Mundo Paralelo

  • Finalizada
  • Alexsporto
  • Capitulos 21
  • Gêneros Sobrenatural

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 18

    A queda de Abadom

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Capítulo 17

    A queda de Abadom

    Quando os cinco anjos entraram na pequena sala, Abadom já estava com a chave do abismo em mãos. A relíquia ainda emanava um vapor sombrio, logo o pequeno cômodo já estava completamente submerso em meio às nuvens negras.

    Embora estivesse à quilômetros dali, Micael também percebeu que algo estava acontecendo no templo e retornou de pressa, voando o mais rápido que suas duas asas permitiam.

    Quando em fim o templo invadiu seu campo de visão, Micael contemplou uma explosão na parte inferior do casco abobado do edifício. Em seguida uma figura alada surgiu dentre os destroços carregando algo reluzente em uma das mãos. A poeira escura parecia seguir o indivíduo, que ao se aproximar um pouco mais, Micael reconheceu seu rosto, era seu irmão mais próximo: O anjo Abadom.

    O que a princípio parecia poeira lançada ao vento, na verdade era fumaça sombria que estava sendo expelida pela relíquia na mão do anjo.

    – A... Abadom! Mas por quê? –gritou confuso o anjo Micael.

    – Eu sempre fui melhor que Haniel, eu sempre fui o mais forte... Mas por injustiça eu não fui recompensado por todo meu esforço como servo. – disse o anjo Abadom num tom de raiva com uma certa ironia. – Tanta devoção pra nada!

    – Você vai mesmo trair seus irmãos? Eu não posso acreditar que você vendeu sua alma...

    As pedras das placas no corpo do anjo Micael, brilhavam intensamente, pulsando em sinal de alarme.

    Micael desembainhou sua espada.

    – Não fique no meu caminho Micael! Ao invés disso, por que você não se junta à mim? Com todo esse poder... Seremos mais fortes que qualquer arcanjo.

    – Nunca! Eu não posso permitir que você leve a chave do abismo. – Disse o anjo Micael partindo para o ataque.

    Com uma incrível simplicidade, Abadom se defendeu do ataque de Micael, jogando-o para o alto manipulando a força da gravidade.

    – Tolo! Cinco anjos não foram capazes de me deter... E você acha que lutando sozinho vai conseguir me impedir? – Resmungou Abadom sorrindo loucamente.

     – Dentre todos os anjos, nunca esperei isso de você. – Indagou Micael ao recompor a postura. – Não imaginei que um dia me veria em um combate no qual eu não estaria lutando ao seu lado, mas agora não me resta escolha.

    Micael lançou sua arma na direção em que Abadom estava e em seguida, voou pelo lado oposto à trajetória de sua espada. Abadom defendeu com facilidade o ataque, jogando-a ainda mais longe dessa vez. Uma vez que esteve distraído com a espada, Abadom ficou vulnerável para o próximo ataque do anjo Micael, que o surpreende com um soco no queixo.

    E antes que Abadom pudesse se mover para um contra-ataque, Micael o agarrou fortemente imobilizando suas asas. A fumaça que saia da chave do Abismo era maligna e causava queimaduras ao entrar em contato com o corpo do anjo bom.

    – Olhe para nós! O sangue que aquece meu corpo é o mesmo que percorre em suas veias, não deveríamos estar em lados opostos, venha comigo irmão.

     – Não posso! – Respondeu Micael ignorando a ardência em seu corpo, cujas vestes já estavam em brasas. – Seria o mesmo que renunciar a tudo o que eu já vivi. O que aconteceu com você? Não compreendo como pôde ser capaz de esquecer os milênios de anos servindo ao lado da sua família para agora se rebelar contra os seus! Por que lutar contra quem te ama?

    – Eu nunca esquecerei... Mas, não posso continuar lutando por uma causa perdida. – Meneou a cabeça em desaprovação e continuo. – Humanos... Essa raça miserável, no fundo não passam de macacos! – Berrou com desprezo enquanto sacudia o corpo tentando se soltar.

    – Nós existimos apenas para um único propósito e você está abrindo mão disso!

     – Até quando você vai ser tão ingênuo, Micael? Não vê que somos apenas peões nesse jogo injusto! O que você acha que vai acontecer quando seu serviço como cão de guarda não for mais necessário?

     – Do que você está falando? O nosso dever é servir e proteger a humanidade, pobres seres que ainda estão aprendendo a viv...er. – Sua última palavra saiu num breve espirro seguido por uma sessão de tosse.

