A paixão do capitão de gelo

Tempo estimado de leitura: 19 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Morte

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Kurosaki Karin era uma garota muito prática. Não dava muita importância por assuntos que as meninas de sua idade se interessavam. Tinha quinze anos e estava terminando o ginásio. Lógico, precisava se preparar para as provas e entrar num bom colégio de ensino médio. Tirando isso, sua maior preocupação era o futebol. Afinal era a capitã do time, que modéstia a parte, campeão dos torneios interescolares.

    O que Karin não sabia era que hoje seria seu último dia como humana.

    KARIN POV

    Cheguei em casa morta de cansada.

    - Tadaima!

    Ninguém respondeu, também é só hábito. Yuzu me avisou que passaria na casa de uma amiga e quanto àquele velho que infelizmente é meu pai foi à uma reunião com um tal de Ishida. Acho que deve ser parente daquele amigo do Ichi nii. Tirei os sapatos e fui direto para a escada. Tudo o que eu queria era um banho, depois .... Argh! Dever de casa.

    Ao entrar no quarto, joguei minha mochila na cama e fechei a porta com o pé, já tirando o uniforme e procurando o controle do ar condicionado. Quando fiquei apenas de calcinha e sutiã me olhei no espelho. Aproveitava que Yuzu não estava aqui, ela me encheria de perguntas. Dei meia volta, analisando cada parte do meu corpo.

    Pernas lisas e firmes graças ao futebol, barriga sem uma grama de gordura e seios pequenos. Meus cabelos batiam na cintura e contrastando com minha pele alva, o negro parecia brilhar. Como mudei nesses anos - notei um tanto surpresa. Aquele corpo como uma tábua havia sumido. Graças à Kami-sama, nem sonhando confessaria isso para Yuzu. Bom, com uma muda de roupa - uma camiseta e um short de lycra - fui pro meu banho.

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    Fazia uma hora que comecei o dever quando ouvi um barulho. Parei de imediato com os ouvidos atentos. Em seguida, escutei de novo e girei na cadeira. Parecia que vinha do 1º andar... Bem devagar peguei meu celular e abri a porta, girando a maçaneta com o máximo de cuidado. 'Tou com um pressentimento ruim. Pisando macio como um gato atravessei o corredor e parei no alto da escada. Os barulhos eram mais claros. Não queria admitir, mas estava com medo. Tomara que não seja o que eu 'tou pensando.

    Desci uns degraus e me abaixei. Ao esticar o pescoço para a sala, arregalei os olhos.

    - Ah, droga.

    Sussurrei ofegante. 

    Um homem de casaco com capuz tava roubando minha casa! Olhei ao redor, mas não vi ninguém. Que droga! Justo hoje quando não tem ninguém em casa. Aquele velho maldito! Nunca 'tá perto quando a gente realmente precisa. Peguei meu celular e liguei rápido para a emergência. Sussurrei o máximo possível para o cara não me ouvir. Quando a moça disse que já estavam a caminho desliguei e voltei a espiar a sala, mas estava vazia - tirando o fato que reviraram tudo.

    Desci lentamente da escada, olhando por todos os lados. A cozinha estava uma bagunça. Os vasos e porta-retratos jogados e quebrados e poster da minha mãe pendurado torto na parede. Mesmo não gostando daquilo fiquei com raiva. Poxa, era minha mãe! Fui em direção à clínica, talvez o ladrão tivesse ido pra lá. Abri a porta que ligava com a casa dando direto no corredor. Comecei a suar frio, esse suspense tava me deixando louca.

    Ao entrar na sala de primeiros socorros, senti um vulto atrás de mim e de repente me deram uma chave. O braço do cara pressionava meu pescoço tirando meus pés do chão. Minhas mãos voaram pra ele, tentando afrouxar o aperto quando senti uma lâmina fria na garganta. Meu coração parou.

    - Cadê o dinheiro, pirralha?

    Se tem uma coisa que eu detesto é que me chamem de pirralha.

    - Pirralha é a mãe!

    Ele apertou a chave me fazendo engasgar.

    - Perdeu a noção, garota? Eu perguntei cadê o dinheiro?!

    A ponta do canivete furou um pouco meu pescoço.

    - Ai!!!

    Ele vai me matar. Rápido Karin, pense!

    - Tá bom... O... cofre... Tá bem ali.

