Meu Marido É Um Anjo Da Guarda

  • Finalizada
  • Aelita
  • Capitulos 12
  • Gêneros Bishoujo

Tempo estimado de leitura: 3 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 6

    Capítulo 5

    Boa leitura

    No final de semana, Lucy mal estava podendo esperar para tirar os sapatos e descansar os pés na cadeira que Natsu consertara para ela. Com todo o trabalho que se acumulara durante os dias em que ela tivera de se ausentar do escritório , quase não tivera tempo para nada ao longo dos últimos dias.

    Seu estômago roncou de repente, indicando que a ausência do almoço estava surtindo efeito. Lembrou-se que Natsu devia estar experimentando outa de suas receitas em casa.

    Durante a semana, ele tentara fazer receitas simples, que usavam apenas o forno de micro-ondas. Por precaução, ela pedira que ele não utilizasse o forno convencional. Não queria chegar em casa qualquer dia daqueles e encontra-la transformada em cinzas.

    Enquanto saía do carro, para abrir o portão, um furgão marrom parou a pouca distância. Um homem uniformizado entregou-lhe um pequeno pacote.

    Lucy franziu o cenho, olhando para a caixa.

    __ Para quem é –perguntou ao homem. __ Não estou esperando nada.

    Ele deu ombros e entrou novamente o  furgão.

    __ Provavelmente outra encomenda para Natsu –Disse ele. Com sorriso, acrescentou: __ Diga a ele que minha esposa quer aquela receita de bolo preparada no micro-ondas. Pegarei a receita quando votar a vê-lo, na próxima semana. –partiu em seguida, após um breve aceno.

    Natsu a encontrou à porta.

    __ Oh, ótimo. Já chegou –falou ele, ao ver a caixa.

    Fez menção de pegar o pacote, mas acabou desistindo.

    __ Abra –disse a ela. __Sei que você vai adorar.

    Lucy olhou para as pernas dele, surpreendendo-se ao ver que a calça havia sido cortada do joelho para baixo.

    __ O que aconteceu com sua calça social?

    __ Oh, ela virou bermuda. –Olhou com orgulho para a calça que ele mesmo cortara. __ Todos na televisão estão usando essa moda, então pensei em tentar fazer uma bermuda para mim. Só estou tendo um pouco de problema para ajustar as medidas.

    __ É, dá para perceber –anuiu Lucy, notando que uma perna estava mais comprida do que a outra. __ Não sei se teria feito isso se lembrasse quanto custou essa calça.

    Natsu deu de ombros.

    __ Pensei que houvesse sido um presente ou algo do gênero –justificou-se. __ Não imaginei que alguém comprasse propositalmente roupas desse tipo.

    __ Então pode se acostumar com elas, porque você tem um guarda-roupas cheio delas no seu apartamento.

    Nathan sempre usara roupas de grifes famosas, compradas em lojas exclusivas. Nunca vestia jeans e orgulhava-se de andar sempre com uma aparência impecável.

    Lucy achou engraçado que as roupas dele não combinassem nem um pouco com a nova personalidade que ele assumira depois do acidente.

    __ Se quiser, poderemos comprar roupas para você, no fim de semana.

    Natsu respondeu com um sorriso, indicando a caixa que ela ainda tinha em mãos.

    __ Não vai abri-la ?

    Lucy notou um brilho de expectativa nos olhos castanhos.

    Quando ela abriu o pacote e começou a tirar o plástico de proteção que havia dentro dela, algo pareceu miar dentro da caixa .

    Natsu riu satisfação. Sem conseguir esperar mais, ele mesmo tirou da caixa duas peças de plástico. Uma era a de uma vaca de desenho animado e a outra de um porco, também de desenho.

    __ Não são incríveis ? –perguntou Natsu, com animação. Apontou a abertura na cabeça das figuras. __ São potes para guardar sal e pimenta. Veja isso.

    Ele os agitou, com se estivesse temperando algo, e cada um deles fez seu som respectivo.

