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Para almas que são exiladas em Jigoku existem diferentes lugares onde pode-se habitar. Há o primeiro nível, um extenso labirinto de enormes blocos de pedra com vias azuis percorrendo entre eles como pontes e ruas. O segundo nível, um mar gigantesco com enormes lírios de calcário, onde ossadas de guardiões demônios são guardados e empalados por uma imensa lâmina de aço. O terceiro nível tratava-se de um vale rochoso e estéril, com crateras de lava amarela queimando e correndo como ácido pela depressão. O quarto nível é um deserto de ossos incinerados de pecadores que finalmente morreram após anos, décadas e séculos de tortura e por ultimo, existe o nível mais abaixo. Este possui tempestades de raios azuis estourando pelos céus, montes com veios de lava em meio os rios da própria pedra derretida e árvores de ossos.
Em quaisquer destes níveis é possível sobreviver temporariamente em meio ao caos e desespero que se trata o Inferno. Não existem celas, nem barras de ferro que prendem um Togabito. Como a mais perfeita prisão de segurança máxima, os condenados vagueiam e se rebelam contra os Kushanadas para não morrer ou enlouquecer. Não há uma ordem dos fatos. Ou era um ou outro. Seja como for, era preferível morrer do que enlouquecer. Uma morte cerebral não o impede de ser devorado pelos guardiões demônios.
Os pecados eram pagos com torturas mais sangrentas até a morte final. E mesmo que os elos das correntes pareçam quebradas à primeira vista, basta um Togabito querer manifesta-las, não precisando ficar muito tangíveis. O metal de que são feitas é inquebrável. Sua extensão chega a ser imensurável. O livre arbítrio de ir e vir pelos níveis do Inferno não passa de ilusão. Pois todo Pecador está acorrentado em Jigoku e por mais que fuja, por mais que lute e apareça no Mundo dos Vivos, o Kushanada o encontra e as correntes se manifestam o arrastando de volta para a tortura eterna.
Essa foi uma das razões para que a irmã do shinigami daikou fosse sequestrada. Seu sangue compartilhava, mesmo que pouco, o poder destrutivo de seu irmão. Contrariando as regras de Soul Society nove shinigamis invadiram Jigoku. Uma batalha se iniciou no Terceiro Nível do Inferno e o Capitão Hitsugaya ao saber das reais intenções do Togabito que sequestrou Karin, por pouco não enlouqueceu de ódio. Quase sem opções contra inimigo ele encontra uma forma de lutar e ainda manter Karin a salvo de Shuren.
Duas zanpakutous supremas se unem transformando dois poderes elementais num só.
HITSUGAYA POV
- Subjugue os céus...
Levantei o olhar encarando o Vastor Lorde que corria até mim. A essa altura as rajadas varriam essa planície. Agarrei os punhos das zanpakutous mais forte e puxei as espadas. As lâminas em atrito ao gritar.
- HISAME!!!!
Meus braços se abriram e as zanpakutous brilharam. O cheiro de ozônio se espalhou enquanto toda essa parte da planície estremeceu com a reiatsu pulsando de mim, que condensava se manifestando. O Vastor Lorde parou de correr, derrapando enquanto as rajadas de ventos o açoitavam, o atirando numa onda para longe. De repente, toda a pele dos meus braços começou a arder. Olhei de relance e segurei um arquejo. Raios azuis subiam dos meus punhos, rasgando o tecido negro das mangas em trapos. Contudo, não foi o que me espantou. A pressão de ar ao meu redor abaixava, o vento diminuía de velocidade enquanto as espadas pararam de brilhar. A lâmina e o punho eram cinzentos. O protetor tinha a forma de cruz como Hyourinmaru e da empunhadura pequenas correntes balançavam, mas com os elos quebrados.
Levantei o olhar, encarando o hollow parado no ar, curvado enquanto tentava se aproximar de mim e as rajadas o impediam. Mesmo pela máscara inexpressiva pude sentir o seu choque. Estreitei o olhar, ele não esperava por isso e com certeza o maldito do seu mestre também. Meus cabelos sacudiam açoitando meu rosto e meus kimonos balançavam, os trapos das minhas mangas sendo arrancados e voando para longe. De repente, o silencio reinou. Acima de mim em quilômetros de distancia, um anel se formava no centro das nuvens densas e cinzentas girando velozes. A temperatura caiu drasticamente pelo ar frio que descia pelo anel e a atmosfera antes quente congelou. Me firmei no lugar, agarrando mais os punhos das espadas, os gumes afiados como navalhas. Quando me inclinei tomando impulso os céus estremeceram e o uivo do vento ficou feroz estrondando.
O chão sob meus pés se cobriu de camadas de gelo, expandindo ao meu redor ainda mais. Ao longe escutei abafadas explosões e saltei no shunpo. Toda a planície foi varrida por neve e uma chuva de granizo caiu. No mesmo instante, rajadas de vento sopraram criando cortinas brancas e congelantes, diminuindo totalmente a visão. Exceto para mim. Pedras voaram e gritos ecoaram porem pude ver perfeitamente o Vastor Lorde. Ele corria para uma série de crateras daquela lava amarela. O gelo o seguindo enquanto os ventos de neve o alcançavam. Tudo ao redor dele congelou. Até mesmo a lava. Sumi outra vez, sendo levado pelas correntes de vento até o hollow. Apareci diante dele e dei um golpe de espada. Uma rajada cortante o atravessou enquanto foi jogado para longe. Saltei no shunpo aparecendo às suas costas. Ele me encarou chocado sobre o ombro, seu braço esquerdo decepado.
Uma foice negra de osso zuniu mirando meu pescoço. Me inclinei para trás e girei dando um golpe. Outra rajada cortante o acertou e o Vastor Lorde foi jogado até uma parede de pedra. Me atirei o perseguindo, sentindo a raiva pelo o que me disse aumentar. Acima de mim as nuvens giravam tornando-se cinzentas como as espadas. A ventania de neve e gelo estava por toda parte e pude sentir minha energia aumentar, sendo sugada pelos punhos das zanpakutous. Igual quando Karin liberava Jin no Saiga. Enfurecendo a tempestade agora de gelo.
