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— Com ninguém! — Esbravejou Noiado se sentando no sofá revestido a plástico de braços cruzados com o rosto virado e beicinho de indignação. — Isso, num interessa a VOCÊ, principalmente.
Kanato se levantou do chão e começou a gritar histericamente, xingando Noiado de coisas absurdas, que até o próprio Reiji acharia extremamente deplorável para quem vive em uma mansão isolada ausente de tecnologia. Yui se sentou no chão apalpando a bochecha atingida, se contorcendo de dor pelo tapa sem querer que Noiado lhe deu há 3 minutos atrás, a mesma só percebeu a briga inusitada entre o casalzinho de passivos quando Kanato tinha derrubado a estante de livros de seu quarto. Noiado parecia não se importar com isso, apenas ignorando os gritos de menininha mimada dos cabelos arroxados que entravam no seu ouvido e saía pelo o outro na tolerância. A loira sentiu algo estranho, sua calcinha tinha melado instantaneamente por está presenciando uma cena muito homo.
— Grite até causar um terremoto atômico em Hiroshima, realmente eu num importo com nada que cê diz. — Comentou Noiado, de maneira esnobe fazia com a sua mão como se tivesse espantando insetos.
— Ora seu... — Kanato percebeu que Noiado estava ainda com o vestido e deu um sorriso cínico. — Ah, então você não irá ligar se eu disser que está parecendo uma prostituta de birosca do século 16.
Noiado olhou para seu corpo magrelo e levou um susto naquele momento que percebeu que estava vestido de garota.
— Pô, eu sei que a gente num se dá bem e tal, mais num precisava exagerar na hora de escolher o vestido, cê me transformou na Elsa do 'Fozen' fundida com a mina apaixonada pelo Claudinho, ah, vai tomar no meio da bunda!
Yui se levantou do chão e se intrometeu:
— Viu Kanato-kun? Eu falei que ele não ia gostar. — Disse Yui com a postura ereta e com os braços cruzados. — Por que ninguém me escuta nesta mansão?
— Quem te deu permissão em se intrometer e abrir a boca para falar apenas inutilidades? Por acaso está pedindo pra morrer? — Kanato levantou a faca pra lá de enferrujada apontando para a coitada da Yui, abrindo um sorriso doentio. — Teddy me deu várias sugestões de brincadeiras, se é que me entende.
Yui soltou um "Kyaaah!" bem fofo e se ajoelhou suplicando nos pés de Kanato.
— Me desculpa Kanato-kun. — Beijou os sapatos bem polidos do vampiro. — Juro pela minha morte que não farei isso novamente.
Kanato deu um sorriso vitorioso.
— Me convenceu. — Guardou a faca enferrujada.
— Bom, cê citando naquele seu ursinho do capiroto. — Intrometeu-se Noiado, olhando para os lados. — Onde ele tá?
Kanato arregalou os olhos e percebeu que Teddy não estava na cama de Yui.
— ...TEDDY!
O vampiro saiu correndo do quarto de Yui, era tanto desespero para ele que até se esqueceu de que ele poderia se teletransportar. Noiado se levantou do sofá e foi até o grande espelho e Yui o seguiu.
— Então, como está se sentido com...tudo isso? — Perguntou a loira com um olhar preocupado atrás dele.
Noiado tinha acabado de estourar uma espinha de sua testa e respondeu:
— Sei lá, não pode ficar pior do que isso.
— Vo-você não está nem um pouco incomodado de está usando saia?
— Pá ser sincero, no começo sim, mais percebi que é tão refrescante nas partes de baixo que num tenho pra que reclamar. Só não gostei destes sapatos, muito apertados. Haha. — Riu sem graça. — Eu iria ter um ataque de nervos se fosse os mosquitos que escolheram estas roupas, óia que se eu tivesse no Brasil vestido assim eu seria tachado de traveco piranha.
Yui deu um sorriso forçado e começou a secretar suor frio pela sua testa, afinal Noiado não sabia que foram os vampiros que escolheram suas roupas.
— Hehe, é... — Olhou para os lados, não focando nos olhos sedutores de Noiado, sem graça. — Pois é...
— Óia, cê é a pessoa mais legal que já conheci até agora! Quer ser minha BFF?
