Necromante - Os Deuses da Morte

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    Capítulo 4

    O Espadachim e o Necromante

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Violência

    Yoo, pessoas

    Demoro a postar, mas sempre posto

    Boa leitura ^^

    De volta ao pátio de treinamento atrás do castelo, estavam novamente Thanatos, o espadachim, e Molly, a refém. Morrigan havia pedido que ele amarrasse a refém para que pudesse lutar sem distrações, e foi o que Thanatos fez. O espadachim amarrou bem firme os braços e as pernas da mulher. Estranhamente, ela não reclamou ao ser amarrada. Desde quando ela discutiu com Morrigan no porão, Molly estava em silêncio. Thanatos a observou por um tempo, percebendo que seu olhar estava distante, como se estivesse refletindo. E imaginava o que poderia ser.

    Thanatos analisou sua espada – era impossível homem comum segurar aquela espada e era pesada e grande demais para um espadachim experiente e forte manejar –, estava bem polida, com um prateado cintilante e, é claro, afiada.

    – É verdade o que ele disse? – perguntou Molly, surpreendendo Thanatos. – Vilões são pessoas boas que tiveram um dia ruim?

    – É – respondeu ele. Thanatos agora conferia sua armadura, peitoral, na verdade. Seus braços não eram protegidos, assim como suas pernas. Apenas seu peito era coberto pelo ferro, para evitar um golpe crítico direto em seu coração. – A maioria, sim.

    – Com você é a mesma coisa?

    Ele percebeu que ela estava expandindo sua mente. Saindo do senso comum, da ignorância da humanidade.

    – Sim – afirmou.

    Molly notou uma rápida expressão com um misto de fúria e dor. Ela ia perguntar o que levou a ele ser daquele jeito, mas a escuridão que surgiu não muito distante dela fez a pergunta morrer em seu pensamento. Um homem, que parecia ter acabo de sair de sua fase de adolescência, foi deixado para trás. Ele tinha cabelos loiros e olhos azuis. Estava usada uma armadura leve e, ao ver Thanatos, sacou sua espada de dois gumes com um sobressalto.

    – Me ajude, por favor! –  suplicou Molly de imediato.

    O rapaz deu uma rápida olhadela e voltou sua atenção para Thanatos, mantendo sua guarda alta.

    – Não se preocupe, senhorita. Eu, Lyan, irei te salvar – ele afirmou.

    Ela percebeu que a voz dele não tremeu, apesar de estar de frente para um inimigo que parecia ter o dobro de tamanho e músculos (isso ele realmente tinha) dele. Molly sentiu um pingo de esperança tomar seu corpo. Além disso, ele parecia estar irritado.

    – Matam uma amiga minha e agora vejo que estão com uma mulher de refém, fora o reino completamente destruído – a voz de Lyan saiu dura. – Pessoas como você são escória deste mundo.

    Thanatos sentiu vontade rir, mas não demonstrou esse sentimento.

    – Gente tagarela também é um saco – disse ele, ao invés de rir.

    De imediato, Lyan avançou, mas, depois de poucos metros, ele parou abruptamente, e a ponta da espada de Thanatos passou centímetros de seu corpo, chocando-se pesadamente contra o chão. Desajeitadamente, Lyan recuperou a distância que eles estavam.

    Como eles conseguiu sacar essa espada gigante nessa velocidade?! Eu mal consegui ver!, pensou Lyan. Seu peito subia e descia rapidamente, estava assustado. Com essa velocidade e o incrível raio de ataque que ele tem graças a esta espada gigante, estou em desvantagem.

    As esperanças da Molly foram retiradas em menos de um minuto. Seu salvador agora estava com uma postura completamente defensiva, onde seu olhar, antes triunfante e confiante, estava cheio de dúvida e medo.

    Lyan, de um de seus bolsos, retirou uma pílula redonda de cor azul. Quando ele ia ingerir, Thanatos disse:

    – Tem certeza? Se for o que estou pensando, isso em suas mãos é vertigo, uma droga capaz de ampliar absurdamente sua força e reflexo, mas os danos em seu corpo podem ser tão fatais que morre na hora.

    – Como você sabe disso? – Lyon perguntou, surpreso. – Apenas um comandante ou patente superior do exército real do Reino de Liones deveria saber disto. – Os olhos dele se arregalaram. – Você é o comandante traidor responsável pela morte de outros seis comandantes?

