O sino da porta soou quando eu entrei, tinha neve grudada em meus sapatos, a cafeteria da Daphne, vendia os melhores chás da cidade, mas por mais que eu amasse, não era o principal motivo de eu vir aqui. Vasculhei a cafeteria com os olhos, estava quase cheio mas minha mesa favorita continuava vazia, caminhei animadamente até ela, colocando a mochila na cadeira vazia ao lado,tirei o cachecol não esta frio aqui dentro, pequenos flocos de neve caía do lado de fora e ficava amontoadas, nos cantos das janelas e porta.
Olhei ao redor na esperança de acha lo. E la estava ele, meu garçom preferido,de costas para mim, anotando o pedido de um cara careca, os lindos cabelos negros caindo do lado esquerdo do rosto, acenou com a cabeça pra ele enquanto rabiscava o bloquinho de papel em sua mão. Meu coração ja saltava de um lado para o outro. "De um geito hipotético claro" torcia para que fosse ele a me atender. Ele virou na minha direção, ao me ver ele sorriu simpaticamente e começou a andar "Isssooo! calma, pare de sorrir feito idiota ele vai pensar que você é maluca"
Mas a três mesas da minha estava outro garçom bem mais perto. "Droga só pode ser brincadeira" esse chegou primeiro, de canto de olho pude ver o moreno indo para o balcão, onde tinha a mostra suculentos doces.
- Bom dia senhorita o mesmo de sempre? - Eu sempre pedia a mesma coisa então ja era rotina, sabiam oque eu queria.
Com um aceno de cabeça concordei.
- Uma xícara de chá de hortelã, e Internet saindo. - ele sorriu enquanto anotava no bloquinho.
Arrancou uma folha e me entregou.
- Estamos tendo que mudar a senha todos os dias, então aqui está, ja vou voltar com o chá.
Tinha uma sequência de números no pequeno papel levantei a cabeça para agradecer, dei de cara com olhos de mel esverdeados, "lindos" pra falar a verdade ele era lindo, cabelos dourados soltos por trás da orelha, blusa fina e branca, combinava com sua pele clara,usava o uniforme da cafeteria,uma gravata preta, jeans e uma jaqueta sem mangas. Parecia ter uns 18 anos .
Esta foi a primeira vez que reparei no garçom, eu ja o havia visto diversas vezes conversando com ELE. Era bonito, mas eu preferia e amava o moreno.
- Bem... humm obrigada Jeremy.- disse ao ler o nome no crachá.
Ele sorriu constrangido.
- Por favor apenas Jay não gosto do nome inteiro- ele sacudiu a cabeça de um lado pro outro, como se tentasse afastar alguma coisa.
- Levy - disse tamborilando os dedos no peito esquerdo - Bem hamm...finge que tem um crachá aqui- ele riu, um belo sorriso.
Se virou, indo para o balcão levar o meu pedido. Procurei o moreno com os olhos passando por todos no ambiente, ele não estava la. Tentando esconder a decepção, peguei meu notebook da mochila, depois de por a senha de acesso e a da internet, bati os olhos no relógio ao lado. 08:34 da manhã, Silckie estava atrasado, passou mais alguns minutos quando ouvi o sino da porta tilintar, era Silckie ele acabara de chegar, assim como eu, ele tirou o cachecol, enrolando nas mãos, abriu a grande jaqueta, tirando também, pendurou no cabide ao lado da porta. Agora vestia apenas, uma camisa verde de mangas compridas, dobradas até o cotovelo. Levantei os braços chamando sua atenção. Mais a frente, Jay equilibrou uma xícara de chá na bandeja, se virou na minha direção. "Essa não" Silckie passou bem nessa hora, trombando no braço do garoto, a bandeja virou e o chá se esparramou por todo seu peito.
- Droga isso ta queimando- gritou chamando atenção de quase todos no lugar, ele tentava inutilmente, afastar o tecido quente e molhado do seu corpo, Jay apareceu com um pano tentando ajudá-lo. - Sai! Olha oque você fez- empurrou ele para o lado, estava furioso.
Pulei da cadeira começando a correr em sua direção, pondo as mãos em seus ombros, eu tentava fazê-lo se acalmar, ele batia as mãos no peito, e soprava sem parar. Aos poucos foi parando, coloquei a mão na mancha molhada, estava morna. Jay tinha se encostado no balcão segurava a mão direita, provavelmente devia ter batido quando Silckie a empurrou. "Droga Silckie."
Meu coração parou, do seu lado, o garçom moreno, " Gajeel esse era seu nome" segurava o outro, cuidadosamente pelos ombros.
- Vou levar outra xícara de chá e um saco de gelo, para sua mesa, por conta da casa.- jay sussurrou, quase não ouvi. Ergueu a cabeça, caminhando para a cozinha, acompanhada de Gajeel.
