Um eterno amor

  • Yy Chan
  • Capitulos 13
  • Gêneros Shounen Ai

Tempo estimado de leitura: 2 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 6

    Dormindo juntos

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Oi gente ^^

    o capítulo de hj é meio grandinho hehehe, compensando a demora.

    Sobre o tamanho dos caps a partir de agora será o seguinte: Tentarei a qualquer custo rsrsrs postar um cap por semana, e como meta, no minimo tem que ter 1.200 palavras por capítulo. Às vezes poderei acabar não conseguindo cumprir, mas tentarei o possível de atualizar o mais rápido possível :3

    Obrigada GarotaAnonima por ter favoritado a fic ^^

    Espero que gostem

    Yato

    Começo a admirá-lo. Seus loiros fios dançando com o vento, vindo pela janela do ônibus... Seu olhar vagando pelos seus pensamentos. As feições infantis, mas que já vivenciaram muitas coisas. Eu não acredito que eu estou aqui sentado ao seu lado.

    Ele vira seus olhos alaranjados em minha direção. — Seu nome é Yato, né? — Como ele sabe? —... Um dos garotos disse o seu nome antes de fugir. — Diz ele parecendo ler a minha mente. —... É esse o seu nome?

    Um olhar de pura expectativa, suas bochechas levemente coradas por causa da luz do por do sol, e sua boca semiaberta. Fofo.

    — Sim. Meu nome é Yato... E o seu?

    Consegui! Eu finalmente perguntei! E dessa vez ele está sem fone de ouvido!

    Ele se surpreende e sorri, um sorriso quase imperceptível. — Eu me chamo Yukine. Prazer em te conhecer. — E então ele ri. E eu rio junto. A risada dele é muito linda. — Nós deveríamos ter feito isso desde o início, né? — Ele para de rir. —... Não sei porquê não fizemos.

    Acho que a culpa foi minha... Ele não é um monstro de sete cabeças, então, por que eu ficava tão ansioso perto dele...?

    Ficava? Na verdade eu ainda estou ansioso perto dele. Meu coração ainda está batendo rápido, parecendo estar na minha garganta. E se eu olhasse para as minhas mãos, teria certeza que elas estão tremendo. Só espero que ele não perceba...

    Yukine

    Desde que ele acordou nós mal trocamos palavras. Ele me deu um comprimido para dor e me ajudou a ficar de pé. Só falamos o necessário... Eu ainda não tive coragem de agradecê-lo.

    O Sol já está se pondo. Ele ficou até agora cuidando de mim. Mas por que? Por que ele fez isso por mim?

    — Por que... — Eu não consigo perguntar isso. —... eles fugiram ao ver você?

    Ele se assusta com o assunto repentino e dá uma risada curta, parecendo estar desconfortável. —Isso é algo do meu passado negro. Hehehe...

    Estou curioso. Como assim passado negro? — Como assim?

    — É uma história meio longa... algo que eu gostaria esquecer. — Sussurra ele no final.

    — Se for algo que você não quer dizer, então não precisa... — Se for algo que incomode o Yato... não quero que ele fique mal.

    Yato

    Aquele incidente... Algo que eu desejaria que não tivesse acontecido. Algo que eu nunca deveria ter feito.

    Se eu disser para ele... Será que ele me verá do mesmo jeito que me vê agora?

    O ônibus para. É o nosso ponto. Instintivamente eu me levanto e estendo a minha mão para ele. Ele está machucado, nada mais do que o normal eu querer ajuda-lo...

    Ele se surpreende e timidamente segura o meu braço como apoio para se levantar. É claro que ele não seguraria a minha mão. Seria estranho dois meninos segurando a mão um do outro...

    Saímos do ônibus e começamos a andar a passos lentos. No início para acompanhar seus passos, estando machucado não consegue andar muito bem. Mas assim que fomos chegando perto das nossas casas começamos a diminuir o ritmo, até pararmos a poucos metros delas.