    __Aposto que nunca viu algo assim antes.

    __Confesso que não – anuiu Lucy. __ Mas sempre houve uma razão para isso.

    Ainda assim, ela não conseguiu resistir à TENTAÇÃO DE BALANÇAR OS RECIPIENTES. Antes do acidente, com certeza ele não aceitaria nada menos do que potes de cristal para aquele tipo de finalidade.

    __ Quanto foi ?

    __ Quatorze dólares – respondeu Natsu . __ Mais o frete e o imposto.

    Lucy suspirou.

    __ Bem, garanto que foi bem menos do que valor dessa calça que você arruinou, ou melhor, modificou.

    __ Não precisa se preocupar com o peço dos recipientes – avisou Natsu. __ Usei seu cartão de crédito.

    __ Você o quê ?

    __ Quando telefonei para o número mostrado na televisão, a pessoa que atendeu pediu os número de um cartão de crédito. E já que você mesma não quer usá-lo, eu a livrei da tentação.  – Sorriu, parecendo orgulhoso pelo feito.

    __ Eles foram muito gentis. Disseram que pela quantidade de artigos que pedi, agora um cliente preferencial.

    __ Está querendo dizer que comprou mais coisas ?

    __ Claro! Quer ver?

    Lucy o seguiu até o quarto, apesar do temor pelo que encontraria por lá. Como um homem  tão irresistível podia ser tão ingênuo ao mesmo tempo?

    Se ficara surpresa com a vaca e o porco de plástico, sentiu-se simplesmente aniquilada quando se deparou com o restante das coisas.

    __ Por que comprou tudo isso ?

    __ Mas eu não comprei nada – insistiu Natsu . __ Apenas dei a eles o número do cartão de crédito e eles mandaram tudo para mim.

    Lucy concluiu que teria de mandar cancelar todos os canais a televisão a cabo, se Natsu continuasse com aquilo.

    __ Terá de devolver tudo isso.

    Quando ele tentou argumentar, ela levantou a mão. Deus, por que estava passando por tamanha provação? Pegou uma embalagem de vitaminas com as formas os desenhos animados preferidos de Natsu. Ao lado dela, encontrava-se um bracelete de cobre.

    __ O que pretendia fazer com tudo isso ?

    __ A maior parte das coisas é para você. – colocou o bracelete no pulso dela. __ Isso é para afastar o azar e as vitaminas são para manter sua saúde. Quero que viva pelo menos até os oitenta anos.

    Natsu  parecia estar sendo tão sincero que Lucy detestou ter de desapontá-lo. Mas não teria como pagar tudo aquilo. Explicou-lhe como funcionava o sistema de cartões de crédito. Pela reação de espanto, ficou claro que nem passara pela cabeça dele que ela teria de pagar por tudo aquilo.

    Depois de uma longa conversa, resolveram ficar com a tinta, já que a cozinha estava mesmo precisando de uma pintura. Também mantiveram as gravuras dos cavalos, já haviam na sala. E os recipientes para sal e pimenta porque.... Bem, ela ainda não encontrara uma justificativa para eles.

    O único item sobre qual ainda não haviam falado era o quadro de Elvis.

    __ Não está pensando em ficar com isso, está? –perguntou a Natsu.

    __ Claro que estou. – admirando o quadro, ele afirmou: __ Eu me encontrei com ele uma vez.

     Lucy arregalou os olhos.

    __ Antes ou depois que ele morreu?

    __ Depois, claro. Jogamos uma partida de fenuki. – Um brilho de divertimento surgiu nos olhos castanhos. __ Eu teria ganhando se ele não houvesse trapaceado mais do que eu.

    Lucy não tinha a mínima noção do que ele estava falando.

    __ Teremos de conversar com o médico a respeito dessas suas alucinações.

    __Oh, por falar nisso, a secretaria do médico ligou hoje. Tenho uma consulta marcada para a terça-feira.

    Ótimo, pensou Lucy. Talvez o médico pudesse liberá-lo de uma vez, para ele voltar para o próprio apartamento. Se não o visse todos os dias em sua casa, seria bem mais fácil deixar de lado os pensamentos malucos que vinha tendo nos últimos tempos, sobre a possibilidade de uma reconciliação entre eles.

