O Principado de Órion

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    Capítulos:

    Capítulo 21

    Aliados de Guerra - Parte I

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Hospedaria Dargos, povoado de Philai.

    Natsu se encontrava sentado numa cadeira, diante da cama de casal fitando o vazio. Que diabos foi aquilo? Ele olhou novamente para a garota na cama, lembrando do acidente de horas atrás.

    Flashback on

    - Happy!

    Pela visão periférica viu o gato segurando as mochilas e então socou explodindo a parede de ferro. Os estilhaços voaram para todos os lados e chamas atingiram os bancos, pegando fogo. O vagão se jogou mais forte para o lado e tanto ele como o gato foram atirados para longe. Os gritos ecoavam por toda a parte e o rangido metálico rasgava a noite.

    - Natsu!

    Girou o rosto para trás e arquejou. Ele caía direto num barranco. As arvores e a mata encobriam tudo o que havia lá embaixo. De repente, o rangido ficou mais alto e olhou para cima. Quatros vagões do trem, incluindo aquele que explodiu se arrastaram descendo o barranco. Cerrou os dentes, agarrando com mais força a garota que abraçava. Na queda livre, não podia fazer muita coisa, não sem correr o risco de machucar mais a loirinha.

    - Kuso!

    Enterrou o rosto na curva do pescoço dela e sentiu o primeiro choque. Suas costas explodiram de dor e girou o corpo, rolando na grama e na terra até caírem outra vez. O vento e as arvores quebrando enquanto os vagões desciam quase o deixavam o surdo. Tudo o que teve noção foi da garota que segurava junto dele dormindo tranqüila e tanto as costas como os braços ardendo, pulsando de contusões. Em seguida, o cheiro e barulho de água sobrepôs o de terra e carbono. Mal prendeu a respiração.

    Se chocaram na superfície de um lago afundando e enquanto estavam submersos, a sombra flamejante de um vagão crescia antes de cair no lago também. Rápido nadou para longe, quase tragado no empuxo do vagão afundando e depois subiu a tona, arquejando sem fôlego. Boiando e ainda abraçando Lucy, assistiu todo o trem descer a encosta, não o barranco que pensava. A confusão e o mal estar aumentaram. Podiam ter poucos passageiros no trem, mas mesmo assim... Se não estiveram mortos, com certeza estavam feridos.

    Mal cogitou isso e uma explosão em cadeia destruiu todo o trem. Arquejou incrédulo, vendo o fogo se espalhar por toda a encosta e as arvores queimando. A locomotiva desceu, rolando até se chocar num vagão e outra explosão estourou. O calor tão forte que sentia a essa distancia.

    - Natsu...

    - Natsu...

    Flashback off

    - Natsu!

    Piscou acordando. Happy pairava diante dele, segurando uma vela num castiçal.

    - Ah, desculpa.

    - No que tava pensando?

    Suspirou olhando o vazio outra vez.

    - Nada em especial.

    - O acidente com o trem foi estranho. Ainda bem que a gente achou esse povoado. Philai não é?

    - Acho que sim.

    Se levantou da cadeira e segurou a barra da camisa. Engolindo os gemidos foi tirando devagar, o sangue quase seco grudava o tecido nas feridas das costas. Como odiava isso. Atrás de si, o gato arquejou.

    - Caramba! Parece te esfolaram.

    Quase riu, molhando os trapos da camisa na bacia em cima da cômoda e torcendo. Sem surpresa, a água se tingiu em vermelho pelo sangue.

    - Não é nada.

    Enxugou o rosto e depois foi passando a camisa nos braços e onde podia alcançar nas costas, tirando o resto de terra e folhas. Happy assistia tudo calado e agradeceu a isso. Estava exausto e quase sem perceber, voltou os olhos para a garota deitada na cama enorme. Ela dormia tão tranqüila, ainda estava vestida nas mesmas roupas, sem nenhum machucado há mais.  Quem diria que conseguiram sair quase ilesos do acidente, que para todos os efeitos, foi fatal.

    - Natsu.

    - O que foi?

    O gato hesitava, que estranho. Subiu na cama, puxando o lençol que cobria a loirinha pra longe e se estirou perto dela.

    - Porque você disse ao dono da hospedaria que era casado com a Lucy?

    Se entalou. Rapidamente seu pescoço esquentou tanto quando o rosto. Ainda bem o que o gato continuava atrás dele.

    - Qu..qual o problema? Eles não iam deixar um quarto só pra nós, além disso, é só por uma noite. Amanhã voltamos pra Eramar.

    Fingiu um bocejo e quase esticou o braço para cintura da loirinha. O som de asas batendo freneticamente o fez xingar por dentro. Droga!