Escutei um estrondo e sumi aparecendo diante do hollow, colado na parede quebrada do seu impacto. Ao me ver levantou uma perna tentando me chutar e me esquivei dando um golpe com a espada na mão direita. A perna congelou em instantes despedaçando. Vi um brilho vermelho pela visão periférica e girei o braço esquerdo para baixo e subindo, a zanpakutou rebatendo a foice que preparava o cero enquanto uma rajada de vento se chocava com a parede, destruiu e atravessando.
Ouvi um engasgo e apontei uma espada no pescoço do hollow. Ele cuspia sangue, sua mascara parcialmente quebrada. Contudo, sua perna direita e braço esquerdo estavam destruídos. Erguendo o rosto ouvi um riso abafado e amargurado.
- Ainda não está satisfeito taichou-san? É costume matar o mensageiro depois do recado.
Estremeci de raiva. O ralo da minha reiatsu aumentando enquanto os ventos açoitavam enfurecendo, contudo...
- Como se adentra na fortaleza?
Ele pestanejou arregalando os olhos. Perto daqui senti várias reiatsu surgindo porem todo o ar vibrou com o coro de sons graves. Os Kushanadas. Cerrei os dentes, perdendo a paciência.
- Responda.
O queixo do hollow estremeceu.
- Como você...
- Grrrr.
Cravei a outra espada em sua barriga. O berro agonizante irritando meus ouvidos. Atrás de mim ouvi um arquejo.
- Hitsugaya o que está fazendo?
Inclinei o rosto. Louro debochado, espero que não me interrompa. Arfando o Vastor Lorde estremeceu, havia ódio e incredulidade em seu olhar.
- Não é possível que saiba.
Arfei de raiva.
- Mas sei, inclusive que seu Mestre não está violentando minha mulher.
Todos os shinigamis que agora aqui estavam prenderam a respiração de choque. Ainda parado no ar, dei um passo. Cravando mais a espada em sua barriga e ignorei sua dor.
- Agora diga. Onde e como se entra na montanha de ossos.
HITSUGAYA POF
Alguns minutos atrás
KARIN POV
Nunca gostei de sentir dor. Ninguém gosta. É horrível a sensação, a agonia que dispara nos nervos te dando falta de ar e a ardência do oxigênio entrando em contato com seu machucado. Bom, já quebrei minha perna uma vez, também ela já foi esmagada sem contar dos outros machucados que ganhei no dojo. Contudo, nunca desejei tanto desmaiar. Isso é covarde, mas sério... Eu não aguento mais. Deitada de lado em cima do gelo, me encolhia estremecendo, sentindo meu sangue empapar as faixas toscas que me apertavam na barriga, melando meus braços onde me abraçava. Vagamente sentia eles arderem e meu rosto em uma bochecha. Um dos ombros também ardia e um lado das minhas costelas pulsava de dor.
Que droga.
Detesto me sentir fraca, indefesa.
Encarava as paredes de gelo celeste e procurei respirar com calma tentando não sentir cada fisgada na ferida. Eu me sentia tão... vulnerável. Esse pecador me aterrorizava demais. Ainda lembro como se fosse hoje. Yuzu e eu estávamos em casa. Assistia um programa na TV, nem me lembro qual e ela batia uma massa numa tigela cor-de-rosa. Ela queria fazer um bolo como sobremesa pro jantar. Oyaji havia saído para o Comitê de Clínicas Residenciais, passaria poucos dias fora, menos de uma semana. Como no outro dia jantamos curry, um pedido nada especial de Ichi-nii (certo, nós duas insistimos) ela queria fazer uma surpresa. Bolo de creme e morango. Parecia tão tranquila aquela tarde...
Flashback on
- Karin-chan, acha que o Oni-chan vai gostar?
Suspirei reclinada no sofá, estava mudando os canais procurando um programa melhor.
- Claro que sim, Yuzu. O bolo é de morango não é?
Dei um sorrisinho. Morango...
- Karin-chan não fala assim. Por isso que ele fica bravo.
Soltei outro suspiro zapeando na TV, atrás de mim ouvia as batucadas da colher de pau na tigela. Ela estava empenhada mesmo nesse bolo.
- Ichi-nii sempre foi rabugento. Vive de testa enrugada. Sabe Yuzu, que tal...
Arfei espantada. Rápido pus a mão na testa, fechando os olhos enquanto a dor explodia. O que foi isso? É forte demais.
- Nani?
Engoli em seco abrindo os olhos e girei no sofá, minha expressão calma disfarçando a enxaqueca. Yuzu me encarava de pé perto da bancada. Abraçava uma tigela cor-de-rosa num braço esquerdo enquanto com a mão direita segurava a colher.
- Não é nada.
Seus olhos ficaram maiores de chateação, fiquei com um pouco de remorso em esconder. Mas logo seu rosto ficou rabugento.
- Você não pode esquecer as coisas assim. E se for um problema de memória? Oni-chan e você são muito fechados, sabia?
Ela virou o rosto, fazendo biquinho. Já ia falar qualquer coisa pra ela (não queria deixa-la chateada) quando o ar tremulou forte pela sala. Arregalei os olhos, ficando de pé depois caí de joelhos, minhas mãos encontrando o chão. Ouvi a tigela cair, quebrando e derramando a massa.
- Yuzu!
Me arrastei dando a volta no sofá, arquejando com a pressão do ar sobre mim. Mal conseguia respirar. Só me arrastei uns passos e a pressão sumiu. Arfei de alivio e levantei de uma vez, correndo até minha irmã. No entanto, parei no lugar, chocada e estremecendo. Yuzu estava desmaiada, suas pestanas tremiam, porem uma cauda vermelha e anelada se enrroscava nela. Prendendo seus braços, suspendendo-a no ar. O monstro era totalmente diferente dos que conhecia. Tinha o corpo humano, alto, mais alto do que qualquer pessoa e vestia um manto negro com fechos brancos no peito. Sua máscara também era branca, mas somente havia os olhos vermelhos. Parecia um bulbo. Três dessas caudas aneladas brotavam do seu peito, balançando sinuosamente no ar e enquanto suas pernas e braços de caudas eram brancos feito cera.
O que... é isso?
