Olá, gente bonita! Sou nova no site e digamos que um pouquinho veterana na escrita, rs. Estarei publicando fanfics neste site a partir de agora devido a uns probleminhas. O Only Animes foi onde eu conheci o mundo das fcs, e me sinto orgulhosa por voltar aqui e poder publicar! Bem, "Abelha Siberiana" tem uma história muito amada por mim, escrevi ela numa forma de terapia, pois eu estava passando por uns momentos difíceis. Então, ela tem um preço consideravelmente grande pra mim, e que eu espero de coração que vocês, amantes de YOI, gostem!
No mais, lhes desejo uma ótima leitura!
Já faz algum tempo que comecei a ter gosto por flores amarelas. Na verdade ter gosto por flores. Parecem transmitir alegria ou algo do tipo, não sei. Aliás, quando foi mesmo que comecei a ter gosto pelas coisas? Oh sim, foi quando conheci você.
— Otabek, suas malas estão prontas? - perguntou minha mãe de outro cômodo.
— S-sim. - tentava fechar a última mala com dificuldade.
Eu não entendia o porquê tínhamos que nos mudar. Meu pai era o médico mais famoso da Florida. E por ser "famoso" ele foi contratado para cuidar de você na congelante Sibéria. Sua família era bilionária, por que não contrataram um médico de lá? Por que meu pai? Graças a você, eu, outra vez, deixei mais um país.
— Pegou tudo? - perguntou meu pai assim que as últimas malas foram postas no táxi.
— Sim.
É claro que eu estava odiando aquilo. Já tinha dificuldade para fazer amizades e não duvidava muito que faria uma quase do outro lado do mundo.
O taxista ajudou pôr o restante das malas e fomos para o aeroporto. Eu gostava da Florida, mas naquela época eu sentia muita raiva dos meus pais. Não entendia porquê tudo tinha de ser do jeito deles. Eu nem mesmo sabia o que você tinha, sempre era o último a ficar sabendo das coisas.
Tudo virou de ponta-cabeça quando colocamos os pés em Novosibirsk.
Era primavera na Sibéria, a casa que meu pai comprou localizava-se em frente a um parque no centro da cidade. Todas aquelas árvores e flores em volta despertaram um certo desejo de eterniza-las em uma pintura. Sempre foram tão belas, afinal. Chegamos lá pelas 05:00pm e parecia um lugar mágico. A casa era muito bonita e grande, mas não tão grande quanto a casa ao lado. A casa que você morava. Parecia ter uns três andares se pensar exageradamente, mas muito bela. O corretor nos mostrou nossa casa cômodo por cômodo, tudo cheirava a novo e era raro ver meu pai sorrir como sorria naquela vez.
— Bem, é isso. Eu espero que gostem e que sintam-se a vontade aqui. Poucas pessoas escolhem Novosibirsk para morar. Tenham um bom início de noite! - despediu-se e saiu em direção à porta principal.
Minha mãe, que era fascinada por cozinhar, foi logo para a cozinha pensar no que prepararia primeiro. Meu pai deu mais uma olhada na casa e em seu futuro escritório, restando apenas eu sozinho na sala de estar. A casa estava mobiliada e muito bem organizada, o corretor disse que os quartos estavam preparados para que pudéssemos descansar depois da viajem. De acordo com ele, o meu ficava no segundo andar. Subi as escadas sentindo o carpete fofo a cada pisada que dava. As escadas me levaram para um corredor no qual haviam três portas, a primeira era um banheiro extremamente grande, a segunda uma sala média e a terceira o meu quarto. Médio, semelhante ao meu anterior, num tom de areia com cortinas brancas. Uma brisa leve adentrava a janela retangular centralizada na parede ao lado de minha cama. Caminhei até ela e deixei que meu corpo afundasse.
— O que você guarda pra mim, Sibéria? - sussurrei.
— Otabek, desfaça sua mala. - pediu meu pai com a voz distante e abafada. Supôs que estivesse já na sala novamente.
