Necromante - Os Deuses da Morte

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 3

    A Bruxa e a Feiticeira

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Violência

    Yoo, como estão?

    Referente a frequência de postagem dessa história, não sei se muitos perceberam, mas ela vai ser mensal. Para ser mais exato, irei postar todo último domingo do mês

    Eu sei que é pouco, mas é o que o meu tempo me permite

    Boa leitura ^^

    Na ampla sala de jantar do castelo, estava Hela, a bruxa. Com um caldeirão sobre a lenha, ela mexia o liquido roxo escuro dentro dele. De dentro de seu manto negro, Hela retirou algumas ervas com coloração laranja e despejou dentro da caldeira. Ela sussurrou palavras que pareciam não fazer sentindo e em voz alta disse:

    – Deusa da Benevolência, suplico-lhe um pouco de sua benção em troca das almas que serão perdidas graças a ti, minha deusa.

    Os olhos vermelhos de Hela se encandeceram. Retirou um fio de cabelo, jogou na substância e voltou a mexer. O líquido roxo escuro começou a ficar laranja e a encandecer.

    A escuridão tomou conta de uma parte da sala, e uma mulher saiu dela. Ela trajava manoplas poderosas: grandes, prateadas com adornos dourados. Sua armadura era leve, tanto que conseguiu desenhar nitidamente as curvas do corpo da jovem. Seu cabelo era curto e negros – assim como o de Hela – e os olhos eram castanhos escuros.

    Hela levou seu olhar para sua visitante.

    – Ora, parece que estamos sendo invadidos – disse ela, ainda mexendo a substância.

    A intrusa rapidamente se colocou de pé e manteve os punhos erguidos.

    – Q-quem é você?! – questionou a jovem.

    – Hela, um dos Deuses da Morte – se apresentou, com a voz calma. – E você é?

    – Lara.

    Hela notou a fúria que a Lara emitia no olhar.

    – O que lhe deixa tão brava, Lara? – perguntou.

    – Um dos seus fizeram minha amiga se matar – respondeu friamente e com o olhar sério.

    – Ahriman é um tanto quanto ardiloso, não?

    – Vamos ficar conversando ou iremos começar a lutar? – Lara replicou, com raiva.

    – Ah, minha querida... – Hela abriu um sorriso doce, fazendo as tatuagens de costura nas laterais de seus lábios se curvarem. – Você está em um território inimigo, sua luta começou faz tempo.

    Um boneco de pano de dois metros apareceu de repente na frente de Lara e atingiu seu estômago com um soco de baixo para cima, fazendo-a voar. Ela se chocou contra o teto – lascas de pedras se soltaram – e caiu de bruços no chão, e as pedras caíram em cima de suas costas. O sangue escorria pela boca da jovem, enquanto ela agonizava.

    Hela suspirou.

    – Será que todos os aventureiros de hoje em dia são tão tolos assim? – questionou ela, voltando a atenção em sua substância.

    A jovem aventureira apoiou seus punhos no chão para conseguir se levantar, com um pouco de dificuldade. As manoplas começaram a emanar um brilho dourado. Lara avançou desferindo um golpe de direita, e o boneco de pano respondeu desferindo um soco com a direita também. Com o impacto, a pressão das forças fez as mesas ao redor se esvoaçarem. A aventureira concentrou sua força em seu punho esquerdo e acertou o boneco de pano, atirando-o para o outro lado da sala.

    Hela assobiou.

    – Nada mau, garota – admitiu ela, ainda dando foco em sua substância.

    Lara apareceu acima de Hela, pronta para acertá-la com um soco revestido com sua manopla, contudo o boneco de pano acertou-a com um chute, arremessando-o direto para parede, longe de Hela.

    – Desculpe, mas meu rei me pediu para que fizesse essas poções. Somente ameaças para o meu rei me tirariam daqui. – Hela olhou para a jovem. – E você não é uma ameaça.

    – Como você consegue? – disse Lara, erguendo-se do chão. Seu corpo estava ainda mais ferido. – Como você consegue ser tão... normal... mesmo depois de matar tanta gente? Tantos inocentes!

    – Ora, é óbvio, não? – Hela sorriu. – Eu simplesmente não importo com eles, da mesma forma que eles não se importam comigo. Como nunca se importaram comigo.

    O boneco de pano avançou.

    A energia dourada emanou por todo corpo da jovem aventureira.

    Lara desviou do soco do boneco jogando seu corpo para o lado, agarrou o pescoço dele, afundando-o no chão em seguida. Ela começou uma sequência de golpes fortes com seus punhos no boneco – apesar do monstro não ter carne para sentir algo. Lara pisou no peito do boneco de pano e puxou os dois braços dele até serem arrancados. Um brilho azul começou a vazar pelos rasgos. Ela segurou o boneco e jogou em direção a Hela, acertando o caldeirão e derramando todo o líquido ali dentro, que se tornou roxo-escuro ao esparramar-se no chão.