                                                                                   ***

    __ Diga-me o que está vendo.

    Natsu ajeitou-se no banco que Lucy mandara colocar embaixo de uma árvore, a uma certa distancia do lago. Estendendo a mão, puxou-a com delicadeza, para ela se sentasse a seu lado.

    Quando Lucy se acomodou, ele passou o braço por seus ombros, sem conseguir deixar de notar os contornos arredondados de seus seios. Experimentou uma reação física instantânea, mas diante da estranheza daquilo, preferiu ignorá-la.

    __Estou vendo o lago, o celeiro e um pequeno bosque atrás deles. Agora, se não se importa, tenho trabalho a fazer.

    Ela fez menção de levantar-se, mas Natsu a manteve junto de si.

    __ O que há de tão importante em seu trabalho que não lhe dá tempo nem para que termine de ver um lindo pôr-do-sol?

    Como que salientando o que ele acabara de dizer, o enorme disco alaranjado foi deslizando aos poucos por trás das árvores, refletindo sua luz dourada sobre as águas tranquilas do lago.

    O céu ficou matizado por lindos tons de cor-de-rosa, púrpura e amarelo, Em torno do lago, os animais continuavam a andar e a nadar, alheios à magnitude de beleza natural acima deles.

    __ É lindo – Lucy admitiu, com um suspiro. __ Moro aqui há dois anos e esta é a primeira vez que assisto ao pôr-do-sol.

    Permaneceram sentados em silencio durante algum tempo, até o sol desaparecer completamente no horizonte.

    __ Tome, sinta esse perfume.

    Natsu entregou a ela uma flor que ele tirara da roseira ao lado da casa. Lucy inspirou o perfume, fechando os olhos enquanto um sorriso se insinuou em seus lábios.

    __ Você trabalho demais – afirmou Natsu. __ Precisa aprender  a aproveitar mais os pequenos momentos de felicidade que o universo nos oferece.

    Lucy sorriu, Um mês antes, mesmo que ela e Nathan se dessem ao trabalho de ir até a beira do lago, a conversa dos dois se limitaria aos problemas do escritório e nas contas da empresa. Afinal, esses tópicos constavam na lista de prioridade de Nathan. Realmente, ele mudara muito.

    __ Talvez eu possa diminuir as horas de trabalho quando esse última transação comercial for completada – disse ela.

    __ Talvez ?

    __ Está começando a falar como meu pai.

    __ E você está falando como uma viciada no trabalho.

    __Ora, veja só quem fala!

    Não queria magoá-lo, mas fora ele quem a incentivara a ficar viciada no trabalho. Não tinha o direito de repreende-la por isso àquela altura dos acontecimentos. Amenizando o tom de voz, continuou:

    __ Foi você quem me incentivou a iniciar a fusão de nossa empresa com a Panificadora floral. Disse que aumentaria muito nossos lucros.

    Natsu pareceu pensativo por um momento.

    __ A empresa de seu pai ficará com problemas financeiros se não houver a fusão?

    Lucy sorriu com confiança.

    __ Não. A Panificadora nu8nca esteve mais forte. Ele assentiu.

    __ Quer dizer que a fusão ajudará a diminuir seu ritmo de trabalho?

    __ Na verdade, aumentará minha carga de responsabilidade – salientou Lucy.

    __ Então por que pretende ir adiante com isso ?

    __ Por sua causa – respondeu ela. __ Essa fusão significava muito para você. Meu pai não está interessado em expandir os negócios a essa altura da vida, e eu já tenho trabalho mais do que suficiente para me manter ocupada e feliz.

    Olhando na direção do lago, prosseguiu:

    __ Quando minha madrasta sugeriu que você merecia um cargo na diretoria da companhia subsidiaria, meu pai disse que era o mínimo que poderia fazer pela felicidade do futuro genro.

    Assim que acabou de falar, Lucy se deu conta de que cometera um erro. Não deveria ter mencionado o relacionamento que existira entre eles. Olhou-o de soslaio, imaginando que Natsu iria querer abordar o assunto de qualquer maneira. E foi que ele fez.

