|
Tempo estimado de leitura: 28 minutos
18 |
Olá! Tudo bem!?
Decidi postar uma fic nova para vocês. Só que essa é uma Byaruki. Sei que está em falta histórias do gênero e por isso decidi fazer a minha história. Espero que gostem. Postarei os três primeiros capítulos.
Boa leitura.
Era para ser mais um dia comum em toda a Sereitei. Para Rukia era diferente: Hoje era o dia mais triste na mansão Kuchiki. Naquele dia era celebrado o aniversário de morte de Hisana e da transformação do homem frio, arrogante e sem sentimentos — seu Nii-sama. Nunca conheceu sua irmã de verdade para poder se lembrar dela — conhecia apenas Kuchiki Byakuya. Como de praxe, hoje seria o dia em que faria seu desjejum sozinha, sem nenhuma advertência, sem aqueles olhares frios intimidadores, sem a presença imponente dele. E assim aconteceu.
Rukia andava pelos corredores enormes daquela mansão. Aquele lugar de tão lindo e perfeito em sua arquitetura tradicional japonesa tornara-se tão lúgubre que chegava a corroer toda sua alma. Não se ouvia nem os movimentos dos empregados. Sentia uma terrível dor na garganta por respirar aquele ar que não conseguia chegar direito a seus pulmões. Era o dia mais difícil de se viver e não pensaria duas vezes de trocá-lo por uma missão tão difícil como em karakura ou no hueco mundo.
Não sentia a reiatsu dele. Byakuya era mestre em escondê-la. A fazia pois não queria ser importunado. A mansão Kuchiki se transformava em sentimentos tristes que vinham da alma reprimida e fria dele.
Rukia andou por toda aquela imensidão e logo pode avistar aquele salão isolado. Sabia que não poderia estar ali pois era restrito e somente Nii-sama e alguns empregados poderiam adentrar tal lugar.
Tamanha era sua curiosidade e desejosa era a vontade de adentrar e conhecer aquele local que era o templo de consolo do capitão do 6º esquadrão. Talvez, naquele local, encontraria um pouco da paz que precisava sentir.
Aproximou-se daquela porta. Hesitou em adentrar mas não deixou de tocar com as mãos aquela porta. Talvez lhe traria a paz. Sentiu que o local era um profundo silêncio e aliviava a tristeza de toda aquela mansão.
Fez uma reverência ali mesmo assim que sentiu tamanho conforto que aquele lugar lhe transmitia. De repente, sentiu que a porta deu uma leve mexida. Levantou o rosto e pode ver, de imediato, aquele rosto angelical suspenso naquele altar.
Olhou para aquela foto, naquele altar apenas iluminado com velas, constatando a beleza simples e natural daquela mulher linda — como eram parecidas! Rukia não se conteve em contemplar aquele rosto e uma imensa curiosidade invadiu todo seu ser. Quem foi Hisana? Por que sabia pouco dela? Por que ela a abandonou ainda quando era um bebê? Todos esses questionamentos sem haver, se quer, uma resposta, deixava a pequena shinigami aflita.
Nunca questionou antes o mistério sobre sua existência, nem seu Nii-sama sabera muito sobre a vida de Hisana. A amou como nunca poderia amar novamente outra mulher. Como seria possível isso? Nii-sama enfrentou todos do clã, se casou com ela por amor.
A imagem daquela mulher, a sua frente, trazia muita paz mas sentiu seus olhos lacrimejarem sem motivos. Um sentimento estranho invadiu seu ser palpitando seu coração, como se sentisse algo que deveria dizer.
Rukia se aproximou e se ajoelhou perante aquela imagem pois não resistiu ficar em pé. Fechou os olhos com força e chorou. Sentia que a cada lágrima derramada, seu coração parecia mais aliviado. Abriu os olhos e contemplou novamente aquele rosto que sorria eternamente. Hisana era um grande mistério em sua vida. Nunca esteve em frente a ela. Agora sabia, mais do que nunca, porque seu Nii-sama nunca deixou de amá-la.
Rukia sussurrou com a voz trêmula:
— Nee-sama... — Suspirou lentamente.
Sentiu muito por não a conhecer ainda viva e sentiu mais ainda por não saber nada dela. Precisava sentir um pouco mesmo que imaginando como seria viver ao seu lado. Como seria se ela não a tivesse abandonado? Fez esse questionamento para aliviar a profunda rejeição que sentiu ao longo de sua vida. Abriu a boca e sussurrou novamente e firme:
— Nee-sama! Por que você me abandonou? Queria tanto poder conhecê-la. Seria o meu maior desejo sentir seu abraço. — Rukia se envolveu nos próprios braços — Nii-sama cuidou de mim e me adotou mas nunca me deu um abraço. — Murmurou lamentando-se e seus olhos voltaram a lacrimar. — Ele me adotou por você, te fez uma promessa.