    - Sei. Boa noite.

    - Boa noite.

    Como resposta ouviu um riso engasgado. Entreabrindo os olhos, fingindo dormir viu o gato puxar um dos travesseiros. Ele o levou até a cadeira e pos no assento, deitando em seguida de barriga para cima. Segurou um sorriso. Ate que Happy sabe disfarçar bem. Suspirando fechou os olhos outra vez e enrolou o braço na cintura dela, puxando-a devagar para ele e enterrou o rosto nos cabelos loiros. O cheiro de gardênia estava mais forte, não só porque ela estava ainda meio molhada, mas... desde ontem estava assim.

    Não entendia o porquê e apertando a cintura dela, aninhando-se nas costas da loirinha preferiu ignorar. Seja por azar, tinha novamente a oportunidade de dormir junto dela e não perderia tempo pensando em coisas como o cheiro mais pungente. Ele gostava assim e pronto. De repente ela se remexeu, gemendo baixinho e ficou quieto. Suspirando ela estremeceu de frio e se aconchegou mais em seu peito. Sua perna machucada estava imóvel, mas a outra se enfiou debaixo das dele. Os pés dela gelados tocaram os seus e se arrepiou, debruçando-se um pouco nela. Logo Lucy parou de tremer e segurou um sorriso, feliz e decidido.

    Quando voltassem à cidade, só iria esperar eles se acomodarem nos dormitórios e depois explicaria o que era uma apaziguadora pra ela. Nem ele mesmo sabia direito, mas com tudo o que passou e a experiência de somente esperar o ‘momento certo’ ele não ficaria mais sozinho. Aos poucos ia entender esse sentimento que estava nutrindo por ela e viver com a loirinha até criar coragem e perguntar.

    “Quer namorar comigo?”

    //////////////////////////////////////////////////////////////

    - Ein Lucy tem certeza que ta bem?

    Ela suspirou comovida e cansada das atenções de Happy. O bichano mastigava um peixe enquanto andavam pelas ruas de Eramar.

    - Claro. Minha perna já está bem melhor.

    Deu uma olhadinha discreta para o lado. Natsu andava meio tonto pelos enjoos na carruagem e mantinha a cabeça baixa escondendo o rosto pela franja. Teria rido se não lembrasse a cada segundo como acordou essa manhã. Primeiro achou que dormia num quarto super abafado, tamanho o calor que sentia e além disso, um peso cobria suas costas, a impedindo de se mexer. Grogue de sono e suada abriu os olhos devagar e notou um som e um aperto na cintura. Pasma baixou o olhar e era verdade mesmo. Um braço definido e grande se enrolava nela a segurando bem firme. Tensa sentiu outro sopro morno na nuca e espiou sobre o ombro. Mechas rosadas se misturavam com seus cabelos.

    Prendeu o fôlego e procurou ficar quieta. O episodio do outro dia ainda estava bem vivo pra ela e apesar de Natsu ter sido bem legal depois, de maneira alguma passaria por aquela vergonha outra vez. E outra coisa, como foram parar naquele quarto?! Nervosa e arrepiada, (mesmo suando com o calor do corpo dele) ficou imaginando quieta nesse abraço apertado que o mago lhe dava até o mesmo acordar.

    Rápido fechou os olhos, fingindo dormir e sentiu ele se mexer, o braço a apertando mais. Arfando leve e estremecida escutou em seu ouvido.

    - Lucy... Ghrá...

    Arregalou os olhos, o fôlego preso de choque e depois o idiota suspirou, repetindo a frase.  Um amargo travou sua garganta e seus olhos arderam, em pura raiva. Sem pensar com toda a força bateu o cotovelo no estomago dele, o acordando de vez e se sentou, cerrando os dentes assistindo o mago tossir sufocado e o empurrou o derrubando da cama. O baque acordou Happy que num segundo escapuliu dali pela janela e Natsu a encarou tonto e aparvalhado, tossindo da cotovelada.

    - Ficou doida, loirinha?

    Continuou tossindo segurando o estomago e estremeceu mais. Loirinha...

    Agarrou o travesseiro e tacou com toda a força nele, que pra seu desgosto agarrou no ar atirando pro lado, a olhando mais confuso ainda.

    - Qual é o seu problema?

    - Eu não sou sua namorada, babaca!

    Natsu piscou surpreso e seu rosto, geralmente amanteigado ficou pálido. Isso só a deixou mais possessa.

    - Como disse?

    - Ah! Cala essa boca e sai daqui!

    Pegou qualquer coisa na cômoda e atirou nele. Espantado, rápido girou para o lado e a bacia de metal bateu na porta, num estardalhaço e espalhando a água.

