A Verdade parte 1

Yukine

Acordo sozinho. Cadê o Yato...? Me espreguiço dolorosamente, os machucados me incomodam.

...Será que ele me deixou sozinho de novo?

Cuidadosamente eu me levanto. Posso estar cheio de dores, mas andar não pode ser um problema.

...Eu não sabia que o Yato era otaku.

Olho em volta e vejo um quarto típico de um otaku. Cheio de mangás nas prateleiras e algumas figures action de uns animes que não conheço, a não ser uma do Pikachu que, aliás, eu gostei muito.  

Sua cama é de solteiro... Parecia ser maior. Deve ser porque estávamos abraçados.

Por que de repente sinto minhas bochechas pegarem fogo?

Yato é um garoto muito bom. Desde que nos conhecemos ele vem me tratando tão bem, nem parece que nos conhecemos há tão pouco tempo.

Calmamente eu saio de seu quarto e sigo escada a baixo, talvez ele esteja no andar de baixo.

Fracamente eu o chamo. — Yato...?

Ninguém me responde.

Suspiro. Ele deve ter me deixado...

— Oh! Yukine, você já está de pé! — De repente Yato surgiu com uma bandeja cheia de comida em mãos. Ele sorri encabulado. — Eu ia levar até você... Pelo jeito não foi preciso.

—... Você fez isso para mim?

— Sim! Bem, eu não sabia o que você gosta então eu fiz um monte de coisa. Hehe...

Realmente tem muita coisa.

—... Obrigado.

Por que ele está sendo tão bom comigo?

— Já que você já está de pé então venha comer junto comigo na mesa. — Sem olhar para trás ele vai até a mesa de jantar onde põe a bandeja.

Por quê?

— Não sei se você gosta, mas eu adoro comer ovos mexidos no café da manhã.

Por quê?!

— Yukine...?

Ele olha para mim, e eu estou parado ainda no mesmo lugar.

— Está tudo bem, Yukine?

Lágrimas silenciosas começam a escorrer pelo meu rosto.

Por que ele é tão bom comigo? Todos... Ninguém gosta de mim. Então por que ele é assim comigo?

Rapidamente Yato me abraça. Novamente estou envolvido por seus braços reconfortantes. Eu continuo a chorar agora mais do que antes.

— Calma Yukine... Está tudo bem... — Ele repetia essas palavras enquanto acariciava a minha cabeça.

O tempo foi passando e eu fui me acalmando. —... Me desculpa.

— Você não tem o porquê de se desculpar, Yukine. — Suas palavras soam carinhosamente em meu ouvido.

— Claro que eu tenho! — Eu me afasto dele e olhando em seus olhos eu digo. — Eu te fiz cuidar de mim não uma, mas três vezes! Eu só sei chorar por tudo! E... eu molhei a sua camiseta com minhas lágrimas! Só sei te trazer problemas! Você vive me ajudando e eu não tenho o que te dar em troca...

Yato repentinamente me segura pelos braços, seus olhos estavam completamente sérios. — Eu estou fazendo tudo isso porque eu quero. Você não precisa me dar nada em troca! ... Chorar faz bem às vezes e a minha camiseta irá secar... Então, não precisa ter motivos para ficar assim.

— Por que... você é tão bom comigo? — Lágrimas continuam a cair.

Yato fica um tempo em silêncio, e fixando seus intensos olhos azuis nos meus, responde. — Porque eu quero estar com você e cuidar de você. Simples assim. — Carinhosamente ele enxuga as minhas lágrimas. — Não chore mais por achar ser um estorvo para mim, porque você não é.

Ele segura minha mão e me guia até a mesa. — Venha, vamos comer que eu estou morrendo de fome!

Assim que comemos o Yato me obrigou a ir deitar. Ele me fez várias perguntas, querendo saber se eu tinha quebrado algum membro. Ele insistiu em me levar para um hospital, mas eu descordei. Não pareço ter lesionado nada seriamente. Só preciso descansar.

Yato foi fazer algumas compras, tendo que me deixar sozinho.

Eu tomei uns analgésicos e me sinto um pouco melhor, mas estranhamente não peguei no sono.

Fico me virando de um lado ao outro da cama. Eu quero dormir, porém não consigo. Será...

“Talvez... eu esteja ficando acostumado a dormir em seus braços...”.

Minhas bochechas começam a corar. Não pode ser isso.

Yato

O Yukine é tão fofo!

Me dói saber que ele esteja sofrendo tanto. Eu farei de tudo para que ele não tenha mais motivos para chorar!

Agora eu já sei. Já sei os sentimentos estranhos que eu sentia por ele. Porque eu o via tão diferente dos outros...

É porque eu o vejo como um irmão! Um irmão mais novo incrivelmente fofo.

Agora está tudo explicado!