparência e uma dormência tomava seus membros ao “reconhecer”. Cabelos negros e rebeldes, olhos vermelhos e metais nas sobrancelhas e nariz. Ele, ele era... De repente uma mão quente escorregou na sua cintura e sentiu-se puxada dando de encontro ao peitoral forte num colete surrado. Levantou o olhar tremula e Natsu encarava o mago. A expressão fria e séria igual quando se conheceram no museu. Quando ele acordou.

    - Ela não é a Lucy. Essa garota é descendente do irmão mais novo dela.

    Dessa vez foi o outro que ofegou. Chocado. Nervosa o olhou e viu o mesmo espantado, um quê de compreensão lentamente se formando na mente dele, conseguiu perceber.

    - Então quer dizer...

    - Lucy morreu naquele dia da missão. Karren a matou.

    Quietas, Mira desfez o Take Over enquanto Erza reequipava para a armadura usual. As duas também tinham a mesma expressão de espanto que Levy, mas para os três. Ela, Natsu e o outro Dragon Slayer chocado. A mão em sua cintura apertou levemente, tensa igual ao resto do corpo dele. Todos olhavam agora para Natsu e o rapaz, o ambiente austero e severo que num instante ela entendeu.

    O choque mais uma vez com aquele dia do passado com o presente.

    ///////////////////////////////////////////////////////////

    Dormitório feminino, Fairy Hills

    - Lucy.

    Olhou para a amiga. Mira lhe entregava uma xícara de chocolate. Na bancada da cozinha estava ela, Levy, Mirajane e Erza. Todas estavam com roupas de dormir, mas ninguém tinha sono. No centro da bancada um bule perolado fumegava soltando um vapor de chocolate. Mira havia acabado de fazer e tinha a impressão que a “reunião” seria longa.

    - Então é ele mesmo.

    Erza tomou um gole pensativa. Incrivelmente não estava tão irritada. Devia ser as noticias chocantes. Tímida Levy encolheu os ombros.

    - É. Eu quase desmaiei. Estávamos falando dele hoje de manhã, não é Lucy?

    Assentiu quieta. Erza pousou a xícara na bancada.

    - O exterminador de dragões de ferro. Kurogane no Gajeel.

    - Não me admira eles dois terem destruído o salão da guilda.

    - Agora temos dois Dragon Slayers. Isso será um prato cheio para a Sorcerer.

    Gemeram amuadas. Ontem lhe disseram que a revista estava cobrindo a noticia da volta de Natsu Dragneel a Fairy Tail. Os boatos que ele estava envolvido no incidente do museu draconiano e o esqueleto do dragão deixaram Eramar em êxtase. Contudo, não era isso que lhe preocupava. Se sentia estranha e vazia, mas sobretudo insegura. O modo como os dois se encaravam mudos naquele ar severo. Natsu sequer a olhou na cara depois de apresentá-la daquele jeito esquisito para o amigo, além do mais, para aonde aqueles dois foram?!

    - ... acho que será amanhã.

    - O que?

    Se espantou. Pondo mais chocolate na xícara Levy sorriu sem graça.

    - A apresentação de Gajeel Redfox para o pessoal da guilda. – a baixinha encolheu mais os ombros – bem no dia que eu seria efetivada.

    - Nossa Levy! Porque não me disse? Quando foi sua avaliação?

    A azulada sorriu singela.

    - Há quatro dias. Você estava em missão com o Natsu.

    - Parabéns.

    Abraçou-a feliz. Era tão bom quando uma delas passava nas provas. Levy havia entrado há dois anos e sempre ficou preocupada com sua magia. Ainda bem que conseguiu.

    - Mas vocês não acham isso realmente interessante?

    Mira chamou atenção de todas. Ao seu lado Erza tomou mais chá.

    - Sei o que quer dizer.

    - Como assim?

    Levy pestanejou no lugar, a confundindo mais. Estava por fora do assunto pelo visto.

    - O Salamander, o Kurogane no Gajeel e...

    Silencio. As três a olharam em expectativa. Erza calma e comportada, Mira amável e Levy analítica. Levou um segundo pra entender e quase se engasgou com o chocolate. Elas nem se incomodaram com isso.

    - Mas... mas de jeito nenhum!

    - A única maga estelar na Fairy Tail é você, porque não?

    Mirajane estava alheia pelo visto. Ela não viu o que aqueles dois fizeram com a guilda hoje?! Ao seu lado Erza a encarou serena.

    - Não é tão difícil. Já é efetiva e faz parte do time de Natsu.

    - Eu vou morrer no fogo cruzado daqueles dois! Vocês duas, mesmo disseram que eles queriam se matar!

    - Calma Lu, é só uma possibilidade. Não precisa ficar nervosa.