Então ouvi um som rasgado atrás de mim. Girei atordoada e meu fôlego prendeu na garganta enquanto todo meu corpo estremecia. Diante de mim, outro monstro de manto negro e máscara de bulbo me encarava. Sentia minha pele arder enquanto um pânico irracional se apossava de mim. Inclinando a cabeça para o lado ele deu um passo e recuei outro, minhas pernas moles feito gelatinas.
Um risinho rouco e abafado veio dele e me arrepiei, meus olhos brilhando de terror.
- Veja só, Gunjou. Essa aqui pode nos ver, não é menina?
Esticou o braço para mim e surtei, finalmente me mexendo.
- Fica longe de mim! – me virei para onde estava o monstro com minha irmã. Saltando em cima dele, agarrando sua cauda que a segurava.
- Solta ela! Yuzu!
- Tsk, criança irritante.
Arquejei e vi um movimento pela visão periférica. Uma cauda se chocou no meu braço, enroscando e me atirando para o outro lado da sala. Me choquei com a parede escorregando lentamente no chão. Enquanto piscava, minha visão desfocada pela dor (bati forte demais a cabeça), ouvi aquele som rasgado de novo e uma sombra se curvou sobre mim. Revirei os olhos arquejando, sentindo braços me envolverem e me levantarem. Uma respiração abafada chegou perto demais do meu rosto e a mão do braço que sustentava minhas pernas apertou uma coxa minha. Tão forte que doeu.
- Shuren-sama...
- Sim, eu notei. Um shinigami está vindo para cá. É uma grande pena – outro suspiro e os dedos me apertaram mais, uma parte do meu cérebro gritava de pânico, mas meu corpo não se mexia – Apesar de nova essa aqui parece uma delicia.
- Talvez possa usá-la quando voltarmos, Shuren-sama.
O sujeito riu abafado e senti o lugar girar, ele dando a volta até se juntar ao outro.
- Sim, quero saber como são os gritos dela enquanto eu...
Nesse instante, tudo apagou.
Flashback off
Estremeci suspirando (era o único jeito de respirar com menos dor). Eu achava que foi um fruto da minha imaginação. Afinal derivava entre o desmaio e a consciência. Ao longo daquele dia tudo foi confuso e angustiante. Acordei sozinha no quarto. Inoue estava em casa cuidando de mim e quando perguntei do meu irmão, ela simplesmente disse que havia saído. Yuzu não estava em parte alguma da casa e de noite, Ichi-nii chegou com ela nos braços entrando esbaforido no meu quarto. Eu fingia que dormia, sabia que ele não me diria nada. Quando ele saiu junto de Inoue pulei da cama e subi no colchão da minha irmã, me assustando ao ver o quanto estava pálida, o sangue no colo do seu peito e ela queimava de febre. Inoue entrou no quarto me flagrando e implorei com olhar que me deixasse ficar. Ela apenas sorriu e não disse nada.
Deu um banho na Yuzu e trocou sua roupa. Simplesmente me deitei do seu lado e chorando quieta adormeci.
Tudo o que eu queria era que aquele pesadelo acabasse. E por um momento acabou e esqueci do que ouvi enquanto desmaiava.
Agora estou no Inferno, ferida e cheia de contusões e escoriações por fugir daquele monstro. Naquele momento, ele me derrubou com violência no chão e amortecida de pânico não senti nada. Com minha pele pálida devo estar bem colorida. Arroxeados nos ombros e costelas, vermelhos nas bochechas e nos braços sem contar da poeira. Que patético e me senti como aquelas mocinhas de filmes. As mais azaradas e que sempre se machucam por um motivo tão idiota. A fixação do vilão por elas, em toda às vezes doentio.
Fechei os olhos. Ouvindo minha respiração arquejante. Hyourinmaru estava tão quieto. Até uns minutos atrás as paredes azuis escamosas vibravam num som tão relaxante. Me fazia esquecer desse meu momento de azar. Franzia a testa, pensando no porque disso quando de repente as paredes estremeceram. Arquejei mais forte abrindo os olhos. Outro tremor as sacudiu e espantada senti o gelo debaixo de mim trincar, como se fosse a superfície de um lago congelado mal suportando meu peso. Um silencio então reinou aqui dentro quase absoluto e em seguida num estrondo as paredes desse casulo estilhaçaram. Soltei um grito, cobrindo meu rosto com os braços e o vazio me engoliu. Arquejando levantei a cabeça e me vi caindo de uma altura de 7 metros! Meu grito aumentou, o uivo do vento me açoitando enquanto o piso de pedra crescia diante de mim. Antes de me chocar, uma corrente de ar girou em minha volta, criando um bolsão debaixo de mim amortecendo minha queda. Pairei sobre o piso avermelhado por uns segundos até ser posta nele devagar. A corrente se dispersando e girando até se afastar de mim
Pisquei confusa e atordoada, deitada nesse chão e então de repente, senti a pressão atmosférica abaixar nesse lugar, um deslocamento de ar começou a girar forte ao meu redor, me espantando. Era como.. se estivesse aumentando minha reiatsu. Mal pensei isso e um pulso, abafado e tremulo veio de mim se espalhou como ondas. Aumentando o deslocamento. Um uivo forte tomou conta desse salão e me perguntei porque nenhum desses monstros tentou me atacar. Eu estava sozinha. Fraca ergui os olhos me sentando e os arregalei prendendo o fôlego. Girando num raio de cinco metros de mim, ventos furiosos e brancos me circundavam. Estreitei o olhar e vi que os estilhaços de gelo do dragão estavam lá. Milhares e milhares dele. Ouvi os gritos de ira do lado de fora e depois um grunhido medonho. Me espantei, parecia com o daquele pecador gorila. Enquanto encarava a parede de vento e gelo, sangue respingou tingindo o branco de vermelho, seguido de um urro em pura dor.
Engoli em seco. Encarando a parede branca de vento. Seja o que for, aquilo tentou atravessar e foi...
Mutilado.
Arquejei de susto. Ouvindo uma voz que nunca havia escutado antes. Era feminina, mas ao mesmo não era. Parecia algo etéreo, poderoso e autoritário.
Quem é?
Perguntei mentalmente e me recriminei. Pronto, agora estou ficando louca. Um riso misto de vozes ecoou. De tenor, grossa, no entanto, uma baixa e feminina se sobrepunha. Como se fosse uma junção de todas.