    Algo está estranho. Ele está olhando fixamente para a sua casa. Vejo ansiedade e medo em seu olhar. Fico confuso no começo, mas logo eu entendo.

    — Yukine... — É a primeira vez que eu digo o seu nome. — Se você quiser pode ficar na minha casa.

    Ele me olha surpreso. Sua boca abre e fecha repetidamente. — ...

    Eu toco em seu ombro. — Fica em minha casa até seus pais chegarem. — Na casa dele não tem uma única luz ligada. — Eu não poderia te deixar sozinho nesse estado.

    Ele não me responde na hora. Fica parado, pensando. — Tá... — Diz ele tão baixo, que se não fosse eu estar olhando fixamente para seus lábios eu não teria percebido.

    Sorrio.

    Envolvo seus ombros com o meu braço e o guio até a minha casa. Seus ombros são tão finos. Ele é tão pequeno... Só assim consigo perceber a nossa diferença de idade.

    Ele entra na minha casa timidamente. — Licença... — Sussurra educadamente.

    Eu entro logo atrás trancando a porta. Jogo a minha mochila no sofá e digo. — Me dá a sua mochila.

    Ele entende o que eu quis dizer e logo se vira de costas, tirando, com dificuldade a sua mochila. Eu a pego e coloco também no sofá.

    — Não tem ninguém aqui...?

    — Minha mãe está viajando a serviço. — Respondo.

    — E seu pai?

    — Ah... O meu pai não vive aqui. — Ele fica confuso, mas então compreende. — É meus pais são divorciados.

    Preocupação e vergonha domina seu semblante. — Desculpa.

    Ele é tão fofinho. — Não precisa se desculpar. Isso já aconteceu faz tempo. E além do mais não é nada anormal um casal se divorciar hoje em dia.

    Mesmo eu dizendo isso ele não se sente confortável. — Se sinta a vontade. Pode se sentar. — Digo tentando ser um bom anfitrião.

    Ele acena com a cabeça, mas demora um tempo até ele se sentar.

    Eu pego o controle da TV e o entrego. — Pode colocar no canal que você quiser. — Digo indo para a cozinha.

    Será que eu pego algo para beber? Seria estranho eu cozinhar algo para ele comer...? Acho melhor eu pedir pizza mesmo.

    De repente escuto uns gemidos vindos da sala. Mas não eram uns gemidos de dor do Yukine, mas sim uns gemidos de prazer de uma mulher.

    Ontem à noite eu estava assistindo... Meu Deus!

    Corro até a sala e encontro um Yukine parecendo um pimentão de tão vermelho e a TV num canal adulto.

    Pego o controle do Yukine e mudo rapidamente de canal. — Me... Desculpe. — Eu devo estar todo vermelho também. Que vergonha.

    Ele não consegue olhar para os meus olhos. Ele deve achar que eu sou um pervertido. Pior é que eu sou um pervertido! Depois dessa não tem nem como eu negar... —... Tudo bem. — Ele responde timidamente.

    — Acho... que eu vou pedir uma pizza.

    Yukine

    O tempo passou, mas o silêncio constrangedor continua entre nós.

    Ele é um garoto e estava sozinho. Nada mais normal do que ele fazer esse tipo de coisa... Eu sei disso, eu entendo. Mas...

    Ele deve estar morrendo de vergonha...

    — Você pediu uma pizza... né?

    Ele se assusta e fica vermelho. — S-sim.

    — Mas estaria tudo bem não ter pedido. Eu comeria em casa...

    Eu não quero ir para casa. Se eu for... Não quero nem imaginar o que o meu pai faria comigo. A surra que aquele garoto deu em mim nem se compararia...

    Subitamente ele se levanta e se aproxima de mim, se agacha até ficar da minha altura e olhando nos meus olhos diz. — Você não quer voltar para casa, não é?

    Como ele...? Ele se levanta e sorri de lado. — Você pode passar essa noite aqui em casa... Seus pais te deixam dormir fora? — Diz ele fixando novamente seus olhos em mim. Por que quando ele me olha eu me sinto tão... estranho?