    __ Por que não deu certo?

    Lucy respirou fundo. Ela própria se fizera aquela pergunta uma porção de vezes. Em vez de trazer à tona o motivo que desencadeara a separação. Ocorrendo o risco de ser humilhada pela segunda vez, preferiu resumir tudo da forma mais simples possível.

    __ Você não estava preparado para se casar.

    Natsu se encostou no banco, olhando-a com atenção.

    __ Além do trabalho, o que mais e Nathan tinham em comum?

    Lucy não respondeu nada.

    __ Então o que a atraía nele?

    Ela enrubesceu.

    __ O traseiro dele – confessou, rindo.  __ Quando fui apresentada a ele por meu pai e o segui até outra sala, tive de me conter para não belisca-lo. A partir daquele dia, meu corpo esquentava sempre que ele estava por perto e ....

    Lucy se interrompeu, dando-se conta de repente de que estava falando de Natsu. Já fora longe demais confessando a atração que sentia por ele. Não podia correr o risco de fazé-lo pensar que ainda estava interessada nele.

    __ Eu.... sinto muito – desculpou-se. __ Não sei por que fui falar disso. – Ficou de pé, pensando em se afastar dele, antes que acabasse cometendo mais alguma tolice. __ Vamos esquecer que eu falei isso, sim?

    Natsu não fez menção de se levantar. Não censurou nem zombou do que ela dissera, permanecendo em silencio por um instante, pensativo.

    Lucy enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans e começou a andar de um lado para outro, embaraçada com a situação.

    __ Sabe o que primeiro me interessou em você? – Perguntou Natsu, com gentileza.

    Ela parou de andar de repente, mantendo-se de costas para ele. Queria terminar logo essa conversa e voltar a manter apenas a amizade sadia que surgira entre eles, desde o acidente.

    Ao mesmo tempo, porém, queria ouvir o que ele tinha a dizer. Desejava saber o que o levara a sentir-se atraído por ela. Isto é, antes de leva-lo a desejar aquela outra mulher.

    __ Notei que você tinha olhos gentis – disse Natsu . __ Olhos que já viram sofrimento, mas que ainda olhavam para os outros com compaixão quando era preciso.

    Claro. Ela deveria ter deduzido que ele estava falando sobre o momento em que a virar no hospital. Mais uma vez, fora ingênua o suficiente para achar que ele falaria sobre atração física ou amor verdadeiro.

    __ Olhos gentis. Isso é a mesma coisa que alguém diria sobre um cãozinho.

    Virou-se a tempo de ver que ele havia enrubescido.

    __ Bem, na verdade também reparei em um outro detalhe... Dois, para ser mais preciso. Mas acho que não seria cavalheiresco mencionar quanto você fica atraente quando usa top.

    Foi a vez de Lucy enrubescer. Natsu ficou de pé e se aproximou dela. Achando que ele estava disposto a voltar para casa, entregou-lhe as muletas. Entretanto, Natsu encostou-as junto à árvore e estendeu os braços em sua direção, puxando-a para si.

    Lucy viu-se confusa entre o desejo de se entregar aos braços dele e o receio de acabar se magoando novamente. Ao olhar para o rosto bonito de Natsu, notou um ar de preocupação e, seu semblante. O céu havia escurecido um pouco atrás dele e , por um instante. Ela poderia jurar que vira uma auréola em torno da cabeça dele.

    __ O que foi? – Perguntou Natsu.

    __ Pode parecer estranho, mas dessa ângulo, com o céu um pouco escurecido atrás de sua cabeça, tive a impressão de ver uma auréola em torno de sua cabeça;

    Natsu se afastou dela no mesmo instante, hesitando antes de dizer.

    __ Deve ver aquele xampu que comprei depois de ver a propaganda na televisão. Garantiram que a fórmula é “ milagrosa” para cabelos rebeldes, portanto deve deixa quem o usa com aparência de anjo mesmo – brincou. Tentando distraí-la, voltou a abordar o assunto sobre trabalho. __ Acho que você deveria esquecer essa historia de fusão de empresas.