Sou Hisame. Nasci graças a fusão de You Ou e Hyourinmaru minha senhora.
Prendi o fôlego.
Na..ni?
A voz ignorou meu espanto. Parecia se divertir.
Meu outro senhor me chamou. You Ou lhe permitiu seu poder e Hyourinmaru liberou um pouco do seu. Não se preocupe. Posso existir por um certo tempo, mas será o suficiente para protege-la e lutar com meu senhor.
Engoli em seco.
Como assim, limite de tempo?
Ouvi um suspiro e sua diversão sumiu, assumindo uma postura séria.
Sou uma zanpakutou divida em três. Duas empunhadas por minha senhora e uma pelo meu senhor. Não posso lutar plenamente agora, o centro da tempestade está dividido. Mas pela conexão foi liberado parcialmente meu poder.
Arregalei os olhos para o nada, incrédula. Hisame... Tempestade de gelo. Então...
Sim, o ‘olho’ da tempestade são você e Toushirou. O lugar onde os ventos cortantes de gelo são fracos e a pressão atmosférica baixa, no entanto, em seu redor eles são furiosos e altos. Deve ter percebido naquela luta em Seireitei.
Fiquei mais embasbacada. Hisame quase riu e disse afetuosamente.
Vamos vencer e meu senhor se vingará daquele que lhe sequestrou.
KARIN POF
Após a série de crateras com lavas amarelas, uma planície se estendia longínqua até a passagem do Quarto Nível do Inferno. Um estreito corredor iluminado por varias luzes tênues de portais de santuários. Os degraus dessa passagem são centenas e a única iluminação vem dessas tais luzes. Próximo dali uma montanha erguia-se solitária na planície. Ela possuía a forma calcificada de milhares de ossos gigantescos. Caveiras alongadas, fêmures, tíbias e metacarpos se juntavam formando essa montanha. Nunca se soube como realmente esses ossos foram depositados ali. A única certeza era de que pertencia aos guardiões de eras distantes.
Nenhum Kushanada ousava se aproximar da montanha e por isso, vários Togabitos vinham procurar abrigo em troca de se transformar em escravos. Circundando a planície crateras se erguiam fumegantes de lava amarela e acima, o céu de agua filtrava um pouco de luz que provinha do segundo nível. Um grupo de Togabitos se arrastava patrulhando num dos picos quando um viu ao longe nuvens cinzentas se aproximarem rapidamente. Acompanhados de uma ventania branca, avançando como uma muralha.
Acima da montanha, em quilômetros de distancia outras nuvens cinzentas giravam formando um vórtice no centro, perto do céu de água. Elas aumentavam a velocidade da rotação à medida que as nuvens vindas de longe chegavam. Ventos congelantes sopraram do leste e um dos Togabitos havia arregalado os olhos de espanto. Encarando o que devia ser uma nevasca no Inferno.
- Hosaka!
Puxou a manga cinzenta e listrada do outro. O tom de voz esganiçado de pânico. Hosaka cerrou os dentes, irritado tanto pelo frio incomum e agora isso. Se virou acertando o cotovelo no queixo pontudo do outro, jogando-o contra o maxilar de uma caveira calcificada.
- Não me perturbe, Ken! Agora que consegui ignorar esse frio des...
Um projétil caiu veloz do céu. Saltou pra longe e um estrondo precedeu a poeira. Se aproximou enquanto a mesma se dissipava e franziu o rosto.
- Gelo?!
Um zunido ecoou e arregalou os olhos se esquivando. Outra pedra de gelo caiu criando num estrondo formando uma pequena cratera no osso da montanha.
- Na...
Os zunidos aumentaram. Arfando levantou o rosto e pontos brilhantes caíam das nuvens que giravam, cobrindo todo o céu de água. Deu meia volta e correu, se esquivando das pedras de gelo. Vários sons explodiam atrás de si, em seus lados e a frente. Elas caíam por toda parte e eram do tamanho de um punho, balas de canhão... Sequer acreditava no que estava vendo! Tomou impulso e saltou, pousando em cima de outra caveira na face noroeste da montanha. Precisava entrar. Se fosse atingindo... Três das pedras o acertaram. A dor explodiu no seu ombro, suas costas e cabeça. Estava quase desmaiando do frio absurdo e os ferimentos. As malditas o estavam quebrando!
- Mas o que é isso?!
Uma sombra apareceu do seu lado e o frio aumentou drasticamente. Antes que as rajadas brancas envolvessem tudo em seu campo de visão, uma lâmina cinzenta balançava mirando seu rosto, ao mesmo tempo em que o dono respondia.
- Chuva de granizo.
O Togabito foi congelado aos gritos enquanto a planície e a montanha eram tomados por ventos cortantes de neve.
KARIN POV
Enquanto encarava os ventos que me circundavam, de repente eles aumentaram a força da rotação. Meus cabelos esvoaçaram com a brisa que soprava aqui dentro e o frio predominou todo o salão mais forte do que quando Hyourinmaru apareceu. Arfei arregalando os olhos. Vagamente percebi as paredes da câmara estremecerem, o barulho das pedras pontudas do teto ao serem arrancadas, se misturando com os ventos que tomavam todo esse lugar.
Os gritos de raiva cresceram e a confusão aumentava, mas não dei atenção a isso. Sentia várias energias se aproximando daqui. Velozes. Em especial, uma delas avançava muito rápido, à medida que a pressão atmosférica em meu redor abaixava mais, as rajadas de vento e gelo rugiam furiosas girando. Essa reiatsu...
Nesse instante, um choque de metal tiniu alto chamando minha atenção. Virei o rosto alarmada e arquejei. Duas correntes enferrujadas atravessaram a parede branca de vento e se atiravam. Direto para mim! Bati as mãos no chão e me joguei para o lado, sentindo um vulto a centímetros do meu braço. Rolando me apoiei, levantando em dificuldade. As correntes haviam chegado até o outro lado da barreira branca de vento. Encarei sem acreditar. Como elas não quebravam?! Faíscas saíam nos pontos onde atravessavam a barreira que me protegia, mas mesmo assim... Como podiam ainda estar inteiras?!