    — Sim... — Eles me deixam dormir fora.  Na verdade nem ligam se eu durmo ou não em casa, contanto que eu avise. Já dormi em muitos lugares, mas nunca na casa de um amigo. Amigo? Nossa relação já chegou nesse nível? Eu não sei, mas eu não consigo pensar nele a não ser já como um amigo.

    Ele sorri. — Então avisa para os seus pais.

    — Ok. — Digo pegando o meu celular. Fico feliz por ele ter me convidado, mas ao mesmo tempo com vergonha. Será que eu estou abusando da boa vontade dele?

    — Então vamos fazer uma festa do pijama! — Ele berra e começa a rir.

    Eu não consigo ficar sério, e logo me junto a ele.

    Mas essa alegria logo se desfaz ao ver que a bateria do meu celular acabou. O que eu faço?

    Yato se aproxima de mim, ficando nossos rostos muito próximos. Muito perto... Seu rosto parece infantil, mas ao olhar de perto consigo ver a maturidade em seus traços e em seu olhar. Seus olhos são de um azul intenso e muitas vezes são tampados por finas mechas de seu liso cabelo preto. Por que eu não consigo parar de olhá-lo?

    — Está sem bateria? Então pode ligar do meu. — Ele me dá o seu celular e sorri. Um sorri que fez algo estranho com o meu coração.

    — Ok... — Pego e disco o numero da minha mãe. É claro que eu não ligaria para o meu pai.

    Toca... toca... Minha mãe responde.

    “Alô?”

    “Alô, mãe. Sou eu, Yukine.”

    “Filho? Fala. O que houve?” Ela parece estar preocupada.

    “Nada... Só queria avisar que hoje eu vou dormir na casa... Na casa de um amigo.”

    “Ah, tá. Mas por que não está me ligando de seu celular?”

    “Acabou a bateria.”

    “Hmm. Você vai vir para casa amanhã?”

    “Acho que sim...”

    “Ok. Eu avisarei para o seu pai. Tenha uma boa noite.”

    “Você também...”

    Ela desliga.

    — Ela deixou? — Yato pergunta curioso.

    — Sim. — O devolvo o celular. — Obrigado.

    Ele abre um sorriso. Um sorriso que aquece o meu coração. — Fico feliz.

    A campainha soa.

    — Olha. A pizza chegou na hora certa! Vamos comemorar! — Diz ele indo dançando até a porta.

    Eu rio. O Yato é realmente gente boa. No começo eu não pensava assim dele. Na verdade eu não pensava nada sobre ele. Até hoje de manhã... Aquela hora que ele falou comigo subitamente, pensei que ele fosse só mais um curioso, mas vendo agora... Eu acho que ele estava preocupado comigo. Será que é isso? Ele estava preocupado comigo? E eu o tratei tão mal...

    Ele volta já com uma pizza na mão e uma coca na outra. — Aqui a pizza. Tá com um cheiro delicioso... Nossa estou morrendo de fome agora.

    Ele põe as coisas na mesa e eu me aproximo. — Obrigado.

    Eu acho que eu falei muito baixo. Ele não deve ter escutado ou fingiu não ter escutado. Ele não demonstrou nenhuma reação.

    — Pena que não pude pedir uma bebida... — Diz ele olhando para a garrafa de Coca-Cola.

    — Você bebe?

    Ele se assusta. Acho que ele não queria ter dito em voz alta. — Mas é que sabe... Comemorar. Bebida. Foi isso que eu quis dizer. — Ele ri, mas não por muito tempo. O seu semblante se torna sério e ele olha fixamente em meus olhos. — Yukine, o que eu disse foi bobeira. Você não deve beber.

    Ele falou tão sério que até me assustei. — S-sim...

    Mas se ele bebe, então por que eu não devo beber?

    Yato suspira, voltando ao normal. — Vamos comer?

    — Vamos.

    Ele sorri e eu sorrio de volta. Não tem como eu ficar bravo com ele...

