Rexatron - Outro Mundo

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    Capítulo 27

    Lugar Nenhum

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Jack acordou em um lugar parecido com um local rural, o que provavelmente era.

    Havia algumas casas humildes ao seu redor, e um poço de água.

    Jack achou agora que estava no velho oeste.

    Não se lembrava de nada do que tinha acontecido depois que Jason havia o injetado o morpheus.

    Não sabia se tinha vindo sozinho ou alguém havia o levado.

    - Com licença senhor, onde eu estou? - perguntou a um homem que passava por perto.

    O homem correu assustado.

    Jack procurou algum lugar com movimentação, mas parecia uma cidade deserta.

    Ouviu uma porta se fechando quando ele passou.

    Jack começou a perceber que as pessoas estavam com medo dele.

    Olhou para sua mão e percebeu uma arma que não sabia da onde tinha vindo já que Jason o desarmou antes de drogá-lo.

    Jack se livrou da arma a jogando em um mato por perto,talvez isso estivesse assustando as pessoas. Não pensou se precisaria dela em algum momento.

    Encontrou um estabelecimento comercial com as portas semi-aberta

    Empurrou a porta com cuidado para não assustar mais ninguém.

    Para sua surpresa, estava tudo vazio e escuro.

    Notou uma lanterna no chão e a pegou, conseguiu acendê-la com as cinzas que ainda restavam nela.

    Jack se espantou, havia corpos e sangue para todos os lados de todas as formas possíveis.

    Se lembrou de que estava ali anteriormente, alguém havia entrado e assassinado todos que estavam ali mas Jack conseguiu fugir de alguma forma.

    Só conseguia se lembrar disso, o resto se apagou de suas memórias.

    Andou pelo estabelecimento e ficou horrorizado com as cenas de violência que provavelmente presenciou mas não se lembrava.

    Saiu correndo pra fora do local assustado.

    Continuou procurando alguém que pudesse explicar o que havia acontecido.

    Jack reparou que sua camisa estava suja de sangue seco, não sabia se era dele ou de outra pessoa.

    Parecia que a cena de Jason lhe injetando o morpheus havia acontecido no dia anterior e era sua última lembrança, mas ele sabia que alguma coisa aconteceu depois daquilo.

    Jack levou as mãos ao rosto e sentiu que sua barba cresceu bastante durante o período em que estava inconsciente, seu cabelo também cresceu.

    Jack sentiu uma fisgada em sua barriga.

    Levantou a camisa e notou um corte que começou a sangrar.

    Não tinha para onde ir ou para quem pedir ajuda, era praticamente uma cidade fantasma.

    Jack continuou andando com a mão na barriga tentando estancar o sangue.

    Jack notou um riacho formado atrás de uma casa, a água entrava por debaixo da madeira.

    Jack bateu na porta da casa para saber se havia alguém ali.

    A porta estava aberta, Jack empurrou-a para ver se alguém estava lá dentro.

    Havia outro corpo, esse em estado de decomposição avançado.

    A água invadia a casa e entrava nos ossos expostos do corpo que já não era possível identificar se era homem ou mulher.

    Jack foi até o riacho e resolveu ir até o local que o dava origem.

    Chegou até um rio, não era o rio drakkar pois era pequeno demais.

    Havia um corpo de um gigante estirado no rio desviando a trajetória da água.

    Jack não se assustou,  já havia visto um gigante igual a esse dentro da prisão imperial.

    O que lhe preocupava era o fato do gigante estar fora da prisão, Lauren havia o explicado que esses monstros só viviam dentro da prisão.

    Jack sentiu um ar quente em seu ombro. 

    Olhou para trás e viu um enorme javali.

    Jack se assustou, foi o primeiro animal que viu em Rexatron, chegou a imaginar que não existiam animais naquele planeta.

    - Eu espero que você não seja selvagem. - sussurrou Jack.

    O javali continuou parado com a respiração pesada enquanto Jack vagarosamente dava passos para trás.

    O javali começou a seguir Jack.