    – SOU UMA AMEAÇA AGORA?! – gritou Lara.

    Hela subiu seu olhar do líquido esparramado para a aventureira. Lara, ao ser encarado pelo olhar frio e expressão seria de Hela, sentiu medo, tanto que recuou um passo inconscientemente.

    – Meu rei desejava muito esta poção, e você a estragou. – Hela manteve o olhar fixo nela. – Oh, Deus da Conflagração, conceda-me um pouco de sua força para que eu possa punir está criança malcriada, por favor.

    Tatuagens nas duas mãos e no pescoço de Hela acenderam-se em um laranja quase incandescente.

    Ela flexionou os joelhos e saltou em direção a jovem. Hela foi tão rápida que Lara não teve outra opção a não ser concebida por um soco forte na barriga, onde o antebraço de Hela se afundou praticamente todo. A aventureira vomitou sangue, seu corpo vacilou, mas, antes que caísse, Hela a agarrou pela cabeça e começou a apertá-la.

    Lara soltou gemidos de dor.

    Hela a arremessou violentamente para o outro lado da sala, deixando rastros de destruição.

    Caminhando calmamente, Hela se aproximou. Imediatamente, Lara se levantou e desferiu um soco de direta, mas Hela segurou o soco com sua mão. O chão em volta delas se despedaçou com o impacto. A aperto de Hela era tão forte que a manopla se fragmentou. Com uma joelhada no cotovelo, Lara teve seu braço direito quebrado. Ela gritou de dor, e, para silenciá-la, Hela afundou a cara dela no chão e pisou em cima. Hela segurou o braço esquerdo da jovem e forçou até quebrá-lo.

    Agora, os gritos foram abafados.

    Hela levou Lara até perto do líquido a arrastando pelo cabelo. De dentro de seu manto negro, ela retirou um punhal de ossos, e ergueu a cabeça da menina até que ela pudesse vê-lo.

    – Meu rei me presenteou com este lindo punhal de ossos. E você irá ser presenteada com o seu perdão dando o seu sangue. – Hela fez uma pausa. A menina começou a chorar. – E sua alma será entregue a Deusa da Benevolência, conforme o trato que fiz a ela.

    Hela talhou a garganta de Lara, o sangue rubro se misturou com o líquido roxo escuro, e corpo dela recaiu aos engasgos sobre o líquido também.

    Hela caminhou em direção a saída.

    A cor da substância se transformou em um laranja brilhoso.

    A sala de jantar explodiu.

     

    "Ahriman é tipo de ser que você nunca deve encontrar. Ele é extremamente vil, cruel e impiedoso. Brincar com sua mente é o que lhe agrada, o que lhe diverte. Ah, meus caros leitores, um ferimento psicológico é muito mais doloroso do que um ferimento físico; e Ahriman vai além: enquanto inflige danos físicos, ele se diverte com a mente medíocre de sua presa.

    Ahriman é o tipo de ser que você nunca deve encontrar."

     

    Aisa, a feiticeira, estava na floresta, onde um lago cristalino se fazia a sua frente.

    Ela se despediu de suas vestimentas de tecido roxo. Em sua pele morena, várias cicatrizes se encrustavam: em seus braços, seios, barriga, costas, bunda, pernas. Algumas se desenhavam em auto relevo, outras não – haviam algumas quase imperceptíveis.

    Cansada e com calor, Aisa se jogou na água cristalina do lago. Após ficar submersa por um tempo, ela voltou a superfície e começou a boiar. A feiticeira fechou os olhos e controlou a respiração.

    Aisa sentiu o vento roçar sua pele; a respiração das árvores; o ondular da água; o sussurro dos insetos...

    "Algo de errado vai acontecer", ela pensou, e imediatamente saiu da água e vestiu-se novamente. Chacoalhou seus cabelos negros para tirar a água do mesmo.

    Ela caminhou entre a floresta que cercava os arredores do reino. Ao chegar a estrada, Aisa logo se deparou com alguns mortos-vivos de seu rei estatelados no chão. Despreocupada, voltou a seguir o caminho.

    Uma grande quantidade de mortos-vivos ainda cercava o reino de Talles, apesar de alguns terem sido trucidados pelos intrusos.

    Quando, enfim, Aisa pode começar a enxergar os portões do reino, uma mancha negra emergiu a sua frente tampando sua visão. Ao desaparecer, a sombra deixou uma jovem de cabelos curtos e azuis. A roupa que ela trajava era tão simples que parecia ser de camponesa. Abraçado em seu peito, estava um livro. Ao deparar-se com a mulher em sua frente, a jovem saltou para trás.

