Um som estrondou. Forte e profundo estremecendo as paredes. Arquejou de susto abrindo os olhos. O quarto estava às escuras. As velas nos castiçais sobre a mesinha ao lado da pequena cama, apagadas. Ela nunca gostou do escuro. Sua imaginação fértil lhe pregava bastantes peças, fazendo-a achar que qualquer barulho era um monstro, querendo lhe pegar. Encolhida debaixo das cobertas, observou atentamente ao redor, mas não conseguia ver nada. O uivo do vento foi mais alto. A chuva aumentando. Tremula engoliu em seco, se encolhendo ainda mais.
- Espeto-san?
Sua voz saiu tímida e tremula. Ninguém respondeu. Sua babá não estava aqui? Lucy estremeceu mais. Desde que se entendia por gente, a senhora cuidava dela. Era uma segunda avó, mas se ela não estava aqui... Um trovão estourou. Tão forte que encheu seus ouvidos, o barulho ecoou dentro dela. Soltou um gritinho cobrindo a cabeça, sentindo de repente, o quarto ficar menor, encolhendo... Com falta de ar, jogou as cobertas para longe e pulou da cama. Sua camisola branca chegava aos tornozelos. Com os braços esticados para frente andou tateando o escuro, seguindo de memória o caminho até a porta. Suas pequenas mãos encostaram a madeira e rápido se esticou, ficando nas pontas dos pés. Alcançou a maçaneta e puxou, abrindo a porta e saindo do quarto. Deixando o mesmo aberto, seguiu às cegas pelo corredor estremecendo ainda mais pelo frio. As chamas nos castiçais nas paredes tão fracas... quase não enxergava nada. Seus pés se encolhiam da temperatura baixa. Com uma mão tocando na parede, foi andando até o quarto dos pais.
Seu otou-san não ia gostar. Ele até mesmo queria que dormisse sozinha, tinha seis anos. Já bem crescida na opinião dele. Mas mesmo assim não ela conseguia. Tinha pesadelos estranhos. Pessoas gritavam, urros medonhos a perseguiam e estava sempre sozinha. Correndo e chorando pedindo por socorro, mas ninguém... aparecia. Ela sentia muito medo desses pesadelos. Dessas coisas que urravam como trovões e corriam atrás dela. O vento uivando sempre mais forte enquanto sentia algo gigante e assustador crescer acima dela, chegando mais e mais perto.
Já saía do corredor entrando no patamar para a dupla escadaria do hall quando um estalo ecoou. Mordeu o lábio, segurando o gemido e parando no lugar. Era o barulho da casa, só isso. Engolindo em seco, olhou a distancia até o outro lado do patamar. O quarto de seus pais ficava lá. Caminhando devagar atravessou, olhando cautelosa envolta. Vendo as formas vagas dos sofás, das estátuas lá embaixo através da balaustrada de mármore. Já chegava ao meio da passarela quando ouviu um barulho agudo. Lento e doía em seus ouvidos. Parecia... um garfo arranhando um prato. Parou de andar.
- Qu-quem é?
O barulho parou. Seu pequeno coração disparava. Aqui estava ficando mais escuro, o vento uivando mais forte com a chuva lá fora. Pensando que imaginava coisas voltou a caminhar e então todo seu corpo se arrepiou. Ofegante olhou em volta e pode sentir, bem real, que era observada. Sem esperar correu em direção à entrada do outro lado. O som dos seus pés descalços fazendo barulho. Estava o alcançando, um pouco aliviada quando puxaram sua camisola para trás. O trovão estourando abafando seu grito. Em seguida, uma risada fina e doente soou deixando a menina em pânico. Se debatendo foi erguida e jogada de qualquer jeito no ombro de alguém, ossudo e peludo. O pânico e terror aumentaram. A coisa se curvou se inclinando e saltou, caindo no hall há sete metros de altura. Seus gritos eram apavorantes, o monstro corria em direção à janela aberta da sala, lá fora a chuva caía sem piedade encharcando o gramado, o jardim. Saltando para a janela, raios riscaram iluminando em segundos a sala escura e ela viu a sombra na parede daquilo que a levava. Era corcunda, magro e seus braços e pernas compridos demais, finos como gravetos. Outra risadinha soou e aquilo a apertou com força.
