Chá quente e gelo

  • Krwx12
  • Capitulos 3
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 26 minutos

    16
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    Capítulo 3

    Vamos saudar a morte com um brinde

    Álcool, Bissexualidade, Heterossexualidade, Homossexualidade

           Dinah se inclinou, apanhando o pano entre os dedos, arremessando para dentro da pia, a água ainda jorrava, agora se misturando com o sangue, deixando o vermelho cada vez mais fraco. Fechou os olhos, respirou profundamente, antes de voltar a me olhar.

         - Uma veia estourou!- sorriu, um sorriso cansado e triste. - De qualquer forma isso anda acontecendo muito nos últimos dias. - Passou a mão pelo risco  vermelho, que escorria até o lábio superior, pos a mão em baixo da água depois esfregou no vestido.

           "Veia estourada?" não acreditei nem um pouco, seu semblante estava muito estranho para ser apenas uma veia danificada. Abri a boca para contradizer, mas ela foi mais rápida, abriu um largo sorriso e mudando completamente o foco do assunto.

          - Então esse presente é meu? - perguntou animada "demais" 

         Foi ai que eu percebi, o embrulho ainda em minhas mãos, estendi para ela, Dinah numa velocidade incrível agarrou o presente e estraçalhou todo o embrulho. Ao se dar conta do que era, ela paralisou, seus olhos pulavam de mim e para a caríssima garrafa Jack Daniels Sinatra Select.

           - HAAA MEU DEUS É UM SINATRA!!!- ela berrou tão alto que meus tímpanos arderam.- Haa preciso esconder isso onde ninguém ache... Levy eu te amo você com certeza é a melhor.  

          Saiu correndo porta a fora, se esquecendo de terminar de limpar o restante do sangue. Caminhei até a pia, fechei a torneira, passei mais alguns minutos fitando o pequeno pano, ja tinha escorrido quase todo o sangue. Segurei o pano entre os dedos, uma água avermelhada caiu dele até bater na pia. " Dinah oque você não está me contando?"

          O joguei novamente na pia, sai do quarto, de volta para festa atrás de Silckie. O casal da escada tinham desaparecido, descendo o primeiro degrau senti a cabeça girar, minha visão ficou em preto e branco uma tontura horrível me atingiu, grudei as mãos no corrimão, o metal gelado pareceu congelar meus dedos, fechei os olhos respirei fundo algumas vezes. Os abri olhei em volta tudo parecia de volta ao normal, a cor tinha voltado a dor foi embora, mas não só tinha melhorado como eu estava num estado de êxtase.

         Descendo mais alguns degraus percebi que eu não estava controlando meus movimentos, mas também não lutei contra. A música parecia distante mas contagiante, me juntei ao monte de corpos suados, sentindo respirações quentes e ofegantes no meu pescoço, me mexi na batida da música, mãos macias envolveram minha cintura por trás, dentes se fecharam em volta da minha orelha esquerda, eu e a pessoa desconhecida, dançamos num ritmo intenso, suspirei ja estava ofegante, meu corpo inteiro pegava fogo, o desconhecido me virou, ele tinha cabelos curtos, olhos azuis me encaravam por trás de uma máscara de festa elegante e preta, havia luxúria em seu olhar, "não é um cara é uma garota" de belos olhos, um top também preto cobria seus fartos seios, o abdômen impecável completamente amostra, e jeans largos faziam parte de seu perfil. Ela se inclinou colou os lábios em meu pescoço, seus braços se apertaram em minha cintura, puxando para mais perto grudando nossos corpos, ela mordeu e lambeu minha garganta, gemendo agarrei seus cabelos, puxando firmemente.

          - Levy... Levy, onde você está?- a voz de Silckie cortou todo o clima.

         Me dei conta que a música havia parado, a garota mascarada tinha me soltado e olhava na direção de onde Silckie chamava, ele estava de costas para nós duas, não tinha nos visto, caminhou para a porta sumindo da minha vista, virei a cabeça de volta para a garota mas ela tinha sumido olhei em volta nem sinal dela, suspirei de novo, fui atrás de Silckie a essa altura ele ja estava fora da república, corri esbarrando com muitas pessoas que faziam comentários nada agradáveis.

