Rosae vermillus - O clã das rosas vermelhas

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Capítulo 13

Abyssus Abyssum Invocat: O Abismo Chama Outro Abismo

Violência

Comecei a me sentir fraco. Era a sede realmente, e havia me recusado a beber o sangue daqueles que poderiam ter sido minhas primeiras vítimas, minutos atrás. Correr só me deixaria mais cansado, e fazia mesmo cerca de seis dias desde que havia bebido minha primeira dose. Me perdi em pensamentos na segunda esquina e me mantive firme, temendo pular no pescoço do primeiro humano dando sopa. Algumas gotas de sangue caíram em meu pé, e me fizeram parar bruscamente.

- É meu amigo... Não se deve desperdiçar alimento dessa maneira. Não aprendeu o básico? - disse uma voz que só percebi de onde vinha quando olhei para cima e avistei o estranho homem em pé e inclinado no muro alto do meu lado direito. Seus cabelos pretos e bagunçados cobrindo-lhe boa parte do rosto. De sua boca pingava sangue e caía direto em mim.

- Quem será que deixou a criança sair pra brincar? Pode ser perigoso sair à noite garoto... - disse outra voz atrás de mim, e quando me virei ele já estava tão perto, que pude sentir o cheiro do sangue em sua boca.

Dei dois passos rápidos para trás tentando tomar uma distância segura mas ele cobriu o espaço entre nós em um instante. Vi seu rosto pálido se aproximar em milésimos de segundo mas nada pude fazer para impedir. Sibilei furioso em resposta, com os dentes à mostra por instinto. Foi um golpe violento. Demorei a sentir o estrago que as unhas afiadas do vampiro me causaram. Mas assim que toquei o rosto, senti o local onde havia me arranhado profundamente, e me vi a concentrar o sangue no local do ferimento imediatamente para começar a fechar as feridas. Uma gota de meu próprio sangue tocou o chão e vi o vampiro a minha frente arquejar levemente em minha direção. O ser branco diante de mim mantinha um sorriso insano e perturbador na face, seu cabelo loiro e ralo caia sobre o rosto em cachos desgrenhados enquanto parecia rir consigo mesmo.

O outro, que até então caminhava em cima do muro como quem desfila pela rua, saltou e parou ao lado do companheiro. Ambos tinham as bocas sujas de sangue.

- Cheira muito bem, não é Ruan? O sangue dele... - disse o de cabelos pretos e longos. - A noite está sendo generosa desta vez.

Me sentia um pouco debilitado, provavelmente por ter usado meu próprio sangue para me curar. Desconhecia a força daqueles dois mas tive uma amostra, seria com certeza algo diferente do que havia acontecido com os garotos skinheads.

Percebi que não conseguia parar de mostrar meus dentes. Sentia, não medo; mas raiva e vontade de destruir. Toda a calma que havia conquistado com dificuldade momentos antes, tinha sido levada, juntamente com nacos de carne de meu rosto, com o golpe daquele vampiro.

- André, se não se importa eu gostaria de começar... - disse o loiro, lambendo os dedos da mão com a qual havia rasgado meu rosto. Suas unhas eram pintadas de vermelho, mas parte da tonalidade, eram de meu sangue.

- Tudo bem Ruan, só não se esqueça de que estou aqui. E não vou esperar muito. - disse o outro, arrumando os cabelos negros que atrapalhavam a visão.

Se outras pessoas encontrassem eles na rua tão tarde da noite, pensariam apenas serem roqueiros curtindo a noitada. Pelas roupas, eles se misturavam melhor do que eu. Tinha que me lembrar disso mais tarde, estava aprendendo aos poucos. Mas por hora, teria de sobreviver.

E seria natural para um humano sentir medo ao se deparar com o desconhecido, qualquer coisa que representasse um perigo capaz de por fim a sua existência. No meu caso era incapaz de compreender esse fato, de que dois contra um poderia ser meu fim trágico no mundo dos vampiros. Minha percepção havia sido ofuscada pela sede, e o ódio começou a me tomar cada vez mais, como se houvesse algum motivo mais forte para que eu eliminasse aqueles seres que me desafiavam.

- Esse sangue... - disse o vampiro insano e despenteado a minha frente, ainda lambendo as pontas dos dedos - Nunca provei algo assim. De que linhagem você é garoto? Quem foi o responsável pela sua...

Ele não terminou a frase pois avancei sobre ele com tudo que tinha. Não planejei, nem ao menos me posicionei. Apenas avancei e num instante tinha seu pescoço branco em minhas mãos. Por um momento acreditei ter o controle, apertar e esmagar gargantas parecia ser meu passatempo agora, e de fato havia funcionado bem das outras vezes. Mas, eis que o maldito sanguessuga segurou meus braços, e com uma força que até então nunca tive que lidar, se livrou de meu aperto e me chutou violentamente para trás.

Tentei me levantar após ser repelido e tudo que consegui foi levar outro golpe das garras afiadas daquele predador da noite. Este último golpe, do qual me empenhei para evitar, não foi tão grave quanto o primeiro. Mesmo assim ficou certo de que minhas esquivas não me salvariam para sempre, já que meu peito tinha ganhado mais alguns ferimentos. Os arranhões não eram tão profundos quanto os do rosto, mas me deixavam claro que enfrentar os dois vampiros, simultaneamente, seria morte certa - e desta vez pra valer, se é que importava.


Comentários

  • ivelee
    Ivelee há muito tempo
    Curiosa pra saber o que tem de especial no sangue do Leandro.Parabens Lufir
    • taigachan
      Taigachan há muito tempo
      Já te disse ...vou morder seu pescoçocom esses capitulos curtos....hasuhaushas...brinks.Na hora que eu tava mostrando meus dentes acaba.....
      • Lufir22
        Lufir22 (Autor) há muito tempo
        capitulos curtos por falta de tempo e vontade de postar XD
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