    Ele começa a falar sobre coisas desnecessárias e ocasionalmente começa a rir. Admito não estar prestando muita atenção, mas estranhamente faz com que eu me sinta bem vindo.

    Yato

    Nossa. Eu comi três pedaços de pizza. Geralmente eu como só dois, mas por estar perto dele me faz ficar ansioso e quando eu fico ansioso eu não consigo parar de comer.

    O Yukine parece estar satisfeito agora. Ele queria comer apenas um pedaço, mas eu insisti que comesse mais um. Acho que ele deve estar se sentindo desconfortável por eu ter pagado a pizza sozinho...

    — Yato... Amanhã eu te pago, tá. — Viu?

    — Não precisa.

    Ele parece não gostar da minha resposta. — Se eu não pagar, eu estarei abusando da sua boa vontade.

    Se fosse qualquer outra pessoa estaria nem ligando se está ou não abusando dos outros. Ficaria muito feliz por uma pizza grátis. Mas ele é tão bondoso...

      Me aproximo dele. — Ok. Você irá me pagar. Mas não em dinheiro...

    Ele fica corado e se encolhe um pouco. Será que eu disse algo estranho? — Então... como?

    — Não sei ainda. Hmm... Você vai me dever um favor.

    — Um favor...? — Diz ele parecendo não estar mais desconfortável como estava antes.

    — Sim. Se eu precisar eu pedirei a sua ajuda ou algo assim. Que tal?

    Ele diz nada, mas acena positivamente. Acho que para ele não parece ser o suficiente, mas deve bastar.

    Olho para o relógio e vejo que o tempo passou voando. Já está tarde. Olho para o lado e vejo um Yukine se esforçando ao máximo para não dormir no sofá. Parecendo uma criança se esforçando para ficar acordado mais tempo do que consegue. Que fofinho.

    Ele deve estar cansado.

    Delicadamente eu toco o seu braço. — Vamos?

    Ele se assusta com o toque repentino. — Para onde?

    — Se arrumar para dormir. — Eu me levanto e faço sinal de querer ajuda-lo, mas ele se levanta sozinho.

    Yukine

    Nós subimos a escadas e me encontro num grande corredor.

    — Yukine pode ir para o meu quarto. Eu preciso ir ao banheiro urgentemente!

    Yato saiu correndo, entrando em uma das portas, que acho que deve ser o banheiro.

    Mas... onde é quarto dele?

    Ele de tão apressado se esqueceu de me mostrar...

    Escolho uma porta à sorte. Eu a abro e me deparo com um quarto cheio de cores claras, principalmente rosa. Esse não deve ser o quarto do Yato... Parece um quarto de criança, na verdade, de uma menina. Yato tem uma irmã?

    Não conseguindo conter a minha curiosidade eu entro. A janela está fechada, e parece estar fechada há muito tempo. O cheiro de mofo predomina o quarto.

    Cheio de bichinhos de pelúcia na cama e algumas bonecas nas prateleiras. O meu olhar se depara na mesinha, está cheio de fotos nela. Me aproximo e vejo, em uma das fotos, uma garotinha bonitinha de no máximo 5 anos sorrindo. Branca, cabelo preto liso e curto. Ela não parece muito com o Yato, além do cabelo.

    Em outra foto o Yato aparece ao lado dela. Ele era criança nessa foto. Os dois estavam vestindo roupas formais e posando para a foto. O que eu mais estranhei foi não ver um sorriso no rosto dele, mas sim uma cara triste.

    — Uhuh. — Olho para trás num susto, e vejo o Yato apoiado no batente da porta, me encarando.

    — Desculpa... Eu não queria me intrometer.

    De repente ele sorri, um sorriso fraco, mas demonstrando não me culpar. Se aproxima de mim e pega a foto. — Como eu odiei esse dia.

    — Yato você... tem uma irmã?

    Ele põe a foto de volta no lugar e se vira de costas para mim, saindo do quarto. — Eu tinha. Eu tinha uma irmã. — Ela... —  Com esse ano vão se fazer quatro anos desde a morte dela.

