Os Trinta Colares de Pedra

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 5

    Primeiro Colar

    Homossexualidade, Violência

    Mitsuyoshi de algum jeito conseguiu se meter em uma moita perto do campo de futebol. Se escondeu no meio das folhas verdes e  ficou os observando por um tempo, pensando. Poderia tentar pegar os colares à força, mas, caso conseguisse, a pessoa poderia contar para os outros e isso seria um problema. Teria que pegar sem que eles percebessem, concluiu. No momento, os jogadores da Raimon ainda estavam na quadra, agora jogavam futebol com ajuda dos colares de pedra, claro, eles não haviam conseguido deixá-los de lado.

    Mitsuyoshi começou a forjar um plano simples e fácil de se seguir: esperaria um deles sair sozinho dali e o seguiria. Parou nessa parte, sem saber o que fazer depois.

    Sabia que seria mais fácil se tivesse um elemento que ajudasse. Tenma iria poder pegar os colares com o ar, sem precisar se mexer, Tsurugi, Shindou e Shinsuke também, com o controle da terra, da areia e das trevas. Tinha na lista do pergaminho elementos como o vidro, o metal, o papel, o ouro, o bronze e o gelo, que eram sólidos e também seriam incrivelmente úteis para pegar os colares à distância ou, para Mitsuyoshi, fazer armadilhas e estratégias, no que era muito bom.

    Mitsuyoshi também tinha um colar, tinha testado e percebeu que seu elemento era inútil. ‘Cores e brilhos’, dizia o pergaminho. De seus dedos saíram luzes de várias cores e em várias intensidades, que pareciam pequenos fogos de artifício, com um som engraçado. E também, quando queria, pequenos punhados de fogo colorido flutuavam no ar, mas aquele fogo não queimava. Era bonito, mas não ajudaria em nada. Ao invés de passar despercebido, aquele poder iria atrair os olhares de todos.

    Ficou esperando na moita por mais de trinta minutos, já eram quase dez horas da manhã quando o time parou de jogar e começou a sair do campo em bando, e enquanto andavam começaram a se desfazer em grupos menores. Apenas um daqueles que usava o colar dobrou a esquina sozinho, era Amagi, o grandão lilás. Mitsuyoshi foi atrás, quando percebeu que outro ser também ia até ele, o chamado Kageyama.

    - Kageyama - chamou Tsurugi. - Quer comer bolo de baunilha com a gente na casa do Tenma?

    Kageyama parou e olhou para eles com os olhos brilhando de alegria.

    - Posso mesmo? - perguntou.

    - Vamos - Tenma chamou. - Quer ir também, Kariya?

    Kariya estava com eles e sorriu quando soube que comeria mais um bolo sem pagar nada.

    - Claro - Kariya respondeu. Fey e Taiyou iam também e isso com certeza não acabaria bem, sabia, os dois iam ficar em cima de Tenma e Tsurugi com certeza criaria uma confusão por causa disso, e Kariya queria estar lá para rir disso e aliás… se Rikaru ia, ele também iria.

    Kageyama olhou com dúvida para Amagi, fazia tempo que não conversava com o amigo. Mas deu de olhos e decidiu que faria isso mais tarde, aceitou o convite de Tsurugi e foi correndo até eles.

    Mitsuyoshi acenou com a cabeça para Tsurugi, grato pela ajuda, o outro fez o mesmo aceno e virou-se para caminhar ao lado de Tenma.

    A maioria dos jogadores iriam para casa almoçar e se arrumar para ir para a  escola à tarde. Mas Amagi foi em direção ao parque de Inazuma, antes parando de vez em quando em alguma padaria ou loja de doces. Logo chegaram ao parque. onde centenas de árvores e flores descansaram debaixo do sol que havia acabado de nascer. Ele se acomodou em baixo de uma árvore e tirou da mochila que carregava um saco que continha o seu almoço, embalado em papel laminado para não esfriar. Era muita comida, mas a devorou rapidamente e soltou um longo arroto. Poucos minutos depois, se recostou na árvore, sonolento, e fechou os olhos.

    Yozakura esperou os sonoros roncos chegarem para se aproximar do defensor da Raimon. Seus passos foram leves e suaves, sem fazer qualquer ruído. Mitsuyoshi pensava em como ele podia comer tanto assim, se estivesse na pele dele já estaria com uma estrondosa dor de barriga. Amagi devia ter um estômago  grande, concluiu.

    Se aproximou do maior e pegou seu colar, o puxando lentamente para cima. Quando conseguiu, se afastou alguns passos com cuidado e depois acelerou o passo, criando distância. Não precisava de elemento nenhum para pegar a pedra de uma pessoa dormindo, mas já uma acordada...

    Um ruído estranho chamou sua atenção e ele se virou para ver Amagi brabo, falando com um garoto que tinha derrubado um sorvete em sua cara. O garotinho de sete anos saiu correndo com medo de Amagi e triste pelo seu sorvete perdido. Amagi balançou a cabeça, indignado. Mas quando o grandão percebeu que seu colar tinha sumindo, pegou suas coisas e saiu gritando com raiva, perguntando quem tinha roubado. Mitsuyoshi parou de olhar, antes que eles o visse, mas tinha poucas pessoas ali e Amagi correu para ele, fazendo a mesma pergunta em voz alta.

    - Eu não vi nada - respondeu unicamente, dando de ombros.

    Amagi estava desconfiando.

    - Tem certeza?

    Mitsuyoshi balançou a cabeça para cima e para baixo.

    Amagi suspirou e estava quase saindo, mas virou-se e disse:

    - Eu conheço você?

    - Não.

    O maior o estudou melhor, buscando em sua memória.

    - Lembrei, você é o atacante da Mannouzaka, que era seed como o Tsurugi e me chutou uma bola na barriga no nosso jogo.

    Yozakura engoliu em seco ao se ver reconhecido. Lembrou-se do tempo em que seu time machucava as pessoas quando jogavam, alguns até faziam isso ainda, jogando ou não. Ressentiu-se.

    - Eu chutei uma bola em você? - Mitsuyoshi lembrava de ter chutado a bola em muitas pessoas naquele jogo, mas realmente não lembrava em quem acertado. - Sinto muito - disse, e sentia mesmo, aqueles tempos tinham sido terríveis e se arrependia profundamente do que ele e seu time tinham feito aos adversários que iam contra o quinto setor. - Desculpe à mim e aos meus colegas, o que fizemos foi errado.

    - Tempos passados - disse ele e coçou a  cabeça, envergonhado, como sempre ficava diante de um pedido de desculpas.

    Amagi se despediu, dizendo que continuaria a procurar seu colar e foi correndo de pessoa em pessoa pelo parque.

    Mitsuyoshi respirou aliviado, se ele tivesse descoberto nem queria imaginar o que teria acontecido.

    - Mas parece que estou fazendo coisas erradas de novo - murmurou. - Roubando coisas das pessoas e fazendo elas procurarem coisas que não vão encontrar - balançou a cabeça com força. - Não, eu estou apenas pegando de volta o que perdi.

    Abriu novamente o pergaminho e o examinou. A linha que antes estava escrita: ’Amagi - elemento explosão’ tinha desaparecido. Agora só faltavam vinte e nove colares de pedra para pegar.

    O lado contrário do papel contava com uma mapa da cidade de Inazuma e nele se encontravam agora vinte e nove bolinhas vermelhas, a maioria se mexendo e dizendo que os portadores dos colares estavam em movimento. Dos pontos vermelhos que estavam perto, Mitsuyoshi procurou se tinha algum sozinho. Então viu um e ele se movia em alta velocidade para a sua direção.


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