Mitsuyoshi acordou junto com o nascer do sol, às sete horas da manhã. Andou pelo quarto confuso. Tinha tido um sonho muito estranho, sobre pedras e elementos. Olhou para sua mesinha de cabeceira e viu o pergaminho de seu sonho jogado lá em cima
- Não. - exclamou. Não tinha sido um sonho. O velho das pedras era real e sua declaração para o capitão tinha realmente acontecido. Se jogou novamente na cama e se enfiou debaixo do cobertor que não tinha usado para dormir.
Não queria ir para a escola e mostrar sua cara na frente de todo mundo. E se soubessem do que acontecera ontem? E ainda era quarta-feira, como queria que fosse sábado… arquejou ao sentir uma dor aguda no seu pulso. Lembrou-se: Isozaki o havia quebrado, a memória o fez se sentir triste.
Os trinta colares de pedra, pensou. Saiu de seu esconderijo quentinho feito de edredons e pegou o pergaminho da mesa. Lembrava-se que no dia anterior ele estava em branco. Abriu-o e viu o nome de trinta pessoas escritos lá, foi lendo: Kirino Ranmaru, pedra da névoa, Tenma, pedra de ar… Arregalou os olhos ao ver que seu nome também estava lá: Mitsuyoshi Yozakura, pedra cores e brilhos.
Colocou a mão em seu peito e sentiu um relevo, tinha uma pedra lá, pendurada por uma cordinha de linho grosso cor de creme, a pedra era colorida e bela, cheia de detalhes.
Era verdade, tinha uma tarefa para fazer: pegar os trinta colares de pedra. No início, sem estava pensando em fazê-lo, mas era uma desculpa para faltar esses três dias de aula que faltavam.
Saiu da cama e se vestiu. Não queria ser facilmente reconhecido, então, ao invés do uniforme da Mannouzaka, colocou uma camisa social negra com argolas e bermuda jeans que ia até o joelho. Logo pensou: os seus pãezinhos no cabelos eram inconfundíveis. Então decidiu soltá-los e trançá-los atrás das costas, mas não conseguiu fazer com uma só mão e pediu ajuda para sua mãe.
Olhou-se no espelho, estava diferente, parecia até uma garota com a trança indo até sua cintura. Se o vissem de longe, achava, não o reconheceriam.
Precisaria de alguma coisa para pôr as pedras dentro, pegou uma bolsa de pano simples que achou em seu quarto e saiu de casa.
Caminhou em direção à Raimon, ainda era cedo e sabia - todo mundo sabia - que muitos garotos daquela escola gostavam de jogar futebol fora do horário.
Lá chegando, arregalou os olhos de susto. Levou as mãos à cabeça, estupefato.
- São crianças mesmo. - murmurou.
Na quadra de futebol ao lado do colégio da Raimon encontrava-se quase o time inteiro. Mas não jogavam futebol como o de costume:
Tenma estava controlando o ar e fazendo objetos voarem aos risos junto dos outros novatos. Sangoku, o goleiro, fazia labaredas de fogo flutuarem à sua volta. Shinsuke, não querendo ficar para trás, movia pedras e terra que estavam no chão de lugar. Kariya controlava o elemento poeira jogando o mesmo na cara dos outros, depois saia de fininho assobiando. Taiyou também estava lá, controlando fachos de luz da manhã. Também usavam o colar: Kirino, Aoi, Tsurugi, Kageyama
Hayami, o de óculos, corria com medo do fogo. e Hamano, ao contrário, gargalhava. Shindou, também com uma pedra, tentava os repreender sem ser ouvido. Kirino, ao lado de Shindou, estava com a mão na testa, desaprovando a situação, do mesmo jeito que Mitsuyoshi que observava à distância, achando que logo apareceriam um bando de jornalistas, policiais, com helicópteros e motos velozes, até um caminhão de bombeiros poderia aparecer.
Até Endou se encontrava lá, rindo, também com um colar de pedra.
‘Será que eles se perguntaram o porque daqueles poderes?’
Mitsuyoshi não sabia, mas precisava pegar aquelas pedras de qualquer jeito, antes que alguma coisa séria acontecesse, ou a polícia chegasse. Mas não sabia como.