Ouvi uns tilintares atrás de mim e arquejei, me jogando para frente tentei correr. Mal me afastei e minha visão escureceu, junto do meu corpo fraco estremecendo. Droga! Dei mais umas passadas e tropecei nos meus pés. Caí nesse chão duro me arrastando e virei arfante para trás. As correntes estavam menos de um metro de mim. Não conseguia me mexer!
- Bakudou nº 81, Dankuu!
Arregalei os olhos, ouvindo o tom rouco daquele que invocou o kidou. Uma parede... quase transparente de reiatsu apareceu abrindo de dentro para fora em minha frente. Uns segundos depois as correntes se chocaram nela, num baque alto e metálico estremecendo-a. Segurei o fôlego, meu coração nervoso e disparado pela voz. As correntes se recolheram e deram a volta pela parede de reiatsu, avançando outra vez para me pegar. O ar então estremeceu forte enquanto um borrão se colocava entre mim e as correntes. O som de metal tiniu junto às faíscas e todo o piso se cobriu de camadas de gelo. Levantei o olhar, encarando as costas de um shinigami de cabelos brancos usando um haori todo rasgado e ensanguentado. O kanji de dez no alto dos seus ombros me causou um alivio tão grande que nem reparei direito no ralo de reiatsu que o envolvia, a fúria dos ventos que aumentaram quando ele apareceu e principalmente nas espadas que empunhava.
A energia que pulsava dele era absurda. E nunca me deixou tão feliz em vê-lo outra vez. Derramando uma lágrima, sussurrei emocionada.
- Toushirou.
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Inclinado para frente, sua espada esquerda bloqueava as correntes. Sem um palavra, Toushirou forçou a zanpakutou e rebateu, atirando as correntes para longe. Elas se chocaram com a barreira de vento, serpenteando no ar e se recolheram, puxadas para o seu dono. Antes que o chamasse, tilintares ecoaram alto em meio ao rugido do vento. Arregalei os olhos. Mais correntes irromperam da barreira branca e me atacaram. Toushirou sumiu surgindo no caminhos das correntes. Seus braços se mexeram tão rápido que quase não vi ele rebatendo os ferros. Apenas os zunidos das laminas e as faíscas. Franzi a testa. Desde quando ele sabe manejar duas espadas? Quando as correntes se recolheram, mais uma dezena irrompeu. Ele balançou uma zanpakutou num arco, uma rajada de vento atingiu atirando as correntes para longe. Cortando a barreira que girava em nossa volta. Antes que ela se dispersasse, Toushirou sem relaxar a postura tensa e ofensiva que mantinha sumiu outra vez. De repente, braços me seguraram. Arfei de espanto e me vi puxada de um encontro o peito quente em comparação ao frio congelante aqui, me tirando do chão.
- Segure-se.
Saí do transe e agarrei suas blusas, enterrando o rosto na curva do seu pescoço e fechando os olhos. Tomando impulso Toushirou me apertou contra si e um deslocamento de ar nos envolveu. Ele ia para cima, saindo pela claraboia onde podia ver o céu de água. Do lado de fora, o ar ficou desconfortável e congelante, minhas feridas ardiam e me encolhi mais. Senti ele pousar um pé e então sumir outra vez. Isso me deixou curiosa.
- P-pra onde t-t-tá me levando?
Gaguejei pelo frio e arquejando ele saltou outra vez no shunpo. Os ventos congelantes pareciam mais fortes em nossa volta.
- Para um local seguro.
Dito isso, ficou calado o resto do caminho todo. Sua voz estava tensa, controlada demais e com o rosto enterrado no arco de seu pescoço senti uma veia pulsar acelerada, desgovernada. Ele estava... em atordoado? Não, não era isso. Era mais para perturbado ou... irado. Não sei. Parecia um pouco de tudo. Além da tensão dos seus braços ao me segurarem, seu corpo irradiava uma energia quase... Assassina. Arfei estremecendo. Ai, meu Deus!
- T-t-toushirou, v-você...
- Chegamos.
Levantei o rosto confusa. Diante de mim, havia um pequeno monte de pedra negra e neve, varrido pelas rajadas brancas de vento. Toushirou caminhou até lá, parando e se abaixando até me colocar no chão delicadamente. Foi só então que reparei em seus braços nus. As mangas do seu kimono foram arrancadas e ele ainda segurava as espadas. As lâminas apontadas para longe de mim. O cachecol havia sumido e os cabelos brancos açoitavam seu rosto como os meus também. No entanto, os olhos verdes me fitaram com um misto de emoções que não consegui entender bem exceto por uma. Ódio. Não por mim, mas de alguém. Eles passaram ligeiro por meu corpo me analisando e parando em todos meus machucados, em minha calça rasgada e o ódio aumentou. Percebi pela maneira que estremecia. O ralo da energia prateada que o envolvia aumentando.
- Histugaya, ficaremos de olho nela.
Pisquei atordoada e levantei o olhar. O capitão de capa florida sorria para nós, sua expressão calma me confundindo. Toushirou se assentiu baixando o olhar. Se levantando ele deu meia volta e sem uma palavra sumiu. Me encolhi contra a parede, encarando o nada. Eu... nunca o vi assim. Ao contrario do que pensei, de como seria quando ele me encontrasse naquela caverna, Toushirou não reagiu como nas histórias de cinema. Ele estava tão irado, a revolta que em vão sufocava por dentro se mostrava no efeito da Tempestade. Não me admira que estava tudo congelado numa paisagem anormal. As rajadas de neve criavam um branco quase total, eu não enxergava nada. Pensativa me abracei mais e depois de uns instantes entendi seu comportamento. As comemorações viriam depois, primeiro ele precisava se concentrar na batalha, não me mimar de carinhos. Nesse instante, um tecido quente me cobriu. O segurei confusa e vi que se tratava de uma capa rosada com estampas de flores de cerejeira. Levantei o olhar outra vez para o Taichou, me enrolando rápido na roupa.
- Arigatou.
Ele quase riu me olhando de soslaio e percebi que suas mãos seguravam duas zanpakutous negras com tufos vermelhos, presos na empunhadura. Uma das espadas era mais comprida que a outra e me lembrei. Ele era um dois dos capitães que portavam zanpakutous em pares. De repente, pestanejei e meu rosto ficou quente de vergonha. Os olhos castanhos desse taichou ficam mais risonhos. Ele de propósito me deixou analisa-lo, que vergonha.