    Thanatos deu de ombros.

    – Sei lá. – Ele repousou sua espada no ombro direito. – Faça logo. Darei tempo o suficiente para você.

    Sem hesitação, Lyan colocou a pílula na boca. Ao morder, houve um estalo parecido com o som de um vidro se quebrando. Ele apertou o peito no lado do coração com a mão, em seguida começou a gritar de dor. Algumas de suas veias ficaram negras, e agora ele começava a se contorcer. Thanatos viu que a esclera dos olhos de Lyan estavam vermelho-sangue e que filetes de sangue escorriam pelos olhos. Por fim, seus músculos pareceram se expandir um pouco, seus gritos cessaram e seu corpo começou a dar leves tremidas.

    – Admiro sua coragem – admitiu Thanatos.

    – S-se esse é-é o p-preço que se paga p-p-para livrar a u-humanidade de s-seres c-como você... – Lyan lançou um olhar determinado para Thanatos. – E-e-eu não me importo e-em p-pagá-lo.

    – Hm. Não sabia que um dos efeitos colaterais era gagueira.

    Lyan avançou novamente. A espada de Thanatos se projetou na sua frente de novo, mas, dessa vez, ele a viu nitidamente. O aventureiro jogou seu corpo para o lado, fazendo com que a lâmina chocasse contra o chão. Com uma velocidade surpreendente, Lyan apareceu a esquerda do Deus da Morte, preparando para golpear. Demonstrando nem um pouco de surpresa, Thanatos redirecionou sua espada, obrigando seu inimigo ter que ser defender. Lyan teve que retroceder sua espada para a lateral de seu corpo, assim protegendo-se do golpe pesado da gigantesca espada – deslizando alguns centímetros com o impacto.  Ele correu em direção ao Thanatos deslizando sua espada sobre a dele – faíscas foram acessas – e redirecionou sua lâmina para atacá-lo na altura da cabeça. Thanatos mordeu a lâmina para parar o ataque e acertou um soco forte de esquerda no estômago de Lyan, fazendo o garoto sair rolando no chão alguns metros dele.

    Lyan, ainda no chão, vomitou sangue. Seu corpo estava dolorido por causa da pílula, e agora doía muito mais graças ao soco no estômago. A dor era tão intensa que ele cerrava os dentes de dor. Quando conseguiu voltar seu olhar para Thanatos, viu que ele ainda estava com a espada nos dentes.

    Ele parou minha espada com os dentes!, pensou ele. Com a porra dos dentes!

    Escutando o tilintar metálico, Lyan viu sua espada cair em sua frente. De imediato, ele a segurou.

    – É melhor ir logo com isso – disse Thanatos. – O efeito vai logo passar, e você não vai conseguir mover um músculo.

    Tremendo, com dor, com medo e com raiva, Lyan segurou o cabo o mais forte que pode e começou a erguer a cabeça dizendo:

    – MORRA, SUA ESCÓ-

    A espada de Thanatos cortou Lyan verticalmente ao meio antes mesmo que ele pudesse erguer a cabeça por completo. Houve o baque alto da lâmina chocando-se contra o solo e dois mais baixos das metades do corpo do Lyan – o sangue escorreu em seguida. O corte foi tão rápido e limpo que mal sujou a lâmina de Thanatos e mal os órgãos do Lyan recaíram no solo.

    O movimento foi tão rápido que Molly só percebeu o que havia acontecido quando as metades de Lyan recaíram em lados distintos. Ela estava boquiaberta, horrorizada. Suas esperanças foram quebradas tão facilmente... e brutalmente.

    Thanatos se virou para ela.

    – Nunca tire seu foco do inimigo. Pode parecer fácil, mas não é. – Ele retirou um pano do bolso e começou a limpar o sangue da lâmina. – A dor tentará tirar seu foco, o medo, a raiva. Quando perder o foco, seu inimigo terá você na palma da mão, e você morrerá. Entendeu?

    Molly assentiu. Aquilo foi tão traumatizante que ela realmente aprendeu aquilo.

    – Além do mais, quando você sabe algo que deveria ser segredo do seu inimigo, você tem que trabalhar nisso. Afetando sua mente, afetará seus movimentos – ele concluiu.

    – Como você fez com ele sobre a pílula...

    Thanatos assentiu.

    Após limpar sua espada, ele a soltou.

