Rachaduras no Tempo

“O exame havia começado. Eu só conseguia pensar em como poderia ajudar com meus poderes. Sabe, eu nunca tive controle completo do Time Skip, o que me deixava muitas vezes sem escapatória. Meus pais foram um casamento de individualidades que resultaram na minha. Segundo minha vó, minha mãe voltava no tempo às vezes e meu pai podia avançar. O plano era criar uma individualidade que manipulasse o tempo a bel prazer. Não deu muito certo... Enquanto eu corria para a zona de incêndio, pude me deparar com vários robôs destruídos. Eu estudei muito as individualidades pra conseguir counterar, mas eram robôs, como eu iria lutar contra aquilo?”

- A Zona de Incêndio é adiante. O que importa é salvar as vítimas. Tenho que me concentrar... –Disse eu enquanto entrava na zona. O calor dali era insuportável, tudo estava em chamas. Não tinha muitas pessoas, mas as poucas que estavam tinham boas individualidades para aquele lugar. Um fazia chover em sua volta, outro controlava a água da chuva para apagar o fogo. Eu só conseguia olhar aquilo. Foi quando aconteceu... Uma das construções desabou sobre mim, me esmagando. Meus poderes se ativaram automaticamente e voltei os dois segundos no tempo, o que me deu tempo o bastante pra dar um salto e desviar- Esse lugar é insano...

- Como você fez isso?! –Disse um garoto com rosto de cacatua, que carregava um boneco- Parecia saber que aquilo iria ceder... Você vê o futuro?

- Err, não eu... Um boneco!! Onde achou?

-Estão por ai, embaixo de escombros e tals...

- Obrigada pela informação! Aliás, meu nome é Nyanru! –Disse eu enquanto corria para os prédios em chamas- Vamos ver...

- Meu nome é...

“Não deu tempo de escutar o nome dele, eu só estava concentrada em achar algum boneco. Por algum motivo, minha mente estava tão focada em salvar alguém que eu não notei onde estava me metendo. Esse foi um erro cruel. Quando finalmente avistei a mão de um boneco, já era tarde demais.”

-Sai daí! O prédio vai desabar! –Gritaram os candidatos de fora, enquanto lutavam com os robôs-

- O que...? –Eu já estava com o boneco nas costas, foi quando percebi meu erro. O prédio havia sido danificado pela luta com os “vilões” e pelo incêndio. O prédio então veio abaixo, comigo junto. Em meio a um grito, eu perdi a consciência e aconteceu o que eu mais temia quando usava meus poderes... O tempo se quebrou. Uma rachadura entre as linhas do tempo aconteceu quando meu poder se ativou e eu acabei caindo nela. Quando dei por mim, estava na enfermaria- O que aconteceu...?

- Você não se lembra de nada? –Perguntou a enfermeira, ela tinha uma voz áspera e algumas escamas no rosto, como se fosse uma serpente- Sou a médica da UA, meu nome é Poisonous Viper.

[Snake Girl Poisonous Viper – Individualidade: “Poison Heal” pode criar venenos tanto letais quanto salvadores, curando doenças com tais venenos]

- Do que eu tenho que me lembrar...? –Disse enquanto me sentava. Minha cabeça estava dolorida e tinha faixas no meu braço-

- Você foi salva por alguém. Não só alguém. Você foi salva pelo Deku, o grande herói que estava morto a anos. Ele apareceu por alguns segundos e depois sumiu do nada, só alguns poucos viram o que realmente aconteceu, e nós que estávamos monitorando. Ao que parece, você machucou o braço, mas não soltou a vítima em momento algum...

- Isso aconteceu mesmo? Parece muito fantasioso... Mas... Pode ser... –Dei um suspiro e segurei meu braço. Estava sentindo dor onde havia machucado-

- Descanse, você vai ficar bem. Já pode ir pra casa, o exame acabou.

- Ah... Tudo bem...

“Nunca estive tão decepcionada comigo mesmo. Fui salva por algo que não compreendo. Meu poder provavelmente deve ter fluido entre as linhas do tempo, em uma onde Deku não havia morrido, como uma rachadura. Isso já aconteceu uma vez antes, mas, eu não lembro. Eu nunca me lembro, talvez tenham acontecido mais vezes... Mas eu sei que fui salva. Isso me deixou mal... De uma maneira que eu nem podia descrever.

Passou uma semana desde que eu tinha feito o exame, quando os resultados chegaram. Com uma projeção estava a heroína Earphone Jack...”

- Bem, não tenho muito o que dizer –Disse o holograma- Você não deixou a vítima mesmo nos momentos mais difíceis, no final, você conseguiu ficar com seu boneco, então, já sabe. Você passou.

“O holograma desligou e do nada comecei a chorar. Era uma mistura de alegria e ódio, eu passei, mas não por meu mérito. Eu enxuguei minhas lágrimas e prometi a mim mesma que nunca seria salva novamente, eu é que iria salvar as pessoas. Minha vida estava começando e ali, eu iria fazer tudo pra ser a heroína que sempre sonhei.”