    Apontei para a parede do ambulatório. O braço no meu pescoço afrouxou e aproveitei. Rápido joguei a cabeça pra trás, acertando com tudo seu nariz.

    - Sua...

    Antes que ele me agarrasse de novo, joguei seu braço para o lado e dei uma cotovelada no alto do peito dele. O sujeito, agora olhando bem um cara louro, tropeçou sufocado. Vi a chance e girei dando um chute no seu estômago. O cara caiu de costas deslizando no piso e largando o canivete. Corri pra casa, agradecendo por ter aprendido karatê, mas antes que chegasse à porta outro cara apareceu.

    - Porra, Hiraku! Não tem nada nessa...

    Ele parou me encarando e eu de volta.

    O que?! Eram dois?!

    Me virei e corri para o outro lado da sala.

    - Volta aqui, garota!

    O ladrão cheio de piercing no rosto correu atrás de mim. Ouvi ele tropeçando nos tapetes e nas coisas jogadas, mas não olhei para trás. De repente, ele deu uma guinada, quase me agarrando pelo braço. Pulei pro sofá e fui para a cozinha ficando atrás da mesa e ele do outro lado, nós dois ofegantes por causa da corrida. Eu tremia da cabeça aos pés e vendo, ele gostou. Apoiou as mãos na mesa se inclinando.

    - Hei. Você corre muito para uma nanica.

    - VAI A MERDA !!!

    Berrei fazendo ele rir. Nunca fui muito de xingar, mas esse cara tava estraçalhando meus nervos. Ele deu uma longa olhada para o meu corpo, me analisando e vendo aquilo me arrepiei inteira.

    - Até que é gostosinha, pequena.

    Arfei.

    - FICA LONGE DE MIM!!!

    Ele foi direita e eu pela esquerda. Rápido mudou pra esquerda e corri para direita. Ficamos nisso uns minutos até que me enganou fintando e agarrou meu braço, me puxando e rindo para ele. Minhas costas bateram no seu peito e senti ele cheirar meu cabelo. Arquejei de nojo.

    - Hum. De chocolate, meu preferido.

    Peguei a primeira coisa que vi na mesa - uma faca pequena. Quando ele enfiou as mãos por dentro da minha blusa, cravei na coxa dele e girei. Ele gritou me soltando e tropeçou para trás.

    - Sua vadia!!!

    Deixei ele me xingar, só queria ir para a porta da frente e fugir dali. Droga de polícia que não chega logo! Mas antes de entrar no hall, escutei a porta abrir.

    - Tadaima! Karin, o que você quer pro...

    - CORRE YUZU!

    - O quê?

    Olhei para trás, enquanto ia pra saída antes que minha irmã entrasse na sala e então meus olhos arregalaram. O cara que tentou abusar de mim apontava uma arma para Yuzu. Ela estava parada na entrada assustada com a cena.

    - NÃO!!!

    Pulei na frente e ouvi um tiro. Caímos as duas no chão enquanto uma dor enorme atravessava minhas costas. Senti minha blusa encharcando e minha irmã gritar.

    - KARIN!!!

    - Vamos embora daqui.

    Os dois ladrões, um que derrubei na clínica e outro passaram mancando e tortos por nós, mas não me importei. Yuzu tinha se sentado e me deitava no seu colo. Ela chorava sem parar derramando lágrimas em mim.

    - Se... Machucou?

    - Não.

    Ela soluçou me abraçando desesperadamente.

    - Que... Bom.

    Fechei meus olhos.

    - Karin! V..você t..t..tá sangrando!

    Abri os olhos com esforço. Aquela dor nublava minha mente, a deixando confusa e o frio. Comecei a sentir muito frio.

    - KARIN!!!

    - Calma Yuzu.

    Disse num fôlego. Até pra falar 'tava ficando difícil.

    - Mas você... Vai morrer!

    Morrer?

    É, acho que é isso. O rosto dela parecia se afastar de mim, até sua voz parecia abafada. Eu sabia que ela gritava, mas não conseguia entender. Distante, bem distante ouvi o som de sirenes. O que me fez ficar estranhamente irritada. Por que não vieram mais cedo? Quase que minha irmã leva um tiro, mas ainda bem que a protegi. Ela está bem. Virei o rosto na direção que achei que ela estava, pois minha visão escureceu e dei um sorriso.

    - Eu te amo, Yuzu.

    Então tudo apagou.

    A dor. O frio.

    Eu morri nos braços da minha irmã.


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