A paixão do capitão de gelo

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    Capítulos:

    Capítulo 25

    Pálida Sombra

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Hueco Mundo, duas semanas atrás

    O deserto estava como o mesmo. Insípido, frio e a areia na mesma cor cinzenta como todo o resto desse lugar. O vento soprou sacudindo suas vestes esfarrapadas enquanto observava do alto, em pé num galho seco dessa árvore. Syazel curvava os lábios desdenhoso e cansado. Fugir de Jigoku esgotava qualquer um. Levantando um pulso encarou sem emoção a ferida profunda na carne, bem entre os ossos. Lembrava da dor insuportável quando arrancou os elos. A confusão que aqueles shinigamis armaram fora bem vinda. Distraiu com perfeição aquele defunto odioso e todos os pecadores escravos dele.

    Soltou um risinho.

    - Tudo por causa de uma mulher.

    Bom, de todo modo ele não tinha mais nada haver com isso. Sua “liberdade” era temporária. Precisava resolver alguns assuntos antes que os elos das correntes voltem a crescer e então os Kushanadas o encontrem. Malditos demônios. Porem, verificaria uma coisa e para isso faria uma visita a Halibel.

    Soul Society, atualmente

    Karin suspirou, encarando o chá na caneca que segurava sem a mínima vontade de tomar. Seu estômago estava embrulhado e o cheiro que subia do vapor só fazia sua ânsia aumentar. Engolindo em seco, levantou o olhar para Toushirou. Ele estava em pé, lendo o que fez do seu trabalho já fazia meia hora. O tinha esquecido no meio da... tarde quente que passou com ele. Baixou o rosto, mechas de seus cabelos encobrindo seu rubor. Uma tarde fazendo sexo com seu marido... Isso a matava de vergonha e ainda era excitante porque, sinceramente, Toushirou era lindo demais. O espiou outra vez e suspirou derretida. O analisando enquanto ele não reparava...

    KARIN POV

    Marido... Ainda não acredito nisso. Quer dizer, mesmo que eu tenha dado um ataque quando vi as alianças ainda era surreal pra mim. Sentada no sofá, encolhia as pernas dentro da camisola enquanto via Toushirou franzir a testa, compenetrado no meu trabalho da Academia. Quando fomos pra sala, (com ele insistindo em me sentar e tomar o chá) reparou nos papeis bagunçados na mesinha de centro e desde então ele os lia. Só foi nesses momentos que reparei que usava somente uma hakama branca e mais nada. Os cabelos brancos estavam bagunçados claro, mas sempre aquelas mechas caíam em seus olhos. Charme. Natural e tão propriamente dele. Suspirei sem querer. Olhando melhor seu físico trabalhado de tanto lutar. O peitoral, o abdômen, os braços que me faziam flutuar quando me abraçava. Realmente ele me ama. Só assim para aceitar casar tão novo e ainda com uma garota mais nova ainda.

    Eu sempre notei o quão Toushirou parece perfeito. Parece, porque nenhum cara é. Verdade que ele é responsável, sabe liderar. Por isso é um capitão. Por onde passa chama muita atenção, ao contrario de mim que ainda viva não vestia roupa alguma que delineava meu corpo. Queria que alguém se interessasse por minha personalidade e não pelo meu traseiro e ou minhas pernas. Contudo, o rapaz em minha frente apesar de ser bonito e serio, é ciumento. Possessivo também se encaixa. Eu até gosto um pouco, afinal Toushirou não me chama de amor ou outra coisa que seja romântica. Alias, somente uma vez ele disse “te amo” e foi quando eu estava quase dormindo.

    Que seja, na nossa relação, etto... casamento, (às vezes esqueço que avançamos pra esse nível) não era necessário. A gente agora se entende bastante. Eu acho... Droga! Por que estou tão confusa? E por que esse chá tem um cheiro tão amargo?!

    - Para quando você deve entregar?

    - O que?

    O sofá afundou e me toquei que havia sentado ao meu lado. Toushirou me olhava esperando e me ajeitei contra o estofado, fitando o vazio.

    - Amanhã. Eu preciso dessa nota, senão não vou poder fazer o exame pratico.

    - Hum...

    Estranhei essa resposta vaga e o encarei, piscando surpresa com o seu jeito. Seus olhos estavam sérios e a expressão fechada.

    - O que foi?

    - Porque fará o exame? Pelo o que eu saiba somente no sexto ano é realizado.

    Porque ele estava tão serio?! Incomodada me remexi mais no sofá. Ainda segurando a caneca e a apertava enquanto ficava mais nervosa com esse comportamento dele.