- Uma criança... uma criancinha vou jantar.
Os céus estouraram num estampido ensurdecedor.
- Lucy!
Abriu os olhos, arfando. O teto de madeira girava a deixando tonta. Patinhas macias e mornas balançavam seu braço, que de imediato pulsou de dor.
- Itai.
- Você está bem?
A vozinha perguntou, junto uma cabeça peluda e felina apareceu perto do seu rosto. Espere, felina? Virou o rosto, encarando os olhos grandes e negros do gato azul. A surpresa não poderia ser maior.
- Happy?
- Aye.
O gato se sentou e pasma olhou em volta. Estava num quarto. Precisamente deitada numa cama grande e macia. Ainda chovia pelo barulho nos telhados e o vento uivando.
- O que, que você faz aqui? Onde estamos?
Observou mais uma vez, vendo as paredes azuis desbotadas, uma cômoda onde duas mochilas uma amarela, outra verde repousavam no chão de madeira.
- Na estalagem. Depois que os Duhbs foram destruídos soltamos todos das celas e saímos de lá. Você desmaiou depois da luta e Natsu te carregou pra cá.
Seu rosto queimou na ultima parte. Rápido abaixou a cabeça, escondendo as bochechas vermelhas com os cabelos.
- Ah...
Agora lembrava. Naquele momento, um calor doentio se alastrava por seu corpo e não conseguia respirar. Devia ter caído da passarela e Natsu a salvou. Envergonhada, seu pulso acelerou quando lembrou de uma... bem, uma cena um tanto constrangedora. Certo, foi muito constrangedor. Depois do “apagão” que teve, acordou outra vez. Seus pulmões ardiam, gorgolejando. Sentia um frio insuportável e não parava de vomitar água. Um braço a virou de lado ao mesmo tempo em que tiravam rápido uma peça de roupa dela. Seus seios e o tronco pararam de doer, o aperto havia sumido. Quando parou de tossir, novamente a viraram. Vagamente sentia que estava deitada nas pernas dobradas de alguém. Tão acomodada que o susto de quase se afogar passou. Pelo calor anormal da pessoa sabia quem era. Mesmo enxergando tudo borrado.
Apesar da situação, jogou na cara dele que ela conseguia ser uma maga estelar. Natsu parecia confuso e arfava tanto. A ultima lembrança que teve foi de desmaiar dizendo isso. Mas... havia outra coisa. Algo que perturbou mais seu coração, o calor diferente da vergonha subindo até seu rosto. Seus lábios formigavam, a medida que relembrava a mesma sensação. Morno e úmido, algo macio se mexia sobre seus lábios, adentrando sua boca. Um fôlego soprava e sugava o seu. E parecia ter tanta fome ao mesmo tempo em que não tinha pressa. Aquilo mexia seus lábios, puxando e deslizando. Um toque úmido o acompanhando junto um barulho abafado, parecia... gemidos. De prazer. Sem ar pensou ter visto uma ultima coisa. Mechas rosadas e molhadas a centímetros do seu rosto.
- Lucy. Hei!
Pestanejou arregalando os olhos. Happy a olhava confuso. Há quanto tempo ficou ali, imaginando besteiras? Porque foi uma besteira, não é? Quer dizer, o sonho não foi o mesmo de sempre. Ela nem conseguia se mexer, nem respirar direito, mas... Natsu não a agarrava, ele na verdade a abraçava. Tão apertado sem machucar. Curiosamente o cenário do sonho mudou. Os dois molhados dos pés as cabeças, ele sentado na areia (a sentia sob os pés) e ela deitada no seu colo. Inerte, entregue. Para ele fazer o que bem entendesse.
Como me beijar...
- ... devia comer alguma coisa.
- O que?
Acordou do devaneio. Happy não se importando (ou simplesmente não viu) abriu as asas brancas e voou pairando sobre a cama, ficando diante dela subindo e descendo, as asas batendo freneticamente.