Ela suspirou e confessou o que seu coração já não conseguia guardar:
— Desde o dia em que eu fiquei sabendo que você é minha irmã eu a odiei! — Rukia pressionou suas mãos descontando toda a descarga. — Eu passei a compreender tudo o que você me causou. Não só a mim mas também a ele. Doeu e ainda dói saber que eu não tenho como ter esperanças. Ele a ama ainda! Mesmo que você me abandonaste. Por quê?
Rukia se entregou e seu corpo foi envolvido por profunda solidão. Caiu com o rosto no chão e se envolveu em seus próprios braços buscando consolo. Não soluçava pois queria manter aquele silêncio de paz naquele local sagrado. Podia sentir ainda o cheiro dele naquele ar. Pudera ele estar lá ou o cheiro dele era tão impregnado naquele templo? Não se importava naquele momento. Queria sentir aquele alivio que seu coração turbulento estava recebendo.
— Me perdoe... — Ela não aguentava a injustiça de invejar alguém que não estava mais viva. — Me ajude!
Mais uma vez, entregando-se a morfeu, sussurrou:
— Nii-sama.
***
Caminhava devagar por seu jardim particular, estava sozinho e sentia aquele silêncio a sua volta. Constatou que suas ordens foram cumpridas. Não desejava ser incomodado. Queria poder fugir um pouco de suas obrigações de líder para voltar a ser um jovem cheio de vida por somente um dia.
Byakuya Kuchiki queria viver esse dia e se revigorar. Ansiava por esse dia para poder escapar dos outros 364 dias em que era conhecido como o capitão da 6ª divisão — sua armadura.
O vento tocava seus cabelos e só ouvia-se o barulho de folhas secas dançando uma valsa ao ar. Tudo a sua volta se comportava com maestria. Podia sentir a saudade daquela mulher que mexeu com seu ser. Sentir a presença daquele ser que nunca mais voltaria a ver. Era o único dia que dedicava a ela — não somente a ela. Queria resgatar sua própria essência pois, a cada ano que se passava, sentia que perdia um pouco dela.
Byakuya Kuchiki, líder do clã, guardava esse segredo para si só. Após a morte dela se consolou atrás de uma muralha de gelo pois não queria que ninguém o achasse fraco. Também, como líder, jamais poderia deixar que seus sentimentos atrapalhassem sua autoridade. Foi ensinado a ser assim. Só não aprendeu a não sofrer por amor.
Não achava justo o pouco tempo em que esteve com ela — Hisana, pois nunca desvendou os mistérios que ela carregava consigo. Hisana apareceu em sua vida como um presente surpresa que toda criança sonha em ter. Tê-la ao seu lado por 5 anos não foram o suficiente para ele. Ele a queria fazer feliz e tirar toda a tristeza daquela linda mulher. Esteve com ela em todos os momentos e foi seu fiel protetor. Sentiu-se incapaz de não ter sido forte suficiente por não ter a salvado de sua tristeza. Aquela tristeza que a consumia dia e noite e não tinha remédio que pudesse curá-la. Nem seu próprio amor pôde curá-la.
Lembrou do seu último dia e da promessa que tinha feito a ela. Cumpriu a promessa colocando como garantia sua própria vida. Aquela voz que esforçava seu corpo por forças para conseguir falar e implorar algo: Prometa-me... eu lhe imploro.
Foi o que fez e honrou sua promessa. Achou Rukia e cuidou dela. Ela era tão igual fisicamente a Hisana que desde quando a achou não conseguia olhá-la diretamente nos olhos. Aquela garota era forte e sobrevivente das mazelas que Rukongai poderia oferecer. Como poderia um bebê sobreviver a triste realidade da pobreza e violência daquele lugar? Nunca perguntaria a Rukia.
Mas tinha algo que mais incomodava o Kuchiki e que não o deixava em paz. Havia algo que nunca ousou contar a ninguém e nem a sua própria amada. Odiava por ter descoberto um segredo dela guardado a sete palmos.
Ele amou justamente essa mulher por, melhor que ele, ser forte o suficiente para guardar esse segredo. Amou Hisana assim, pois a mesma era tão forte e sobreviveu a muitos infortúnios que aconteceu em sua vida. Concluiu que Hisana morria a cada dia por causa desse segredo.