          Fora da casa poucas luzes iluminavam o jardim, se tinha várias pessoas quando chegamos, agora parecia que eles simplesmente evaporaram, não tinha mais ninguém lá, foi então que o achei, uns 30 metros a frente Silckie estava de costas, ele se virou na minha direção e abriu um sorriu torto que dizia AI ESTÁ VOCÊ. Vi algo se mexer na árvore atrás dele, um vulto alto saiu da sombra da árvore andou para a luz, quando seu rosto foi iluminado dei um passo para trás, era ela a garota mascarada, Silckie não percebeu sua aproximação, um brilho forte apareceu na mão direta dela "uma faca" mas era grande demais, talvez uma adaga.

         Abri a boca pra gritar mas nada saiu tentei gritar de novo nada, me desesperei cada passo que ela dava na direção dele mais eu tentava gritar, porque ele não se mexia? meus braços não me obedeciam eu estava paralisada, porque ele não se vira? "atrás de você"  ele ainda olhava para mim parecia não entender nada, a garota da máscara estava mais próxima, ela levantou a adaga na altura do peito, meu coração parou, de repente tudo estava em câmera lenta, Silckie finamente se virou e a lâmina rasgou o ar, se enterrando em seu peito.

         Com toda a força que me restava obriguei minhas pernas,a me obedecerem, uma depois a outra corri para ele tropecei na grama e em pequenas pedrinhas, cai de joelhos ao seu lado, Silckie não respirava seus olhos abertos parados de espanto, agarrei o cabo da adaga tentando tirar do peito dele, meu dedo escorregou sobre a lâmina abrindo um corte no polegar, nada adiantou ela não se moveu, a garota mascarada estava parada do nosso lado, seus olhos que antes tinha tanto desejo e luxúria, agora frios, sem vidas e opacos. E SILCKIE MORTO...

     ------:::::-------

         Abri os olhos, meu coração estava disparado estava ensopada e pingando de suor, eu sentia um mau estar terrível, emocional e físico, um cheiro forte estava impregnado no ar. Meus músculos doíam muito. "Silckie, oque aconteceu, meu Deus onde eu estou"

         Olhei em volta reconhecendo as cortinas a cômoda o criado mudo tudo, eu estava no meu quarto, procurei meu celular que estava no criado mudo, o meu coração ainda pulava feito louco tentei discar o número de Silckie mas meus dedos tremiam e eu errava as teclas, depois de várias tentativas falhas, consegui finalmente ligar. 

        " Vamos Silckie atende" no terceiro toque ele atendeu. 

        - Alo - soltei o ar de alívio, meu coração parecia agradecer - Lev é você? - sua voz tava sonolenta, acho que ele acabara de acordar.

        - Silckie - minha voz saiu desgastada. - Sil vo...vo...você ta bem - gaguejei.

        - Que pergunta, é claro que eu to bem, na verdade eu que devia te perguntar isso, ainda mais depois do que aconteceu na festa da Dinah. 

          Gelei as articulações dos meus dedos ficaram pálidas.

         - Oque aconteceu? Foi a garota da máscara? Ela fez alguma coisa não fez? - me desesperei - Ela tinha feito algo eu sabia não foi um sonho.

         - Que garota de máscara? Não tinha nenhuma, Levy você bebeu demais, ficou tão bêbada que desmaiou no jardim, tive que te carregar de volta pra casa, você ta bem? Que garota é essa?

         Bêbada? Não é possível eu me lembro perfeitamente da garota da lâmina do sangue...

        - Lev você ainda ta ai?- eu limpei a garganta - eu to com sono são 06:54 da manhã, eu te deixei em casa as 03:00, e eu to com sono e você tem que ir perseguir o garçom. Boa noite... - sua voz foi ficando baixa ele provavelmente pegou no sono, encerrei a ligação.