- Você gastou todo seu poder mágico. E seus machucados precisam sarar, principalmente da sua perna.
Surpresa foi quando notou as faixas envolta dos seus braços, uma enrolada em sua testa e outra bem apertada na perna. Levantou os lençóis brancos. Suas pernas estavam arranhadas, sua coxa direita tinha uma atadura bem firme. Um cheiro adocicado e etílico vinha dela fazendo a ferida formigar. Seus arranhões nos joelhos e panturrilhas também ardiam, mas não pulsavam de dor. Exceto quando apertava e aí sim doíam. Então reparou bem na roupa que vestia e arregalou os olhos. Não era uma camisola, era... uma camisa. Larga e negra e cheirava à incenso amadeirado. O aroma marcante e queimado. Estremeceu arrepiada.
- Happy, que-quem cuidou de mim?
- As mulheres da casa. Magdalena, a cozinheira, a filha dela. Tem a Daisy também, mas...
- Mas o que?
Fitou o bichano. Happy voava até uma mesinha perto da cama. Não havia notado ela. Levantando uma tampa de barro, Lucy viu um prato cheio de caldo fumegante. O gato pegou a colher ao lado e mergulhou na sopa, segurando o prato e voando com todo cuidado até ela, logo que entregou, se sentou ao seu lado.
- Eu não sei direito. Quando foram te dar um banho, Natsu entrou bravo aqui dentro e agarrou a Daisy pelo braço, dizendo que ela não ia cuidar de você. Arrastou até tira-la do quarto e depois ele entregou essa camisa preta para dona da estalagem, dizendo que você ia usar.
Arfou estremecida. Entregando um travesseiro, Happy a ajudou a colocar sobre suas coxas e descansou o prato de sopa nele. Sentando outra vez, o gato continuou.
- Isso foi estranho.
- É.
Mexeu o caldo caramelo. Os pedaços de legumes e carne boiando
- Todo mundo pensou que ele ia bater nela.
Sorriu sem graça, pegando um pouco da comida com a colher.
- Natsu causa essa impressão mesmo.
- Depois dessa o pessoal acha que vocês são casados.
Cuspiu a sopa, engasgando de susto. Happy soltou uma risadinha e se irritou.
- Que mentira é essa, gato sarnento?
Balançando o rabo de um lado para outro, ele sorriu. Os olhos grandes brilhando.
- Não é mentira. Eu ouvi as conversas na festa lá embaixo. Todos acham que vocês vieram brigados pra cá. Por isso pegaram quartos separados. Mas quando você foi sequestrada e ele te salvou, fizeram as pazes e lutaram juntos. Estavam chamando vocês de casal.
Seu rosto esquentou tanto, junto com o calor da sopa se entranhando nela
- Isso é uma completa besteira.
- Também tão dizendo que seus filhos vão ser lindos e também...
- Já chega Happy.
Ele colou a boca, mas pôs as patinhas no fofinho, engolindo o riso. Gato debochado. Foi tomando devagar a sopa, se sentindo mais e mais confortável. Apesar do constrangimento. Casados, humpf.
- Mudando de assunto, gato. Estão dando uma festa?
Agora conseguia escutar os barulhos dos salões no primeiro andar.
- Aye. Vai durar até amanhã.
- Hum... – engoliu outro bocado de sofá – e o Natsu tá fazendo o que? Bebendo com todo mundo?
- Não, na verdade ele foi resolver o assunto da recompensa de vocês.
Se espantou.
- Mas já? Eu nem ainda me recup...
- Ele disse que não precisa. E tem razão, Lucy. Falando nisso... com o que você sonhava?
Franzia a testa
- Como assim?
- Ainda pouco antes de você acordar estava tendo um pesadelo.
Empalideceu com a lembrança. Abaixou o rosto, achando de repente, a sopa bem interessante.
- Não é nada.
- Tem certeza? Você tava suando frio. Dizendo “socorro”.
