Yooo,
Vamos voltar com os combates combatidos por combatentes de tamanho normal de combatentes em um combate com combatentes nada normais
Entenderam?
Que seja
Boa leitura ^^
Os Apóstolos de Bahamut haviam adentrado no reino de Arcádia. Um deles, Morgus, dirigia-se em direção a praça. Seu torso nu demonstrava sua pele avermelhada e músculos medianos e bem definidos. Da cintura para baixo, seu corpo era revestido com uma camada de pelo marrom; e uma cauda negra oscilava de um lado para o outro. Em sua cabeça, olhos negros e densos, um par de chifres encaracolados e seu queixo era pontiagudo com um cavanhaque o cobrindo. Ele segurava um machado de dois gumes em cada mão.
Morgus não demorou para chegar na praça. No centro, havia uma grande fonte detalhadamente esculpida, e por todo ao redor da praça haviam barracas de comerciantes, mas não havia pessoas. Na verdade, desde que havia entrado no reino não havia se encontrado com nenhum humano. Era mais do que óbvio que havia algo de errado, entretanto, mesmo assim, o demônio continuou seguindo. Fechando os olhos, aspirou o ar profundamente e depois o soltou com um suspiro.
— Ah, um aroma bem agridoce. — Ele abriu os olhos e fintou Deckard e Miana, que estavam em cima de uma casa sentados. — Emanam cheiro de demônio com um leve toque de morte. Vocês devem ser os filhos de Lilith, correto?
Miana — que trajava apenas um peitoral de couro negro de roupa não casual — olhou para seu irmão. Deckard — que trajava uma armadura de couro marrom completa —, olhou para sua irmã. Os dois fizeram uma careta.
— Parece que temos um especialista em cheiros aqui — caçoou Mia. — Sim, somos filhos dela. — Voltou seu olhar para o irmão. — É só comigo, ou a aura assassina dele é muito fraca?
Deckard riu.
— Bem, depois que nosso pai cuspiu a aura assassina dele na nossa cara sem misericórdia alguma, obviamente nenhuma vai parecer tão amedrontadora.
Sem mais enrolações, Miana atirou-se em direção ao chão e mergulhou em suas sombras, emergindo com suas adagas negras em punho atrás do demônio. Percebendo instantaneamente a presença da humana atrás de si, Morgus girou seu corpo, abrindo um golpe em arco com o seu machado esquerdo. Ao mesmo tempo que confrontou as adagas de Miana, o demônio bloqueou o disparo de Deckard com o segundo machado. Miana pensou em continuar a atacá-lo, mas deu um salto para trás logo após.
— Percebeu que iria fazer o disparo de seu irmão pegar em você? — questionou Morgus.
Mia deu de ombros.
— Quase isso.
Quando a flecha vermelha entrou em contato com o machado do demônio, houve uma explosão, e as tendas pela praça avoaram. Do meio da cortina de poeira, Morgus saiu em disparada investido contra a humana. A esclera dos olhos de Miana tornou-se negra, suas chamas azuis a envolveram e, sem temor, investiu contra o demônio. As adagas confrontaram os machados. Golpes rápidos começaram a ser trocados, fazendo o barulho do aço tomar conta. Quando Morgus começou a levar a melhor, fora obrigado a recuar, pois Deckard disparou sequências de projéteis com suas pistolas, livrando sua irmã de golpes fatais.
Irritando-se, Morgus ficou envolto de uma energia vermelha e saltou em direção ao atirador. Pego de surpresa, Deckard não pensou em nada a não ser cruzar suas pistolas, assim bloqueando o ataque. Entretanto, a velocidade do demônio ao atingi-lo era tão alta que os dois foram arrastados para o outro lado da praça. No ar, energia vermelha de Morgus intensificou-se e ele forçou seus braços, atirando o humano para o chão. Deckard brandiu fortemente contra o solo — que se aprofundou —, fazendo uma expressão de dor, e o sangue escorreu pelo canto de sua boca. Para piorar, viu o demônio caindo em sua direção.
De uma sombra criado pela casa, Miana emergiu e saltou de encontro com o demônio. As lâminas se encontraram novamente, as chamas azuis explodiram, confrontando-se com a energia vermelha. Por ser mais fraca, Miana fora repelida em direção ao chão, entretanto o demônio perdeu o controle sobre sua queda, e foi obrigado a cair um pouco distante dos dois.