Nem deu tempo de falar nada, todos da cafeteria encaravam, arrastei Silckie para a mesa, joguei minha bolsa no chão para ele se sentar, ele mantinha as mãos no abdômen.
- Grosso! - disse. Ele levantou a cabeça.
- Não queria ter sido! - respondeu sincero.
Jay apareceu com outra xícara e um saco cheio de pedras de gelo. Não disse nada, mas seu olhar pedia desculpas, se retirou silenciosamente.Silckie colocou o saquinho de gelo, no peito. Suspirando "parecia mais um rosnado." levantou rapidamente, balançando a mesa, quase derrubando, minha xícara " De novo." correu atrás do rapaz louro, puxou seu braço fazendo o parar, não consegui ouvir oque ele dizia, os clientes da cafeteria falavam muito alto e chegava mais gente.
Jay alternava entre olhar para o chão, ou para os outros clientes, mas nunca encarava os olhos do garoto a sua frente. Ele levantou a mão para pegar no braço da garoto louro, mas esse deu um pulo para trás antes que Silckie o tocasse. Seus lábios se mexiam pareciam dizer algo como. Tudo bem ou, eu preciso trabalhar, se afastou dele, voltando para o balcão de doces. Ele me olhou pedindo ajuda, eu somente dei de ombros.
- Aff... não queria machucar ele- disse enquanto se arrastava para a cadeira- agora acho que ele nunca mais vai me atender.
Ele jogou os gelos em cima da mesa, eu apenas ria.
- bobagem, foi apenas um pequeno e bobo acidente- ele me encarou como se eu fosse idiota e apontou para a camisa molhada- De qualquer forma foi culpa sua trombar com ele.
Dei um gole no meu chá, com cuidado para não queimar a língua.
- Você sempre tão sincera, tão... tão amiga, né Levy.
- Oque eu posso dizer, estou sempre aqui para ajudá-lo.- um sorriso sapeca brincava, no canto da minha boca, desviei quando ele me lançou um cubo de gelo.
Ri mais alto ainda, atraindo alguns olhares para mim, incluído o do moreno, " Ó pelos deuses, ele estava olhando" lançou me um sorriso de convinhas. Constrangida meu rosto pegava fogo, rapidamente olhei de volta para o notebook, a tela tava apagada, corri os dedos pelas teclas.
- Sobre o trabalho, acho melhor falarmos sobre futebol, ouvi dizer que a cidade, tem um time oficial.
- Detesto futebol, e onde é que eles estão treinando, esse lugar parece um freezer gigante.
Eu dei de ombros, era melhor do que nada.
- Iremos la segunda, os treinos são fechados aos sábados e domingos- ele concordou com a cabeça.- Vai a festa de aniversário da Dinah hoje?- Silckie fez uma careta.
- Não queria ir, todas as festas dela, sempre terminam com, uma bêbada atrás de mim, e pessoas caídas por todos os lados. Mas... é a Dinah então eu vou.
Encostou o queixo na mesa, Silckie não era o tipo de cara que ia a festas para ficar com garotas, ou simplesmente "curtir" ficando chapado, ao contrário dos outros caras de 17 anos, ele era conservador, tinha cabelos castanhos quase ruivos, sempre em moicanos,olhos azuis escuros, alto, de pele branca, muito branca. Várias garotas olhavam pra ele, principalmente patricinhas, líderes de torcida. Os atletas, jogadores de hóquei do colégio, morriam de inveja, pois Silckie não jogava, não era atleta, era apenas um garoto comum, na escola. E por não dar atenção pra nenhuma garota, mais elas se apaixonavam.
-Não se preocupa eu tiro você de lá antes da festa ficar pesada- sorri fazendo aspas com os dedos.
- Vamos pra minha casa, jogar Xbox, ou ainda não terminou sua tarefa diária, de perseguir, o garçom?
Abri um sorriso meigo, e procurei ele com os olhos, la estava, sentado num banco atrás do balcão de doces, escrevia num caderno fazendo o balcão de mesa, parecia bastante concentrado.
Me levantei fechando meu computador,pondo de volta na bolsa, coloquei o cachecol, Silckie também se levantou, caminhamos até a porta, manti ela aberta enquanto ele vestia a jaqueta e o cachecol, dei uma última olhada pra o balcão, Gajeel pois uma mecha do cabelo atras da orelha, mordeu o lábio inferior. "CONCENTRADo" foi nessa palavra que pensei,
enquanto Silckie me empurrava para fora, para as ruas geladas e encobertas de neve.
Essa seria a palavra que não me deixaria dormir, sera que ele sabe, o quão bonito ele é? Bom eu sabia, sorri andando em baixo da neve alguns flocos caíram no meu nariz.
" Haa um dia eu tomo coragem e o chamo pra sair. UM DIA...