Não disse nada. Simplesmente terminou sua sopa, sentindo uma agonia e sufoco ao lembrar daquilo. Nem sabia do que realmente aconteceu naquele dia. Tudo o que lembrava era daquela coisa a perseguindo, levando embora. Todos da mansão e os empregados afirmavam que tentaram lhe sequestrar. Um inimigo de seu pai nos negócios. Mas ela sabia do que viu. E criança nenhuma esquece.
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Na mansão dos Durkes havia um clima nada agradável. O patriarca da família estava mais agitado do que o normal. Sua filha o observava cautelosa escondida atrás da porta. Já fazia anos que notava esse comportamento estranho do pai, mas quando tentava conversar ele a repreendia, contudo... O viu ir até o balcão de bebidas, se servindo de uma garrafa de conhaque, parecia que desta vez Edgar Durke teria um infarto de tão nervoso que estava.
De repente, passos apressados soaram da sala e... gritos? Arregalou os olhos se virando para o corredor. Um grupo de homens dobrou a curva da passagem, entrando e andando para lá. Eleanor arfou espantada. Todos eles... estavam surrados, as roupas sujas e gastas, no entanto, o líder deles foi o maior espanto. Seus braços e rosto tinham fuligem, sangue melava partes de suas roupas e ainda estavam em trapos. O rapaz de cabelos rosados arrastava pela gola um homem que se debatia freneticamente. Se espantou ainda mais.
- Colin?
O sujeito virou o rosto macilento para ela suando de terror.
- Senhorita! Por favor, me salve! Eles...
- Cale essa boca.
O rapaz o sacudiu com violência. O pescoço dele quase quebrou. Assustada recuou pra longe e se arrepiou quando pararam diante da porta dupla e pesada de madeira. Inclinando o rosto, o mago abriu um sorriso empolgado e perverso.
- Agora... Vamos ter uma conversinha com o senhor Durke.
Seu punho esquerdo explodiu em chamas escarlates, enquanto recuava o braço. O calor aumentando junto o clarão.
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Um soco e as portas explodiram estilhaçando em vários pedaços. Natsu ouviu o berro de terror do janota e viu com prazer ao entrar na sala ele jogado contra uma mesa. Pedaços de madeira em fogo caíram em cima dos tapetes, das cortinas. Logo entraram em chamas e sem cerimônia atirou o empregado para frente, o mesmo caindo num baque e gritando de dor. Havia quebrado seu braço quando o encontrou na festa da estalagem. Oh... Esse sujeito tinha coragem em aparecer por lá e simplesmente estava sem paciência pra nada. Se arrastando e suando em bicas o tal... Colin agarrava o braço, o olhar implorando para Durke. O janota assistia tudo atônito.
- Mas o que significa isso?
Quase riu baixando o olhar. O homem tremeu. Gostou muito de ver.
- Missão cumprida, senhor. Achamos todas as pessoas desaparecidas e os monstros foram mortos.
O homem engoliu convulsivamente, atrás de si escutou passos entrarem. Bem, ele não tinha problema em armar mais o barraco.
- De que forma, posso saber?
Natsu sorriu. Todos assistiam sem entender nada do que estava acontecendo.
- Torrados e destruídos. A ruína também não ficou lá essas coisas, mas... – deu um passo, chegando perto do empregado no chão que gemeu de medo – o senhor não se importa não é? Aquela propriedade não é cuidada pelos Durke há séculos.
- Pai! Do que ele esta falando?
Tsk, mulheres.
- Fique fora disso Eleanor!
A moça se aproximou. Sentiu um pouco de pena dela, mas era hora de todos saberem do canalha que Durke era.
- Mas...
- Eu disse para ficar fora disso!
O janota o encarou. Estremecendo o queixo gordo se endureceu. Quase riu.
- Quanto você rapaz, é bom que pare de me acusar de coisas que não sei. Propriedade? Eu nem conhecia aquelas masmorras.
- Oh... E como sabe que são masmorras? Eu não disse isso.
Todos arfaram. Então o calor dentro da sala ficou mais forte, o ar abafado e queimado.
- Fogo! As cortinas estão pegando fogo!
