The last time

Prologo parte 3_ The last time:

Eu nunca me conheci direito, sempre senti que uma parte de minha faltava, uma parte importante e poderosa.

Nasci no meio de uma guerra, banhada pelo sangue dos inimigos, e lavada pelas lagrimas de seus parentes.

Sempre fui fria sem muitas emoções, diferente do meu irmão mais novo. Sempre direta e de poucas palavras, grossa com quem não importasse quem fosse. Meio que eu sempre fui rejeitada pela minha família, eles não ligam pra mim, nunca ligaram.

Eu sempre fui fraca de várias maneiras, e não tive a sorte de nascer uma pessoa normal como tantas outras que eu conheço. O sangue que corre nas minhas veias é amaldiçoado como todo o resto da minha família, me mantendo submissa a um único futuro, ao qual não poderei escolher.

Meu nome foi dado a mim como uma oração a uma das mais brilhantes estrelas do infinito céu. Que seu brilho caia e mantenha para sempre seu esplendor neste mundo. Mas há muito tempo esse brilho se apagou, deixando apenas um sombrio vazio dentro de mim.

Eu...

Eu não existo.

21/05/1725, mansão principal da família

O trágico dia em que os deuses decidiram me dar à vida. Pergunto-me por que não fizeram isso com qualquer outra alma que estava vagando por esse infinito, por que não me ignoraram? Um ser sem futuro... Eu me questiono o porquê de minha querida mãe ter me dado a luz e me criado em vez de me jogar na primeira cesta de lixo que encontrasse ou como mera comida para animais.

Eu não sou digna de estar nesse mundo, ou esse mundo não é digno da minha presença?

Afinal, o que é certo e o que é errado? Eu estar viva, ou eu desejar a morte?

Qual é o sentido de tudo isso? Qual é o motivo que ainda me prende nesse lugar sombrio que nunca me trouxe felicidade?

Por que tantas perguntas?

E nenhuma resposta?

13/07/1733, Campo de treinamento da família principal

Oito anos se passaram desde o fatídico dia em que vim a este mundo. Para tentar achar algum sentido da minha existência comecei a treinar rigorosamente, aperfeiçoando os poderes concedidos a mim graças a todos da minha família e algo a mais com a ajuda da minha tia, a única que demostrava que sentia pena de mim.

Ela por muito tempo me ensinou magia, ela era a bruxa da família, sempre demostrou ser uma prodígio e nos protegia contra males que rodeiam esse asqueroso lugar.

No dia 13 do mês 07 de 1733 conheci alguém especial. Essa pessoa tinha uma ideologia diferente da minha, pensávamos diferente sobre a vida, e sobre o futuro, comecei a acreditar que tudo que ela me dizia naquela época podia realmente ser verdade.

_A vida não tem sentido...

_Não, ela não tem. Nós damos um a ela. _Sorrio, ela passava tanta confiança, como se tivesse certeza do que estava dizendo.

_Como pode saber?

_Não sei. Estou em busca dessa resposta. _Ela tinha a minha idade, eu era apenas um pouco mais velha que ela por questão de meses, mas ela tinha argumentos suficientes que a igualavam com um velho sábio.

A partir desse momento nós sempre nos víamos graças aos nossos pais que mantiam negócios, conversávamos e interagíamos, eu me sentia melhor ao lado dela. Eu estava começando a me apegar a vida, a dar um sentido pra ela, estar ao lado daquela garota pra sempre. E sempre ter confiança para não desistir.

Mas a vida é tão engraçada...

Uma hora nos banhamos em suas suaves pétalas de rosas, mas quando nos aprofundamos nelas encontramos seus densos espinhos, que fazem questão de nos arranhar, tanto por dentro como por fora. Mas nenhuma dor física se compara com a emocional.

Ela começou a viver conosco após a morte de sua mãe, seu pai não a queria mais, ela se sentia tão sozinha, mas eu a ajudei.