     Foi quando Micael percebeu que estava encoberto por um véu de névoa das sombras. O gás tóxico serpenteava por todo o seu corpo e causava feridas que ele sabia que jamais cicatrizariam.

    – Não seja tolo! – Advertiu Abadom ao se livrar dos braços de seu irmão.

     Micael elevou as mãos ao rosto tampando a boca e o nariz, bateu as asas e se afastou daquela fumaça demoníaca.

     – Venha comigo agora e agarre sua liberdade. – Abadom fez uma pausa para observar o irmão se debatendo tentando se livrar da névoa negra e voltou a falar. – Ouça Micael, nem as chamas do inferno serão capazes de te consumir, você se tornará invencível e nem mesmo Deus terá controle sobre sua vida.

    – E tudo isso a troco de quê? Minha dignidade, minha lealdade... Minha alma!  – Exclamou Micael ao recuperar o fôlego.  – Já chega Abadom! Isso passou dos limites.

    Como fogo branco, sua energia espiritual fluiu para além do seu corpo, formando uma manta viva sobre sua pele, repelindo a fumaça escura que tentava consumir seu corpo.

      – A única razão para não ter te matado até agora, foi porque eu ainda tinha esperança em você, meu irmão. Mas, isso acaba aqui!

    Quando um homem morre, seu espírito é separado do corpo para regressar aos braços do Criador. Os seres celestes são criaturas imortais perante as leis dos Céus, entretanto, quando este código divino é rompido, o anjo perde sua imortalidade e assim ao morrer, sua alma simplesmente deixa de existir.

     Os dois anjos deram início a uma batalha mortal, apenas um sairia desse embate com vida. Abadom estava com a vantagem, tinha a posse da chave do abismo, uma das mais poderosas relíquias milenares.  E todo esse poder estava consumindo seu corpo, suas vestes, sua alma já estava corrompida. Seu olhar não era mais o mesmo, qualquer sinal de afeto havia sido dissipado e sua expressão se tornou diabólica.

    Contudo, Micael não poderia se dar por vencido, não enquanto houvesse forças para se manter de pé. Não enquanto suas asas ainda pudessem bater e, mesmo que seu corpo não fosse capaz de responder ao seu chamado, sua alma continuaria lutando... Só de imaginar que Abadom foi capaz de matar seus próprios irmãos, sangue do seu sangue. Micael compreendeu que não havia nem o menor vestígio do seu irmão naquela criatura a sua frente. Com isso, jurou em silêncio para si mesmo, que não desistiria dessa luta ainda que isso lhe custasse a vida.

    Micael reuniu o máximo de energia espiritual e prendeu o anjo recém caído em um campo de força gravitacional.

    – Você enlouqueceu? Quer se matar? – Disse Abadom com gritos de desespero.

    – Defenderei até o fim as leis do meu Senhor, mesmo se isso me custar à vida!

    Uma esfera de energia se formou em volta desses dois anjos.

    Abadom tentou de toda forma possível se livrar de Micael, mas, não conseguiu se soltar. Então liberou todo seu poder, toda sua energia maligna num ato desesperado.

    – Está disposto a abrir mão de sua própria existência? Que desperdício! Seu sacrifício será em vão, Micael. – Vociferou a criatura sombria e suas palavras exalavam a dor e ódio.

    Micael sabia que não era capaz de suportar todo esse poder e, no fundo de sua mente, clamou ao Criador que lhe concedesse um último pedido: Não me abandone!

    A força emitida através dos anjos era devastadora. O globo de energia que envolve os dois, crescia de forma irregular, mas constante e conforme aumentava seu peso, começou a cair.

    Essa mesma esfera adquiria velocidade a cada momento, quanto mais o anjo Abadom tentava se soltar, mais rápido a esfera caía.

    Como previsto, os dois anjos caíram na terra na forma de uma destrutível estrela cadente, o impacto foi tão forte que formou uma enorme cratera no chão.

    Diferente do corpo humano que entra em decomposição, o corpo de uma divindade em sua morte, evapora, sendo reduzido a fragmentos reluzentes e, por ter essa aparência, os homens chamam esse fenômeno de Poeira Estelar.

    Depois que o clarão se foi e a poeira abaixou, era possível ver apenas um deles, o anjo Micael.

    Muito ferido e desacordado estava o anjo em meio aos escombros e permaneceu assim por uma semana. Quando um jovem ferreiro que presenciou a queda de longe e até sentiu o seu tremor, foi até a montanha e encontrou o anjo caído.


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