Durke arregalou os olhos e todos começaram a correr para a saída. Natsu estremeceu de raiva, o canalha engomado correu como os outros, tentando escapar. Rápido disparou, ficando em seu caminho e girou, chutando forte o peito dele. O sujeito caiu esparramado no tapete, ao lado do empregado tossindo sufocado. Uma mulher gritou e rápido uma figura branca caiu no chão também, ficando ao lado do janota. Arfou de raiva. Seu punho recuado em chamas. A garota de camisola abraçou o pai o encarando com os olhos marejados. Inferno!
- Pare! O que está fazendo?! Meu pai quem pediu...
- Seu pai que começou isso tudo garota! Cale-se!
Abaixou o braço. Porem não apagou as chamas. A sala já estava quente e nevoenta com a fumaça. Todos que continham o incêndio parados. Estreitando o olhar, fechou os olhos respirando fundo e jogando o pescoço para trás. Todas as chamas que tomavam as cortinas, as paredes e os moveis voaram para ele, para sua boca enquanto as sugava. Em segundos seus pulmões encheram-se de fogo, suas entranhas queimaram. As chamas se absorveram nele, fazendo parte si. Quando respirou fundo inclinou o rosto. Tudo estava escuro e chamuscado, mas nada queimava. A garota, junto ao pai e o empregado covarde tinham os olhos arregalados, pálidos de espanto.
- O..o que é você?
Limpou a boca com o dorso de uma mão, se afastando um pouco deles.
- É um monstro!
Virou o rosto para o sujeito. O homem estremecia e sem cerimônia soltou um risinho.
- Eu mato monstros. Sou um mago treinado pra isso.
Encarou serio os três no tapete. Nenhum ousava dizer nada.
- Agora, vamos contar a verdade. Porque os Duhbs apareceram de repente senhor Durke?
- Eu.. eu não...
- E porque seu empregado tomava conta das pessoas que eram sequestradas?
A garota baixou o olhar, fitando desnorteada o janota.
- Pai.
- Não acredite nele minha filha. Eu nunca...
- Pare de mentir, velho! – todos pularam de susto, rápido agarrou a gola do casaco do empregado, que gemia de medo enquanto o sacudia na frente dele – Esse verme me disse tudo! Porque diabos pediu pra ele invocar esses monstros? Não pensou nas pessoas?!
Um trovão estourou. Os raios riscaram iluminados em segundos a sala, mas o choque era forte demais. Os homens que vieram com ele, que estavam presos há anos balbuciavam, estarrecidos.
- Senhor...
- Porque?
Durke engolia convulsivamente. Seus olhos agitados encaravam a todos desesperado. Antes que reagisse, rápido ele empurrou sua filha e se levantou correndo até a janela. Surpreso, Natsu assistiu o janota pular as vidraças, caindo do segundo andar. Largou o empregado e correu trás, fechando os braços ao pular a janela também quebrando o resto do vidro e girou o corpo, caindo rolando na grama e escorregando. Agarrou o chão e se levantou no movimento. Era fácil pra ele, mas o janota foi mesmo um idiota. Nem a três metros a sua frente viu o homem gritando de dor. O alcançou vendo a perna torta, o joelho virado pro lado contrario. Ai... isso deve doer.
- Você é mesmo burro. Uma queda de seis metros te arrebentaria todo. Sorte que foi só joelho.
Durke o encarou estremecendo, sangue escorria de seus lábios e de sua testa. Porem a revolta nos seus olhos era maior, isso o fez sentir mais raiva dele.
- Tem ideia do que fez? Faz realmente ideia do que fez, moleque desgraçado?!
Levantou a sobrancelha. O sujeito era maluco? Se inclinando ele tentou se sentar, a cabeça erguida.
- Eu sou herdeiro do baronato de Rosemary! Barão Edgar Rosemary Durke! Acha mesmo que eu ficaria parado enquanto toda minha fortuna acabava?! Acha?! Eu fiz o que tinha de fazer! Esses monstros são folclore da vila! Das minhas terras! Tenho todo o direito de usar magia para invoca-los! Tudo foi culpa de vocês magos incompetentes, que não sabem controla-los! Sua guilda de merd...
Rosnou possesso explodindo em chamas. De imediato o homem parou de gritar.