Morgus, sem perder tempo, avançou em direção aos gêmeos. Pensando rápido, Deckard se ergueu, soltou sua pistola direta e puxou seu revólver do coldre, apontando para o demônio e acionando o gatilho. Morgus hesitou, mas nada fora disparado. Deckard apertou o gatilho de novo, e mais uma vez nada aconteceu. Ele deu uma risada nervosa.
— Esqueci de recarregar!
O demônio voltou a correr em direção aos dois.
— Seu idiota! — esbravejou Mia.
Miana acertou seu irmão com uma ombrada, jogando-o para o lado. Ela enfrentou a investida do demônio com suas adagas. Porém, a força de Morgus era superior à dela, que começou a deslizar pelo chão. Esforçando o máximo que conseguia, Miana conseguiu parar o demônio, tornando-se uma disputa de forças, onde a energia vermelha e as chamas azuis se espalhavam cada vez mais. Ela fazia uma expressão forte de esforço, enquanto o demônio continuava indiferente.
Praguejando mentalmente e culpando-se por ter colocado sua irmã em risco, Deckard tirou uma faca da bainha e não hesitou em rasgar seu antebraço direito. Ele manipulou o sangue da ferida fazendo-o chegar no seu revolver. Com a energia azul envolvendo todo seu corpo, disparou.
O projétil improvisado acertou o demônio na perna direita, abrindo um buraco considerável e obrigando a fazer uma expressão de dor. Aproveitando-se do vacilo de equilíbrio de seu inimigo, Miana o acertou com um chute no estômago, que o fez rolar pelo chão. Morgus se colocou de pé no mesmo instante, contudo fora obrigado a pular para trás, desviando do projétil. Ele começou a ziguezaguear para desviar da sequência de disparos de sangue. Tenho que matá-lo primeiro, pensou Morgus. Quando o demônio fez que ia avançar em direção a Deckard, fora obrigado a recuar, pois Miana apareceu cravando suas adagas, onde acertaram o chão ao invés do demônio.
A perda de sangue constante de Deckard já estava começando a causar efeitos negativos. Não se importando com isso, fez com que seu sangue se espichasse de seu antebraço até Miana, revestindo-a em certos lugares: seus antebraços, canelas, metade do torso e também nas adagas.
Encorajada pela ajuda de seu irmão, Miana agora começou uma sequência de ataques impiedosamente contra o demônio. Morgus se viu muito pressionado pelos gêmeos, pois a garota lançava um ataque atrás do outro de maneira incessante, e, quando ele achava uma abertura para contra-atacar, era impedido com um disparado do garoto. O combo dos filhos de Lilith deixava-o completamente na defensiva.
Um projétil acertou o ombro direito de Morgus.
Miana aproveitou a brecha abrindo um corte diagonal no torso do demônio com sua adaga direita e rapidamente fez um segundo corte, só que dessa vez em horizontal com a adaga esquerda. Enfurecendo-se de maneira repentina, Morgus lançou um contra-ataque veloz contra Miana, que foi desarmada. Suas adagas voaram no ar com o golpe dos machados e ela só não perdeu suas mãos graças a proteção de sangue de seu irmão. Vendo que a situação não estava mais a favor dela, Miana mergulhou nas sombras a seus pés.
Com um pensamento rápido, Deckard largou seu revólver, pegou uma das adagas de Miana e investiu contra o demônio. Morgus percebeu a aproximação repentina do atirador e, ao vê-lo com a adaga em punho, viu-se obrigado a largar seu machado esquerdo e segurar a lâmina, que parou centímetros de seu coração. Deckard forçava o máximo que conseguia, mas não tinha força o suficiente para subjugá-lo. Ainda com machado direto livre, Morgus o ergueu e visou o pescoço do humano.
Miana emergiu na sombra perto da onde Deckard deveria estar. Ela olhou para o lado e o viu confrontando o demônio, no qual começava a erguer o machado. Miana, desesperada, viu o revólver no chão e atirou-se em direção a arma — se ela estivesse certa, Deck havia previsto aquela situação e deixara o revólver com uma munição. Miana pegou o revólver, mirou com máximo de destreza que seu irmão havia lhe ensinado e puxou o gatilho. O projétil disparado atingiu em cheio a mão que segurava o machado, explodindo-a.
