Capítulo 4 ? Primeiro encontro com o Inferno

Arthur e Tian voltaram para a vila junto de Merlin, após decidirem ajudar o mago, contudo eles ainda precisariam conversar com suas famílias. Arthur vivia com seu pai Uther, sua mãe Igraine e seus irmãos Luther e Morgana, enquanto que Tian vivia apenas com seu pai Poul. Ao chegarem na vila eles iriam primeiro cada um ter uma conversa particular com seus pais e após isso teriam uma reunião entre todos junto de Merlin, eles esperavam assim convencer seus pais a permitirem a viagem.

Os pais de Arthur eram bastante compreensivos, porém ainda assim não estavam recuando em sua resposta negativa ao pedido do filho, Arthur havia contado aos pais tudo que aconteceu e explicado que o Reino e principalmente a Vila estavam em perigo. Contudo seus pais estavam assustados e preocupados demais ao descobrirem que seu filho se envolveu em uma batalha de vida ou morte e não queriam que ele encontrasse mais perigo ainda. Do lado de Tian não foi diferente, seu pai estava furioso e gritando com o garoto enquanto o repreendia, logo os pais exigiram se encontrar com este tal mago chamado Merlin e assim aconteceu.

Merlin estava sentado em uma mesa junto de Uther, Igraine e Poul, ele contou toda sua história e como ele acabou em uma situação em que precisou ser salvo pelos dois jovens, ele deixou bem claro que devia sua vida aos dois garotos e que faria o possível para não colocá-los em situação perigosa novamente. Ainda assim os pais pareciam irredutíveis, a discussão parecia não andar quando gritos foram ouvidos do lado de fora da casa, todos rapidamente foram tentar descobrir o que estava acontecendo e a cena que eles presenciaram seria o suficiente para traumatizar qualquer pessoa no mundo.

Criaturas com formas de animais, porém completamente negras, não como a cor, e sim como se um manto de escuridão e vazio cobrisse seus corpos, olhos de uma cor púrpura que cintilavam na escuridão da noite e uma aura medonha que consumia a vontade de viver de tudo que se aproximava. Estas criaturas estavam atacando e se alimentando de pessoas, enquanto pareciam se deliciar com os gritos de horror que ecoavam pelas vielas da vila. Arthur rapidamente pegou sua espada, uma das espadas dos homens com quem havia lutado, e quando pretendia deixar o lugar foi impedido por Merlin e seus pais.

-O que pensa que está fazendo? –gritou Merlin.

Arthur não entendeu a pergunta, afinal a resposta era óbvia, ele então respondeu com uma voz que exalava a medo e desespero misturados à raiva.

-Que pergunta é essa? É obvio que vou ajudar as pessoas, matando essas coisas. –respondeu o garoto.

Merlin então se irritou e segurou o braço de Arthur com ainda mais força antes de novamente gritar.

-Você ao menos sabe o que são essas criaturas? –perguntou.

-É claro que não, mas as pessoas estão em perigo, não posso simplesmente ficar parado e ignorar a situação. Se eu tivesse agido assim ontem você nem vivo estaria. –respondeu o irritado Arthur.

-Isso é diferente Arthur! Isso são demônios, não são criaturas que você derrota simplesmente balançando uma espada! Se agir por impulso, você vai morrer! –novamente gritou Merlin.

Desta vez Merlin conseguiu convencer o garoto do perigo que a situação toda apresentava, quando Arthur estava prestes a desistir ele escutou um fino grito, e quando olhou para trás a cena que penetrou seus olhos era algo impossível para o garoto ignorar. Era uma garotinha, devia ter em torno de 6 a 7 anos, Arthur não se lembrava de seu rosto ou nome, mas a conhecia, já havia visto ela inúmeras vezes pela vila, a garota estava no chão, chorando e tentando fugir enquanto um Demônio se aproximava lentamente rosnando e expelindo baba e bolhas por entre os dentes. A garota estava em pânico e clamava para alguém a salvar, presenciando essa cena Arthur se soltou de Merlin e apertando firme o cabo da espada proferiu a seguinte frase antes de correr para salvar a garotinha.

-Eu não me importo que seja por impulso, se por temer a morte eu ignorar meus valores, então eu não sou diferente dessas criaturas que vivem pelo prazer! Vamos Tian! –o jovem falou enquanto dava as costas para Merlin.

Essa frase de Arthur ecoou na mente do mago, era isto, era isso que Merlin procurava por todos esses anos. A situação era de desespero, porém, o mago sorria enquanto admirava a figura de Arthur correndo para salvar a garotinha, seguido por seu amigo. Merlin então apertou firme seus punhos e sorrindo disse para os pais.

-Vocês têm filhos incríveis. Entrem, bloqueiem a porta e se escondam, não se preocupem, eu vou protegê-los. –afirmou o mago.

Merlin então correu atrás dos jovens. O demônio já estava em cima da garota e se preparava para abocanha-la quando uma flecha atingiu sua cabeça, porém sem perfurar a flecha simplesmente bateu e então caiu ao chão, trazendo a atenção do demônio para aquele que havia disparado a flecha e ignorar a garotinha, o olhar de morte do demônio trouxe calafrios a Tian enquanto ele preparava outra flecha. Afinal esta era sua missão, atrair a atenção do demônio e assim possibilitar o resgate da garota por Arthur. Tian então disparou mais uma vez e a mesma cena se repetiu, desta vez o irritado demônio disparou para cima de Tian com uma velocidade surreal, porém o jovem conseguiu desviar e escapar da investida por reflexo, quando o garoto olhou para onde a garota estava ele viu Arthur a escondendo em uma casa próxima e isso o deixou aliviado, porém a sede de sangue do monstro trouxe o jovem de volta a perigosa realidade em que ele se encontrava.