- Meça as palavras velho. O pedido que entregou foi de resgate e não de assassinato. Minha paciência já tá no limite com suas maluquices.
Ao longe gritos chegavam perto deles. Queria resolver esse problema de uma vez, se não acabaria estourando e torrando o maldito.
- O.. o que você quer?
- A recompensa e que se entregue para o exercito.
Os olhos do sujeito se arregalaram de espanto.
- Eu não posso fazer isso! Três milhões é muito dinheiro!
Quase riu. Ele nem se importava de ir pra prisão.
- Azar o seu. É a politica dos trabalhos para guildas. E... você o tem dinheiro sim.
O alcançou em segundos e puxou pela gola. As roupas rasgadas dele entraram em combustão, queimando. Durke se agitava tentando se soltar e bateu a perna no joelho quebrado dele. O berro de dor foi estridente.
- Pare! Você vai...
- Cale essa boca.
Rosnou baixo e sujeito parou de gritar. Durke o encarava pálido, estremecido de medo. Natsu sabia o porque. Não era por estar coberto de chamas. Nem por terminar de quebrar o joelho dele. Quando a ira, verdadeira, nadava por dentro dele seus olhos ficavam cinzentos, as pupilas de fendas dilatadas e negras. Esse era o sinal quando um Matador de dragão sente ganas de matar, com toda a furia das feras.
- Tudo isso é culpa sua. Se ela tivesse morrido hoje eu te quebraria mais que esse joelho e depois te queimava até virar carvão.
Pálido demais, Durke percebeu de quem falava e também que não estava blefando. Ótimo. O largou com nojo, procurando se acalmar enquanto esperava os outros chegarem. Talvez leve um pouco mais de uma hora até voltar pra estalagem. Lucy estaria dormindo e... bem, ele ainda precisava de um tempo pra raciocinar quando estivesse perto dela, acordada. O gosto de sua boca era bom demais pra esquecer... E o atiçava em provar mais.
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No dia seguinte.
Vozes... agitadas e barulho. Gemeu sonolenta se encolhendo. Porque tanto barulho de manhã? Pareciam que estavam mudando os moveis de lugar. Ela sentia enquanto saía do torpor seu corpo relaxado demais. As pernas doloridas e ardendo, além do mais aqui estava tão quente, aconchegante. Geralmente seu quarto era frio logo cedo. As cobertas pesadas até diminuíam, mas ela não se cobria com isso. Na verdade, sentia um tecido fino, todo embolado em volta dela. Suspirando se virou no colchão, se encolhendo mais. Uma respiração morna soprou no seu rosto seguida de um gemido sonolento. Prendeu o fôlego, despertando de uma vez. A centímetros dela, Natsu suspirava dormindo! Chiou de susto se inclinando pra longe e ele se mexeu. Um braço se esticou enlaçando sua cintura e puxou-a de volta, apertando. Ofegou se vendo de encontro ao corpo dele. Todos seus pelos da nuca se arrepiaram com a descarga de adrenalina. Estava com a testa colada na dele, os cabelos rosados a milímetros do seu rosto e o braço a aperta-la mais contra o peito nu. Quente e musculoso. Uns instantes assim e relaxou toda, lânguida numa sensação entorpecente.
Então é assim...
Engoliu em seco. Arfando o mais leve possível e quieta. Ele parou de se mexer e ainda atordoada procurou pensar em varias coisas que disparavam em sua mente.
Porque ele estava aqui? Porque ela não o acordava de uma vez? Porque dividiam até mesmo o lençol?! O cheiro dele era tão bom... Era igual ao que tinha na camisa que vestia. Incenso amadeirado. Ainda não conseguia identificar qual era especifico, mas esse cheiro a fez relaxar e dormir mais tranquila, sem voltar a ter pesadelos outra vez. Ele respirou fundo e sentiu o peito dele se apertar nos seus seios, tendo consciência explosiva de como estavam. Arregalando os olhos, notou que a bainha da blusa subiu, ficando toda enrolada na sua cintura e como estava somente de calcinha sua intimidade ia de encontro com uma das pernas dele, enfiada entre as delas. O tecido da calça era macio mas... a parte intima dele pressionava seu ventre e o sentia todo. Natsu não vestia nada por dentro da calça!