Morgus fez uma expressão em uma misto de surpresa e dor. Não se incomodando pelo fato de estar sem mão, ele acertou o jovem no rosto com o que havia sobrado. Mas aquilo não afetou Deckard, que continuava pressionando a lâmina. Um turbilhão de chamas azuis envolvera os dois. Morgus sentia seu corpo queimando intensamente, e achou estranho quando viu as chamas não fazerem efeito naquele humano, parecia até fortificá-lo. Deckard começou a conseguir empurrá-lo, cada vez mais rápido e forte. Os dois brandiram contra uma casa, e Deckard sentiu a adaga penetrando no corpo do demônio. Ele perfurou o coração da criatura repetidas vezes, e Morgus perdia cada vez mais de sua força e lucidez.
Ao ver que seu inimigo estava simplesmente atirado no chão, sem forças e qualquer reação, Deckard o empalou no coração pela última vez e ergueu-se, deixando a lâmina encrustada ali. Seus braços estavam maculados pelo sangue do demônio e haviam respingos em seu rosto. Ele saiu cambaleante da recém ruína que outrora fora uma casa, e viu sua irmã sentada no chão, tão exausta quanto ele.
— E os gêmeos triunfam novamente! — ele disse, sorrindo.
Miana riu.
— Esse foi o demônio mais forte que enfrentamos, com certeza. — Mia suspirou de cansaço.
Ela ergueu os olhos e viu o momento que a lâmina negra perfurou o coração de seu irmão pelas costas. O sangue escorreu pela boca de Deckard e ele caiu de bruços no chão. Os olhos de Miana arregalaram vendo o corpo de seu irmão estirado no chão, e ainda mais depois de ver o demônio de pé sobre os escombros.
Os músculos de Morgus se expandiram, seu tamanho aumentou, assim como seus chifres.
— Vocês me surpreenderam, filhos de Lilith. Por sorte, tenho mais de um coração. Além disso, sempre quando perco um, fico algumas vezes mais forte — explicou Morgus.
Miana não escutou uma única palavra sequer. Seus olhos estavam focados em seu irmão estirado chão — sua íris tremia. As chamas azuis tomaram conta naquele local da do reino.
Cega pela fúria, Miana, em uma grande velocidade, alcançou uma de suas adagas caída no chão e atacou o demônio. Quando a lâmina perfurou a carne do demônio, as chamas azuis se intensificaram ainda mais. Porém, a adaga havia apenas perfurado a mão do demônio. Morgus segurou o punho de Miana para ela não fugir e, concentrando sua energia vermelha em seu punho direito, acertou-a com um forte soco, afundando-a no chão. O sangue escorria por todo o rosto de Miana e sua visão estava muito trêmula. A dor tornara-se ainda mais intensa quando Morgus a atingiu com um chute no estômago, atirando-a dali. Mais sangue escorreu pela boca de Miana.
— Vê a nossa diferença de força atual, cria de Lilith? — perguntou o demônio, pegando o machado do chão. — Vocês são como nós, demônios. Contudo, decidiram trilhar o caminho dos humanos. Entendam que isso não é pessoal.
Mesmo com a visão embaçada, Miana viu de soslaio o brilho do machado indo em sua direção, em seguida também viu o corpo de sua mãe na forma demoníaca aparecer inesperadamente entre os dois. Mikaela segurou o golpe do machado com uma mão e desapareceu junto com o demônio na mesma velocidade em que apareceu.
Miana ficou parada, sem entender direito o que havia acontecido. Sua preocupação com seu irmão logo voltou e ela começou a arrastar-se até ele.
Mikaela se teletransportou junto com Morgus em um local completamente afastado de Arcádia e de solo apodrecido. Ao ver que era Lilith que aparou seu golpe, Morgus rapidamente abriu uma longa distância entre ele e sua nova adversária. Mikaela continuou serena, com sua mão sangrando pelo golpe forte do machado.
— Então você é a Lilith. —Morgus se endireitou. — Seria uma honra lhe conhecer se você não fosse uma traidora.
Mikaela nada disse, apenas manteve-se em silêncio e com sua expressão fria. Morgus sabia que sua adversária era muito perigosa, e que não poderia mais economizar em sua força.
