Dioneia
Contato.
- Vá lá! ? exclamava o professor Afonso Henriques, que estava com o telemóvel, encostado ao ouvido. ? Atende!
Um grupo de alunos seus, entraram entretanto na sala. Viram o seu stor preocupado, e um deles, chamado Sérgio, perguntou:
- Que se passa Stor?
- Sim. - disse outro aluno, chamado Rubem. ? Parece preocupado.
- É que meu irmão, já uns dias não atende o cel. ? respondeu o professor.
- Seu irmão? ? interrogou outra aluna, chamada Carla. ? Ele não é um famoso botânico?
- Sim, sim. ? disse Rubem. ? Estou me lembrando. Você uma vez trouxe um livro de botânica escrito por ele.
- Sim, é verdade. ? disse o professor.
- Eu não me lembro bem disto. ? disse a última do grupo.
- Isto é Maria, porque nunca estás com atenção às aulas. ? disse Rubem, em voz de gozação.
- Oh! ? exclamou Maria indignada, dando-lhe uma cotovelada, e levantou a mão para lhe dar uma tapa. Geralmente as tapas das mulheres são doloridas, por isso ele começou a correr dum lado para o outro na sala de aula, e ela ia atrás dele irritada.
- O seu irmão não trabalhava num laboratório qualquer? ? perguntou Carla, já que ela, Sérgio e o Prof. Afonso continuavam a preocupante conversa.
- Sim, trabalha num laboratório da empresa farmacêutica e cosmética Flora. O laboratório onde ele trabalha chama-se Flora: Laboratório de Pesquisa e Conhecimento da Vida Vegetal do Brasil.
- Que nome tão grandão! ? exclamou Rubem, que agora impedia que Maria lhe batesse e estava a segura-lhe os braços.
- Desculpe a pergunta professor, mas porque é que uma empresa farmacêutica e cosmética se interessa por botânica? ? perguntou Sérgio.
- Oh amor... - começou Carla a explicar, e sim, eles eram namorados. ? Tem tudo haver. Através das plantas podem-se fazer medicamentos, e muitos produtos de cosmética, como perfumes e cremes.
- Sim? tens razão.
- Estou tão preocupado. ? voltou o professor a lamentar. ? Ele é um pouco reservado e pouco sociável, mas atende sempre o cel.
- Já experimentou telefonar para o laboratório? ? perguntou Carla.
- Sim, já. ? respondeu o professor. ? Mas ninguém atende.
Ficaram todos uns momentos em silêncio, só se ouvia Rubem e Maria a discutirem.
- Já sei! ? exclamou Rubem, baixando a guarda, e, sofrendo com isto.
- Toma! ? gritou Maria, e deu-lhe um pontapé com força nos testículos.
Rubem, caiu no chão cheio de dores, Carla olhava indiferente, mas Sérgio e o Prof. Henrique olharam-se com aquela expressão que só os homens conhecem.
Maria cruzara os braços, e sorria com superioridade.
Quando Rubem ficou finalmente melhor, contou a ideia que tivera.
- Porque não vamos lá?
- Hã?! ? exclamaram todos.
- É muito longe, o laboratório fica mesmo no meio da floresta da Amazônia. ? explicou o professor.
- Vá lá Stor, vamos lá! ? Implorava Rubem. ? O Stor prometeu que um dia nos iria levar a uma excursão.
- Mas? - ia dizer o professor.
- Sim, parece uma boa ideia. ? concordou Maria.
- Viu! Até a Maria concorda comigo. ? gritava Rubem feliz da vida.
O professor ficou uns momentos em silêncio.
- Até parece uma boa ideia. ? concordou também Sérgio.
- Sim, dizemos à direcção da escola que vamos fazer uma excursão. ? começou Carla a dizer. ? E podemos ir já amanhã. O que acham?
Era sexta-feira.
Depois de pensar um pouco, o professor disse:
- Está bem. Eu vou escrever a autorização para darem aos vossos pais?
- O quê?! ? exclamou Rubem.
- Sim Stor, nós já somos maiores de idade. ? disse Carla.
- Pois, têm razão. ? disse o professor. ? Desculpem. Então amanhã cedinho, quero vocês aqui na escola.
- Sim Stor! ? responderam todos.