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?Inspirada na obra de George R.R. Martin?
Era um frio fim de tarde, o sol descansava deitando-se sobre as escuras montanhas de Gôrandor , ao sul, tingido de um vermelho tão profundo como sangue, de modo que parecia anunciar uma trágica morte no fim daquele dia.
Sor Berart Helmer caminhava pesadamente com sua armadura de corpo inteiro, suando apesar dos cortantes sopros de vento que o rodeavam. Sua mente era pura tensão, e seus dedos chegavam a doer segurando o martelo de guerra herdado de seu pai, pendente em suas costas, A floresta era aberta e possuía mais terra que vegetação, constituída apenas por altas e velhas árvores.
-“Ele roubou minha amada”- Sussurrou para si mesmo –“E não deu nenhum valor a ela”. “Vou matá-lo”.
A fúria percorria seu corpo, que parecia estar quente à um ponto febril.
Não tardou, e ele avistou o esperado. Um cavaleiro de armadura negra, que reluzia em vermelho ao pôr-do-sol, andando apressadamente ao lado do riacho da Cachoeira Sagrada. Segurava firme o punho de sua espada embainhada em sua cintura, e possuía um olhar tão fixo quanto o de um predador visando sua vítima. Sor Berart desprendeu o pesado martelo de suas costas e começou a andar em direção ao cavaleiro como olhar tênue e cerrado por baixo do elmo.
Sir Aldrik Slayer era um homem geralmente calmo, que combatia seus inimigos com frieza e calculismo, sendo fatal em todas as vezes. Era mau olhado por isso. Seu clã era conhecido pela ferocidade em batalha, gerida pela extrema fúria natural presente no sangue de seus familiares antecessores. Nunca tinha perdido o controle em toda sua vida desde que se tornou um cavaleiro da guarda real. Mas daquela vez seus olhos brilhavam clamando por sangue. Seu rei havia sido enganado e morto por Sor Berart Helmer, o comandante da guarda real do Rei Friedrick, em uma emboscada planejada pelo reino de Midriard, originada pela revolta de Sor Berart devido a morte de sua futura esposa, pelo sofrimento e desgosto originados da rejeição de Sor Aldrik, que prometeu nunca esquecer e preservar a memória de sua querida e também falecida esposa. A Princesa Rosalyn de Midriard abandonou tudo para ir buscar o amor de Sir Aldrik do reino de Vaederland, que não deu a atenção que ela esperava, e isto para ela foi o fim.
Mas isto não era justificativa para uma revolta tão radical, assim pensava Sir Aldrik. Comovido com a morte da filha, o Rei Friedrick, junto com Sor Berart, planejou uma falsa reunião política com o também Rei, Manfred, e , quando tiveram a oportunidade, mataram-no sem dó nem piedade. Sir Aldrik, que estava fora no momento, se enfureceu quando chegou ao palácio e ficou sabendo do acontecido. Imediatamente foi atrás dos assassinos do reino de terra seca, com o sangue fervente nas veias.
Quando os dois se avistaram, não disseram uma palavra. Apressaram o passo em direção ao adversário de forma brusca e atirada. Sor Berart já empunhava seu martelo de guerra grande e pesado, mas que conseguia manejar com facilidade. Sir Aldrik desembainhou sua espada Flameryann, que reluzia à luz carmesim emitida por trás das montanhas. Sua lâmina prata escura possuía bordas em vermelho vivo, e duas espessas linhas que surgiam destas bordas que se encontravam na ponta da espada. Sua guarda e punho, do mesmo material, eram angulosos e negros como a noite. Sor Aldrik avançava tenso, com a mão dura como rocha no couro preto da espada. Ele a empunhou com as duas mãos e se preparou para o choque.
Quando os metais se encontraram, Sir Aldrik sentiu a força do impacto que aquele martelo poderia causar. Uma de suas mãos se soltou da arma e ela rapidamente voltou para trás. Num novo golpe, o Slayer tentou bloquear, mas teve sua espada jogada longe. Sor Berart não teve pena. Acertou em cheio em cheio o rosto de Sir Aldrik, que cuspiu sangue e dentes ao chão.
-Isto foi por Rose!- exclamou, com a voz estridente, e preparou-se para atacar novamente.
-E isto é por Midriard!!- E desceu seu martelo contra a face de Sir Aldrik
-Cale a boca!!- O Slayer mesmo tonteando, deu um forte chute na perna do Helmer, que se desequilibrou e se ajoelhou, usando o martelo para não ir por todo ao chão. Sir Aldrik com passos pesados. O Slayer não se conformava.
-Acha que é o único aqui que está lutando por algo?!- Exclamou. Sor Berart pesou o olhar e atacou, usando o martelo como se fosse esmagar. O Slayer apenas se esquivou levemente para a esquerda e feriu o braço do Helmer, que usou o outro para tentar socá-lo, em vão.
-Você e seu rei mataram covardemente Rei Manfred, a pessoa mais justa desse mundo!- argumentou Sir Aldrik
-Cale-se – Disse Sor Berart, e atacou como lado inferior do martelo, que possuía uma garra curva de aço com um perfeito fio perfurante. A ponta roçou no rosto do Slayer, que virou-se com o golpe, jorrando sangue. Se aquilo o acertasse em cheio, estaria em certos apuros. Sir Aldrik golpeou o peito de Soe Berart, fazendo um profundo corte até seu umbigo. Sor Berart berrou de dor. O sangue caía na terra como se irrigasse aquela infertilidade. O Helmer olhou com fúria para o Slayer, que não teve tempo de reagir. Sor Berart lançou o martelo com toda força, atingindo o estômago de Sir Aldrik, que caiu de joelhos. Pegou o cavaleiro com as mãos e começou a socá-lo, espirrando sangue para os lados. O Slayer apanhava violentamente, sem poder se mover. Após chegar a exaustão, o cavaleiro se levantou e largou o corpo ensanguentado de Sir Aldrik. Caiu de joelhos, e retirou a espada flamejante que lhe atravessava, e caiu de corpo inteiro, ali mesmo, desfalecido. Batallharam juntos e morreram juntos
O cervo e o dragão.