Depois de ter posto minhas roupas nos seus devidos lugares, sentei no balanço que ficava no lado esquerdo de nossa varanda. Nosso bairro era bastante agitado, mas tudo sumia ao som de Roman Sky a todo o volume de meu iPod. Felizmente, meu pai cutucou-me.
— Gostaria de levar você para conhecer Yuri.
— “Yuri”...?
— Sim, o garoto de quem cuidarei. Será uma ótima oportunidade para fazerem amizade.
Meu pai sabia que eu era péssimo em apresentações. Odiava ter que me apresentar, pois sabia que tudo teria um fim. Odeio partidas.
Enquanto esperávamos o Sr. Plisetsky nos atender, meu pai continuava com as perguntas idiotas dele.
— Você continuará com as pinturas?
— Sim.
— Há uma sala ao lado de seu quarto, uma boa para suas pinturas. Falei com o corretor e ele disse que uma loja de tintas fica há uns dois quarteirões daqui.
— Está bem. Irei lá mais tarde.
Eu não estava interessado em qualquer coisa que ele me direcionasse, só estava o acompanhando por respeito.
— Dr. Altin! Mil desculpas pela demora. Entrem, é primavera, mas ainda assim fria. - um homem alto com cabelos claros vestindo um terno cinza escuro nos deu passagem para dentro de sua casa.
Como dito anteriormente, era belíssima! Sua sala de estar possuía um quadro que ocupava a parede inteira. Era um pôr-do-sol muito bem trabalhado. As cores perfeitamente escolhidas, aquele laranja do qual nunca consegui acertar o tom. Tão belo...
— Este é seu filho?
— Sim. Otabek, tire os fones, por favor. - eu estava completamente encantado com a pintura que esqueci de meu pai e do próprio dono daquele quadro.
— Perdão. Otabek Altin. É um prazer.
— O prazer é todo meu! Yuri está nos fundos brincando com alguns amigos. Se quiser participar, sinta-se em casa. - ele sorriu amigavelmente.
Sorri de volta e procurei pelo "nos fundos” passando por mais cômodos luxuosos. Conseguia ouvir algumas risadas e vozes, mas fui enfeitiçado novamente por uma pintura do que parecia ser, uma sala de música. Havia um piano, dois violoncelos e um violino perto das janelas centrais, mas nada tão perfeito quanto a parede pintada. Era um céu azul levemente claro com nuvens em tons de rosa suave e branco, carregadas de anjos com violinos e arpas. A pintura cobria a parede inteira... eu sempre quis fazer algo assim, mas meus pais nunca permitiram.
— Quem é você?
Já esteve em um momento que dormia e de repente algo faz com que seu corpo leve um pequeno "choque" e você praticamente pula do colchão? Isso acontece quando o corpo entra em relaxamento profundo, mas a mente continua ativa, o cérebro emite um alerta para o corpo reagir. É daí que surge a sensação de queda, comigo foi quase isso, porém, eu estava completamente acordado.
Segui a voz virando-me para trás.
Baixo, cabelo padrão, loiro, pele pálida. Olhos verdes levemente puxados... Seu rosto jovem e fino daria uma bela pintura. Acho que passei uns cinco minutos o observando.
— M-me desculpe. Otabek Altin. Sou o filho do médico.
— O que o meu pai contratou. - sorriu como um ato de boas-vindas. — Yuri Plisetsky. É um prazer, Otabek Altin.
A primeira impressão que tive de você foi de uma criança mimada pelos pais. E você era mimado, só não sabia disso.
— Você gostou? - apontou para a pintura.
— Sim, é lindo.
— Você pinta? - olhei para seu rosto e você olhava para minhas mãos que guardavam resquícios de tintas.
— Nada muito sério, mas pretendo trabalhar com isso futuramente.
Você tinha 12 anos quando o conheci, três anos mais novo que eu e seu modo de pensar nunca mudou. Sofria de Não-Hodgkin, um câncer que está entre os mais perigosos do mundo. Você também tinha anemia e isso desde os 8 anos de idade.
