Nas semanas que se seguiram, as medidas tomadas pelo recém-eleito Hokage Danzou causaram instabilidade diplomática no mundo ninja, até mesmo com a Vila da Nuvem que, apesar de conseguir autorização para caçar e executar Sasuke pelo ataque a Killer Bee, discordava das políticas extremistas movidas por Danzou, em especial da medida que procurava retirar o armamento especial do livre uso dos ninjas.
A Vila da Areia desaprovou seriamente a nomeação de Danzou para o cargo, sendo que Gaara, o Kazekage, era um apoiador aberto à escolha de Kakashi como o líder máximo da Aldeia da Folha, em contrapartida, Danzou diminuiu a carga de missões autorizadas para o País do Vento, em retaliação.
A Vila da Pedra usou essa deixa para reacender a chama de velhos conflitos ideológicos com Konoha, exigindo que lhe fosse entregue os genes do Estilo da Madeira, em troca da renovação do Tratado da Não Agressão criado por Tsunade pouco antes da invasão da Akatsuki.
Em meio a essa turbulência, o herói da Aldeia, Naruto, acompanhava Kakashi numa refeição no Ichiraku.
Kakashi o olhou e calmamente o indagou:
— Essa coisa de autorizar a execução do Sasuke realmente mexeu contigo, não foi? O ramen já deve estar frio.
Com olheiras e um olhar vazio, Naruto falou enquanto mexia o macarrão com um hachi:
— Sabe professor, depois de tanto tempo tentando fazer ele cair na real, de repente todo o meu esforço é em vão. Não posso mudar a sentença de um Hokage, ainda mais sendo o velho turrão do Danzou. Eu não sei o que fazer, de novo.
— Sei exatamente como se sente, ele também é minha responsabilidade. Não deixo de me culpar pela situação atual, mas, as vezes devemos aceitar a decisão de quem amamos. Assim como Nagato decidiu acreditar no Mestre Jiraya, Sasuke decidiu acreditar na força do ódio. Ele já é uma ameaça internacional, devemos aceitar isso de uma vez por todas.
— Professor, sei bem que está dizendo isso muito mais para você do que para mim. Você sabe que não vou desistir de convencer ele.
Kakashi sorriu e viu Naruto o retribuir, amenizando assim, o clima pesado que pairava por sobre ambos. Nesse momento, Sakura chegou ao recinto, com um sorriso, e convidou-o:
— Quer vir dar uma volta comigo? Dessa vez pode ser só a gente.
Kakashi tocou o ombro do genin e o incentivou:
— Vá, arejar um pouco a cabeça é sempre bom.
— Não... Não estou no clima.
Disse Naruto enquanto deixava o Ichiraku, do mesmo modo cabisbaixo e sem expressão que mantinha quando entrou. Kakashi olhou para a tigela e suspirou:
— Ele nem ao menos provou.
— Ele ficou muito sentido com isso, o que mostra bem o quanto ele amadureceu. O velho Naruto bateria no peito e iria falar com o Danzou. Mas... As coisas não funcionam como no mundo das crianças, não é mesmo, professor?
— Você também cresceu, Sakura, e deve saber que nós três nos sentimos igual. A única diferença é que apenas um de nós prometeu que salvaria o Sasuke de seu próprio caminho autodestrutivo.
— Não... Não precisava me lembrar disto professor!
Lágrimas dolosas escorreram pelo rosto da kunoichi, que logo foi amparada por Kakashi:
— Desculpe, eu não falo da promessa dele a você, mas sim da promessa que ele fez a si mesmo, a promessa de salvar o amigo.
— Ele... Ele ainda pode salvá-lo!
— Sakura, eu não disse isso ao Naruto, pois iria deixa-lo ainda pior, mas você deve ter ciência de que, se Sasuke puser os pés aqui, será nosso dever matá-lo. Imagino que me veja como um sem coração, mas, é isso que significa ser ninja.