    - Me indicaram. Como faço parte do Gotei e já tenho minha shikai me colocaram na lista dos...

    - Não vai fazer.

    Arregalei os olhos. Não. Ele não disse o que eu achei que disse. Ainda com esse tom! Autoritário!

    - Co..como assim não? É uma oportunidade única. Claro que vou fazer.

    Ele apenas me encarou de soslaio. Uma raiva borbulhou dentro de mim. Parecia que dizia. “Você não sabe de nada”

    - Esse exame é feito num campo de batalha. Preparado para testar o aluno nas quatro técnicas de combate.

    - E daí? Eu posso muito bem...

    - Os métodos são rigorosos demais. Pode se machucar gravemente.

    Rangi os dentes e levantei do sofá.

    - Escuta aqui!

    Antes que me segurasse sacudi a caneca para cima, acho que queria apontar o dedo na cara dele porem balancei a mão brusca demais e o chá se derramou. Me arrependi num segundo, ia cair direto no rosto dele!

    - Toush..

    Ele estreitou os olhos e uma lufada forte de ar gelado nos envolveu de repente, sacudindo nossos cabelos e minha camisola. O chá congelou em instantes, formando um cristal. Antes que caísse Toushirou o pegou diante do rosto, apertando até esmagar em sua mão. Fiquei sem fala. Pela expressão fria ele estava irritado. Deixando minhas folhas de lado no sofá, se levantou e me afastei um passo.

    - Toushi..

    - O que pretendia fazer com isso?

    Minha boca ressecou. Ele... falava tão serio. Distante. Meu peito se apertou, nunca que ele me olhou assim uma vez.

    - Eu não queria. Foi um acidente.

    Me fitando tão de perto ele continuou serio e estremeci. Será que não acredita em mim?

    - Toushirou, foi sem querer!

    - Eu sei.

    Sua irritação sumiu e arfei. Meus olhos aumentando mais. Eu tinha gritado? Idiota, claro que tinha. Mas ele me respondeu tão sem emoção. Isso me doía. De repente, quis chorar. Meus olhos arderam e minhas narinas também. Antes que ele visse virei o rosto, deixando cair umas mechas nele.

    - Karin, relaxe.

    - Eu to bem. Só... só preciso me deitar.

    Dei um passo e sua mão segurou meu pulso. Me parando. Fiquei mais nervosa. As lágrimas já acumulavam não me deixando enxergar nada.

    - Coma alguma coisa.

    - Depois!

    Puxei o braço e sua mão me segurou mais forte.

    - Agora. Deixe de ser tão teimosa.

    Puxando meu pulso, Toushirou passou a outra mão na minha cintura me girando e tropecei batendo no seu peito. Enterrei o rosto nele fechando os olhos tentando segurar. Sem sucesso, as lágrimas desceram e seu peito ondulou num suspiro. Deslizando a mão na minha cintura, seu braço deu a volta me apertando e prendendo contra ele.

    Droga! O que tá acontecendo comigo? Porque eu estava chorando? Foi uma discussão idiota que nem foi discussão direito. Enquanto me tremia, consciente de que molhava seu peito dedos mergulharam nos meus cabelos, perto da minha orelha e deslizavam para baixo, um afago leve que me relaxava aos poucos.

    - Coma alguma coisa. Vou fazer seu trabalho e depois dormimos.

    - Mas... – funguei e odiei isso – vão saber...

    - Não se preocupe.

    Ele sorria, consegui ouvir. Nesse gesto minha vontade de chorar sumiu. Igual hoje de tarde quando Sakai me magoou. Levantei o rosto e Toushirou deslizou a mão nos meus cabelos até minha bochecha a segurando e me puxou. Seus olhos brilhavam mais que o normal. Diziam alguma coisa e ele tentava reprimir. Me esticando nas pontas dos pés, seus lábios colaram nos meus. Abrindo sem esforço e prendendo num beijo sôfrego, me surpreendendo. Achei que seria apenas um selinho. A pressão possessiva e a língua macia deslizando por entre minha boca me fez arfar. Entorpecendo meus sentidos numa calma e esqueci a estranheza disso. Dele me beijar com ânsia. Deslizei a mão até a sua que me segurava firme pela cintura, entrelaçando nossos dedos e segurando firme.

    Toushirou ofegou e inclinou minha cabeça, debruçando em mim e aprofundando o beijo. Nossas línguas se roçavam na outra se encontrando, os lábios disputando o quanto sugava e puxava o do outro e mesmo que isso nos atiçasse, esquentando ao ponto que sentia a pele dele quente, nenhuma onda de luxuria veio. Era outra coisa. Satisfação... não. Euforia, Êxtase ou... Simplesmente essa ânsia?