    Bem, depois disso Natsu a obedeceu e não a olhou na cara o dia todo. Nem quando saíram da hospedaria e pegaram uma carruagem. Foi a manhã mais comprida que teve e enquanto as horas passavam a raiva sumia deixando no lugar uma insegurança. Afinal, porque ela brigou com ele? Não foi exatamente por ele ter chamado "Lucy" (que era o nome da outra, sua ancestral). Será... que era pelo tom que ele usava? Mordeu o lábio, mal notando as pessoas ao seu redor. Natsu havia sussurrado aquilo no limite do sono, tão carinhoso e ainda chamou a namorada de Ghrá.

    Quis chorar. Porque essa palavra doía tanto? Ela nem sabia o que significava, mas devia ser algo bem... bem... Ah, droga!  Porque ele não disse loirinha, invés de Lucy?

    - Ei, aquela ali é a guilda?

    Pestanejou levantando o rosto e abriu um sorriso timido. O pequeno castelo de pedra se erguia majestoso a poucos metros.

    - É. Você vai gostar Happy.

    Dei outra olhadinha em Natsu, mas apenas seguiu andando. Ao cruzarem os portões, o café ao ar livre estava agitado, mais agitado que o normal. Que esquisito. Happy voava olhando em volta maravilhado e segurou um sorriso, parecia uma criança. Porem quando entraram no grande salão quase todos os membros corriam de um lado pra outro lado. Pessoas com câmeras e lacrimas vision circulavam por aqui abordando e fazendo perguntas.

    - Mas o que ta acontecendo?

    - Lucy!!!

    Se virou com o chamado e estremeceu. Levy corria até ela toda alegre e atrás dela, Erza a acompanhava dando uma boa olhada nos seus machucados. Ai...

    - Lucy. Que bom que voltou! E aí? Como foi a missão? Acharam as pessoas? Era de nível Classe S mesmo?

    Riu nervosa e rápido se sentou no banco mais próximo. Levy se sentou no banco em sua frente e logo, varias das meninas a cercaram. Cana ao seu lado, Bisca em pé. Mirajane segurando uma bandeja e sorrindo bondosa e... Erza a olhando penetrante. Caramba.

    - Calma. Deu tudo certo, encontramos a maioria das pessoas e... descobrimos o culpado.

    - Quem era?

    Cana se inclinou, segurando uma taça de vinho. Piscou surpresa. Era meio-dia!

    - O cidadão-chefe da vila.

    - Uau. Vocês enfrentaram uma briga e tanto. Está toda machucada.

    Riu sem graça.

    - É... mas destruímos uma horda de monstros. Fiz o contrato com nove espíritos de uma única vez.

    Todas arquejaram e finalmente Erza se pronunciou, pasma.

    - Co..como fez isso?

    - Bom...

    - Pura sorte. Não é loirinha?

    Se entalou e girou pra trás. Natsu a olhava serio e engoliu em seco. O ônix pela primeira vez desde de manhã a encarava diretamente e estava mergulhado em raiva.

    - Eu não acho.

    Inclinando o rosto ele quase riu sarcástico. Isso sinceramente a estava magoando.

    - Sei. Até que para uma primeira batalha se saiu bem, mas não devia ter invocado Loki. – o olhar ficou mais duro, causando um silencio na mesa – O Rei das doze casas do zodíaco é o mais forte, seu poder mágico se esvaziou num instante.

    Empalideceu e Natsu deu meia volta, sumindo no movimento. De repente, um baque balançou a mesa e virou para frente, encontrando nervosa Erza se levantar. Ela tinha um olhar de pura raiva sobre o mago.

    - Erza.

    - Não chore, Lucy.

    Surpresa notou seus olhos úmidos. As lagrimas tão fortes que quase transbordavam. Tremula viu a amiga seguir Natsu e então a bagunça costumeira passou. Todos assistindo nervosos ela abordar o Salamander que a encarava sem medo algum.

    - Ele vai morrer.

    Encarou Levy e a baixinha mordia a unha nervosa.

    - Lucy, esse cara vai conhecer a fúria da Titânia.

    Seu coração martelou e rápido se levantou, empurrando mesmo com a perna dolorida até o amontoado das pessoas e conseguiu escutar um pedaço da conversa.

    - ... Como assim foi bom pra ela? Você chamou Lucy pra sua equipe sabendo que não tinha experiência nenhuma!

    Observou Natsu. Ele estava incrivelmente sereno, alheio ao olhar fulminante da maga de armadura.

    - Olha garota. Eu fiz isso por que ela tem potencial igual a minha antiga parceira. Você não estava lá quando ela desmaiou quase morta. Nove portões dourados em contrato, o chamado seguido de três incluindo o mais forte. Querer tanto ser uma maga estelar não é motivo pra se matar.