Yui quase chorava de alegria naquele momento. Sem hesitar e sem escolha, aceitou na hora. Os dois melhores amigos para sempre riram juntos e se abraçaram no puro calor do momento. Ainda abraçados, Noiado abriu os olhos e inesperadamente viu Teddy na parede mofada da estante de livros derrubada. Noiado desfez o abraço espantado, com as pernas finas tremendo de medo.
— Yu-Yui...O Kanato tinha colocado o Teddy ali quando acordei?
Yui se virou e soltou novamente aquele seu "Kyaaah!" fofo, assustada.
— Não!...Eu acho...
Noiado deu passos silenciosos e lentos, indo em direção a Teddy que não transmitia nenhuma emoção em seu rosto, além de um sorriso macabro que fazia com que todos os pelos de todas as regiões arrepiarem só de dar uma olhadinha nele. Em um ato preciso retirou o ursinho da parede cheia de mofo com dificuldade. Os fungos que haviam desenvolvido consciência própria fizeram de tudo para que Teddy não fosse retirado dali, já que a pelúcia era um bom abrigo pra eles, mas sem sucesso, eles ficaram tristes e logo murcharam-se ao ver o ursinho de pelúcia sendo retirado deles sem dó e piedade. A parede que ficava a estante de Yui deixou de ser um rosa com manchinhas brancas, ficando toda roxa esverdeada e logo se foi derretendo que nem sorvete até mostrar o dentro da parede, o que era para ter apenas tijolo e concreto ou um portal secreto para uma dimensão de vida igualada só que mil vezes melhor, tinha uma cama azul ocupada por ninguém nada mais e nada menos que:
— Shu-kun?! — Bradou Yui em estado de surpresa. — O que está fazendo dentro da minha parede...e como você entrou da minha parede?!
— Poxa, além de ser vampiro é fantasma, eu não mereço isso... — Comentou Noiado revirando os olhos.
— Shu-kun! Me responde!
Shu dormia roncando como um porquinho da índia em hibernação até que Reiji entra no quarto, sem bater.
— Ahá! Eu sabia! Seu hurensohn, der! — Apontou Reiji, falando suas últimas palavras em alemão, para o vampiro loiro que logo se levantou da cama. — Desta vez não escapa!
Shu se teletransportou em um toque de mágica, deixando seus fones de ouvido em cima da cama. Reiji pegou os fones e começou a dar a risada do mal.
— Consegui! Eu finalmente consegui! MUAHAHAHAHA! Agora se me dão licença, vou me retirar.
Reiji retirou uma poção dentro de sua beca de mordomo e jogou no chão, produzindo uma fumaça cor-de-rosa cheia de glitter e em fração de segundos quando a fumaça abaixou, o moreno de óculos de vovô sumiu. Yui e Noiado estavam pasmos, sem ter o que comentar a isso até que Reiji volta dando uma olhada no relógio:
— Noiado, você tem mais ou menos de oito horas, quarenta e cinco minutos e vinte e três segundos para limpar dentro e principalmente fora da mansão até o relógio bater a hora de ir para a escola, toma. — Reiji deu uma coleira de cachorro roxa para Noiado. — Acho que essa punição será suficiente para você aprender a não...a não...a não ser uma pessoa tão deplorável. Agora vou me retirar.
Reiji repetiu o mesmo processo, usando a poção e jogando-a no chão, produzindo uma fumaça com glitter e finalmente sumir.
— Retiro o que eu disse, agora estou odiando ficar nesta situação. — Noiado colocou a coleira e se surpreendeu que era confortável. — Não acredito que vou passar o resto do dia limpando cocô de pombo.
— Na verdade, cocô de corvos. — Corrigiu Yui, dando uma risadinha.
— Pior ainda.
Batidas fortes na porta do quarto de Yui foram ouvidas, Noiado, como é o protagonista, foi abrir a porta ainda com o Teddy em seus braços e Yui o seguiu, ambos se depararam com Ayato com seu sorriso de bad boy que deixou todos excitados, até a narradora aqui ficou excitada e até você meu leitor, ficou excitado só de imaginar o sorriso bad boy saliente do ruivo olhos de serpente.