- Não precisa agradecer. Esse frio está quase insuportável. Ainda mais para você.
Minha vergonha dobrou, me fazendo ter consciência maior de como estava. Da cintura para cima estava quase nua e o resto da roupa rasgada. Nesse instante, dois shinigamis apareceram. Um era o Taichou de franja torta, o capitão de Hinamori. O outro era o senhor Urahara. Tinha me espantado por confundi-lo pela energia, mas... pensando bem. Sempre desconfiei disso.
Com arranhões e alguns cortes no rosto e nos braços eles se aproximaram, sorrindo ao me verem. Meu rosto ficou mais quente e me encolhi mais, de um jeito que não machucasse minha ferida. Droga de constrangimento!
- Olhe a irmã de Ichigo! Então Histugaya-kun teve sucesso ao invadir a montanha.
- Bem que ele poderia ter esperado um pouco. Os Kushanadas não estavam tão perto assim.
Urahara caminhou até onde eu estava se agachando e sorrindo calmo para mim.
- Como se sente, Karin-san?
Abri a boca para responder quando Hirako taichou estalou a língua. O olhei e estava mais perto do monte de pedra.
- Idiota. Não vê que a garota está pálida? Eu nem consigo sentir a reiatsu dela.
Urahara deu um sorrisinho sem graça.
- Verdade.
Me ajeitei tentando achar uma posição confortável. Estava oscilando, a fraqueza trazia o desmaio que tanto queria, mas não podia ser agora. Não enquanto eu esperava Toushirou. Descobrindo o braço direito, mostrei o pulso para eles, atraindo suas atenções.
- Me colocaram essa corrente, queriam bloquear minha reiatsu.
- Me deixe ver.
Estendi mais o braço e com a mão livre ele a segurou. A correntinha dava duas voltas em meu pulso, sem um fecho ou qualquer coisa parecida. Estreitando o olhar, os cabelos loiros esvoaçando Urahara suspirou.
- É muito bem feita. Foi criada especificamente para você. Infelizmente, não posso tira-la agora.
Soltou meu pulso e se levantou enquanto voltava a me cobrir. Hirako taichou estalou a língua outra vez, seu semblante fechado. Confusa, observei os outros dois e estavam com a mesma expressão. Revolta contida.
- Aonde Toushirou foi?
Já desconfiava, mas queria ter certeza. Fitando ao longe, Hirako taichou suspirou.
- Para a montanha de ossos.
Estremeci insegura. Ele estava quase cego de ódio! Não iria lutar direito!
- Mas...
- Não se preocupe. Hitsugaya apenas foi resolver uns assuntos com o autor disto tudo – me encarando brevemente, Kyouraku taichou fitou as rajadas brancas de neve como o outro capitão – Nenhum em sã consciência deixaria vivo depois que esse Togabito tentou fazer.
Arfei espantada.
- Toushirou...
- Sabe. De tudo. Fizeram questão de contar à ele.
O capitão de Hinamori tomou a palavra.
Dando um risinho malicioso Hirako taichou levantou a espada. Somente nesse momento que percebi reiatsus distorcidas vindo para cá.
- Foi um péssimo erro. Agora nada vai pará-lo.
Sumindo no shumpo, o taichou entrou na nevasca e ouvir tinires e gritos de revolta. Urahara e Kyouraku taichou se postaram diante de mim. Como uma barreira enquanto esperávamos Toushirou terminar seus assuntos.
KARIN POF
HISTUGAYA POV
Corri em meio as rajadas brancas de vento. Enxergando a abertura por onde invandi minutos atrás a montanha. Notei que o vórtice da tempestade estava bem nesse local, por isso podia enxergar. Correndo no shunpo dei a volta para a face noroeste e tomei impulso, saltando. Diante de mim uma orbita vazia de uma caveira calcificada me encarava. Joguei meus pés para frente, mergulhando no tunel escondido. A descida durou segundos e logo uma luz alaranjada brilhava no final. Saí numa câmara, próxima salvo engano dos aposentos do maldito Pecador. Pousei curvado no chão e sumi outra vez. Estava seguindo a reiatsu dele. Quando apareci naquele salão ele não estava, mas pude perceber os resquícios de sua presença.
Estremeci por dentro, lembrando no estado de Karin. Ela não se esvaía em sangue do modo como imaginei quando me contaram a mentira, mas os machucados... Um ferimento sério sangrava em sua barriga, sua bochecha estava arranhada como seus cotovelos e braços e os ombros... um deles tinha um hematoma pior do que aquele que Umesada fez. Contudo, o que inflamava essa ira foi a fragilidade dela. Karin estremecia, traumatizada. Pelos rasgos em sua calça, por pouco o desgraçado não a violentou.
Estreitei o olhar. Entrando num corredor enquanto ouvia tinires e gritos.
Flashback on
- Na face noroeste... da montanha... existe uma caveira que não está totalmente calcificada.
Ouvi passos se aproximando. Kuchiki.
- De que maneira?
Cuspindo o sangue para o lado o Vastor Lorde arfou.
- Dizem... que foi do ultimo Kushanada que morreu. Por isso... não está totalmente unida com a montanha.
- Hum... Então significa que existe uma abertura entre a caveira e o interior da fortaleza.
Urahara comentou. Ao meu redor estavam ele, Kyouraku, Hirako, Abarai e Kuchiki. Kenpachi pelo o que me contaram ainda estava lutando com o 5º Espada. Yami se dissolveu na lava onde foi jogado e os outros dois sumiram na batalha. Ayasegawa e Madarame os estavam procurando. Nesse instante, o ar vibrou pelos sons graves dos Kushanadas. Kuso!
- Para que lado fica a montanha?
Meu tom foi urgente, sentia que devia ir o mais rápido possível. Estremecendo, o Vastor Lorde levantou o braço, apontando para o leste. Virei o rosto observando a planicie. Não consegui ver nem um ponto de referência.
- Nesta direção. Agora acabe com isso.
O encarei atravessado e retirei a espada de sua barriga, subindo o gume da outra que apontava em seu pescoço. A mascara foi quebrada e o hollow desintegrou.
Flashback off
Sem esperar por ninguém disparei para cá. Em tempo de evitar Karin ser arrastada de dentro para fora da barreira de Hisame. Os Togabitos foram espertos ao usarem as correntes, nada às despedaças. Mas com toda certeza, eu despedaçarei alguma coisa.