    Acho que sim. Era uma necessidade quase visceral manter esse beijo, mesmo sentindo meus pulmões querendo ar. Toushirou arfava, mais sedento e entrei num torpor mais profundo. Dando por mim apenas quando nossos rostos roçavam um no outro, ondulando enquanto o beijo selvagem continuava. Nossas respirações soavam altas. E senti a mesma sensação quando tivemos nossa primeira vez.

    Um pulso de energia em sintonia. Vindo de nós explodiu uma lufada de ar congelante dos pés e girando ao subir. Minha camisola levantou dançando no meu quadril e meus cabelos foram jogando para cima. Essa rajada, pequena de vento congelante continuou até que finalmente não consegui mais respirar. Toushirou soltou meus lábios, jogando o pescoço um pouco para trás. Abri os olhos lentamente encontrando outro par verde denso e luminoso.

    Foi então que notei. Arquejei mais chocada.

    - Toushirou.

    - Eu sei.

    Arfando apoiou a testa na minha, procurando respirar e... se acalmar. Tentei fazer o mesmo. Ao meu redor, precisamente no contorno dos nossos corpos uma energia se manifestava, feito línguas tremulas de fogo. Só o ar aqui pesava por causa dessa reiatsu. Não somente minha ou dele. O prateado era igual àquele dia. Quando Toushirou apareceu me protegendo das correntes, empunhando aquelas duas zanpakutous.

    - Hisame.

    - O que?

    Fechando os olhos, Toushirou arfou mais forte diminuindo mais a reiatsu. Como eu comprimia a minha também o ralo prateado foi se esvanecendo.

    - Essa energia vem dela. You Ou e Hyourinmaru devem ter se transformado.

    Arregalei o olhar, lembrando da voz de mulher que ouvi na caverna.

    - Mas a gente não fez nada. Nem as espadas estão aqui.

    Num meio sorriso Toushirou entreabriu os olhos. Logo a rajada de vento se abrandou quando suspirei. O frio diminuindo.

    - Esse poder vem de nós dois. É compreensível que se manifeste se nossas emoções alteram, aumentam...

    Um calor subiu forte e rápido pelo meu pescoço. Toushirou quis rir, mas se segurou. Aposto que meu rosto ficou vermelho vivo.

    - Ta bom, a...agora pode me soltar. Antes que a gente destrua a casa ou sei lá, congele.

    Desviei os olhos para o sofá envergonhada, soltando sua mão. Logo seu braço me largava relutante também e a rajada congelante desapareceu. Fui direto pra cozinha, enquanto que ele faria o meu trabalho. Estava procurando um pacote de arroz no armário, esperando minhas bochechas pararem de queimar quando me lembrei de mais cedo. O comportamento esquisito dele e a conversa com a Rangiku.

    “- Calma, eu vou te ajudar”

    Estreitei o olhar. Colocando uma porção pequena de arroz na panela e água pondo em seguida pra cozinhar. Fritaria depois com azeite e alho. Daria trabalho, mas só de imaginar minha boca salivava. Contudo, não esqueci da promessa de ajuda e o olhar malicioso da Rangiku. Ela fez alguma coisa ou falou pro Toushirou. É isso! Só podia ser.

    Dei uma olhadinha para sala, o vendo escrever numa folha em cima da mesinha. Essa suspeita apenas aumentou. Amanhã na primeira oportunidade conversaria com a Rangiku. Saber o que essa ruiva maluca fez com nosso capitão.

    KARIN POF

    No dia seguinte

    HITSUGAYA POV

    Como será que ela vai reagir?

    Suspirei pela enésima vez, encarando um ponto qualquer na parede. Estava no meu gabinete lembrando ontem. As emoções de Karin estão se alterando. Não... Já estão alteradas. As mudanças de humor entre raiva e tristeza quase me tiraram do sério, principalmente quando me disse que faria aquele exame.

    De jeito nenhum vou permitir isso. Ela pode perder o bebê. As provas de combate são quase do mesmo nível que aquela luta contra as quimeras, sem falar que... A gravidez é delicada.

    Flashback on

    - Hitsugaya Taichou, ainda não disse tudo.

    Afastei com custo os olhos da porta e estranhei o olhar cauteloso de Unohana. Esse gesto me inquietou.

    - Como assim? Disse que ela estava bem.

    - Com relação ao feto sim, porem encontramos um problema na placenta.