Byakuya saiu de seus devaneios ao sentir um vento gelado trazendo o inverno consigo. Tomou seu caminho voltando para a mansão.
Quis primeiro fazer uma oração pela alma de sua Hisana indo até o salão em que tinha um altar totalmente dedicado a ela.
Sentiu a presença de Rukia mas não se incomodou. Antes que pudesse adentrar ao local pôde vê-la ajoelhada. Hesitou em entrar e teve o maior cuidado de não fazer barulho pois queria observar aquele encontro de sua irmã. Sentiu uma pontada no peito quando a ouviu chorando e sussurrar. Não conseguiu ouvir o que ela dizia, parecia que estava contando um segredo ou desabafando com aquela imagem sempre sorridente.
Logo, viu um movimento brusco. Rukia caiu no chão e ali ficou naquele silêncio que começou a queimar no peito de Byakuya. Controlou-se para não abraçá-la ali mesmo. Nunca sentiu tanta vontade de tocá-la. Ele sempre soube o quanto Hisana amou Rukia, e pior, nunca compreendeu esse amor. Seria tanto amor por remorso de tê-la abandonado? Sabia, no fundo, que não era somente isso. Sentia que Rukia lhe tirou esse amor de Hisana. Mas ela não tinha culpa e nunca poderia culpá-la por isso. Mas não conseguia evitar.
Byakuya aproximou-se dela e ao se encontrar com aquele corpo no chão, notou que aquela pequena mulher suspirava calmamente. Curvou-se perante Rukia. Sentia sua respiração pesada — devia ter pego num sono pesado pois sentira muitas emoções naquele encontro. Admirou-se estar tão perto dela. Nunca esteve tão próximo dela assim pois sempre evitou olhá-la nos olhos, talvez por invejá-la de ter o amor de Hisana ou por algo que sempre evitou. Dessa vez criou coragem para tocá-la. Tocou sua franja teimosa trazendo-a para trás de sua orelha. Assim poder ver aquele rosto lindo de anjo que ela tinha. Estava úmido pois ainda adormeceu enquanto não tinha cessado seu pesar.
Ele ficou ali a admirá-la sem se importar com o tempo que passava rapidamente a sua volta. Nesse tempo sentiu imensa vontade de deitar-se ali mesmo ao lado dela só para olhar aquele ser que foi tão amado por Hisana. Rukia era tudo o que Byakuya tinha. Ela era do mesmo sangue de Hisana.
Pode ouvir bem baixinho seu nome ser pronunciado por ela — Nii-sama. Ela falava enquanto sonhava. Sorriu pela primeira vez para ela. Sentiu alegria de saber que ela pensava nele por tamanha ironia dele jamais permitir maior contato.
Fechou seus olhos e ficou ali ao lado dela, em profundo silêncio para descansar de sua labuta. Mais uma vez aquele silêncio cessou ao ouvi-la novamente pronunciar. — Nii-sama, eu te amo! — Sentiu novamente seu coração palpitar e o mesmo não obedecia a nenhum comando seu, como se não quisesse ser controlado por ninguém. Sentiu medo de que o mesmo lhe entregasse e acordasse aquele anjo adormecido.
Não conteve-se e todo aquele sentimento de pesar foi lhe arrancado de suas entranhas. Ficou assustado com aquela confissão. Não acreditava que seria possível ter ouvido direito aquilo. Rukia poderia amá-lo em sonhos? Ele que sempre manteve distância dela, que nunca a deixava assumir missões perigosas ou concorrer a cargos mais elevados em seu esquadrão. Sabia que ela tinha capacidade para tudo isso mas que, por falta de incentivo dele mesmo, não conseguia controlar seu poder espiritual para grandes batalhas.
Byakuya fitou a imagem de Hisana, sempre sorrindo, parecia que a mesma estava feliz por vê-lo fazer essas constatações diante daquela situação. Sussurrou para Hisana:
— Fiz minha promessa por você, mas a mantenho por mim. Rukia é tudo o que eu tenho e o presente que você me deu. Me perdoe! Mas não aguento mais guardar esse segredo.
Byakuya percebeu que Rukia permanecia em paz e decidiu não movê-la para seu quarto. Tirou seu haori de capitão e a cobriu pois o inverno estava chegando e, com ele, muitas mudanças em suas vidas. Tocou suas bochechas com o polegar e disse bem baixinho:
— Durma em paz, minha pequena.
Saiu daquele local silenciosamente, retirando-se para seus aposentos.
Continua...