     

    Hela, a bruxa, após ser salva por Morrigan, se tornou eternamente devota a ele. A partir daquele dia, ela decidiu seguir suas ordens, dar seu corpo a ele, matar por ele, viver por ele. Não iria viver mais sem ele. Se ele morrer, ela se mataria. Se ela morresse, faria com que sua morte garantisse o melhor para ele.

    Tenho pena de você se achou que ela é apenas uma louca pervertida.

    Se ela fosse apenas isso, Morrigan nunca teria a salvado. Hela é astuta, forte e, particularmente, parece que os deuses gostam dela. Ora, Eles não são muito exigentes, sempre pedem por almas, sangue... e Hela dá isso para eles sem muito esforço e, na maioria das vezes, em grandes quantidades. Por isso, os deuses sempre emprestam suas forças para ela.

    Tenho pena de você se achou que ela é apenas uma louca pervertida.

     

    Morrigan estava sentado em seu trono. O manto vermelho que cobria seu corpo estava aberto na altura do peito, demostrando sua pele pálida tatuada com a imagem de uma costela, assim como em seu rosto se desenha a imagem do crânio. Seu cabelo longo e branco recaia sobre seus ombros. Parecendo entediado, ele abriu um jornal e começou a ler. Uma matéria que dizia que cinco jovens destruíram um vale por completo e desapareceram em meio a chamas coloridas o fez torcer os lábios, quase como um sorriso.

    – Nós somos seis, será que causaremos ainda mais destruição?

    Sombras tomaram conta da sala do trono, até desaparecem deixando Nif para trás. O homem loiro e de músculos medianos rapidamente girou sua lança e manteve-se em guarda com o olhar fixo em Morrigan. O aventureiro não usava nenhuma armadura, apenas vestimentas negra e azul simples.

    – Você deve ser o líder – afirmou ele, com o olhar sério.

    O necromante jogou o jornal fora e apoiou com os cotovelos no braço do trono.

    – Muito perspicaz – disse Morrigan, analisando meticulosamente o aventureiro.

    – Eu sou Nif, e irei matá-lo. – Nif girou a lança. – Que o Deus da cólera me abençoe.

    O braço direito de Nif emanou azul, e o tecido que cobria seu braço rasgou, demonstrando a tatuagem de dragão que cobria todo seu braço. O dragão ficou emanando um azul intensamente, que logo começou a emanar por todo o corpo do Aventureiro. Ele golpeou o ar com a lança, fazendo um corte azul ir em direção ao necromante. Ao contado, houve a explosão e a cortina de fumaça em seguida.

    – Um bruxo lanceiro? Bastante interessante, devo admitir. – A poeira se dissipou, demonstrando o trono e o chão destruído, mas Morrigan se manteve de pé, sem arranhão algum. – Eu sou Morrigan, o Rei Morto. – Ele pegou sua espada de ossos que estava cravada no chão ao seu lado e apontou para Nif. – E irei fazer você meu soldado zumbi.

    Sem hesitar, Nif avançou e saltou. No ar – o azul emanou mais forte –, ele girou e golpeou com a lança, porém Morrigan defendeu facilmente brandindo sua espada de ossos contra a lâmina – a explosão azul resultou não se fragmentando e um pequeno tremor. Os dois pressionaram uma lâmina contra a outra por um tempo, até Morrigan dar um salto para trás, e Nif acertou o chão. De imediato, Nif continuou sua ofensiva com uma estocada. Sem dificuldade, Morrigan desviou completamente a estocada dando um tapa na lança – Nif arregalou os olhos de surpresa – e, tendo sua perna esquerda como eixo, ele girou e acertou o aventureiro na costela com um chute, arremessando-o para fora da sala do trono transpassando a porta.

    A sala que Nif estava agora era a parte mais ampla do castelo, a recepção. Ali era o lugar onde o rei se pronunciava, então o espaço era para caber muitas pessoas. Ele estava sangrando pela boca, e, ao levantar, sentiu uma dor aguda na costela e colocou a mão na região da dor involuntariamente.

    Quando a porta da sala do trono veio completamente ao chão, Morrigan apareceu e ficou fintando o aventureiro de lá.

    – É só isso que você tem, ou...?

    – Não se ache, seu lixo! – vociferou Nif, com os olhos ardendo em fúria.

    Aquilo fez Morrigan sorrir, abrindo os braços em seguida.