    Prendi o fôlego e pela minha expressão, Unohana suspirou tentando passar tranqüilidade que não faria efeito algum. Já estava nervoso imaginando quantas complicações poderia ter.

    - Porque não vamos ao meu escritório? Lá poderemos conversar melh...

    - Qual é o problema?

    A capitã apertou os lábios quando a interrompi. Contudo, continuou mesmo assim.

    - A hemorragia foi venosa. Nada que não cause complicações, a questão foi a demora no atendimento. Devido ao tempo de gravidez, a placenta ainda está em formação e o sangue irrigado é rico em oxigênio. Com a perda e talvez com o tipo de ataque que ela sofreu descolou da parede uterina. Fizemos o possível para ajustar ao lugar, mas ainda assim o risco de aborto é muito alto.

    Engoli em seco, desviando o olhar para a parede sem ver enquanto meus pensamentos ficavam frenéticos. Era angustia. Estava tão feliz com a noticia e agora isso.

    - O que podemos fazer?

    - Por enquanto mante-la em observação até os três meses. O período mais perigoso de gestação. Nada de combates e estresse. Seria bom que eu mesma converse com ela a respeito.

    - Por que?

    Queria eu mesmo dar a noticia à ela.

    - Ela é mãe pela primeira vez e creio que depois do que passou essa menina esteve sob intenso estresse. Como médica vou ajuda-la a assimilar.

    Flashback off

    Isso é tão frustrante.

    Karin quase teve uma crise emocional ontem e simplesmente tive que fingir que não sabia de nada.

    Estreitei o olhar para o vazio, irritado com a situação.

    Droga! E ainda havia a manifestação do poder de nossas zanpakutous...

    - Matte, Ichigo! Você não pode...

    - Sai do meu caminho Renji!

    A discussão parecia vir de algum lugar lá fora. Pelas reiatsus eram Abarai e Kurosaki. Espere... Kurosaki? Mal entendi e a energia densa lá fora ficou mais agressiva. Saltei da cadeira aparecendo no outro extremo do gabinete em tempo de um zunido cortar o ar. O relâmpago de energia arrebentou a parede, jogando concreto e pedaços de madeira para todos os lados, abrindo caminho até mim. Irritado saquei a zanpakutou e liberei minha reiatsu, bloqueando o ataque. Meus pés se arrastaram até que o parei, rebatendo para cima jogando o Getsuga Tenshou para o telhado. A explosão abriu um rombo do tamanho de uma claraboia, levantando poeira e espalhando mais escombros. Com certeza o estrondo alertou todo o quartel.

    - TOUSHIROU!!!

    Tsk. Tomei impulso me atirando, vendo Kurosaki também fazer o mesmo. Antes que nossas lâminas se chocassem, bati o pé o ar e girei. Acertando o joelho em seu estômago com toda a força. Seus olhos aumentaram sufocando e sibilei estressado, no átimo de segundo empurrei ainda mais, antes dele ser jogado para longe, se chocando com o muro e os outros prédios.

    - Taichou!

    Avistei de soslaio Matsumoto. Ela vinha correndo pra cá parando de súbito junto com alguém. Pela energia era Hinamori. Suas expressões eram claras com o espanto do que viram. Uma parede do escritório do capitão destruída e o muro com um rombo de dois metros. Nem posso imaginar a carranca que estou fazendo.

    - O que está acontecendo Shirou-chan?

    Como se fosse possível o apelido me irritou ainda mais. O ar estremeceu denso e ao longe alguém gritava. O berro irado dizia somente uma coisa.

    Que o irmão explosivo da minha mulher queria me matar.

    Ridiculo.

    HITSUGAYA POF

    Ignorando os tenentes e os outros shinigamis que se aglomeraram, o Capitão Hitsugaya saltou no shunpo e escutaram um estrondo. O choque de dois poderes reverberando no ar. O céu se agitava e quem quisesse ver, poderia encontrar o motivo nos dois shinigamis lutando lá no alto. Renji fez um esgar. Não devia ter contado. Rukia pediu tanto pra ficar de boca fechada e olhe no que aconteceu. O cabeça de cenoura louco de raiva em querer matar o cunhado. Se bem que, pela atitude de Hitsugaya Taichou ele também estava estressado. Sequer tentou conversar.

    - Abarai-kun, por que essa confusão toda?

    Piscou baixando o olhar para a voz. Hinamori o encarava curiosa e aflita. De imediato, sentiu compaixão dela. Os olhos castanhos demonstravam uma esperança longe de disfarçar. Fez pouco caso tentando fingir não ver seu estado.