    —... Me desculpa.

    Ele olha para mim e sorri, um sorriso fraco e triste. — Você não tem que se desculpar. Você não teve culpa de nada...

    Saio do quarto, com o coração apertando no peito, e o sigo. Ele para na frente de uma das portas, mas antes de abri-la ele para.

    — Você gostaria de tomar um banho, Yukine? — Diz ele olhando para mim como se tivesse se lembrado de algo muito importante.

    Um banho? Para falar a verdade eu só quero me deitar agora. — Eu não...

    Mas antes que eu pudesse responder, ele me interrompe. — No banheiro do quarto dos meus pais... Da minha mãe. Tem uma banheira. Fará bem para você, irá relaxar os seus músculos. — Diz ele colocando a mão na barriga, indicando o golpe que eu levei.

    Toco levemente a mão na minha barriga e sinto uma pontada latejante. Talvez um banho de banheira não seja uma má ideia...

    Yato vai para outra porta e a abre. — Entre. — Eu entro e ele me segue logo atrás.

    Um quarto grande com uma enorme cama de casal, uma TV Led na parede e duas portas em cada extremo do quarto. Yato anda em direção de uma dela. — Aqui é o banheiro. — Diz ele abrindo e entrando logo em seguida.

    Escuto um barulho de água corrente. — Yukine, pode entrar. Feche a torneira quando estiver cheia e depois entre. Eu vou procurar uma roupa para você usar para dormir. — Diz ele passando por mim e sumindo pelo corredor.

    Eu poderia dormir de uniforme mesmo...

    Entro no banheiro e me surpreendo ao ver um banheiro enorme, com uma grande banheira, que poderia caber duas pessoas confortavelmente.

    A água vai caindo até chegar ao nível desejado. Desligo a torneira e começo a me despir com dificuldade. Aquele garoto conseguiu realmente me machucar...

    Passo a minha mão pelo meu abdômen e sinto algo estranho, um creme fora passado na minha barriga. O Yato passou isso em mim...?

    Eu deveria esperar ele chegar com a roupa ou já posso entrar?

    Não teria problemas de ele me ver dentro da banheira, a água cobriria a maior parte e de qualquer jeito nós dois somos garotos...

    Suavemente começo entrar na banheira, sentindo a água quente cobrindo cada parte do meu corpo, menos o meu rosto, evito molhar os curativos que o Yato fez em mim.

    Ah... Que relaxante...

    De repente a porta é aberta e um Yato com uma camiseta nas mãos, entra.

    Ele se assusta a me ver e seu rosto fica vermelho. Ele está com vergonha?

    — ...Yukine... É... Aqui! — Diz ele mostrando uma camiseta preta de manga comprida e desviando o olhar. — Eu não achei nenhum short que coubesse em você, todos iriam ficar muito grandes para você, então decidi trazer só uma camiseta bem longa, aí vai cobrir até as suas pernas...

    — Tudo bem. — Digo sorrindo.

    Sem olhar para mim ele põe a camiseta no balcão do banheiro e diz apressadamente. — V-vou deixar a-aqui.  — Dizendo isso ele sai correndo do banheiro.

    Será que eu fiz algo errado? Será que ele tem vergonha? Mas no colégio, na educação física, a gente tem que se vestir no vestiário, e na frente de todos os outros garotos da turma. Achei que ele não teria vergonha disso.

    Será que no ensino médio eles não se vestem um na frente do outro? Então como eles fazem...?

    Um bom tempo se passou desde que eu entrei nessa banheira e eu ainda não quero sair. O que o Yato disse é verdade. A água quente realmente aliviou um pouco as minhas dores.

    Imagens e pensamentos brotam em minha cabeça. Os outros alunos fofocando pelas minhas costas, sobre mim. Os olhares estranhos para mim... E aqueles garotos me rodeando e começando a me ameaçar.

    Eles não entendem que eu não fiz nada de errado?! Eu só... precisava de dinheiro...

