Capitulo 5

— O que aconteceu com a disciplina em seu sangue?- Natsu pergunta com meio sorriso.

— É cedo demais para ser disciplinada.- tento não encará-lo. Enquanto limpo o suor da minha testa com uma toalha.

— está bem, vamos fazer um intervalo de cinco minutos.

Oh, graças ao senhor! Servir mesas é muito mais fácil que isto! E além do mais, estou sobrevivendo com um copo de suco de laranja e um sanduíche consumido ás pressas, já que demorei horas para decidir o que vestir, de manhã. Natsu está elegante, com calça preta e camisa branca, e eu gostaria de ter vestido algo melhor do que calça de moletom cinza e uma camiseta rosa.

— Está bem, tente novamente. Com mais vontade, desta vez. Levante o queixo e fique com as costas retas.

Novamente? Quantas vezes preciso ficar parada em um pé só, apontando meus braços esticados para cima?

— Precisa fazer isso até parar de se desequilibrar – ele explica, como se tivesse lido minha mente. – Chama-se de Pilates .E a ajudará com seu equilíbrio, flexibilidade, acém de alongar os músculos. Logo poderá controlá-los melhor,usando este método.- Ele aponta para o próprio abdômen,onde os músculos muito bem treinados me distraem da lição.- Trabalharemos sua resistência depois.

Que bom .

— Agora vou mostrar como fazer este exercício, de novo.

Inspire enquanto traz sua perna direita para cima,junto á sua coxa esquerda. Equilibre-se primeiro, Lucy. É sempre aqui que você erra. Então levante os braços devagar em direção ao teto e junte as palmas, assim empurre o joelho para trás sem mexes o quadril. Alinhamento é fundamental. Mantenha esta posição por trinta segundos, sempre apontando para o teto. Alongue o corpo o Maximo possível.- ele demonstra o movimento com agilidade e graça, ambas completamente ausentes em min, e erguer aquela sobrancelha irritante.

— Pare de erguer essa sobrancelha para min!

— O que ? – O comentário o surpreende.- Não estou fazendo isso.

— Está sim.- Aponto a sobrancelha ofensiva.- A esquerda.

Ele reflete sobre o assunto por alguns segundos e imagina que vá se desculpar por suas maneiras,mas ele diz:

— Deve ser um ato involuntário, é melhor se acostumar.

Ele dá de ombros, o que me faz perde todas as minhas boas maneiras. Empurro-o com suas mãos no peito, e ele ergue não uma, mas as duas sobrancelhas , e dá um passo atrás para se equilibrar.

Ops!

Engulo em seco ao perceber duas coisas: uma , que minhas mãos estiveram em contato direto com seu peito forte e quente, e outra , que estou me comportando muito mal.

Natsu fica parado e me encara firme e silenciosamente.

— Sinto muito, eu...

— Não sinta – ele me interrompe com voz suave e então se aproxima.

Chega tão perto de min, que sinto uma vontade imensa de tocá-lo novamente, mas não para empurrá-lo longe. Ele me encara com olhos castalhos e misteriosos, e juro, ele é o homem mais sensual que já existe nesse mundo. Lembro que ele é um idiota arrogante, mas meu corpo não pensa como eu e se inclina em sua direção. Ele me segura, colocando as mãos em minha cintura, e sussurra.

— Graças a Deus.

— Graças a Deus ? Pelo que? – pergunto, confusa.

— Você tem fogo e paixão dentro de si. Já estava começando a duvidar.

Absorvo a informação e então entendo o que ele quis dizer.

— Então, vamos deixar isso claro, você me pressionou a manhã inteira para ver quando eu explodiria. – Inclino-me sobre a ponta dos pés, e apenas alguns centímetros nos separam.

— Demorou mais do que eu esperava – ele diz calmamente, quando deveria estar correndo para salvar sua vida.

— Então me fez ficar parada com uma árvore idiota só para me irritar?

— Não exatamente .... Pilates é uma técnica que fará parte do nosso treinamento. Mas admito que a pressionei . Queria ver qual seria sua reação , queria um pouco de sua personalidade, para saber exatamente com o que lidando. Dança de salão tem a ver com  paixão, Lucy. Um macaco consegue decorar os passos.Queria ver se poderíamos criar faíscas entre nós- ele diz, com um sorriso que mexe comigo-, e elas voaram. Você merece um intervalo. Vá pegar uma garrafa de água.

— espere um pouco. Estou sendo recompensada por meu mau comportamento?

Natsu ri.

— Acho que sim.