    - O que você acha? Aquele baka do Ichigo resolveu “lavar a honra da família”.

    Revirou os olhos, enfadado e cruzou os braços.

    - Como.. assim?

    Droga, porque não ficou de boca fechada?! Nesse instante, Matsumoto pulou ao lado da amiga, risonha e alheia à insegurança da outra.

    - Eles casaram Hinamori. O Taichou e a Karin-chan. – se virou para ele - É por isso que o Ichigo ta atacando o Capitão? Mas ele é um bom rapaz.

    - Diga isso pra ele.

    Outro choque de laminas os fizeram olhar o alto, em tempo de ver o Substituto golpear o tronco de Hitsugaya. A zanpakutou cortando em diagonal respingando sangue. Arfaram de choque. A aura dele estava mais assassina que antes.

    - Aquele idiota!

    Renji se inclinou segurando a bainha da espada e saltou no shunpo. Matsumoto ainda estava chocada e finalmente ficando nervosa.

    - Não pode ser...

    O murmúrio ao seu lado tirou sua atenção e fitou a tenente baixinha. Seu nervosismo apenas aumentou. Hinamori encarava o vazio, pálida e estremecendo. Seus olhos estavam rasos d’água.

    - Hinamori?

    A tenente fechou os olhos com força, sacudindo o ombro com força quando a tocou para chamar sua atenção.

    - Eles... eles não podem...

    Matsumoto ignorou os estrondos e berros de ataque de Ichigo e Renji. Seu capitão continuava calado, mas sua energia apenas aumentava. Hinamori estava tão abalada que nem percebia e isto, causava uma compaixão nela pela mais nova.

    - Hinamori...

    - Você sabia?!

    A garota a encarou histérica. Parecia quando encontraram o falso corpo de Aizen naquela manhã.

    - Escute, o capitão já demonstrou o quanto Karin-chan é importante para ele. Você notou como ele ficou abalado quando pensou que ela morreu.

    A tenente mordeu o lábio. As lágrimas descendo incontroláveis. Matsumoto suspirou se preparando para a discussão, porem, a garota apenas sorriu fracamente, a surpreendendo.

    - Tem razão. O Shirou-chan... ama mesmo ela.

    - Olhem! O Taichou vai liberar a zanpakutou!

    Matsumoto levantou o rosto, vendo Renji parado no ar com uma serpente gigante de ossos enrolada em sua volta. Ichigo parecia prestes a liberar a própria Bankai, mas seu capitão que estava há um segundo ali diante deles havia sumido! Os céus escureceram cheios de nuvens negras e ar parecia congelado. Onde ele estava?

     - Gochuu Tekkan!

    Prendeu um grito. Cinco pontos surgiram no alto, brilhantes e tomando a forma de cinco pilares de ferro. As vigas caíram em cima de Ichigo. Prendendo o pescoço, os dois braços e as duas pernas. O berro de surpresa e dor ecoou durante toda a queda livre e até um estrondo estremecer o solo. Matsumoto soltou um risinho nervoso.

    - O Taichou pelo visto não está tão bravo assim. Não é Hinamori?

    Se virou para o lado, apenas encontrando-o vazio. Suspirou preocupada. Tomara que ela não faça nenhuma bobagem.

    HITSUGAYA POV

    Do alto avistei o local aonde Kurosaki havia caído. Os pilares sacudiam, sinal que estava tentando se soltar. Começava a se tornar um hábito. Ele me atacar por ciúmes da irmã e eu o prender num bakudou. Segurando a vontade de surra-lo. Não que eu seja mais forte que ele. Na verdade, Kurosaki possui uma quantidade de poder tão absurda quanto a minha. A diferença é que sei como controlar e usar parte desse meu poder.

    O vento soprou forte, reação por eu ter liberado minha energia e o ferimento no meu tórax ardeu. Queimando enquanto minhas blusas empapavam de sangue.

    - Anno...

    - Diga Abarai.

    O tenente estava muito quieto ao meu lado.

    - Ichigo acabou de se recuperar do ataques daquele Togabito, Capitão.

    Estreitei o olhar, o encarando atravessado.

    - Não se preocupe. Um tempo preso não vai mata-lo.

    Seu olhar ficou surpreso e rápido virou o rosto. Pelo visto, ele entendeu. Eu havia empregado muita reiraku para invocar o kidou. Demoraria um bom tempo até Kurosaki se soltar. E como eu estava de péssimo humor, o deixaria preso até esfriar a cabeça. O que poderia demorar. Arfando sumi no shunpo aparecendo no local aonde Kurosaki havia caído. Ele resmungava e xingava. Parecia dizer “Chibi Maldito” ou “Pirralho desgraçado”.