    __ Isso é loucura. O negócio já está encaminhado.

    __ Tem como impedi-lo?

    __ Acho que sim. Mas por que eu faria isso?

    __ Porque precisa diminuir seu tempo de trabalho. Porque a Panificadora está indo muito bem como um negócio de família. Porque... – Ele passou a mão pelos cabelos. __ Se esse fissão acontecer, o que você fará além de trabalhar até ter uma crise de estresse e morrer antes do tempo?

    “E me fazer perder a única chance de conseguir um par de asas”, pensou ele . Às vezes, os humanos faziam até mesmo os anjos perderem a paciência.

    __ Há muito mais na vida do que apenas o trabalho, Lucy. Ela pareceu refletir sobre o que ele dissera.

    __ Assim que  você melhorar dessa amnésia, vai querer a fusão das empresas novamente.

    __Não, não vou – declarou Natsu, com um ar sincero.

    Para convencê-la de que estava dizendo a verdade teria de mostrar que já havia recuperado a memória. Por isso, começou a citar alguns detalhes que lera nos papéis deixados na pasta executiva de Nathan.

    __Meu nome é Nathan Swiste. Moro no número 115 da Santo Antônio. Tenho trinta anos e meu tipo de sangue é O positivo. Está vendo? Já recuperei a memoria e continuo querendo que você desista da fusão das empresas.

    Lucy não pareceu acreditar muito no que ele dissera.

    __ Qual é o nome de sua secretária?

    Felizmente, a secretária havia deixado um bilhete assinado na pasta de Nathan, avisando-o sobre uma reunião marcada para a segunda-feira após o acidente.

    __ Carla ?

    Um ar de surpresa surgiu no rosto de Lucy, mas ela logo voltou a parecer desconfiada.

    __ Quantos peixes você cria no aquário de seu escritório?

    Natsu franziu o cenho. Lucy estava dificultando a “brincadeira” Mais do que ele imaginara. Tivera sorte até então, e esperava mantê-la Lembrando-se do milagre a respeito de alimentar milhares com cinco pedaços de pão e dois peixes, arriscou uma resposta.

    __ Dois?

    Porém, assim que respondeu considerou o número baixo demais.

    __ Ah! Você não tem nenhum peixe!

    __ Eles morreram?

    __ Não. Você mentiu ao dizer que havia recuperado a memória.

    __ Que diferença isso faz? – perguntou Natsu. __ O importante é que me importo com você e quero lhe oferecer sempre o melhor.

    O que o assustava quase tanto quanto a ideia de vê-la trabalhar excessivamente era o fato de estar começando a se importar muito com Lucy. Talvez até demais. Isso não fazia parte do plano, quando Nahum o convocara para realiza-lo.

    Sabia que se quisesse fazer seu trabalho direito teria de manter a mente focada em Lucy, e não em seu coração. Ainda assim, não conseguiu resistir à tentação de beija-la mais uma vez.

    No dia seguinte, quando foram ao shopping, Lucy descobriu que Natsu havia desenvolvido uma incrível capacidade para conversar com estranhos. Sentiu-se embaraçada a principio, mas quando notou que alguns deles, senhoras idosas principalmente, simpatizavam muito com ele, deixou de se preocupar.

    __ Ei, onde conseguiu essas sandálias? – perguntou ele a um garoto que havia acabado de sair de uma confeitaria usando um par de sandálias de couro novas.

    O menino de cabelos ruivos colocou um chiclete na boca e apontou para uma loja mais adiante, onde estava ocorrendo uma grande liquidação. Natsu agradeceu dando um tapinha no ombro do garoto, antes de seguir em direção à loja.

    __Tem certeza de que quer mesmo ir até lá? – Perguntou Lucy, arqueando uma sobrancelha. __ Antes você sempre preferiu as lojas com mais qualidade.

    Natsu parou do lado de fora da loja

    __ Qualidade é bom. Acha que eles vendem sandálias como as daquele garoto?

    Lucy deu de ombros.