    As três riram de leve, no entanto, ficou certo ponto magoada. A sensação de estar substituindo alguém não era confortável. Tudo bem que admirava a garota, mas o clima de hoje quando Natsu a segurou pela cintura, dizendo que era descendente da antiga parceira deles revolvia seu estomago. O outro Dragon Slayer tinha um quê de decepção. Até disse que era fraca enquanto a confundia. Além do mais, Natsu dizendo o fim da namorada foi um choque fortíssimo em todos.

    E pelo estado tenso dele, ainda tinha sentimentos por ela.

    //////////////////////////////////////////////////////////////////

    O bar estava quase vazio, contudo os presentes observavam os dois mesmo sentados na mesa do canto. Natsu encarou o copo girando a bebida esgotado. Ouvia o nakama de guerra mastigar uma caneca de latão. Os rangidos doíam sua cabeça, já latejante da ferida na têmpora.

    - Bocê é masquista.

    - O que?

    Levantou o olhar. Gajeel engoliu o resto dos pedaços, pegando o copo de saquê.

    - Você é masoquista.

    Estreitou o olhar.

    - Vá se danar.

    O outro apenas riu, se recostando na cadeira.

    - Coitada da bunny girl 2. Só está servindo pra acabar a tensão sexual.

    O copo em sua mão explodiu. O vidro cortando sua palma e ardendo do álcool. Gajeel sorria sacana da sua expressão de raiva. Mas não daria o gosto de explodir outra vez. Estava cheio da briga e dessa vez ia exagerar.

    - Deixa a Lucy fora disso.

    - Eu mandaria você deixar, mas pelo seu cheiro a garota foi selada com seu poder.

    Quase riu pegando uma garrafa.

    - Isso te incomoda? Afinal, quantas vezes você procurou uma apaziguadora e encontrou?

    O outro travou os dentes se retesou. Rindo tomou um gole da garrafa. O vinho queimava descendo pela garganta.

    - Cala sua boca. Pelo ao menos eu sei me controlar perto de uma mulher ao contrario de você. – sorriu debochado – A loirinha vai sofrer noites traumáticas.

    Estremeceu irado. O gargalo da garrafa trincando com a força que segurava.

    - Como me controlo não é da sua conta. E não a chame assim – estreitou olhar penetrante – Apenas eu posso chamá-la desse jeito.

    Esperou o outro rir. No entanto, Gajeel apenas o encarou analítico. Maldito comedor de sucata. Odiava quando se intrometia nos seus problemas.

    - Eu não sou uma ameaça Salamander. Até porque meu tipo de mulher é outro.

    Ah... sorriu sarcástico e bebeu outro gole. Teria que falar com a loirinha amanhã o quanto antes.

    - Diga logo o que você quer.

    A expressão seria endureceu, enquanto Gajeel estreitava o olhar. Ele notou seu tom debochado, contudo, deixou pra lá pois de repente, havia ficado tenso. Isso o estranhou.

    - No dia da emboscada no deserto, você sentiu a presença de Karren quando ele te atacou na floresta?

    Um vazio tomou seu estomago e empalideceu.

    - Não.

    Gajeel desviou o olhar irritado.

    - Então não foi só eu.

    - Como assim?

    Se inclinando na mesa continuou sussurrando.

    - O ataque estava indo bem. Conseguimos em menos de uma hora matar todas as fêmeas, já que o Levante tinha poucas. Mas quando fomos exterminar os machos de repente um clarão explodiu e todos da infantaria caíram de dor. Eu fiquei sem sentidos por minutos. Então houve o contra-ataque. Dragões saíram das nuvens e debaixo da areia. Eu nunca vi tantos. Metalicana me tirou de lá às pressas nem senti a presença dele, mas os outros... bom, você já faz uma idéia.

    - Que clarão é esse? Como pode...

    - Metsuryû no Mahou - Zetsu. A única magia que pode erradicar nossos sentidos de dragão.

    Arregalou os olhos.

    - Ele...

    - Metalicana me disse antes de me selar: Há um traidor na humanidade. Ele se aliou aos dragões do Levante, matando todos os que se opunham e vai destruir a arma dos homens, em troca do trono.

    Encarou o vazio, irado com uma sensação o corroendo pela espinha. A arma dos homens era os Dragon Slayers. A única forma de lutar contra dragões.

    - A infantaria foi aniquilada, não foi?

    - Como vou saber? Metalicana me tirou rápido de lá e me selou. O mais obvio é que ainda sim ganhamos.

    - Mas porque ele te selou? Não faz sentido.

    Ambos engoliram em seco e se encararam. Tinham a péssima impressão que haviam coisas que não sabiam daquele dia.


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