Capítulo 1 - O homem ferido na floresta

Era mais uma manhã comum na pequena e esquecida Vila de Lenn, localizada no extremo sul do Reino, praticamente fazia fronteira com o país mais ao sul. Uma vila pequena que focava na subsistência de seus moradores e era completamente ignorada pelo Conde que detêm o território. Nessa vila vivia um jovem rapaz que ainda iria completar seus 15 anos de idade, esse jovem se chamava Arthur, era um rapaz alto com 1,80m de altura e um corpo atlético, seus cabelos louros e olhos azuis o tornavam cobiçado entre as jovens de sua vila.

Arthur não era popular apenas entre as garotas, devido a sua personalidade forte e determinada, além de um carisma e capacidade de liderança natos, o tornavam alguém admirado e o líder dos meninos da vila. Arthur era querido por todos, e por isso não tinha do que reclamar de sua pacífica e extremamente comum vida, porém ele não pretendia termina-la desta forma, o jovem estava fazendo um treinamento solitário e secreto com o intuito de, quando completa-se 18 anos, realizar o teste para o exército. Este era o sonho do ainda jovem Arthur.

O único que conhecia sobre as ambições de Arthur era seu mais antigo e querido amigo, o tímido Tian. Ambos estavam treinando juntos com o mesmo objetivo em mente, na verdade Tian estava mais sendo arrastado por Arthur do que realmente desejando ser um soldado, porém não reclamava, afinal acreditava e confiava cegamente em seu melhor amigo. Contudo, nesta manhã comum, a vida de ambos mudaria completamente, enquanto realizavam seu treinamento diário em sua base secreta, os jovens escutaram gritos oriundos da floresta. Eles já estavam longe da vila, floresta adentro onde ficava a base dos dois, portanto escutar gritos de pessoas foi algo que assustou os garotos, ainda assim Arthur, como que encarnando toda sua coragem resolveu investigar os gritos, mesmo debaixo de protestos Tian o seguiu.

-Parece que os gritos vieram dessa direção. –disse Arthur enquanto apontava para algumas árvores.

Tian estava apreensivo, apesar de todo seu treinamento, ele jamais esteve em uma situação onde precisou lutar e não tinha o mínimo de confiança de ser capaz de realmente fazer algo. Ainda assim os dois garotos seguiram caminhando cada vez mais fundo na floresta, eles escutaram gritos e perceberam movimento a frente, então se abaixaram e se esconderam enquanto observavam o que estava acontecendo, logo descobriram a fonte e o motivo dos gritos, era um homem já de meia idade que se encontrava muito ferido e se arrastava no chão, mais atrás outros três homens caminhavam em sua direção com espadas em mão, um deles utilizava uma capa com um brasão negro e uma flor vermelha dentro e parecia ser o comandante, Arthur logo reconheceu este brasão, era o brasão da Família Camlann que detinha o território da região.

-O que está acontecendo aqui? -pensou Arthur enquanto observava a situação.

Tian estava assustado, porém conseguia manter a calma e não entrar em desespero, estava esperando para ver qual ação seria tomada por seu amigo, é claro que ele desejava ignorar a cena e voltar para a vila, mas sabia que Arthur provavelmente pensava diferente. Ele conhecia o senso extremo de justiça do amigo, e em sua cabeça considerava Arthur como o perfeito herói de histórias infantis. Tian era mais baixo que Arthur, porém seus 1,70m o colocavam acima da média dos garotos de sua idade, era magro mas o treinamento havia dado resultado e seu corpo estava forte, contrastando com seu rosto que inspirava gentileza em seus olhos verdes que combinavam com seus cabelos castanho-escuros. Ele segurava seu arco enquanto aguardava as ordens do amigo e observava apreensivo o desenrolar das ações.

-Tian, eu não gosto disso. -disse Arthur enquanto fazia uma cara séria. -Aqueles caras não parecem ser o mocinhos, não importa o quanto eu observe. -terminou ele, e olhou para o amigo.

-Haaaa! Eu já esperava que você fosse dizer algo assim Arthur. -suspirou Tian. -Então qual o plano? -questionou.

Arthur sorriu. Então se virou para mais uma vez observar e analisar a situação.

-Certo, eles não nos perceberam, então vamos usar isso em nossa vantagem. Eu vou me aproximar por trás deles e atacar um dos homens da retaguarda, assim que eu atacar você atira contra o que parece ser o comandante. -falou Arthur e então observou seu amigo mais uma vez.

Tian concordou enquanto juntava toda sua coragem e respirava forte, intenção assassina foi sentida por Arthur, que após confirmar o estado do amigo rapidamente saiu. Arthur então silenciosamente se aproximou do grupo, após estar em uma distância adequada rapidamente olhou para a posição de Tian e viu o jovem preparando a flecha. Então rapidamente Arthur enfiou uma lança improvisada nas costas do primeiro homem que não esperava por isso e gritou de dor, os outros dois olharam assustados para trás e logo se colocaram em guarda, Arthur sacou sua espada curta e partiu em direção ao segundo homem da retaguarda enquanto que o comandante se coloca-va em guarda, e assim sem esperar por isso sentiu a flecha perfurando seu pescoço e caiu em agonia enquanto sangue jorrava de sua garganta e se acumulava em sua boca, o fazendo engasgar.

Arthur havia iniciado combate com o último sobrevivente e estava tendo problemas, o homem era maior, mais forte, mais habilidoso e detinha melhor equipamento que o jovem, porém estava em guarda pois não sabia a posição de Tian e uma flecha poderia acertá-lo a qualquer momento. Arthur buscava tentar superar o homem com sua agilidade, usando de fintas e ataques leves, mas o homem se defendia usando de toda sua experiência, foi quando ele como se cansado dos joguinhos de Arthur levantou sua espada e então avançou para cima do jovem enquanto a descia com enorme força, porém Arthur estava esperando por isso, por esse momento de desespero, o jovem também avançou em direção a seu adversário, o surpreendendo completamente, e desviando do ataque da espada por milímetros fincou sua espada curta no coração do homem. Ele então recuou e buscou com as mãos o local onde foi perfurado, sangue escorria e ele caiu de joelhos, olhou para Arthur e tentou reunir forças para mais uma vez atacá-lo, porém já era tarde, ele viu sua visão escurecer e um profundo cansaço acometer seu corpo, como se o convidasse para um profundo sono, um sono eterno.