Os anos se passaram, quando menos percebi não estava tão vazia como antigamente. Me aperfeiçoei em todas e quaisquer técnicas, e melhorei muito a minha magia, sabendo proferir feitiços de altos níveis, a minha vida finalmente estava sendo modelada e finalmente era anunciado que tudo iria ficar bem.

Mas... Lembra-se do que falei um tempo atrás? Sobre a vida ser engraçada, e de eu ter comparado- com um mar de rosas? Pois bem...

Eu me lembro daquele dia, ele vem ate mim como pesadelos inacabáveis, me deixando louca... Eu não pudi suportar a dor...

De vê-la morrer na minha frente... Por outra pessoa próxima a mim.

A única pessoa que me deu motivos para que eu continuasse vivendo, estava morta. E agora eu não tinha mais nenhum sentido eu estar ali.

O que eu faço? Deuses... O que eu faço? EU NÃO SEI O QUE FAZER!

Naquele mesmo dia eu jurei me vingar, mas não sabia como, eu só queria ela de volta. Foi quando me lembrei do que a minha mestra da magia me ensinou. Existem poções para quase tudo, e recordo-me de um tipo de poção capaz de satisfazer qualquer desejo, mas esse desejo tem que ser puro e vindo do lugar mais profundo do seu coração. Vai funcionar!

Sem pensar duas veze voltei para casa, deixando pra trás o corpo dela e a pessoa que a matou. Passei o mais rápido que pude dentre a estrada cercadas por árvores, levantando o tapete verde que suas folhas juntas formavam, graças a mínima distancia de uma árvore a outra a luz da lua naquela noite não iluminava o lugar, deixando tudo sombrio e escuro.

Não demorei tanto para chegar, fui o mais rápido que pude ate a pequena casa de poções em que eu estudava com a minha tia. Mexi em tudo de acordo com o livro, aos poucos pronunciei o feitiço.

Eu sabia que havia um risco, e que esse feitiço não era bom, eu não devia mexer nele, a partir daquele momento eu estaria invocando as foça do mal, e apelando pelo meu desejo. Mas o que eu poderia fazer? Ela virou minha obsessão.

 _Was für Türen des Bösen, wenn offen und verhüllt wird erscheinen. Kann er das, was ich am meisten wünschen, gewähren und im Austausch gegen die benötigt wird. _Derramei lágrimas quando terminei a frase. Eu poderia morrer, mas ela inda estaria ali, e poderia trazer felicidade a qualquer outra pessoa que precisou como... Como eu.

_SÍRYUS!

Naquele mesmo dia, eu perdi outra pessoa importante pra mim. Ela impediu que eu continuasse o feitiço, mas um caos se alastrou no nosso clã. As chamas negras se espalhavam rapidamente, e ela se sacrificou por nós. Ninguém podia fazer isso, e em uma tentativa de parar a chamas e me proteger, ela morreu. Não só ela, mas muitas outras pessoas do clã. Eu fui banida daquele lugar. E nunca mais voltei.

Fui acusada de blasfêmia por ter me envolvido com as trevas, e de traição por ter matado tantos de nós.

O que eu faria agora?

Não tinha para onde ir. A pessoa mais importante pra  mim não existia mais. E tudo que ate agora eu acreditava se desfez como um dente-de-leão que some ate com a mais suave brisa de verão.

Eu estava sozinha...

Perdi tudo...

Perdi ela...

Perdi a minha mestra...

E perdi a minha vida...

Eu desisti de tudo, eu não vivo mais. Naquele mesmo dia, sacrifiquei-me pela minha própria felicidade, quem sabe em alguma outra vida eu não possa ser melhor, ou ter uma vida melhor? Esse mundo ainda não é digno o suficiente da minha presença, então quando for, eu voltarei, a reencontrarei, e mostrarei a verdadeira resposta para um sentido da vida.

Mas ate la... Adeus.