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Se gostar, já sebe né?
Faz um tempo que não escrevo e espero que seja do agrado de suas senhorias.
Eles estavam ali, presos no meio da clareira na floresta de Greenmar, com provavelmente todos avançando em direção à próxima cidade.
Não sabiam se já haviam notado pela falta deles, mas isso não mais importava. O teto de folhas sobre eles não era regular, e algumas frestas de luz desciam sobre a floresta, junto as trôpegas folhas que caiam, seguindo seus destinos ao início do outono.
Ela, ao topar o pé numa raiz meio enterrada, tropeçou e caiu. Ele, ao notar o que ocorreria, não hesitou em se dispor de joelhos rapidamente para segurá-la. E naquele momento, raros 5 ou 10 segundos de enorme constragimento, ambos estavam corados e simplesmente as palavras que tanto buscavam proferir, sumiram em meio a profusão de sentimentos que afloravam em seus corações.
Ele corado, ajeitando o boné para na verdade, esconder o rosto que a cada vez mais se avermelhava. Ela estava toda enrubescida, tentando a todo custo se levantar para desviar-se daqueles grandes olhos castanhos, mas sem ser capaz de deixar aqueles braços que em sua imaginação, inúmeras vezes a enlaçaram como daquele mesmo jeito.
May:- A-Ash... ? Proferiu ela, cujas bochechas estavam rubras de vergonha.
Ash:- Desculpe por não ter sido mais rápido e ter evitado... Isso. ? Falou ele, sem intuito algum de sair daquela situação.
May:- Na verdade...- Falou ela - Isso me lembra de nossas viagens por Hoenn.
Ambos sorriram.
Ash:- É verdade. Bons tempos aqueles.
May:- Credo Ash! Parece um velho como o Carvalho Falando! - Brincou ela. Novamente, ambos caíram no riso, contrastando com a mansidão da floresta. Ambos se sentam sobre um toco de uma árvore larga, se apoiando um nas costas do outro.
Ash:- Ora, mas realmente foram bons tempos. Eu, Brock, Max e...- Parou o garoto, cujas faces voltavam a se avermelhar.
May:- E?
Nesse momento Ash se vira para fitar os olhos da moça.
Ash:- Bem, e... Você. Os olhos da garota, que antes brilhavam pela graça da situação, agora se arregalaram, realçando as sáfiras de sua íris.
Ash:- O que eu gostaria de dizer é que... Apesar de ter apenas 17 anos, eu vivi e passei por muitas situações e lugares deste mundo. Kanto, Jhoto, Hoenn, Sinnoh, Unova e agora Midlent.
A garota ficou quieta, vendo que o rapaz ainda tinha muito a falar.
Ash:- Conheci muitas pessoas e já tive muitos companheiros de viagem com os quais tive ótimos momentos, e nunca nenhum deles foi esquecido por mim. Mas...- Parou novamente, não conseguindo manter-se em paz para controlar o que queria explodir dentro de si.
May:- Mas?...- Falava ela desejando saber o que era guardado no coração do garoto, disfarçando as reais intenções daquele questionamento ao interpretar o papel de "boa amiga".
Ele respirava fundo.
Sabia que aquele era o momento que tanto esperou após notar a real matriz dos sentimentos que nutria por ela.
Ash:- ...Mas com você é diferente.
O fôlego da morena tornou-se rarefeito.
Ash:- Acho na época em que a minha jornada se iniciou com você em Hoenn, tive a oportunidade de aprender novos sentimentos.
A mente dela entrou em polvorosa ao ouvir aquilo.
May:- O que você está querendo dizer, Ash?