    Jack ficou assustado com o animal.

    Pensou em correr, mas isso faria o animal correr atrás dele.

    Pensou em atacá-lo, mas talvez o animal não fosse selvagem.

    O jeito era continuar como estava, sem assustar o animal.

    Estendeu a mão para tentar acariciar o animal mas o javali abriu sua enorme boca com seus dentes adiados.

    Jack recolheu a mão, não sabia se o animal iria devorá-la ou apenas achou que ele iria alimentá-lo com alguma comida.

    Apesar da enorme semelhança física com um javali, o animal era bem maior do que um javali comum, era do tamanho de um cavalo.

    Jack pensou se poderia montar nele como em um cavalo, mas preferiu não arriscar.

    Alguém apareceu correndo em sua direção, era uma garota.

    - Jack, onde você estava? Eu te procurei por toda parte!

    Jack olhou para a garota sem entender nada, curiosamente o javali também olhou para a garota como se conhecesse sua voz.

    - Nem eu mesmo sei onde eu estava. - Jack sussurrou.

    - Anda logo! Nós precisamos sair daqui! - A garota disse puxando Jack pelo braço.

    Ela soltou o braço de Jack e montou no animal.

    - Anda logo, suba no Ares. - a garota disse.

    - Ares? - Jack ficou confuso.

    - É, não foi esse o nome que você deu pra ele?

    - Eu dei um nome pra ele? Quer dizer que ele é meu? - Jack ficou mais confuso.

    - Tarde demais. - disse a garota olhando para trás.

    Um grupo de sete homens apareceu correndo em direção ao rio.

    - Aqueles caras são do império?  - Jack perguntou.

    - Império? Não seja ridículo, você sabe que não.

    - Resistência então. - Jack concluiu.

    - Você sabe que não, agora pare com isso e suba em Ares.

    Jack subiu em Ares que imediatamente começou a correr, passaram entre os homens que foram obrigados a dar a volta.

    Jack se surpreendeu, Ares era um animal extremamente veloz.

    Jack olhou para trás e viu que os homens estavam os seguindo em outro animal da mesma espécie de Ares.

    - Eles estão nos alcançando. - disse Jason.

    - Não estão não. - disse a garota.

    Ares deu uma curva em alta velocidade fazendo com que Jack quase caísse no chão.

    Chegaram a um outro ponto da cidade, esse era maior mas também era vazio aparentemente.

    Os homens ainda estavam atrás dele, mas a uma distância maior.

    Ares deu outra curva fazendo os homens sumirem de vista.

    - Nós despistamos eles. - A garota disse.

    A garota desceu do animal, Jack sem entender nada do que estava acontecendo desceu também.

    - Não podemos ficar aqui por muito tempo.

    - Antes, responda-me uma coisa. - disse Jack.

    - Diga.

    - Quem é você?

    - Pare de brincadeira Jack, não temos tempo para isso. - A garota respondeu.

    A garota começou a procurar por alguma coisa enquanto Jack ficava observando.

    - Anda logo, me ajuda.

    Jack, sem saber o que procurar, disfarçou estar procurando algo.

    Sua mente estava agitada, o que teria acontecido com ele durante o período que não se lembrava.

    Jack encontrou um pacote com pedras azuis.

    - Eu encontrei isso. - avisou Jack.

    - Isso é morpheus, deixa isso aí.

    - Eu pensei que morpheus fosse líquido.

    - O morpheus injetável é novo, o império o criou recentemente.

    Jack se lembrou do que Jason havia dito antes de ficar inconsciente, Jack era seu cobaia.

    Jack percebeu que tinha sido a primeira vítima da nova fórmula do morpheus.

    Jack abriu a porta de uma casa velha e viu um homem velho amarrado e vendado.

    - Eu encontrei alguém. - disse Jack.

    A garota veio correndo até Jack  e viu o homem e correu até ele e o abraçou.

    - Mundo pequeno. - disse o homem depois de ser desamarrado.

    - Jack, esse é meu pai.