    - Se se acalmar, lhe solto e poderemos conversar. Civilizadamente.

    Parei de andar ficando diante dele. O Substituto levantou o olhar como pôde. Seu rosto virado e soprava terra. Dei uma olhada em volta. A cratera feita nesse campo era enorme, mas nada que custasse muito reparar. Precisava falar com Kensei sobre isso.

    - Porque Toushirou?

    Praticamente rosnou a pergunta e procurei segurar o gênio senão liberaria Hyourinmaru acidentalmente, faltava pouco pra isso.

    - Espere que eu fique parado enquanto você tenta me matar?

    - Não! Porque dormiu com a Karin?! Ela só tem quinze anos, desgraçado!

    Voltei os olhos para ele, sentia o ar esfriar mais. Minha zanpakutou pulsava, inflamando e querendo que eu a usasse. Kurosaki percebeu que não devia ter feito essa pergunta. Mesmo assim enfrentou meu olhar penetrante.

    - Em primeiro lugar, isso não te diz respeito. Segundo, se está insinuando o que acho que está, não sou um canalha para fazer isso. Além disso, sua própria irmã lhe daria uma surra se te ouvisse agora.

    Isso o fez arregalar os olhos. A intenção assassina que sentia sumiu de súbito, me confundindo.

    - Realmente, o velho tem razão.

    Franzi a testa. Kurosaki suspirou fundo, tendo um acesso de tosse em seguida. Sangue respingou da sua boca e soltei o ar, olhando para longe.

    - Você é mesmo um baka, Kurosaki.

    Fechei a mão livre e com dois dedos esticados balancei num arco, diante do bakudou. Os pilares brilharam e quebraram, os fragmentos de energia subiam enquanto se desfaziam. Ele foi se levantando e tossindo mais. As manchas de sangue na terra aumentaram mais minha suspeita.

    - Você fugiu.

    Ele soltou riso fraco, se sentando no chão. Ao seu lado, Zangetsu mantinha-se enrolada naquele faixa branca. Sempre me perguntei como ficava assim, já que sempre se mantinha em Shikai.

    - Rukia me entupia de remédios estranhos e ficava me rondando. Além disso, o Velho dizia besteiras o tempo todo. “Os Kurosakis vão aumentar” Blá, blá, blá.

    Engoli em seco espantado. Capitão Shiba não poderia está mais que certo.

    - Né, Toushirou...

    O olhei e escondia parte do rosto com os cabelos. Estranho.

    - Arigatou.

    - Pelo o que?

    - Por salvar a Karin. Renji me contou. Tudo.

    Empalideci com a ultima palavra e um silencio cômodo se instalou. Não era preciso explicar. Eu mesmo me sentia horrorizado pensando no que teria acontecido se Hyourinmaru não a protegesse, se não tivesse conseguido liberar Hisame. O fato de não ter matado o maldito Pecador ainda me revoltava. Os céus se abriram com Hyourinmaru parando de pulsar. Suspirando embainhei a espada e estendi a mão para ele. Kurosaki a encarou e aceitou, me deixando levanta-lo.

    Enquanto batia a terra da roupa, cogitei se mencionava a novidade para ele ou não. Quem sabe ele poderia ajudar. Karin era teimosa e suspeitava que faria o exame pratico de qualquer maneira.

    - Quanto tempo ficará em Soul Society?

    Ele estranhou a pergunta e olhou o vazio, pensando.

    - Na verdade nem pensei nisso. Por quê?

    Estreitei os olhos e decidi confiar.

    - Temos que conversar.

    HITSUGAYA POF

    KARIN POV

    Quando a aula acabou, desci nervosa até os degraus segurando o trabalho sobre Houou. Sinceramente, minhas mãos suavam. Esse professor nunca foi com a minha cara e devido às vezes que lhe respondi “educadamente”, poderia muito bem esperar uma boa oportunidade de me prejudicar. Tensa e fingindo uma calma me aproximei dele enquanto estava arrumando seus livros.

    - Hã... Igarashi-sensei.

    - É você Kurosaki.

    Ele sequer me olhou. Engolindo a irritação, continuei mansa.

    - Hitsugaya, sensei.

    - Claro.

    Estreitei os olhos. Velho arrogante! Esse deboche já estava entalando na minha garganta! Contudo...

    - Trouxe o trabalho que o senhor pediu.