Estou bastante confusa, mas apenas balanço a cabeça e me afasto até e caixa térmica cheia de garrafas de água.Apanho uma e começo a beber. Suponho que devesse estar feliz por ter feito o que ele queria, mas me incomoda o fato de ter desejado agarrá-lo e beijá-lo quando tudo não passou de um plano para me irritar.

Faço um lembrete mental para não me apaixonar pelo meu instrutor. Isso seria uma asneira muito, muito grande.

Mesmo assim não consigo pata de olhar para Natsu.A cabeça está inclinada, e ele faz pequena anotações em um caderninho.A maldita sobrancelha começa a se erguer novamente. Não consigo evitar um sorriso, que ele retribui.

— Está pronta para aprender alguns passos de dança?

— Claro. – Forço uma risada.

— Começaremos pelo cha-cha-chá.

— Bom.- balanço a cabeça com se soubesse do que ele está falando.- Isso é bom , não é?

— Creio que sim. Já viu alguém dançar o cha-cha-chá antes?

— Bem... Hum... eu...

— Acho que não.

— Meu conhecimento de dança de salão é... limitado.

— Não tem problema. Imagino que todos os outros competidores estejam na mesma situação. Vou lhe dar alguns vídeos de competições de dança em que estive. Assim vai ter uma ideia melhor de como são os ritmos e de como interajo com minha parceira.

— Aposto que você é ótimo.

— Eu era.

— Era?

— Uma fratura no joelho acabou com minha carreira.- Ele dá de ombros, com cara de quem não se importa, mas não me convence.- É uma historia. Mas não se preocupe, cirurgia e fisioterapia me deixaram como novo.

— Então por que...

— O cha-cha-chá  É uma dança animada e cheia de flerte – Ele diz, ignorando minha pergunta. Algo em seus olhos me faz pensar que se machucou, não só fisicamente, mas sei quando ficar quieta. Mamãe me ensinou a nunca invadir a privacidade dos outros.- É leve e animada... Tudo se resume á conquista.

— Conquista?

— Entre um homem e uma mulher.

— Ah!

— Você deve agir como se estivesse fugindo de min, mas não realmente.

Faço que sim com a cabeça, completamente confusa.

— Entre outras palavras, flerte comigo, me provoque, me atraia e então me afaste.

— Ah. Claro.- Deveria avisá-lo que sou tão boa em flerte quando na dança.Talvez pior.

— São cinco passos cada quatro batidas da musica.

Um, dois... cha-cha-chá.

— Certo...

Vendo minha confusão, algo que receio que será muito frequente, ele faz uma demonstração.

— Um,dois, cha-cha-chá. Dois , três, quatro e um . Balance os quadris. Sinta o ritmo. O cha-cha-chá é sobre o ritmo cubano, quadris soltos....e conquista.

— Certo.... –Por um momento, fico encantada com a movimentação de seu quadril. Céus, como ele faz aquilo?

— fiquei na ponta do pé . Os passos são definidos. Rápidos, compactos.- Ele demonstra, com um movimento de cintura que jamais conseguirei reproduzir.- Nossos movimentos serão sincronizados, trabalharemos em linha paralelas. Pronta para tentar?

— Claro!

Não mesmo!

— Ótimo, começamos frente a frente. Agora junte sua mão direita com a minha esquerda. Precisamos manter esta posição na altura de nossos olhos . Minha mão direita ficará sobre seu ombro. Seu braço esquerdo deve ficar apoiado sobre o meu direito em uma posição dobrada e confortável. Chamamos isso de posição próxima e será nossa base. Devemos sempre permanecer em sintonia.

Sinto a cabeça girando enquanto tento compreender toda a informação. Estou confusa e esta é apenas a parte de ficarmos parados.

— Entendeu?

— Sim.

Nem uma sílaba, droga!

— Certo, agora dê um passo á frente com seu pé direito.

Jogue o peso para frente como eu fiz antes, agora jogue-o para trás e se apoie no pé esquerdo. Use o quadril! Certo, agora fazemos o chassez.

— O que ?

— Os três passos para o lado.

— Ah. Por que não disse logo?

— Vamos fazer novamente. Devagar . Pise balance, cha-cha-chá. Mais uma vez.

Fazemos isso um milhão de vezes... Talvez mais, até que estou suando em bicas e ainda errando os passos básicos.

— Conte junto comigo Lucy, vai ajudar.

— Certo... Um, dois, cha-cha-chá... Droga! Desculpe.

— Tente relaxar. E, para sua informação, esta prestes a quebrar meus dedos.

— Perdão.

— Tudo bem, mais uma vez...

— Um , dois , cha-cha-chá. – sussurro e finalmente acerto uma sequencia.