    - Oi pai da garota que eu não conheço. - Jack disse.

    - Rapaz simpático. - disse o homem sarcasticamente.

    - Ele está agindo estranho hoje, mas ele é melhor que isso. - disse a garota.

    - Meu nome é Edward. - disse o homem apertando a mão de Jack.

    - Jack. - disse apertando a mão de Edward de volta.

    - Vocês podem se conhecer melhor depois, nós precisamos sair desse lugar.

    Os três subiram em Ares que começou a correr imediatamente.

    - Esse lugar é engraçado. - disse Edward.

    - Por que diz isso?

    - Nem a resistência nem o império vem aqui, é como se ele não existisse. Nós o apelidamos de Lugar Nenhum.

    - Qual o próximo passo? Resgatar sua mãe? - Jack perguntou.

    - Isso não foi engraçado. - disse a garota.

    - Eu só queria saber.

    - Não precisava lembrar disso.

    - Disso o quê? - Jack ficava confuso cada vez mais.

    - Pare de agir como se não soubesse que você matou minha mãe. - disse a garota.

    - Me desculpe.

    Para Edward e a garota ele estava se desculpando por ter sido grosseiro, mas na verdade aquilo chocou Jack, havia matado a mãe da garota e agora eles pareciam ser amigos.

    Outra coisa que perturbava Jack, quanto tempo se passou desde que Jason o levou a uma armadilha e o que aconteceu com seus amigos?

    A primeira questão era fácil de descobrir.

    - Apenas por curiosidade, há quanto tempo nos conhecemos? - Jack perguntou tentando não ser grosseiro sem querer.

    - Já se esqueceu? Há um ano e meio. - respondeu a garota.

    Jack se surpreendeu, já haviam se passado um ano e meio ou talvez mais desde a última vez que viu seus amigos.

    - O que aconteceu com você? Está muito estranho hoje.

    Jack não iria aguentar muito tempo, precisava abrir o jogo.

    - Pra ser sincero, eu não me lembro de nada. - disse Jack.

    - Não se lembra do que?

    - De nada.

    - Eu sabia que isso poderia acontecer.

    - Isso o que?

    A conversa entre os dois foi interrompida por um homem que apareceu na frente de Ares apontando uma arma para eles.

    - Desçam do leogrado. - disse o homem.

    A garota atirou no homem, mas a bala pareceu atravessá-lo.

    - Merda, ele não pode ser atingido por bala.

    - Eu fui indelicado, deixe eu me apresentar. Meu nome é Eli.

    - Agora poderia nos dar licença? Temos coisas a resolver. - disse Edward.

    Eli deu um sorriso forçado.

    Edward tentou avançar em Eli que sumiu em baixo do solo.

    Eli apareceu atrás de Edward e o golpeou.

    - Que poder é esse? - perguntou Jack.

    - Intangibilidade. Ele pode simplesmente não ser atingido por nada e atravessar quando ele quiser.

    Eli atravessou Ares e jogou Jack longe.

    - Jack, é com você que eu quero conversar. - disse Eli.

    - Eu conheço você? - perguntou Jack.

    - Ainda não, mas eu tenho um amigo meu que te conhece. - respondeu Eli.

    Jack sem entender nada do que estava acontecendo com ele desde o início daquele dia se levantou e tentou atacar Eli.

    Jack acabou atravessando Eli atingindo o ar.

    - Você não sabe o significado de intangibilidade? - disse Eli virando-se para ele.

    Eli afundou no solo novamente.

    Apareceu na frente da garota e atingiu sua barriga fazendo a bater de costas em uma casa velha que havia por perto.

    Jack ajudou ela a se levantar.

    - Como vamos derrotar ele? - perguntou Jack.

    - Temos que acertar em algum ponto vital quando ele estiver distraído.

    Edward tentou correr do lado de Eli que o puxou e o arremessou longe.

    - O que seu pai está fazendo? - perguntou Jack.

    - Tentando usar os poderes dele.

    - Não está dando certo.

    - Ele teve um certo problema com seus poderes a algum tempo.