Irrompi num salão enorme de pedra. Encontrando uma luta coletiva que claramente, duas únicas pessoas venciam. Abarai chicoteava uma serpente de osso, atacando e destruindo vários Togabitos. Kuchiki estava parado perto de um tablado de pedra. Um Togabito de braços enormes e atarracado saltava até ele, grunhindo de ataque. Simplesmente o taichou do 6º bantai se virou de lado e segurou sua zanpakutou pelo punho, a lâmina apontada para o chão.
- Ban – Kai...
Soltou a espada e a mesma afundou no piso, ondas de reishi se espalhando.
- Senbonzakura Kageyoshi
De repente, milhares de enormes laminas brotaram do piso, tudo ao redor num espaço negro e vazio. As lâminas brilharam e estilhaçaram em centenas de milhares de pequenas lâminas. Observei apático. O togabito não tinha a mínima chance.
- O Próximo... você!
Saltou sumindo e apareceu puxando o braço, o punho fechado para esmagar Kuchiki. O nobre o encarou sério e as lâminas rosadas voaram atacando o pecador. O mesmo arregalando os olhos de espanto enquanto as lâminas o envolveram como uma redoma. Elas giraram velozes e depois eclodiram, brilhando e depois explodindo. Todo o salão estremeceu. Pedras ruindo e caindo por toda parte. A onda de impacto varreu os togabitos restantes e balancei a zanpakutou esquerda, cortando o vento antes de me atingir. Meus cabelos ainda açoitaram quando a onda se dissipou e vi o teto desabando mais.
- Impressionante.
Estreitei o olhar de raiva e encarei atravessado para voz. Um pecador usando uma hakama negra e cabelos azulados me encarava com deboche, o sorriso cínico fervendo minha raiva. Sumindo ele apareceu mais a frente e diante de mim e reparei nas manchas de sangue nele, junto com os arranhões. Maldito!
Shuren sorriu afetado, gostando da minha ira.
- Está fazendo uma expressão de que quer me matar, capitão.
Fiquei calado. Apertando os punhos das espadas. Soltando um risinho, seu rosto se inclinou, assombreando.
- Não perca seu tempo. Togabitos não morrem no Inferno.
- Mas sentem dor, correto?
Minha voz saiu baixa demais, resultado do esforço que me segurava. A reiatsu que emanava dele era muito forte. E pelo que houve cinco anos atrás, Kurosaki apenas o conseguiu derrotar por que usava sua forma hollow. Não tinha essa vantagem, contudo, estava saindo como planejei e Kuchiki pensava o mesmo que eu.
Quase rindo o Togabito abriu a mão e uma labareda cresceu furiosa, como um jato de fogo.
- É uma pessoa estranha, Taichou. Karin não se encontra mais nessa montanha e a maldita tempestade que criou camuflou a localização dela. Veio aqui somente para se vingar... Por eu querer tomar o que é meu?
Arfei inclinando o rosto. Ao meu redor ventos cortantes de gelo irromperam da das aberturas, entrando no salão e se juntando perto de mim. Shuren parou de sorrir, sério e deixei minha reiatsu vazar liberando todo ódio que sentia.
- Ela não é sua. Nem nunca será.
Saltei no shunpo, quebrando a pedra com a força e aparecendo acima dele, descendo uma lâmina. Ele sorriu por um momento e então arregalou os olhos. O teto acima de mim despencou num estrondo e rajadas invadiram o salão, atacando-o. Ele girou a labareda da palma chocando com a zanpakutou e vi um fulgor alaranjado. Sumi e me atirei jogando uma perna. Acertando suas costas. Ele arquejou voando para o piso. Antes de se chocar, girou queimando as mãos com as labaredas amortecendo a queda, espumando de raiva.
- Maldito!
Arquejei de raiva e bati o pé no ar, me jogando contra ele. Todo o salão estremecia do desmoronamento e da luta. Vários pecadores corriam do Bankai de Kuchiki, dos ataques de Abarai. Shuren se atirou para mim e antes de nos chocarmos juntou as mãos, criando um bolsão no instante que estiquei um braço, querendo perfura-lo. Ouvi um tilintar à minha direita e girei saltando pra longe. O bolsão explodiu. Quando parei no ar, um calor me atingiu no lado esquerdo. Rapido me inclinei girando a espada, bloqueando com a lâmina o jato de fogo. Ele saltou para longe com a força e sumi, as rajadas brancas me encobrindo e dei um basta. Surgi em sua frente, rasgado seu peito. Ele arregalou os olhos de espanto e tentou contra atacar. Mas os ventos dispersaram as chamas e gritando o ataquei sem parar. Rápido demais para ele acompanhar. Eu tinha uma vaga noção que abri talhos em seu peito, abdômen e pernas, mas tudo o que ouvia eram os gritos dele e os zunidos das zanpakutous, que cruzava descendo e subindo na mais pura vontade em retalha-lo. Parei e girei o corpo dando um chute no seu estomago aberto, o atirando para baixo. O togabito chocou-se no piso abrindo uma cratera e rosnou possesso, sumindo apareceu acima de mim. Arfei cansado, senti minha energia se esvair.
Girando o punho, Shuren me encarou com ódio e atirou o braço num arco, gritando enlouquecido.
- HIEN!
Uma explosão sacudiu todo o salão com a chama fulgurante, no entanto... apareci a sua esquerda, puxando o braço direito, o ar congelante aumentando.
- GUNCHO TSURARA!
Todo o gelo das rajadas se voltou para o Togabito, que arregalou os olhos diante da rajada de estacas de gelo. O estrondo do golpe destruiu de uma vez o salão, levantando poeira avermelhada, criando nuvens densas. Sumi saltando para as aberturas no teto, pisando nos pedaços de escombros tomando impulso. Ao atravessar o ar frio me acertou e senti a energia de Hisame diminuindo, se dissipando. Arfei tomando folego enquanto encarava a montanha desmoronar e pensei naquele momento, quando as entidades das zanpakutous me impediram de chamar Hyourinmaru.
You Ou me disse: Nos empunhem e sem explicar, havia entendido.