    Estendi as folhas. Torcendo para que ele não veja minha expressão nervosa. Toushirou me avisou antes de sair que meu pai vivia deixando os documentos do esquadrão largados no escritório e Rangiku por mais que trabalhasse, não adiantava muito, já que sempre procurava o capitão folgado pelo quartel. Como havia coisas urgentes e meu pai não gostava de resolver ele obrigou Toushirou a falsificar sua assinatura e a próxima letra. Portanto, foi fácil pra ele copiar a minha. Nem eu mesma acreditei quando li. Estava igual.

    Mas apenas seria dessa vez, então não devia me acostumar.

    - Muito bem. Depois de três dias sairá o resultado. Verifique no quadro de notas.

    Dito isto, pegou o trabalho e saiu. Sem ao menos olhar pra trás. Esse instrutor era mesmo um sujeito desprezível. Esnobe e nobre. E pensar que vim de famílias assim.

    - Karin!

    Me espantei. Quem me chamou? Virando para o lado, encontrei a Barbie acenando pra mim. Meu queixo caiu. Envergonhada corri rápido até ela ignorando os olhares espantados. Até de Sakai que não acreditava no que ouviu.

    - Vem.

    - Ei.

    A havia pegado pelo braço e sumi no shunpo aparecendo no campus. Estávamos na área onde as vielas de blocos se intrincavam.

    - Uau. Queria tanto fazer isso.

    Sorri dela, os olhos azuis brilhavam infantis.

    - Depois que pega o jeito é fácil. Mas o que queria falar comigo?

    Caminhamos um pouco. Ainda faltava um tempo até eu ir para o esquadrão, então podia demorar.

    - Você não se importa se eu te chamar pelo primeiro nome, não é? É que fica meio esquisito te chamar de Hitsugaya.

    Rimos sem graça e minhas bochechas coraram.

    - Não, tudo bem. Era só isso?

    - Na verdade queria perguntar uma coisa. Mas mantenha segredo.

    Franzi a testa estranhando. Ela parecia seria e... um pouco assustada.

    - Tudo bem.

    A loura suspirou olhando para uma arvore perto de uns bancos de madeira. Pensativa.

    - Foi há uma semana. Eu estava voltando de um jantar na casa de uns tios quando de repente, todas as lanternas apagaram. Os guardas acharam que foi uma rajada de vento, mas nem uma brisa passava. Porem...

    - O que?

    Seus olhos se estreitaram.

    - Juro que vi uma sombra gigante passando pelo quarteirão. Digo, era enorme. Eu sei o que ta pensando. Que imaginei por que fiquei assustada, mas a rua estremeceu. Com um impacto e depois...

    - Fale logo.

    Essa ansiedade tava me corroendo. Parecia com os filmes de terror que vivia assistindo.

    - Os guardas caíram mortos.

    Prendi o fôlego. Ela me olhou meio pálida e engoli em seco.

    - Acha que estou louca?

    - Não.

    - Que bom, porque meus pais juram que eles fugiram abandonando o posto, já que não encontraram os corpos.

    Entramos em uma viela que levava direto ao grande pátio.

    - Eu não notei nada de estranho há uma semana.

    - Mas você sabe se o Gotei ta investigando algo a respeito? Porque sinceramente, aquilo é difícil de esquecer.

    - Vou ver o que descubro.

    Ela sorriu aliviada.

    - Ariga...

    - Finalmente, Karin-chan. Achei que não ia mais aparecer.

    O que?! Giramos para a voz e uma sombra saltou de um galho, pousando diante de nós. Quando a figura se endireitou, apertei os punhos mecanicamente travando os dentes. Hinamori sorria ou tentava sorrir. Suas fitas coloridas balançavam ao vento e notei seus olhos e nariz avermelhado.

    Choro. Era o que me gritava sua expressão e senti uma satisfação por dentro. Depois daquele dia que fui seqüestrada não nos vimos mais e apesar de eu tentar pensar nela como uma boa garota, a palavra shirou-chan explodia na minha mente, acompanhada da minha fantasia onde eu arrancava seus cabelos. Um por um.

    - Anno... Você é Hinamori Momo, Fukutaichou do 5º...

    - Eu sei garota. Agora me deixe falar com ela.

    Me irritei. A Barbie simplesmente ficou muda de vergonha.

    - Escute aqui. Ela só fez uma pergunta. Alias, o que você quer?

    Essa coisinha estremeceu e apertou os punhos. Seus olhos vaguearam ligeiros para minhas mãos e vi que se espantaram, notando a aliança.

    - É verdade.

    - Sobre o que?

