Red Head, Soul of Death

“Uma alma saudável, compõe-se de uma mente saudável e um corpo saudável...”

               - “Soul Resonance”... – Disse a jovem, enquanto se aproximava do local onde as almas estavam. Seu coração estava sereno, apesar de seu olhar mostrar certa frieza. Estava pronta, como um caçador prestes a abater sua presa. E essa sensação era boa, era uma sensação que não conseguia explicar em palavras. Sua alma “ressoava” forte, mas consigo mesma. Suas mãos estavam tremulas, mas não de ansiedade. Altas “ondas de alma” estavam sendo transmitidas por todo seu corpo. Continuou andando por pouco tempo, até avistar luzes. Pequenas luzes de almas já fora de seus corpos, flutuando, perto de um ser de olhos vermelhos. Uma pessoa, coberta por um sobretudo de couro, negro como a noite. Seus cabelos eram grisalhos e longos e seus dentes afiados como navalhas. Se aproximou, preparando-se para a batalha – Você é uma “Arma Demôniaca”, não é? Eu, em nome da “Shibusen”, estou aqui para derrota-lo.

“Cuidado. Sinto cheiro se sangue seco. Ele já deve ter matado muitas pessoas.”

               - Eu sei.

               - “Qualé”, garota da “Shibusen”. Só estou na minha, agora, vá embora, se não quiser acabar como essas almas. – Falou a voz áspera de um homem, enquanto levava outra alma até sua boca e a engolia, como se saboreasse o manjar dos deuses. – Você nem tem uma “arma”. Vai fazer o que, ligar para a mamãe vir te ajudar?

               - Fala demais para quem está prestes a ser derrotado. Eu não sou uma aluna comum... – Dizia, enquanto seus punhos se movimentavam. Os movimentos suaves e sutis, tais como a água corrente de um rio. – “Eibon’s River: Razor Shell”. – Avançou então contra o homem. Seus punhos, cobertos com sua aura, fluíam como uma cascata, enquanto distribuía golpes. O senhor, por sua vez, desviava com destreza, obviamente não era um amador. Os punhos da garota faziam cortes pelas paredes que acertava, como a lâmina da mais afiada espada – Você não é tão mal...

               - Você também. Que tal elevarmos isso pra um nível acima? – Murmurou a estranha pessoa. Brevemente, ele fechou suas mãos e partes de seus braços se tornaram correntes grossas. Suas mãos se tornaram clavas, com espinhos grandes e precisamente afiados. A garota insistia, golpeando com certo gingado. Com um olhar doentio, ele deu uma risada breve e começou a girar as clavas, que facilmente derrubavam as paredes estreitas do esgoto. Apesar de grandes, as maças de metal eram rápidas e precisas. –

“Em cima. Em baixo. Direita. Direita. Pule. Esquerda. Abaixe e role pra direita.”

               - Os movimentos dele... – Analisava cuidadosamente, cada balançar das correntes, e seguia à risca as instruções que lhe eram dadas. A ressonância entre as almas era forte, então seu corpo se fortalecia com a “Onda Anti-Demônio”. Tudo corria bem, até que algo inesperado aconteceu. –

               - Naomi? O que faz aqui!? – Disse uma voz já conhecida por ela. A mesma voz que a pouco, lhe pedira para ser sua parceira. Muito embora aquilo lhe fosse um estorvo, ela continuava lutando, sem se explicar. – Esse cara é uma “Arma Demôniaca”? Por que está lutando sozinha?!

               - Fuja, ou vai acabar morrendo! – Gritou a garota, buscando focar-se nos movimentos do seu oponente – Ele não é oponente pra você. Saia daqui, agora!

               - Não posso! É contra os princípios de um homem, deixar uma mulher lutar sozinha! – Falou o garoto, enquanto avançava, descuidadamente na direção do combate. –

               - Deveria ter ouvido a “guria”! – Disse o homem, em meio a um sorriso psicótico. Em um giro se suas correntes, ele jogou a água do local contra o garoto, criando uma abertura. Uma das massas voou quase que instantaneamente na direção dele, com mais força do que o normal. Não havia tempo para pensar, a garota se jogou na direção do ataque, tentando salvar o que ela considerava ser a pessoa mais idiota do mundo, o empurrando na direção da água suja que por ali passava. Mas algo a puxou para trás, no momento em que a clava iria acerta-la. Algo que ela sabia bem o que era, mas aquilo não impediu o ataque totalmente. A arma acertou seu braço em cheio, resultando em uma fratura instantânea. – Agora você é minha.

“Isso dói! Não temos escolha. Use o garoto.”

               - Ele não vai aguentar. – Murmurou, enquanto mordia seu lábio. Seus ossos haviam sido quebrados e os músculos rasgados pelos espinhos. A dor que sentia era imensa, a ponto de fazer seus pensamentos se confundirem. Já estava com poucas escolhas, pois não conseguia usar as técnicas de luta apenas com um braço, isso iria desequilibra-la e ela seria acertada novamente – Matar...

“Temos que usar ele, ou vamos todos morrer.”

               - Cala a boca!

               - Com quem pensa que está falando, guria?! – Indagou o homem, parecendo irritado. Os ataques começaram novamente, e a garota desviava como podia, sendo puxada de um lado para o outro, mas seus movimentos não tinham coordenação. Era uma luta perdida. – Morra e se torne minha refeição! – Gritou, enquanto arremessava a clava com toda a força que tinha na direção do peito da garota –

               - Eibon... Esse é o fim...? – Se questinou, enquanto fechava os olhos. –

               - Nunca é o fim quando eu estou aqui! – Disse a voz do garoto que já conhecia. Da água poluída, saiu, rápido como uma bala, na forma de uma wakizashi, uma espada do tipo katana, só que de tamanho menor e com uma corrente no cabo. Sua lâmina era negra com detalhes em vermelho sangue e o punhal era branco. A lâmina da pequena espada então atravessou um dos elos da corrente e cravou-se na parede, impedindo a clava de seguir seu rumo. A garota deu um breve suspiro, embora não estivesse contente, estava um pouco aliviada. Sabia que deveria usar o garoto, só não sabia se o corpo dele aguentaria. Mas então, a mesma voz disse. – Eu não vou morrer tão fácil, já te disse! Anda logo e vamos fazer a Soul Resonance!

               - Garoto teimoso...

“Não temos escolha. Será uma Ressonância Tripla!”

Continua