    – Vamos lá, então. Estou lhe dando a oportunidade para me atacar. – Seu olhar se transformou em um de superioridade. – Seres ínfimos como você não tem está oportunidade diante de um rei.

    Com fúria ardente em seus olhos, Nif começou a girar sua lança acima da cabeça.

    – Nada que você ou seu grupinho fazer dará em algo. A morte sussurra o nome de cada um de vocês, e os Deuses da Morte irão levá-los até ela.

    A energia azul envolta do corpo de Nif se intensificou, e ele cravou a lâmina da lança no chão. O castelo estremeceu. Morrigan saltou em direção ao alto teto, e pilares de energia azul começou a emergir do chão. Ao voltar seu olhar para o aventureiro, Morrigan viu ele girando a lança de um lado para o outro. A energia começou a seguir o ritmo da lança e começou a ter uma forma. Nif apontou a lança para o necromante, e um dragão enorme de energia azul subiu em sua direção.

    – Que saco – reclamou Morrigan.

    Espinhos de ossos no cabo da espada do Morrigan perfuraram sua mão, fazendo o sangue negro escorrer pela lâmina de ossos. O sangue negro começou a se fundir com a espada, resultando um vapor negro exalando.

    – Magia de sangue dos necromantes...

    Morrigan cortou o ar com a espada. A energia negra que saiu em forma de arco cortou o dragão de energia azul facilmente – a energia se dissipou no ar em seguida – e também cortou a longa extensão da sala de entrada do castelo, passando poucos centímetros do ombro do aventureiro.

    O necromante pousou no chão, sua expressão era indiferente, enquanto Nif manteve os seus olhos arregalados em descrença.

    Um tremor veio do lado direito do castelo; Morrigan voltou sua atenção para o lado da explosão.

    – Um de vocês conseguiu irritar Hela, bastante surpreendente.

    Voltando sua atenção para o aventureiro, Morrigan viu que a expressão e postura dele mudou de espanto para solene.

    – Pensei que me ver acabando com seu ataque mais forte tão facilmente desencorajaria você – disse Morrigan.

    – Não posso parar até que você esteja morto, se não mais mortes ocorrerão.

    – Entendo. – Morrigan suspirou. – Bem, meu plano agora está completo.

    – Pla-

    Nif viu a perna do necromante poucos centímetros de seu rosto. Morrigan acertou um chute na face do aventureiro tão forte que o arremessou violentamente para o lado de fora do castelo.

    A dor que Nif sentia em sua cabeça era intensa, seu nariz sangrava e sua visão vacilava. Ele começou a sentir algo agarrar sua perna, e começou a se debater para se livrar. Entretanto, mais toques tentavam o segurar. Quando Nif firmou sua visão, percebeu que eram dezenas de mortos-vivos tentando o imobilizar junto com mãos esqueléticas emergindo do solo.

    – Feri-lo gravemente seria um problema após eu te transformar em um dos meus zumbis. Então precisei enrolar na nossa luta até conseguir reunir alguns de meus mortos-vivos.

    Escutando a voz do necromante aproximando-se, Nif começou a se debater desesperadamente, mas não importava de quantos mortos-vivos ele se livrava, outros sempre os agarrava em seguida. Ao olhar para cima, viu Morrigan espalhar sangue negro pela espada de ossos. Ele tentou reunir força da energia azul, mas nada veio.

    O deus da Cólera havia o abandonado.

    Nif parou de debater-se.

    – Não vou mentir, vai ser uma morte dolorosa – afirmou Morrigan. Ele ergueu a espada com a ponta para baixo e sangue negro começou a gotejar.

    – Não vou gritar.

    Morrigan abriu um largo sorriso sádico. Abaixou a lâmina, cravando-se diretamente no coração de Nif, que cerrou os dentes de dor, sem gritar.

    – Faço a ti meu lacaio.

    Nif sentiu uma queimação interior.

    Morrigan retirou a lâmina e o sangue negro cristalizou-se na ferida.

    As veias do aventureiro começaram a ficar negras e começou a retorcer seu corpo. Nif berrou.

    Cessando os gritos, os mortos-vivos soltaram Nif. O corpo dele tornou-se pálido, com algumas veias ainda negras; seus olhos estavam vazios. Ele se levantou e ajoelhou-se perante ao Rei Morto.

    Continua...


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