— Vejo que já se conheceram! - nossos pais adentraram a sala de música. — Yuratchka, esse é o Dr. Altin de quem lhe falei. Ele passará mais tempo com você de agora em diante.
Seus olhos fugiram dos meus para os de meu pai. O sorriso simpático e o modo clássico de um aperto de mãos foram dados por vocês dois.
— Yuri Plisetsky.
— Dr. Altin. É um prazer conhecê-lo, Yuri.
Assim que as apresentações foram realizadas, o Sr. P, como o chamo até hoje, mostrou a casa para meu pai. Já que ali seria seu novo ambiente de trabalho, talvez isso tivesse feito a minha mãe feliz, pois ele voltava todas as noite para o jantar.
Sou o tipo de pessoa que pode estar com os pés fixos no chão, mas a mente voará para longe se deparar-me com uma pintura. E Yuri sempre foi o contraditório de tudo.
— Otabek Altin? - despertou-me pela segunda vez.
— Sim?
— Venha, vou apresentar você para os meus amigos. - vez sinal para que eu o seguisse.
Quando alguém anuncia apresentar-lhe para os amigos, isso o faz amigo deles também... certo? Então, você foi o meu primeiro amigo. Guiou-me para uma estufa de um formato redondo. Não era muito grande, mas muito bonita. Nela haviam todos os tipos de plantas e flores, alguns cactos e frutos, logo à frente em volta de uma pequena mesa redonda, estavam o que supôs ser, seus amigos.
— Chloe e Alexey, este é Otabek Altin.
Senti-me um peixe fora da água. Para falar a verdade, eu senti que o errado ali era eu. Chloe e Alexey eram como você, a menina possuía câncer e o outro garoto usava muletas. Eles frequentavam o mesmo hospital.
— Olá. - disse, logo recebendo cumprimentos.
Não que ser amigos de pessoas doentes fosse errado. Só achava que eu deveria ter alguma doença também.
— Você é americano? - você perguntou sentando ao lado de Chloe.
Juntei-me à mesa.
— Cazaque.
— Isso é muito legal! Somos todos de um canto do mundo. Eu nasci na Dinamarca, mas cresci na Rússia. - disse a garota.
Você era o tipo de pessoa que analisava cada detalhe sem deixar um passar. Com os olhos cerrados, olhava fixamente para meu rosto enquanto Alexey balbuciava algo que não dei muita importância.
— Você tem mesmo os ares de quem é do Cazaquistão. Onde aprendeu russo? - perguntou.
— Antes de vir para cá, já passei por outros dois países. Morei nas cidades Barnaul e Orlando.
Fez uma série de perguntas, mas não permitindo que eu o fizesse também. Tanto que continuou sendo um mistério. Mas fui conhecendo-o em convivência com o siberiano. Você tinha aulas partículas pela manhã e música após o almoço até às 03:00pm, sem falar nas consultas com meu pai que eram três vezes na semana às 09:00am. Enquanto eu apenas estudei pela manhã até meus 17 anos e passei as tardes pintando.
Embora fossemos vizinhos, eu não o via todos os dias. Quando conseguia, o observava da janela de meu quarto que era de frente para o seu, você às vezes lia um livro grande marrom ou jogava vídeo game. Sempre sério e calmo, uma parte de mim quis aproximar-se, mas a outra dizia que eu só atrapalharia. Você parecia tão sozinho naqueles dias...
— Por que não o faz companhia? - perguntou minha mãe sem ao menos anunciar que entraria em meu quarto.
— M-mãe... você me assustou...
— Por que ficar observando daqui? Você parece gostar dele.
Eu era um garoto de 15 anos bastante antissocial. Na minha antiga escola nem mesmo os garotos chegavam perto de mim, quem dirá garotas. Eu me sentia patético por não conseguir fazer amigos, e você sempre fez isso tão facilmente. Eu nunca consegui lhe acompanhar.