        Levantei da cama, me rastejando até o banheiro fiz a minha higiene matinal, tomei um banho pra tirar o suor e o cheiro forte, cheirando meus braços constatei, era cheiro de álcool. 10 minutos depois, coloquei uma blusa de lã azul, calças, e sapatos. Peguei minha bolsa com o notebook, e desci as escadas. Na frente da mansão da minha família, eu fitei a casa de Silckie depois para a rua, as lembranças do sonho estavam muito presentes, "reais demais"  

         Senti minha garganta fechar e uma péssima sensação, era medo! Pela primeira vez em meses eu não fui na cafeteria, pela primeira vez em meses eu mudei a direção, corri até a varanda de Sil. Toquei a campainha duas vezes, a porta se abriu.

          - Levy, que prazer te rever - Jonas o irmão mais velho de Silckie me cumprimentou, um sorriso debochado brincava no canto de seus lábios, sempre belo e galanteador, seus cabelos ruivos caiam sobre seus lindos olhos azuis, ele usava uma jaqueta de couro e calças jeans - a que deselegante da minha parte te deixar aí fora, venha entre o frio está de matar.

         Me arrepiei "Que piada de mau gosto" passei por ele, entrando na casa, me virei para perguntar sobre seu irmão, prevendo oque eu obviamente faria, ele somente apontou para as escadas, agradeci em seguida corri degraus acima, a porta do quarto de Silckie estava fechada, eu não bati ao entrar.

        Deitado debaixo de uma grossa camada de cobertores, só dava para ver os fios de seu cabelo espalhados pelo travesseiro, tirei meus tênis, e coloquei a bolsa na cadeira que tava ao lado da mesa do computador, levantei os cobertores e me juntei a ele. Silckie se remexeu abriu os olhos por alguns segundos, depois passou os braços pela minha cintura me puxando para seu peito, ele ja voltara a dormir profundamente, olhei para seu rosto, estava calmo e sereno, por cima de sua camisa fina, coloquei a mão no lugar onde a adaga tinha se cravado, nenhuma marca ou cicatriz, apenas a pele quente.

        - Você sempre sera meu melhor amigo, por favor não morra nunca!  

         Ele provavelmente não ouviu nada, mas eu não podia perde lo, ele era mais que um simples amigo pra mim, era quase meu irmão!

    Segunda-feira 7:36.

     

       - Então vocês querem fazer uma aula? - o treinador Fitzpatric falou gritando e cuspindo, dei disfarçadamente um passo para trás - Não sabem que as inscrições ja acabaram?

         - Senhor nós não queremos fazer parte do time apenas... 

         - Oque! - ele me cortou - se não querem fazer parte do time oque fazem aqui, isso não é uma escola super divertida onde jovens passam o tempo, isso não é um acampamento.

        Silckie deu um passo a frente, encarando o treinador de futebol.

        - Senhor estamos fazendo um trabalho de campo, - ele esperou alguma reação de Fitzpatric que apenas levantou as sobrancelhas esperando ele continuar - nesse trabalho precisamos vivenciar um esporte que nunca fizemos, e depois relatar ao nosso professor.

         - Que professor?

         - Char...

         - Charles! - ele gritou animadamente assustando eu e Silckie - garoto porque não me disse antes? Charles é meu amigo.

        Outro passo atrás, que cara maluco, de repente ele começou a andar, e Sil

    e eu o seguimos.

        - Infelizmente não posso ficar pra ajudá-los, vou buscar as camisetas novas do time, mas pra compensar vou deixar vocês nas mãos do meu melhor jogador, tudo que precisarem ele vai saber ajudar- parou abruptamente olhando em volta. - Cade ele? A achei! 

         Estávamos no campo de futebol, vários jogadores estavam espalhados pelo gramado, chegamos perto das arquibancadas onde uma pessoa estava inclinada de costas para nós três, amarrava os tênis, não consegui ver seu rosto.

         - Heyy Blaime tenho uma tarefa para você. - Fitzpatric sorrio largamente.

        A pessoa se virou, meu queixo caiu eu a reconheci na hora, Silckie engasgou com a própria saliva, o garoto loiro a minha frente parecia confuso.

         - Crianças essa é o meu melhor jogador, Jay Blaime...


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