    Agora quero ver ela falar. Engolindo em seco (parecia que engolia o orgulho também) Hinamori suspirou forte. Suas narinas tremendo de esforço em não chorar.

    - Você é muito baixa mesmo.

    Quase ri, incrédula. Ela não quis dizer isso. Essa garota não é louca de tá insinuando isso!

    - Como é?

    - Shirou-chan... Shirou-chan é um rapaz honesto, ele respeita as mulheres. Mas você com essa atitude mundana provocou ele a ponto de se deitar com você, sua vagabunda!

    Grrrrrr. Fechei o punho e quase pulei em cima dela, se a Barbie não tivesse me segurado.

    - Me solta! Vou desfigurar essa vaca!

    - Pare Karin! Estamos na Academia, se fizer isso vai ser expulsa!

    Ah... Mas só um soco não faria mal. Eu podia quebrar os dentes dessa coisinha e quero ver ela sorrir meiga. Parecendo uma velha desdentada! As mãos ao redor da minha cintura se fecharam e não consegui me mexer direito. Hinamori suspirava fundo, me olhando de cima. Essa... essa vaca idiota vai me pagar! Deixe eu sair daqui!

    - É melhor você escutar sua amiga.

    - E é melhor você calar essa boca!

    Esperneei com mais força e senti uma pontada estranha. Uma cólica forte e passageira, mas me deixou preocupada. Um risinho debochado atraiu minha atenção e ouvi a Barbie suspirar. Ótimo, ela também detestava Hinamori, mais uma pra me ajudar a dar uma surra nessa falsa.

    - Qual é a piada?

    Minha voz saiu sarcástica. Ela apenas curvou os lábios superior, como odiei isso.

    - Eu realmente tenho pena de você.

    - Não me diga.

    - É verdade, Karin-chan. Você não conhece o Shirou-chan como eu. Ele...

    - É Toushirou! Sua vaca!

    Tentei avançar nela outra vez e aquela cólica voltou. Forte e durando. Arfei espantada, sentindo ela aumentar e Hinamori sorriu mais calma. A Barbie notou algo estranho, afinal fiquei quieta de repente, mas...mas essa dor...

    - Como estava dizendo. Ele é educado, dedicado e muito reservado não é? Mas ele tem um lado sarcástico que aparece quando tentam contraria-lo. Eu sei porque já vi. Ele é inteligente, um gênio e ficar discutindo com alguém que nem ao menos o entende é... tão frustrante pra ele.

    Arfei espantada, mas não consegui revidar. Lembrava de todas às vezes em que Toushirou me olhava como se fosse uma retardada. Como me chamava de teimosa por contrariar. Eu... realmente me sentia uma estúpida.

    - Então Karin-chan. Não estou certa?

    Estremeci de raiva e aquela vontade idiota de chorar voltou. Meus olhos arderam, enxergando embasado o olhar vitorioso dela.

    - Sua... itai!

    Me dobrei segurando onde doía. Meu ventre se retorcia na cólica mais violenta que senti.

    - Karin. O que você tem?

    - Eu... eu não sei... Itai!!

    Desabei de joelhos, apertando os olhos e segurando minha barriga. Estava doendo demais. Mal conseguia me mexer! Tremendo comecei a suar frio e minha calcinha se molhava num liquido morno. Inconsciente passei os dedos e os vi manchado de sangue. Um arquejo duplo me tirou do choque.

    - Você tem que pra enfermaria!

    - Não! Ela tem que ir pro 4º Bantai. Agora!

    Hinamori se abaixou, passando o braço pelas minhas costas.

    - Calma. Eu vou levar você. Consegue levantar?

    Sacudi a cabeça negando. A dor estava ficando insuportável. Não parava de chorar.

    - Eu vou mandar um recado pro Hitsugaya taichou.

    Ouvi passos correndo e Hinamori me segurou firme, o ar deslocando em nossa volta.

    - Gomem, gomem, Karin-chan.

    - Cala essa boca!

    Os pedidos de desculpas estavam me irritando. Porem, ela me sussurrou desesperada uma coisa que me deixou petrificada.

    - Não sabia que está grávida, desculpa.

    O..que?!

    KARIN POF

    Hueco Mundo

    Halibel fitava ao longe, escondida dentro de uma caverna tosca feita de escombros dentre a Guerra com a Soul Society há cinco anos. Havia saído em expedição, somente para verificar as especulações absurdas daquele cientista Pecador. O ex-Espada fora arrogante, mas agora, enquanto via aquela sombra sob o luar eterno desse mundo entendeu o que ele quis dizer.

    - Eles... realmente existem.


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