Tendo isso em mente, a energia vermelha de Morgus explodiu exuberantemente. Com um único machado em mãos, ele avançou o mais rápido que conseguia. Mikaela simplesmente cruzou seus braços, e várias raízes grossas começaram a emergir do chão. Morgus ziguezagueou para desviar das raízes e cortou algumas, mas inevitavelmente uma das raízes agarrou sua perna, e não demorou muito para pegarem o resto de seu corpo. Ele se debateu até seu corpo ficar completamente estático.
Tendo aquele demônio onde queria, Mikaela começou a flutuar metros do chão. Ela estalou o dedo, e um círculo mágico vermelho se fez sobre o demônio.
— Espere! — o demônio vociferou. — Nós somos iguais, Lilith, somos demô...
— “Nós somos iguais”? — repetiu Mika, um tom tão frio quanto o gelo. — O que faz uma formiga como você redigir a palavra a mim de forma tão igualitária? Faz ideia de quem eu realmente sou? — A expressão de Mikaela continuava dura, com seus olhos negros e frios fintando os de Morgus. — Eu sou Lilith, a demônio mais forte, que foi uma das responsáveis para cuidar da ressurreição de Bahamut. Anos depois, fui uma das responsáveis por seu declínio. Fui revivida diretamente por Deus e os Selos me acolheram logo após. Tornei-me o sexto Selo, o da Redenção. Além disso, pertenço ao Deus da Morte e sou mãe de dois de seus filhos. Tornou-se claro a diferença entre eu e você?
Morgus nada disse. Seu olhar continuou fixo em de Mikaela, sem lamentação ou mais suplicias. Talvez ele havia entendido a diferença entre eles.
— Um círculo mágico seria mais do que o suficiente para acabar com um ser como você, mas... ninguém toca no que me pertence. — As expressão fria em Mikaela transformou-se em fúria. — Por ter tocado em meus filhos, vai lhe custar dez círculos. — Os outros nove círculos amontoaram-se em cima do primeiro. — Agora, por tê-los feito sangrar... ah... isso irá lhe custar mais vinte círculos. — E os vintes círculos vermelhos começaram a amontoar-se um sobre o outro. — Uma pena sua morte não poder chegar aos ouvidos de outros demônios, assim não saberão o que acontece com que mexe com meus filhos.
Sem dizer mais uma única palavra, Mikaela estalou os dedos, explosão, pensou. E os trinta círculos mágicos começaram a lançar a explosão.
Mikaela voltou para Arcádia. Lá, ela viu Miana sentada no chão com Deckard repousando-se com a cabeça em seu colo. Sua filha chorava bastante, enquanto seu filho estava quieto, completamente estático e com uma lâmina no coração.
Já em sua forma humana, Mikaela se aproximou dos dois a passos largos e jogou-se de joelhos no chão, observando seu filho.
— Mãe... o Deckard está morto, mãe — disse Miana. — O que eu faço, mãe? O que faço? Ele... está morto, mãe.
Mikaela, tentando manter-se mais calma o possível, repousou sua mão no peito de Deckard. Ela sentiu a energia vital dele, oscilante e fraca, mas ainda estava lá. Era um bom sinal. Erguendo os olhos para falar com Miana, viu sua filha fitando o nada e repentino “está morto”.
— Mih... — chamou.
Miana não respondeu, ainda inerte. Sem paciência e levemente desesperada, Mikaela deu tapa na cara de sua filha. Miana teve o foco de volta em seus olhos, fitando sua mãe com os olhos arregalados de surpresa.
— Escute, Miana, o que vou te falar não deve ser contando a ninguém, entendeu? — falou Mika.
Miana não respondeu. Ao ver que sua mãe estava prestes a dar outra tapa na cara, ela assentiu com veemência.
— Seu pai é imortal. Se o sangue dele corre nas veias de vocês...
— Nós também somos imortais — completou Mia com a voz fina.
Mikaela esperava que sim. Miana havia herdado as chamas azuis de Edward, porém Deckard não. Esperava que isso não acontecesse com a imortalidade também. Afastando-se desses pensamentos, Mikaela inclinou seu filho para frente, descravou a adaga de seu coração e pegou-o nos braços com cuidado.
Continua <3 :p