Nervosa se agitou empurrando o braço de sua cintura e ele gemeu. Tensa sentiu aquilo crescer, endurecer. Bateu as mãos fechadas no peito dele, esperneando.
- Natsu!
Resmungando, o braço dele afrouxou e conseguiu se afastar. No entanto, quando se livraria do lençol ele a puxou de volta a girando e suas costas bateram no peito dele. Ofegante, sentiu o membro dele pressionando sua bunda, se excitando mais!
- Natsu! Acorda!
Um suspiro soprou em sua nuca.
- Volte a dormir. É cedo.
Parou de espernear.
- Vo-você tá acordado?
- Humpf. Claro que sim.
O rosto dele se enterrou em seus cabelos, esfregando até encontrar a pele exposta de seu pescoço. Apertando-a contra ele, o sexo quente e excitado a pressionou mais e contra vontade, ela sentiu sua intimidade esquentar... latejar. Engoliu em seco, agarrou o braço dele puxando.
- Me solta ou eu vou...
- Ahn..
O gemido rouco a estremeceu. Prendendo-a forte no lugar, ele engoliu o gemido enquanto ela fechou os olhos arfando. O sexo dele ficou entre suas nádegas, quase a tocando lá. Ficou mais latejante e quente. Parecia que nem estava de calcinha e ele com a calça.
Arquejando, Natsu estremeceu. O tremor a arrepiando inteira tanto quanto o tom da voz. Rouco... selvagem...
- Pelo amor de Deus loirinha, fique quieta. Ou então não vou mais me segurar.
Abrindo os olhos, Lucy arfou. Conferindo rápido tudo. Os machucados, a cama, o corpo quente dele e o sexo em sua bunda.
Não é um sonho, não é um sonho, não é um sonho!
- Então porque não me solta?
Outro suspiro. O peito se mexendo em suas costas a latejava mais, isso a queimava de vergonha.
- Não consigo.
- O que?!
Antes que se mexesse ele explicou rápido, a respiração ficando mais ofegante.
- Se ficar quieta vou me acalmar e então eu te solto.
- Mas...
- Acredite, não vai querer perder a virgindade assim. Não transo com ninguém há meses. Não vou ser paciente com você.
Arquejou de espanto. A franqueza dele esfriou o calor que sentia, acalmando seu sexo. Triste e tremula encarou o vazio.
- Você...
Só me viu como um pedaço de carne, não é?
- O que?
- Nada.
Era mesmo muito burra. Aos poucos foi sentindo ele se acalmar. A vergonha e humilhação se amargavam em sua boca. Então se espantou.
- Espera! Co-como sabe que sou...?
- Virgem? – o idiota sorriu e ficou com raiva – Eu sinto o cheiro.
A vergonha quase a matou. Esperneou de raiva.
- Seu idiota! Babaca estupido, tarado!
- Lucy, para!
De repente foi virada de costas no colchão. Bateu o corpo e voltou e em seguida, um corpo bem maior que o seu subiu em cima dela. Ofegante seus pulsos foram agarrados e presos contra o colchão. Assustada levantou o rosto. Natsu estava acima dela, arfando e com o olhar tão negro que não conseguia ver as pupilas das íris. Com os cabelos bagunçados, a expressão quase enevoada, ele parecia... outra pessoa. Se inclinando pra ela, a madeira da cama estalando com o movimento ela se encolheu contra o colchão. O coração disparado.
- Por que tem que ser tão teimosa, loirinha?
Ele arfou mais descendo o olhar, fitando sua boca. Prendeu o fôlego.
- Natsu, eu...
- Daijubou. – um sorriso malicioso se abriu lento nos lábios dele, estremecendo-a – Só vou provar um pouco sua boca, recompensa por me deixar tão excitado loirinha.
