Kōkō Yume

Tempo estimado de leitura: 24 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Sonho

    Heterossexualidade

    N's vision

    ~~TRRIMM... TRRIMM~~~~

    -Por quê...? - Falo com aquela voz chorosa para logo em seguida abrir a boca em um bocejo. Uma lagrima cai pelo olho meu olho direito. Por que quase sempre que bocejo acontece isso?

    ~~TRRIMM... TRRIMM~~~~ - Toca mais uma vez o rádio-relogio sobre o criado-mudo. Como uma cena clichê de filme, começo a procurar com a mão o botão de desligar o sonzinho infernal. Quando se acorda, qualquer sonzinho parece infernal.

    Levanto-me logo, sei que, se continuo na cama, logo volto a dormir.

    Pego e logo visto o uniforme do colégio. Era um uniforme bem bonito, talvez porque eu adore roupas sociais, ou talvez porque era bonito de verdade.

    Saio do quarto, sigo para o banheiro.

    Saio do banheiro, desço as escadas e vou direto para a cozinha. Dou um "oi", um "tchau" e um "eu te amo" para o meu pai, o único acordado no momento. Dormindo, estava meu irmão mais novo, Kenjiro.

    Saio de casa, passo pela pracinha e vejo um menino fazendo manobras ousadas com uma bicicleta e seguindo a uma alta velocidade pela rua. Não presto muita atenção e continuo em minha jornada. Chego ao colégio, mando um "oi, como vai?" para a Tatsui e logo entro na sala. Era um daqueles dias em que preferimos ficar sozinhos, mesmo sem qualquer motivo aparente.

    ~~PIIIIIIIIIII~~~~ - Com o primeiro sinal, começam a entrar os alunos: altos, baixos, Junpeis, Hieis, Alices, todos os alunos. Todos menos um - digo, uma.

    Yuko apareceu só na segunda aula. Por causa do frio, muitos alunos estavam com blusas por baixo do uniforme, o que incluía a recém-chegada aluna. Era um casaco roxo com capuz, o dela. Entrou, sentou e prestou bastante atenção nas aulas que se seguiam.

    ~~PIIIIIIIIIII~~~~ - Hora do intervalo e, como combinado, levei Yuko para comer lá no pátio conosco. No caminho, acabei encostando de leve em seu braço esquerdo, arrancando-lhe um baixo gemido.

    -Ah, me desculpe!

    -Calma, não foi você.

    -Hum... Acho que sei quando encosto em alguém...

    -Não, não é isso. Quis dizer que você não me machucou.

    -Então por que você gemeu?

    -Não foi nada...

    -Se não fosse nada você não teria gemido. Anda, que que houve? Como machucou o braço?

    -Hã? Como você... - Sempre tive sorte nos meus chutes (mesmo que dessa vez não fosse muito difícil de descobrir) - Bom, eu estava vindo pra cá, fui atropelada por uma bicicleta, passei na farmácia e me atrasei. Só isso.

    -Ah, então foi só isso? Nada demais...

    -Foi como eu disse.

    -Como não foi nada? Como está seu braço? Fez um curativo?

    -Eu estou bem e, sim, fiz um curativo. Vamos, eles já devem estar esperando a gente!

    -Tudo bem, tudo bem, vamos. -...- Ei! O menino da bicicleta tinha um boné vermelho? - Acabei me lembrando do "menino da bicicleta" que vira de manhã.

    -Sim! Como sabe?

    -Então foi ele quem passou por mim quando vinha pra cá. Ei, onde foi que ele te atropelou?

    -Foi numa pracinha lá perto de casa.

    -Não me diga que... Eu também moro perto de uma praça cheia de sakuras.

    -Isso, sakuras. Minha nossa!

    -Vou te acompanhar na volta pra ver onde você mora, tudo bem?

    -Se você não tiver nada melhor pra fazer...

    -Posso entender isso como um "Claro! Adoraria ter sua maravilhosa companhia no trajeto de volta paa minha casa!"? - De vez em quando solto brincando umas frases desse tipo, mas geralmente me arrependo depois.

    -Hahaha... É, talvez.

    Fomos então ao encontro dos outros quatro amigos que, como previmos, estavam esperando por nós.

    Comemos, voltamos à sala de aula, saímos. Fui então com Yuko até a sua casa - que ficava exatamente atrás da minha! -. Me despedi e fui para minha casa.

    Passou sábado.

    Passou domingo.