— Muito melhor! – Lucy sorri, e digo a mim mesma que gosto de fazê-lo sorrir.

— Mesmo?

— Sim . Agora , pode fazer um pequeno intervalo.

— Obrigada, Natsu , por ser tão paciente comigo. Sei que sou um desafio.

Ele ri.

— Imagino que existam outros neste competição que representem um desafio muito maior. Acho que tive sorte de ter você como parceira.

— Bem , não sei se é exatamente um elogio, mas vou fingir que sim.

Ele ri enquanto abre uma garrafa de água , e fico feliz por ver um pouco da tensão anterior dissipada.

— Isso não é o que esperava, mas o contrato não tem brechas, então só me resta fazer o melhor possível.

— Bem também gostaria de fazer o melhor possível, afinal cinquenta mil dólares é muito dinheiro.

— Isso mesmo, Lucy. Agora , vamos voltar ao trabalho.

Ele não esta brincando ao dizer” Trabalho”. Consigo faze-lo sorrir de vez em quando, mas a maior parte do tempo, ele se dedica inteiramente ao meu aprendizado. Na hora do almoço , já me sinto exausta, e ainda teremos mais ensaio á tarde ! Já começo a me perguntar se minhas aguentarão.

Durante o almoço , todos estão um pouco mais animados e não tão cansados quando eu. Imagino se isso é porque Natsu está exigindo mais de mim ou se é apenas porque sou péssima. A comida é deliciosa e , ainda bem , nada daquela comida chique e estranha de ontem á noite . Após meu desjejum apressado, estou pronta para matar a dome.

— Olá -  Gray cumprimenta e senta-se a meu lado. – Como está o ensaio?

— Cansativo . Quem diria que dançar é tão difícil?

— Nem me fale. Estou aprendendo um ritmo chamando jive . É uma modalidade de rock’ a roll. Sinto que meus pés estão todos os lados, indo em todas as direções. Pediram que eu rebolasse enquanto sacudo minha mão no ar.

Eu Natsu.

— Sim, rebolar . Disse para minha professora que não sei rebolar.

— E ela?

— Ela é um osso duro de roer. Disse que preciso aprender logo.

— Então, acabo rebolando?.

— Que outro jeito?

— Como vão? – Juvia nos cumprimenta enquanto senta-se ao lado de Gray. Ele também está suado, e parece tão cansado quanto eu.- Dançar é para gente magra.

— Ah, não é tão ruim assim – Comenta elfman ao se juntar a nós.- Acho que dançar é muito agradável.

— Só pode estar brincando – Elfman diz. – Agradável? O que andou fumando?

— Minha instrutora disse que é agradável, e concordo com ela plenamente.

— Parece uma garota falando, Traves.

— Ei, eu rebolei – Gray admite sorrindo, e então balança a mão no ar.

 Elfman engasga com seu chá gelado.

— Mentira!

Fico feliz em ouvi-los conversando sobre dança enquanto termino de comer.

Todos exultamos de alegria quando biscoitos com gotas de chocolate são colocados em nosso mesa. Saboreio o biscoito fresco. Eu adoro fazer-los, mas não é sempre que tenho oportunidade. Lembro que ami adora biscoitos como estes e sinto saudades de casa.

— Ei, você esta bem ? - Gray pergunta ao meu ouvindo.

— Sim. É que isso é tudo tão....

— Louco?

— É, “ Louco” é uma boa maneira de descrever. Acho estou no meio de um sonho e imagino quando vou acorda.

— Todos estamos deslocados aqui Lucy. Mas tente se divertir um pouco.

— Eu sei, eu sei . Vou para meu quarto,. Tenho lição de casa para fazer. Vejo vocês todos no jantar.

Assim que entro no quarto, me jogo na cama e assisto a muitos vídeos de dança. Fico impressionada com o quanto Natsu dança bem. Não posso acreditar que tenha desistido de competir quando seu joelho está obviamente curado. Também percebo como dança sensualmente com sua bela parceira. Parece haver uma química entre os dois enquanto deslizam pelo chão , e imagino se a beldade de cabelos castanhos tem alguma coisa a ver seu afastamento das competições.

Após algum tempo, sinto as pálpebras pesadas. Dou uma olhada no relógio de cabeceira e ainda tenho algum tempo para um cochilo rápido antes do ensaio vespertino. Coloco o relógio para despertar, só por precaução. Natsu deixou bem claro que não admite atrasos.

Deito de costa, apoiando a cabeça nos travesseiros macios, e em meio aos meus pensamentos sobre o cha-cha-chá, acabo adormecendo.