    __ É pouco provável que ainda tenham o mesmo modelo.  Durante as liquidações, os produtos costumam acabar muito rapidamente.

     Usando a muleta, Natsu apontou para outra loja

    __ Então vamos tentar aquela ali.

    Entraram na loja e Lucy pegou um sapato que se encontrava em exposição, enquanto Natsu se ajeitava em uma cadeira.

    __ Tudo que eles tem do seu número é esse modelo marrom – avisou ela.

    Ele fez uma careta de desgosto. Provavelmente preferiria algo com néon e alguma ilustração de Elvis, ironizou ela, em pensamento. Contudo, quando ele provou a sandália, ela ficou perfeita no pé dele.

    __ Nada mal – disse Lucy

    Natsu mostrou mais interesse no fecho de velcro .

    __ Veja só isso – falou ele, admirando . __ Você não precisa prende-las em uma presilha. Elas se fecham sozinhas!

     O som repetitivo de velcro sendo aberto e fechado ecoou pela loja durante um bom tempo.

    __ Vai ficar com elas – Lucy perguntou .

    __ Sim, claro.

    Estavam a meio caminho da caixa registradora, passando entre duas altas prateleiras repletas de caixas de sapato, quando dois garotos apareceram correndo de repente e esbarraram em umas das prateleiras. Em meio a risos  e provocações que faziam parte da brincadeira de pega-pega, um deles tentou se equilibrar e agarrou-se na prateleira.

    De súbito, os risos pararam e a enorme prateleira começou a se inclinar bem na direção de Lucy. Sem entender direito o que estava acontecendo, ela sentiu uma mão firme segurar seu braço e puxa-la para trás, segundos antes de a prateleira virar completamente.

    Lucy foi arremessada contra o peite de Natsu e o impacto repentino fez os dois irem parar no chão. Enquanto tentava recuperar o folego, depois do susto, ela observou a pesada prateleira de madeira caída ao lado deles.

    Se Natsu não a tivesse puxado a tempo, teria sido atingida em cheio. Quando ficou mais calma, virou-se para olhá-lo.

    Ele estava com os olhos fechados, mas não parecia haver se ferido. Felizmente, o chão da loja era forrado com um carpete felpudo, que absorvera boa parte do impacto.

    Inclinou-se mais, apoiando os seios no tórax de Natsu enquanto afastava-lhe os cabelos caídos sobre a testa.

    __ Você está bem ?

    Ele abriu os olhos, revelando as íris de um castanho intenso. Respirou fundo e, apesar da dor nas costas, experimentou uma agradável sensação de prazer ao sentir os seios de Lucy junto a seu peito.

    Levantou um pouco a cabeça e observou a enorme quantidade de caixas caídas sob a pesada prateleira. Só então deu-se conta do risco que Lucy correra e de que ela poderia ter morrido. Uma onda de apreensão invadiu sua mente, ao cogitar tal possibilidade.

    Tocou o rosto dela com cuidado, certificando-se de que Lucy estava mesmo bem. Sim, havia salvado a vida dela. Sua missão estava completa afinal. Restava-lhe apenas se preparar para voltar para casa e receber um par de asas. Porem, não conseguiu ignorar a sensação de tristeza que isso lhe provocou. Se fosse embora, não veria Lucy por mais pelo menos cinquenta anos.

    Claro que, perante a eternidade, cinquenta anos não passava de um piscar de olhos. Entretanto, depois de havê-la conhecido e de haver aprendido a gostar de Lucy, um piscar de olhos parecia-lhe um tempo longo demais...

    Devagar, puxou-a para si, num abraço protetor. Já que não tinha certeza do método que Nahum usaria para transportá-lo de volta, ou mesmo se isso aconteceria, precisava se despedir depressa.

    __ Meu tempo na terra está terminando, Lucy. Sentirei sua falta, mas voltaremos a nos encontrar no Paraíso.

    Dizendo isso, beijou-a com infinito carinho, desejando levar consigo uma boa lembrança de sua estada na terra.


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