    – Quem é você? – perguntou Aisa, com indiferença em sua voz.

    – Luna – ela respondeu. – E estou encarregada de acabar com quem causou isto a este reino.

    – Ah. Isso facilita.

    Por um instante, Luna sentiu uma brisa fria.

    Aisa esticou seu braço direito de baixo para cima, e o gelo pontiagudo – vindo do chão – começou a trilhar um caminho em direção a jovem. Luna rolou para o lado, e o gelo pontiagudo rasgou sua perna, levemente profundo. Ela sentiu um misto de dor e frio.

    Aisa ficou impressionada que a Luna continuou a olhar para ela sem medo em seu olhar. Apenas um olhar sereno, mas raivoso. Gostando disso, Aisa decidiu mantê-la viva por mais um tempo.

    – Por que vocês aventureiros são assim? Digo, eu perguntei seu nome, e você simplesmente respondeu, mesmo sabendo que eu era sua inimiga. – Aisa fez uma careta. – Além do mais, afirmou que queria me matar logo de cara.

    – Sei lá. – Luna tocou a feriada em sua perna, e fez uma rápida expressão de dor. O sangue não jorrou, pois congelou, mas começara a escorrer gradativamente. – E por que você se tornou esse ser desprezível que é hoje?

    – Muitos motivos – respondeu Aisa, seu tom revelava sinceridade.

    Luna riu com escárnio.

    – O que uma pessoa privilegiada como você, que nasceu com um dom, uma feiticeira, não ganhou nesta vida? Muito dinheiro?

    – Privilegiada? Dom? – repetiu Aisa, com fúria. Ela balançou a cabeça e negação e disse com calma novamente: – Uma pessoa ignorante como você nunca entenderia a maldição que é nascer com poderes.

    Quando a feiticeira voltou seu olhar para a jovem, ela estava com o livro aberto e recitava algo. Da palma direita da Luna com os dedos abertos, um círculo mágico surgiu e raios dançaram no ar em direção a Aisa. De uma maneira incrivelmente rápida, um muro de gelo emergiu e bloqueou todo o raio – os finos e inofensivos estilhaços de gelo caiam como chuva. Quando Luna conseguiu observar Aisa de novo, viu um pedaço pontiagudo de gelo vindo em sua direção, e se encrustou em seu ombro esquerdo. A maga grunhiu de dor, mas forçou-se a não gritar.

    – Nunca vi uma maga que utiliza grimório, só cajados – observou Aisa.

    – Você é muito forte – lamentou Luna, com expressão de dor em seu rosto.

    – É. Bem, você só está viva porque eu quero.

    – Os outros também são fortes assim?

    Aisa assentiu.

    – Alguns são ainda mais fortes que a mim. – Ela bocejou. – Nós, Os Deuses da Morte, somos terrivelmente fortes.... Iremos matar o imperador, afinal.

    Os olhos de Luna se arregalaram tanto que Aisa achou cômico e se segurou para não rir.

    – Vocês estão loucos?! – vociferou a maga. – Desafiar o imperador é o mesmo que declarar guerra a todos os reinos!

    Ao olhar para os olhos da feiticeira, Luna encontrou algo diferente... um olhar vazio e ameaçador. Pela primeira vez, ela sentiu medo.

    – Nós perdemos a sanidade há tempos, moça – disse Aisa, encarando-a.

    Luna mordeu o lábio.

    – Nós iremos matar vocês e salvar o império. – Luna abriu o grimório. – Página quinhentos e vinte e cinco: sopro do dragão.

    O livro foliou, as letras se incandesceram e um vapor quente foi disparado livro. O vapor era tão quente que o gelo derreteu rapidamente. Mas Aisa não parecia se incomodar com o calor.

    – Seu gelo não vai surtir mais efeito – disse Luna, com fervor.

    – Entendo.

    Luna começou a recitar algo.

    O braço direito de Aisa começou a arder em chamas laranjas. Antes que a maga pudesse terminar de recitar, o turbilhão de chamas a atingiu. Ela começou a rolar com corpo em chamas pelo chão e a gritar.

    Aisa voltou a caminhar calmamente em direção ao reino e disse:

    – Você errou em muita coisa, mas só irei citar duas. A primeira, você errou ao achar que eu só invocava gelo. Segunda, se eu contei os planos do meu rei, você nunca sairia daqui viva. Se não tivesse anulado meu gelo, teria uma morte menos dolorosa.

    Então, Aisa foi embora, deixando Luna em chama para trás, onde lançava gritos agudos de dor.

    Continua...


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!