— Oh, olá! Você é o filho do médico de Yuri, não? - arrisquei-me ir em sua casa e a empregada recebeu-me.
—Â S-sim. Estou procurando por Yuri.
— Claro, entre! Ele está no quarto.
Era a primeira vez que fazia aquilo, a primeira vez que visitaria um amigo e mesmo assim a palavra soava estranha dentro de mim. Chegando em seu quarto você estava em total silêncio, supôs que estivesse lendo aquele livro grande. E eu estava certo. Do arco de sua porta, observava você deitado com os pés na persiana e a cabeça para fora da cama. Eu estava muito bem apenas o observando, mas meu tênis fez um rangido em seu porcelanato.
— Hum? Oi, Otabek Altin. - sentou-se com as pernas encolhidas em na cama.
— O-oi... o que estava lendo? - escondi o constrangimento de corar na frente de uma criança.
Fez sinal para que eu me sentasse junto.
Seu quarto era na cor azul claro e muito bem arejado. O vento que vinha da janela era fresco assim como o cheiro de erva-doce do ambiente.
— "A Vida e Morte das Abelhas", meu livro favorito!
Esse era um lado seu que eu sempre procurei entender: a fascinação por abelhas. No terraço de sua casa, havia um jardim só seu. Pensei na estufa na qual você havia me levado na primeira vez, mas disse que ia lá escondido de seu pai. Então ele fez um mini jardim com algumas plantas e girassóis no terraço.
— Abelhas...?
No início eu achei uma piada, mas você pareceu falar sério.
— Sim! E um dia eu vou ter uma criação! - você sorriu e seus olhos foram prensados pelas bochechas rosadas e sardentas.
Foi nesse seu ato de sorrir que notei aquelas lindas e quase transparentes sardas que habitavam suas maçãs e nariz. E eram apenas vistas bem de perto, o que poucas pessoas tinham sorte.
Eu fui louco e acreditei em você, fiquei te imaginando pequeno daquele jeito com uma roupa enorme de proteção. Eu sorri pensando nisso diversas vezes quando sai de sua casa naquele dia. Você nunca gostou de coisas que estavam dentro das leis de sua vida, um exemplo disso foi quando você comeu biscoito de chocolate mesmo sendo alérgico ao doce que toda criança ama. Você quase morreu, mas disse que era gostoso e que precisava comer. Você amadureceu tão cedo, Yuri. Lidava com seu câncer de uma maneira tão pacífica para uma criança. Em minha presença você sempre pareceu tão alegre e agitado, mas e quando eu não estava? No que você pensava? Foi uma infância difícil. Teve vezes que você tinha de ficar o dia inteiro de cama tomando diversos medicamentos, e por alguns ser forte demais, você os vomitava depois, nada do que você ingeria matava a anemia e alguns diminuíam as possibilidades do câncer espalhar-se mais.
Ao lado de sua cama havia uma foto de uma moça muito bonita. Ela trajava uma jaqueta jeans azul clara com um tigre atrás. A moça que era loira, estava de costas e olhava para trás com um belo sorriso... como o seu.
Notando meu silêncio ao olhar aquela foto, você sabia que eu tinha dúvidas quanto a ausência de sua mãe.
— Essa é a mamãe. - você pegou a moldura branca de cima de seu criado mudo. — Nasci quando ela tinha 16 anos, três anos depois ela morreu de overdose.
Seu nome também tinha uma história. Um dia, quando você estava em consulta com meu pai, o Sr. P disse que foi ele quem escolheu seu nome. "Yuri" seria o retrato perfeito de sua mãe, "Yulia". Era sua pequena e rara peça. Seria a única "abelhinha" de seu jardim, como a própria dizia. E eu não posso deixar de comentar o quanto eram idênticos! Os mesmos cabelos curtos, a cor dos olhos, a pele claríssima, o rosto, tudo era dela. Mas para você, Yuri, sempre foi muito doloroso se parecer com sua mãe.