    Passou segunda, terça, quarta, quinta. Todos esses dias seguindo praticamente a mesma rotina: encontrava com Yuko na sua casa, andávamos conversando no caminho até o colégio; chegando lá, encontrava Tatsui na porta, Hiei, Junpei e Alice no pátio e seguíamos todos para a sala.

    Na sexta teria sido tudo igual, a não ser pelo que ocorreu depois das aulas.

    Eu estava no meu quarto, escrevendo coisas, pensando, olhando pela janela. Foi quando algo me chamou a atenção: na hora imaginei que a janela da casa de trás era do quarto de Yuko. Ela estava encostada na beira da janela, olhando para fora. De repente virou o rosto apenas um pouco e aparentemente me viu. Certamente me viu, nesse momento ela saiu de perto da janela.

    Estranhei, mas fiquei olhando ainda uns dois ou três minutos para aquela janela, até chegar uma mensagem no meu celular.

    "Nomiru, tem como você vir aqui um instante?

    Yuko."

    Olhei imediatamente para a janela. Lá estava ela. Foi aí que percebi algo que, digamos... me chamou a atenção. Então, mandei uma mensagem.

    "Yuko, como sabe eu sou um pouco preguiçoso... Então, eu posso ir até aí pela sua janela? É mais rapido do que ir pra sua rua. Sabe, é só andar um pouco sobre esse muro a sua esquerda que eu já chego aí. Que tal, posso?

    Nomiru."

    Um minuto depois ela estava olhando para o muro com uma cara assustada, fazendo um "não" com a mão. Tivemos uma pequena "briga", ela fazendo não e eu acenando positivamente. Ela entrou e me mandou uma mensagem.

    "Tudo bem, mas cuidado."

    Fiquei feliz com a resposta.

    Saí pela minha janela e andei um pouco até o tal muro. Por sorte, era grande o suficiente para eu poder andar com certa segurança. Atravessei o muro e cheguei à beira da janela dela. Yuko me ajudou a entrar; estava com uma cara muito assustada e pálida, mas foi logo recuperando a cor.

    -Seu louco!

    -Cheguei. Obrigado pelo convite.

    -Seu besta... Vamos sente-se aí - apontava para a cama -.

    Sentei-me, então começamos a conversar um pouco sobre tudo. Saíamos de um assunto e logo entrávamos em outro. Estava estranhando. Até que...

    -Nomiru, sabe... É, você ja se apaixonou alguma vez na sua vida? - Caramba, essa me surpreendeu, e muito. Senti meu rosto esquentando, certamente ficando vermelho como se tivesse pego Sol e esquecido de passar protetor.

    -Se eu já me.. Apaixonei... É, pensando bem, acho que sim. Eu me apaixonei.

    -Aahh...

    -Por... quê?

    Foi nesse momento, nesse exato momento...

    Ela estava de pé. Eu estava sentado nos pés da cama quando de repente ela pôs sua mão esquerda na cama ao meu lado e deixou deslizar seu braço direito sobre meu ombro esquerdo, se inclinando até meus olhos ficarem frente a frente com os dela. Até meu nariz encostar no dela. Até meus olhos inconscientemente se fecharem. Até eu sentir algo quente encostando delicadamente em meus lábios.

    Fiquei completamente paralisado. Não sabia o que fazer; até pensava no que devia fazer, mas não conseguia.

    De súbito, coloquei minha mão direita um pouco acima de sua cintura, "guiando-a" para que se sentasse na cama. Só então nossos narizes se separaram e meus olhos se abriram. Fiquei alguns segundos encarando-a com uma cara de espanto.

    -Ai, não... Me desculpe, Nomiru! Desculpa, desculpa, descul- Nesse momento coloquei meu dedo indicador sobre seus lábios, impedindo-a de continuar a se desculpar .

    -Sabe - comecei a falar - quando você me perguntou se eu ja havia me apaixonado?

    -Hã, lembro.. Você disse que sim, né?

    -Exatamente! E você sabe por quem?

    -Pra falar a verdade, não.

    -Você realmente não faz nenhuma ideia - me aproximei de seu rosto até poder sentir sua respiração um pouco ofegante -, hein, Yuko-chan?

    Nossos lábios se encontraram mais uma vez.

    Foi nesse momento, nesse exato momento que senti que nada mais importava. Absolutamente nada. Somente Yuko e eu. Somente este sentimento que, mesmo tendo nascido há tão pouco tempo, já nos unia dessa forma.

    Foi nesse momento, nesse exato momento... Que eu senti como era o amor.

    ~~~~SUZUKI~~~~


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