A promessa

Yato

Argh! Eu sou um idiota! Eu sou estupidamente idiota. Por que eu agi daquela maneira com o Yukine?

Já faz horas que eu estou me questionando. Desde que cheguei em casa só sei me culpar.

Eu sou um idiota!

Eu deveria ter agido diferente. Deveria tê-lo tratado melhor. A culpa não é dele. A culpa é toda minha. É minha culpa de ele ter ido novamente para enfermaria.

As marcas em seu pescoço...

Aquele bastardo decidiu se vingar. Sabendo que não conseguiria fazer nada comigo ele descontou no Yukine. Quando eu vê-lo novamente...

Me levanto da cama e saio do meu quarto. Passo propositalmente pelo quarto da minha mãe, e fico olhando para a cama me lembrando da noite passada.

Nós estávamos ali. Juntos...

Ah! Eu não irei conseguir me aguentar até amanhã!

Desço a escada correndo e passo pela porta de casa como um tufão, chegando à casa do Yukine em segundos.

Eu estava prestes a tocar a campainha...

Mas o que eu irei dizer?

Simplesmente pedir desculpas? Eu irei fazê-lo perder tempo só para ouvir as minhas desculpas?

Fico deprimido, mas eu ergo a cabeça novamente e sem pensar duas vezes eu toco a campainha. Eu tenho que resolver tudo isso hoje!

...

Ninguém responde.

Toco novamente.

Ninguém.

Suspiro. Será que não tem ninguém em casa? Ah, verdade. O Yukine deve estar dormindo. E talvez ele esteja sozinho...

Um sorriso brota em meu rosto. Tive uma ideia.

Dou a volta na casa. Qual será que é a janela do quarto dele?

Narrador

Yato entra por uma das janelas aleatoriamente. Para o moreno escalar aquela parede não foi nada.

Ao olhar em volta ele percebe que está num quarto, mas este se encontra numa bagunça total, como se alguém houvesse entrado e revirado tudo. Parecia que um furacão passara por ali.

— O que aconteceu aqui...?

O jovem sente um aperto no coração. Ele sentia que algo de ruim tinha acontecido.

Yato sai do quarto a passos rápidos e alto ele chama. — Yukine?! Yukine, cadê você?

Às cegas ele começa a procurar seu amigo. No segundo andar não havia ninguém, então ele desce correndo a escada, e no meio da sala de estar ele o encontra caído no chão.

—Yukine!

O moreno corre até o seu amigo, e ao chegar perto ele o encontra cheio de feridas.  Em seu rosto havia vários hematomas e em seus lábios havia um rastro de sangue seco.

Yato sente seu coração se apertar. Segunda vez no dia que ele o encontra assim.

Lágrimas de raiva começam a escorrer pelo seu rosto e com voz embargada ele anuncia uma promessa que fica gravada em seu coração.

— Eu não deixarei que ninguém mais te machuque...  

Yukine

Onde eu estou...?

Tento me levantar, mas uma forte dor me impede.

O que acont-

Ah...

Foi o meu pai.

Sinto as lágrimas começarem a se acumular em meus olhos, porém não são de tristeza, e sim de raiva.

Depois de tanto esforço... Depois de tudo que eu fiz... Foi tudo em vão.

Ele roubou todo o meu dinheiro.

Ele não vai usar nenhum centavo para ajudar a família, mas sim em gastar em bebidas e prostitutas.

Não me aguento e começo a chorar. Minhas lágrimas escorriam incessantemente, mas eu não deixava nenhum gemido, gritou ou suplica sair de minha boca. Não deixarei aquele homem escutar que eu estou chorando. Não darei esse gostinho para ele.

Mas faltava tão pouco!

Só mais um pouco e eu poderia deixar essa casa. Ir para longe. Viver sozinho. Ninguém mais iria sobrepor-se sobre mim. Mandar em mim. Me agredir. Eu seria livre...

Com grossas lágrimas tampando minha visão eu vou fechando meus olhos aos poucos até que não houvesse nada além da escuridão.

Vozes desagradáveis soam por todo lado

. "Olha  só para ele!"

"Sim, ele é mesmo um garoto de programa!"

"Imundo!"

"Viado!"

"Eu tenho vergonha de ser pai dele"

Porém um voz carinhosa soa no meio daquela multidão horrorosa.

— Yukine... Yukine... Isso é só um pesadelo! Yukine... acorda.

... Eu reconheço essa voz!

Fracamente abro os meus olhos e me deparo com uma pessoa que eu não esperava encontrar.

— Yato...? —Sinto um alivio preencher o meu peito, mas ele some rapidamente. Meu pai! Como o Yato entrou aqui?! Se meu pai vê-lo... — O que você está fazendo aqui?

Ele ri. —Bem... Essa é a minha casa.

Hã?

Eu olho em volta e percebo que não estou no meu quarto como eu havia pensado.

— Onde eu estou...

— No meu quarto. — Ele sorri levemente, e carinhosamente acaricia a minha face, secando as lágrimas que se encontravam lá. — Não precisa se preocupar mais... Você está seguro agora.

Seguro...

Essa palavra me afetou mais do que eu pensei ser capaz. Quando eu percebi eu estava chorando em prantos, e como na noite passada seus braços carinhosos me envolveram num abraço caloroso.

Deixei meus olhos pesarem e quando eu menos percebi eu já estava dormindo em seus braços.

Talvez... Eu esteja ficando a-...