    - Seu...

    - Erza!

    Todos a olharam e a maga viu que estava abalada. Segurando a raiva ela voltou a encarar Natsu que simplesmente se sentou num banco, se debruçando na mesa e enterrando o rosto nos braços. Um silencio já anormal ficou estático. Ela podia jurar que todos prendiam a respiração, esperando Erza surrar o Dragon Slayer, mas para o maior espanto do nada, um homem loiro segurando uma câmera pulou perto dele. Isso quebrou o momento tenso ainda mais quando ele falou.

    - Vo...você é o Natsu! O Dragon Slayer Salamander, Natsu!

    O mago simplesmente levantou o rosto uns centímetros encarando serio o sujeito. Lucy engoliu em seco. Ela conhecia esse olhar.

    - Quem é você idiota?

    O homem parecia que nem ouviu a palavra “idiota”.

    - Jason, de Sorcerer. Coolll! Até o jeito de falar é coolll!

    O cara praticamente se jogou no chão, escorregando pra longe e então se voltou para Natsu. Ela viu ele apertar os punhos se levantando. Ai, caramba!

    - É verdade que foi você, o Dragon Slayer que matou o dragão no museu draconiado? Como fez isso? Que técnicas usou? O dragão era...

    O repórter se entalou, o rosto virando com o soco dado e então foi jogado pra longe. Os membros da guilda arregalaram os olhos assistindo o loiro bater numas mesas até se chocar no pilar. Por incrível que parecia, anotava algo num bloquinho. Lucy rápido voltou o olhar para Natsu e se espantou. Ele estava tremendo, arfando sem fôlego e... empalideceu?

    Chocada viu os punhos dele estalando em fogo. Quase acendendo enquanto ele fitava o vazio, tremendo mais. Movida no impulso andou até ele e o abraçou, ouvindo uns arquejos espantados e rápido o tirou dali, o levando para um corredor lateral. Os sussurros dos nakamas eram espantados e confusos, no entanto ela procurou se concentrar em Natsu que arfava mais e de repente, ele se encostou na parede de pedra, escorregando até o chão com ela e se sentando.

    Nervosa percebeu que ele suava frio e sentou do seu lado, segurando seu rosto e puxando para seu colo. Ele nem protestou, na verdade, notou que respirava mesmo ofegante. Preocupada afagou hesitante os cabelos dele. Nunca o imaginou agindo assim.

    - A..arigatou.

    O sussurro a deixou mais preocupada. Parecia uma criança assustada falando.

    - Natsu...

    - Eu não quero falar sobre isso. Tudo bem?

    - Ta bom.

    Ficou quieta, continuando o afago nos cabelos dele e Natsu não se mexeu mais. Aos poucos a respiração arquejante se acalmava e se pegou pensando porque essa reação tão... drástica. Ele bater no repórter por irrita-lo podia entender, mas... Natsu parecia claramente em pânico. Engolindo em seco, tentou conversar de mansinho.

    - É... deve ser terrível, lembrar daquilo tudo.

    Ele quase riu, tremulo.

    - Monstro maldito, até morto me persegue.

    Piscou pasma e baixou o olhar, vendo as mechas rosadas. Ele... não quis dizer literalmente, não é? Deitando o rosto no vale de seus seios, Lucy nervosa demorou uns segundos para notar que ele havia encostado a orelha no lado esquerdo. Arfou mais surpresa, ele... estava ouvindo seu coração.

    - Loirinha.

    - S..sim?

    - Fi..fique mais um pouco aqui comigo? Não quero ficar sozinho.

    O rosto dele esquentou um pouco e sorrindo boba se ajeitou contra parede, fechando os olhos ao abraça-lo melhor.

    - Tá.

    ///////////////////////////////////////////////////////

    Empoleirado no beiral de pedra, uma figura assistia chocada através da janela do segundo andar tudo o que aconteceu no salão da guilda. Mas precisamente, na maga loira arrastando o Salamander para aquele corredor.

    - Gajeel, o que foi que viu?

    A voz potente do companheiro felino o acordou do choque. Virou o rosto, encarando o gatinho negro que vestia uma calça esverdeada e portando uma espada, nas costas. Ele o achou no meio do bosque e cuidou da suas feridas, estava em divida com ele.

    - E então?

    Piscou tentando segurar o choque e engoliu em seco.

    - Acabei de ver alguém que devia estar morto.

    Voltou a encarar pela janela, estreitando o olhar atento no comportamento da loira e o Salamander, escondidos naquele corredor.

    Como a bunny girl pode estar aqui?!


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