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Sucumbindo rápido, em sua ferocidade
Como se disso, dependesse o futuro
Toda a beleza restante, tal como a bondade
Assim se esvai, num breve e soturno sussurro
O mundo segue, não obstante
Em seu mais belo dia,
Haverá lágrimas ocultas, mesmo na alegria
Como se tivesses que deixar, de tudo se desapegar
Para tornar-se completo,
Se abandonar
Se minha dor é a dor dos outros
Que nunca há de cessar,
Até quando, hei de suportar?
Meu caminho é turvo e dualista
E nada o faz mudar
Nesse mar de incertezas,
Sempre a machucar
Num labirinto que se estende,
Porquanto não entende,
Até onde irá chegar
E toda vez que sonha, se recolhe, se apavora
Enquanto tua vida, em silêncio vai embora
Se calcula, se pondera
Logo vê, que teu caminho não espera
Se cuida, em demasia
E se esqueces que o que importa é lutar,
De teus sonhos, distancia
Perde-se, de seu próprio lar
Mesmo no fim, hei de duvidar
E nem assim, poderia amar
Sinto pena daqueles, que acreditam em mim
Pois não existo
Ao menos, é o que tenho visto
Sou fruto da ilusão, intermitente
Em sua forma intocável, persistente
Venho da arrogância,
De quem crê ser digno, merecedor,
De tocar os corações,
De levar-lhes toda a dor
Meu eu,
É um personagem, de meu próprio mundo
Uma máscara à absorver, completar ou ceifar
Mesmo o sonho mais profundo
E assim sigo, pela trilha que o lobo caminha
Roubando fragmentos da vida dos outros
Para que possa dar sentido à minha.