    Eli agarrou Edward pela camisa e o jogou com força no chão.

    Eli subiu no chão atrás de Jack.

    - Jack, não complique as coisas.

    - O que você quer?

    - É sobre seu passado. - Eli disse e desapareceu no chão novamente.

    - O que ele quis dizer?

    - Eu não sei, mas eu acho que é melhor ouvi-lo.

    - Venha até a cidade mais próxima de Lugar Nenhum. Eu falarei com você lá. - disse Eli aparecendo e desaparecendo de novo.

    - Eu não estou entendendo mais nada. - desabafou Jack levando as mãos a cabeça.

    - Fique calmo Jack, eu vou ajudá-lo como sempre. - disse a garota colocando sua mão nas costas de Jack.

    Jack sabia que aquela garota só queria ajudá-lo, mas ela era a maior causa da confusão na mente de Jack, não sabia nem o nome dela sequer e agiam como se fossem próximos.

    - Você disse que nós nos conhecemos a um ano e meio. - disse Jack.

    - Sim.

    - Não quero parecer rude, mas eu não me lembro de nada do que aconteceu durante esse tempo. - revelou Jack.

    A garota abaixou a cabeça e deu um sorriso forçado.

    - Eu não quero magoá-la mas é a verdade.

    - Eu entendo.

    - Entende?

    - Eu sabia que isso poderia acontecer.

    - Sabia?

    - Eu salvei você. Você estava morrendo.

    - Como?

    - Você estava tendo convulsões, recebeu uma dosagem forte de morpheus.

    - Jason fez isso. - disse Jack.

    Eu não sei. Eu só achei você e o socorri.

    - Porque você fez isso?

    - Eu não sei, talvez eu tenha visto algo em você.

    - O que aconteceu depois?

    - Você ficou dormindo por uma semana inteira e quando acordou ficava falando que precisava reencontrar seus amigos.

    - Meus amigos. Nem sei se eles ainda estão vivos.

    - O que aconteceu com eles?

    - Nem eu sei, a última vez que eu os vi eles haviam sido emboscados em uma armadilha.

    - Eu sinto muito.

    - O que aconteceu comigo depois?

    - Eu me ofereci a te ajudar se você me ajudasse.

    - E eu ajudei?

    - Sim.

    - Em que?

    - Você me salvou também.

    - De que?

    - De minha mãe.

    - O que ela fez?

    - É engraçado explicar isso para você de novo.

    - Se você se sente incomodada em explicar de novo, não precisa fazer isso.

    - Nós compartilhamos tudo.

    - O quão próximo nós somos?

    - Ficaria surpreso em saber. - respondeu a garota.

    Jack ficou olhando para cima e refletindo sobre tudo que teria acontecido durante o último ano e meio.

    Pensou em seus amigos e na família, será que ambos achavam que Jack estava morto.

    - Aquele cara falou que queria falar com você, nós vamos até ele ou não? - interrompeu Edward.

    - Ele disse que tinha haver com seu passado. - disse a garota. - O que ele quis dizer?

    - Talvez seja sobre recuperar minha memória. - disse Jack.

    - Eu acho que não deve ser isso.

    - É melhor procurá-lo para saber o que é.

    - É melhor tomarmos cuidado, não podemos confiar nele.

    Jack estava junto a eles, mas não sabia por que lado estavam lutando.

    - De que lado estamos? Império ou resistência? - perguntou Jack.

    - Nós não temos nenhum lado, nós lutamos por nós mesmos.

    - Por que?

    - Se você recuperar sua memória, você vai entender.

    - É melhor irmos até aquele cara então.

    - Isso se for sobre isso que ele quer falar.

    - É melhor arriscamos.

    - Nós sempre nos arriscamos. - A garota sorriu.

    Os três se encaminharam até Ares e Jack estava incomodado com algo.

    - Eu certamente sei isso, mas você poderia me dizer qual o seu nome? - perguntou Jack.

    - Meu nome é Amy e eu sou sua esposa.


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