Arquejou arrepiada. Quase rindo ele se debruçou nela de uma vez, pressionando os lábios nos seus e os forçou, a ponta da língua se empurrando até abrir sua boca. Logo um folego soprou ofegante e puxando o seu, enquanto ao inclinar mais a cabeça, Natsu conseguiu moldar seus lábios nos deles, afundando a língua por dentro da sua boca e enroscou na sua, puxando e soltando. Atordoada esperneou, mas não conseguiu empurra-lo, na verdade um riso abafado e reprimido ecoou pelo peito se apertando nela, prendendo-a mais contra o colchão. Tonta sentiu a saliva quente adentrar e se misturando com a sua. O beijo forçado ficando molhado. Seu corpo inteiro queimou, arfando em busca de ar que ele fazia tanto gosto em lhe tomar. Seus lábios se moviam involuntários, tentando acompanhar, mas ele era vigoroso demais... sedento demais. Logo sentiu dentes raspando de leve os cantos da sua boca, a arrepiando e esquentando mais. descendo até sentir sua intimidade palpitar, acelerada igual ao seu coração. De repente, se erguendo um pouco, ele tomou seus lábios, deslizando nos deles enquanto roçava o rosto no seu virando e prendeu seu lábio inferior, gemendo um rouco enlouquecido. Embriagada relaxou no colchão, deixando ele beija-la como quisesse. Era muito melhor que no seu sonho... sem comparação e ainda, com o calor subindo e esquentando seu rosto, soltou um gemido tímido, envergonhado.
Seu sexo estava tão quente e latejante que já inchava e sua calcinha molhava. Rápido demais a matando de vergonha. De repente, os lábios sumiram dos seus e abriu os olhos lentamente, arfando e entorpecida.
Acima dela, Natsu arquejava com o olhar mais escuro, o rosto rosado e febril. Sorrindo, ele apoiou uma mão na cabeceira e outra no colchão. Só então percebeu que suas mãos estavam livres e que esticavam pra ele, como se... se estivesse...
- Você gosta tanto assim do meu cabelo, loirinha?
- O que?
Piscou confusa e um pouco grogue. Quase rindo, Natsu soltou a cabeceira e se inclinou para longe, sentando do outro lado do colchão diante dela. Envergonhada, Lucy se sentou de uma vez, reparando que a camisa estava toda amassada e enrolada em sua barriga. Rapido a puxou para baixo e ouviu um risinho. Levantou o rosto, encontrando-o bem relaxado, apoiando um cotovelo na perna levantada.
- Qual é a graça?
Ele apenas sorriu mais safado, que ódio!
- Não adianta se cobrir. Eu já vi tudo mesmo.
Arregalou os olhos.
- O que? Como assim?
Inclinando o rosto, ele deixou mechas caírem nos seus olhos. Isso disparou seu coração atordoado e o sorriso dele aumentou mais. Merda! Ele ouviu!
- Interessante.
Sem se lhe responder levantou do colchão e foi até a mochila verde perto da cama. Lucy assistiu confusa e envergonhada.
- O que vai fazer?
- Tomar um banho. Já peguei a recompensa com o Durke. É melhor se banhar também, depois de tomarmos café vamos embora.
Se virou com umas peças de roupas braço jogando uma toalha no ombro. Andando até a porta despreocupado Lucy sentiu desnorteada e magoada. Abrindo a porta, Natsu dei de cara com Happy. O gatinho pairava no ar segurando um peixe.
- Oi, Happy. Queria falar mesmo com você.
- Serio?
Os olhos enormes brilharam empolgados e então os dois foram embora, fechando a porta atrás de si. Encarando o lençol amassado, experimentou tremula e tocando os lábios. Eles estavam inchados, formigavam e... querendo mais. Seus olhos arderam e tirou a mão da boca, socando o colchão. Que ódio! Ele fez o que quis com ela e ainda por cima gostou. Tanto que sua calcinha estava molhada demais. A matando de vergonha por ainda latejar leve.
Fungando, Lucy abraçou o travesseiro, ignorando as feridas da luta de ontem. No fundo, bem no fundo queria que ele a tivesse beijado por gostar dela e não porque era a garota mais disponível. Enterrou o rosto no travesseiro, chorando de raiva.
Dragon Slayer debochado