O rapaz parou de respirar, ficando visivelmente pálido e com o semblante confuso. Agora, as margens do momento em que finalmente seria capaz de declarar-se para a garota pela qual era apaixonado, não sabia como prosseguir. Ao pensar em suas amigas, notou pela primeira vez que não conseguia enxergar em nenhuma delas uma parceira futura. Misty foi seu primeiro contato feminino fora dos limites de sua cidade, iniciando o ainda menino no confuso mundo feminino, o que não necessariamente o fazia gostar dela ?daquele jeito?, sem falar que ele jamais notou nenhuma tentativa por parte da ruiva em se aproximar dele. Dawn, tanto por seu jeito enérgico e animado quanto pelo seu comportamento tão similar aos de Ash, fazia com que ele a visse de um modo similar ao de uma irmã mais nova. Já Íris pelo seu caráter ingênuo e gentil, diversas vezes ao longo da Jornada de Ash por Unova, demonstrou que suas intenções para com ele eram de pura e singela amizade, nada mais. E assim sobrou por fim May, que por tempos ocupou no coração de Ash o mesmo ?lugar na estante? que as outras garotas, algo que mudou quando o rapaz amadureceu e buscou compreender melhor as sutilezas dos sentimentos tanto das pessoas quanto dos Pokémon ao seu redor. Graças a esta nova visão foi que Ash passou a observar em May uma menina dos sonhos, Amável e divertida, não deixando de ser forte e corajosa, de coração generoso e vontade incandescente. Ela literalmente era como se imaginaria a cara-metade perfeita para Ash.
Mas, e se May não partilhasse daquele mesmo sentimento? Como seria vergonhoso ele lá, no meio da floresta, constrangendo a única de suas companheiras pela qual passou a nutrir um amor profundo, obrigando-a a ter de lhe dar uma resposta negativa. Depois de tanto avançar em direção aos seus sentimentos, Ash agora recuou e sentiu a duvida, de que talvez ela não o visse como nada mais que um amigo. Talvez fosse melhor...
Seus pensamentos travaram.
May segurou o rosto de Ash entre suas duas mãos e conectou seu olhar ao dele, apesar de um tanto surpresa pela própria iniciativa, lhe perguntou em um tom acalentador:- O que você quer me contar Ash? Não se preocupe, por que seja lá o que queira falar, eu estarei aqui. ? E em tom divertido complementou. ? Onde está à coragem daquele que me salvou no Templo da Água? Que me incentivou a continuar com meu sonho ao fim do torneio em Hoenn?
Rindo nervoso, ele olhou para ela, simplesmente dizendo:- Coragem? Aquilo eu fiz por que eu sempre desejei proteger todos os meus amigos. E sobre o que eu disse quanto a você seguir seu sonho, aquelas não foram palavras de consolo ou para lhe confortar. Eu realmente acreditei em você e... Continuo acreditando.
Uma única, quente e corrediça lágrima deslizou pela face de May, tocada pelo voto de confiança que seu tão querido amigo lhe deu. Esse era o problema, e talvez a real causa da lágrima. Seria possível Ash gostar dela de um modo maior que transcendesse a amizade? Um rapaz que passou a vida viajando e conhecendo diversas garotas bonitas poderia prestar atenção numa única das muitas que conheceu? Era um segredo que a morena não compartilhava com ninguém, mas foi graças à aquelas palavras ditas por Ash ao fim da Batalha da Fronteira, que May reergueu seu animo para com os torneios, guiando-a para onde ela estava hoje, no Top Rank dos Coordenadores Pokémon. A alegria radiante de Ash, sua confiança e carisma, conquistaram May antes mesmo dela saber que aquele garoto de cabelos escuros e sorriso fácil mexia tanto assim com ela.
Ele não conseguia se segurar mais... Teria que fazer isso agora, ou talvez jamais teria coragem de ir adiante.
Aproximando seu rosto do dela, ele diz:- Se você quer saber, essas coisas que eu fiz foram meio que... Automáticas. Eu não precisei de muita coragem para fazê-las. Só precisei ser eu mesmo. Agora... Eu realmente vou precisar de coragem para fazer algo que não pode mais esperar.
Se fosse pedido para May se lembrar deste momento em um futuro próximo, ela não conseguiria dizer o que aconteceu exatamente.
Neste momento, sua mente só conseguiu pensar em perguntar:- O que você vai fazer?
Ash:- ... Isso.
Num ato que há muito se aguardava que acontecesse, ele a beijou. Suave, não haviam outras palavras que descrevessem a situação. Ali, se obteve a prova da reciprocidade do que sentiam, um longo beijo apaixonado que falava o que palavras jamais conseguiriam descrever. Alegrias, tristezas, receios, dúvidas, medos... Tudo isso ficou pequeno quando Ash e May descobriram que se amavam.