Karin e eu compartilhamos agora nossas zanpakutous. Empunhando e liberando o poder delas ao mesmo tempo, poderia protege-la do maldito e ainda lutar. Contudo, Hisame me avisou. Ela somente pode ser empunhada por nós dois. Nesse caso, só foi possível porque Karin tinha a reiatsu bloqueada. Criar a tempestade consome uma quantidade quase absurda de reiatsu. Meu corpo esgotado reclamava disso. Todo o que tinha era o suficiente para fugir do Inferno com Karin e não vou desperdiçar.
Shuren surgiu entre a poeira. Estava prostrado de joelhos, cuspindo sangue com uma estaca o atravessando pela barriga, despontando nas costas. Erguendo o olhar, ele me viu e estremeceu de ódio. Simplesmente, balancei as espadas voltando-as ao normal e inclinei um pouco, guardando-as nas bainhas cruzadas em minhas costas.
- Maldito. – cuspiu mais sangue e se ergueu trôpego – eu vou me vingar, principalmente naquela vadiazinha e quando acabar... jogarei o corpo em frente a casa dela no mundo dos vivos. Tendo o prazer de ver Kurosaki e o pai se contorcerem de dor, além de você.
Agarrou a ponta da estaca em sua barriga e arrancou. O sangue saiu espesso enquanto ele tossia se engasgando. Se não fosse a pouca energia... o faria engolir o xingamento que fez. Encarando apático me virei de lado, vendo pela visão periférica sombras enormes andando para cá, surgindo das paredes que rodeavam esse vale. Com as nuvens ainda se dispersando ele não notou.
- Não vai acontecer e a hora de voltar a pagar pelos seus pecados retornou.
Ele ergueu o rosto. Um coro de sons graves estremeceu o ar e sumi, aparecendo distante na planície enquanto corria entre as pernas dos Kushanadas, que andavam os montes em direção à montanha. Berros de dor ecoaram e finalmente aquele sentimento ruim foi diminuindo. Segui direto para a depressão, para o local onde deixei Karin com Kyouraku e Hirako. Urahara preparou uma maneira de sairmos de Jigoku.
Sumi no shumpo correndo mais rápido, ansioso para sair daqui. O chão estremecia das passadas dos guardiões e alguns começaram a me notar. Droga. Corri tomando impulso e saltei, surgindo bem no alto e logo vi Kyouraku lutando. Seu oponente era um dos arankars. Numa estocada da wakisaki o monstro se retesou de dor, morrendo. Sumi no shumpo aparecendo perto do monte de pedra. Karin estava deitada no chão, toda enrolada na capa florida do taichou, mas não foi o que me angustiou. Foi na mancha avermelhada e úmida maculando a capa. Rapido me aproximei e me abaixei, enfiando os braços nas suas costas e debaixo das suas pernas.
Hirako surgiu ao lado enquanto me levantava com ela e viu o estado da garota. Suada e febril.
- Kuso! Os ferimentos são graves demais.
Me encarando tremula, ela tentou me dizer alguma coisa. Seus olhos brilhavam mais que o normal.
- Shsss. Não diga nada.
Ela assentiu fechando os olhos e a angustia aumentou.
- Hirako!
- Eu sei.
Guardando sua zanpakutou, ele estendeu a mão para o lado. A palma aberta. Linhas negras riscaram seu braço descoberto num padrão e então um quadro de reiatsu negro e branco, um sobrepondo o outro surgiu.
Hirako estreitou os olhos.
- Tenteikuura!
HITSUGAYA POF
Uma ligação mental ligou todos os shiganimis que vieram para o Inferno. As linhas invisíveis se desdobrando até conectar a todos. Hirako taichou informou que a irmã do Shinigami daikou estava segura e com o capitão Hitsugaya. Isso significava que usariam o único recurso seguro para sair de Jigoku. Zaraki estalou a língua e balançou a espada, tirando o sangue que a melava. Atrás de si corpos o rodeava, principalmente do 5º Espada. Dessa vez, tinha decepado todos os seus 6 braços da ressurrección.
- Kéh! Então acabou.
Do outro lado das crateras de lava. Ikkaku e Ayasegawa corriam atrás de uns pecadores. Como seu capitão, pararam e guardaram as espadas.
- Foi divertido, não acha Ikkaku?
- Pode ser.
O terceiro oficial sorriu ansioso. Renji e Kuchiki taichou assistiam a manada de pecadores do alto da pedra que rodeava a planície.
- Renji...
- Hai, Kuchiki taichou.
Eles fecharam os olhos e linhas de fogo apareceram nas costas e nos braços até a palma das mãos. O fogo brilhou num tom azul formando um pilar de luz, seguindo para o alto. Todos os nove shinigamis o usavam e Toushirou apertou Karin contra si. Sentindo a energia se entrenhar nele e então o tirando do chão, levando para o céu de água. A subida veloz atordoou, seus cabelos sacudiam junto com suas roupas. Antes que entrassem na massa d’água, rápido puxou o tronco de Karin para mais perto de si, se inclinando e colando os lábios nos dela, abrindo sua boca. Soprou o ar prendendo o folego e sentiu o choque de água. A passagem para o segundo nível era gigante. Respirou por ela e por ele até irromperem no cemitério dos Kushanadas. Arfou afastando o rosto enquanto Karin sugava um pouco de ar, fraca. A passagem para o labirinto de blocos de pedra não foi tão complicada e então esperou quieto até subirem no céu escarlate do primeiro nível, o portão de Jigoku surgindo no alto. Simplesmente atravessaram surgindo na noite dos céus de Karakura.
Abriu os olhos, vendo as luzes da cidade e foi descendo até o gramado no parque, usando um pouco do que restava de reiatsu para amortecer a queda. Mal pousou os pes na grama, escutando enquanto os outros pousavam também e uma voz feminina e autoritária se pronunciou.
- Capitães Kenpachi, Kyouraku, Hirako, Kuchiki e Hitsugaya. Estão retidos por invasão ilegal ao Inferno.
Arregalou os olhos, ouvindo outros estalos de shunpo. Ao redor deles o grupo das Unidades Moveis Secretas os encurralava. A líder, a capitã do 2º bantai os encarava friamente enquanto ignorava os oficiais e tenente. (além de Urahara).
- O Comandante os espera.