    As minhas lágrimas se fundem com a água da banheira e sem perceber começo a soluçar enquanto chorava. Eu não queria admitir, mas tudo isso realmente me feriu, não só fisicamente, mas também emocionalmente.

    Escuto um barulho vindo da porta e paro de chorar. — Yato...?

    Nada. Deve ter sido o vento...

    Respiro fundo e seco as minhas lágrimas, em vão, já que minhas mãos estão todas molhadas, o que não ajuda muito.

    Saio da banheira e me seco.

    Pego a camiseta que o Yato escolheu para mim e a ponho. Ela realmente ficou grande. As mangas ficaram maiores que os meus braços, e a camiseta vai até os meus joelhos.  Ela é bem confortável...

    Para não parecer um pervertido, eu ponho a cueca box azul que eu estava antes.

    Olho para o espelho e confirmo que os meus olhos não estão vermelhos. Pronto eu saio do banheiro e me deparo com o quarto todo escuro e me assusto ao ver o Yato sentado na ponta da cama, olhando para baixo.

    — Yato... você está bem? — Me aproximo dele.

    Assim que fico próximo dele ele olha para mim. Seus olhos azuis são visíveis até no escuro, parecendo olhos de gato. — Yukine... — Diz ele com uma voz embargada.

    Subitamente ele pega os meus pulsos e sussurra. — Já sei o que vou querer de favor...

    O meu sangue gela. O que ele quer dizer com isso?

    Antes que eu pudesse fazer algo ele me joga na cama e sem dar tempo de eu respirar ele sobe em cima de mim, segura os meus pulsos e me prende com as suas pernas.

    Seu rosto sério se aproxima do meu, ficando centímetros de distancia. Nossos lábios ficando tão próximos... Eu consigo sentir a respiração dele batendo em meu pescoço, o que me faz me arrepiar.

    — Yato... huh. Para com isso.

    Como se tivesse feito nada, ele solta os meus pulsos, se deita ao meu lado e se vira para mim.

    Ele sorri. — Desculpa se te assustei.

    Desculpa? Um estalo soa pelo quarto.

    — Yukine! Por que você me bateu?!

    — Você mereceu! — Digo cruzando os braços. Quem ele pensa que é? Fica me agarrando e depois pede desculpa... Idiota.

    — Desculpa, desculpa. — Ele ri.

    Ameaço me levantar, mas antes que eu realmente pudesse sinto algo segurar as costas da minha camiseta.

    — Yukine, não vai embora... — Diz Yato sussurrando atrás de mim.

    Eu não levanto, mas continuo de costas para ele. — O que você quer?

    Sinto sua mão percorrendo as minhas costas, o que me faz arrepiar e soltar um suspiro involuntário, até que ela para na minha cabeça e começa a acariciar o meu cabelo. — É isso que eu quero.

    Ele... só quer isso? — Um carinho na cabeça? Só isso?

    — Sim.

    Eu me viro para ele e o vejo sorrindo. Seu sorriso some assim que seus olhos encontram os meus, deixando-o sério. Afeição. Afeição é o que eu vejo em seus olhos.

    Ele põe a mão que não estava me acariciando, e acaricia a minha bochecha. — Você não precisa mais chorar sozinho...

    Ele... Antes que eu pudesse evitar lágrimas escorrem pelo meu rosto, e meus lábios se contorcem. Eu começo a chorar que nem um bebê.

    Yato me envolve em seus braços fraternais e continua a me acariciar.

    Ele não me diz nada, mas não precisa, o conforto de seus braços já é o suficiente.

    Eu mal o conheço, mas me sinto tão próximo dele. Fazia tempo que alguém me trata tão bem.

    Eu não conseguia parar de chorar, era como se toda a tristeza que eu tinha trancado em meu coração, ele abrisse e a estivesse aceitando. Me aceitando.

    A última coisa que eu vi naquela noite foram os seus olhos azuis intensos olhando os meus, e os seus braços me aquecendo. 


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