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Espero que gostem ^^
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A neve caia sem cerimonias aquela manhã, os animais se escondiam em suas tocas tentando não ter os corpos congelados. Não nevava daquela forma há o que? Uns trinta anos? Talvez o homem de cabelos esbranquiçados soubesse. Não, ele não era tão velho assim, devia ter em torno dos 26 anos de idade.
A mulher de olhar mais frio que a neve que cobria as campinas, também não sabia, o rosto refletia traços de uma jovem moça. As mãos cobertas por uma luva de couro mantinha com firmeza as rédeas do corcel branco. Os olhos esverdeados analisavam toda a extensão do vasto campo branco. Não era para ser assim, devia ter um lago de águas claras mais a frente, porém estava congelado. Seria perigoso tentar atravessar, o gelo poderia ceder e perder um homem a essa altura não seria nada bom.
– Vamos dar meia volta – a voz firme e autoritária da mulher produziu ecos no imenso vazio. O pequeno grupo de cinco homens que vinham mais atrás se entreolhou.
– Mas senhora, não podemos voltar, é a única rota que temos, os invasores podem acabar fugindo – falou o homem de cabelos brancos e mascara que cobria parcialmente o rosto. Em seu olho esquerdo, jazia uma cicatriz que se estendia da sobrancelha até a maçã do rosto, foi um presente da ultima batalha que travara. Costumava contar histórias enquanto bebia de como havia conseguido. Lutara com um demônio três dias e três noites. Quando finalmente conseguiu o golpe fatal contra a criatura, a mesma antes de morrer, fez o favor de deixar-lhe uma lembrança.
– O que sugere Kakashi? – perguntou sem fita-lo. A paciência de Sakura não era das melhores. Suas palavras sempre eram objetivas e sem rodeios.
– Sugiro que tentemos atravessar.
Sem responder a sugestão de Kakashi, Sakura desce do cavalo com agilidade. O kimono branco com flores de cerejeira se esvoaçava. Os cabelos rosados presos em um rabo de cavalo dançavam com o vento frio, que trazia consigo um cheiro de terra e neve.
– Shikamaru, tem certeza que é este o caminho? – perguntou sem fita-lo a uma cetra distancia.
– Sim senhora, o acampamento deles deve estar localizado na floresta ao norte, foi o que informaram – respondeu o rapaz moreno de cabelos espetados, preso em um rabo de cavalo.
Sakura continuou com os olhos atentos, sentia que de algum lugar estavam sendo observados, aquele vento gelado que vinha da floresta escura do norte, trazia consigo um cheiro familiar, e uma aura assassina podia ser sentida, mas não era a sua.
– Seria tolice continuarmos. Entraremos em território inimigo, não se esqueça que as terras do norte pertencem a Kaguya, deixe que os homens dela cuidem dos invasores – alertou Naruto em tom gritante.
– Com essa geada não irão muito longe, vamos voltar – a rosada impaciente voltou-se para o cavalo montando no mesmo com rapidez, a galopes rumou na direção contraria. Aquela presença familiar fazia os pelos de sua nuca eriçar, podia sentir o gosto amargo do perigo em seu paladar, e apenas um homem podia fazê-la sentir tal gosto.
Uchiha Madara...
II
Não muito distante dali, montado solenemente em um cavalo negro e arisco, o homem de olhos negros como a noite, observava o pequeno grupo dar meia volta. Aqueles cabelos rosados eram muito bem conhecidos por ele, aquela aura assassina e vingativa também. Os cabelos longos e bagunçados esvoaçavam cobrindo-lhe uma parte do rosto.
– Poderíamos ataca-los enquanto recuam – sugeriu o rapaz de olhos castanhos e cabelos alaranjados que tentava manter seu garanhão a rédeas curta.
– Yahiko tem razão – intrometeu-se Deidara com um sorriso animado no rosto.
– Não – respondeu friamente.
– Está com medo tio? – questionou o jovem Itachi.
– Desconheço esta palavra sobrinho. Não estamos em missão oficial, esqueceu-se? Já matamos os invasores, por acaso quer iniciar mais uma guerra contra o imperador do sul?
Madara não mordeu a isca, era seguro de si o bastante para não temer a morte, por isso fora aceito no exercito de Kaguya, soberana do norte. Desde a tenra idade mostrou-se um guerreiro promissor. Não se relacionava nem tão pouco amava a ninguém. Quando se tornou conhecido na província de Konohagakure, pessoas contavam histórias sobre seus feitos, de como era valente e temido.
Aos 18 anos tornou-se líder da Akatsuki, uma organização de assassinos que trabalham em nome de Kaguya. Incontáveis foram suas vitimas e não se importava de quem se tratava, apenas cumpria seu dever.
– Devia ter matado essa mulher quando teve a chance – retrucou o moreno. – Sem ela o exército de Hashirama não seria nada, os aniquilaríamos facilmente.
– É apenas uma questão de tempo sobrinho... apenas uma questão de tempo.
Esporando o garanhão, o homem sai a galope em direção contraria sendo seguido pelo grupo de nove homens.
A muito tempo não a via, a muito tempo não sentia sua presença, a última vez que teve a chance de ficar cara a cara com aquela mulher, recebera um corte no abdômen, a cicatriz ainda doía, mas ele não deixou barato, retribuiu o favor presenteando-a com um nas costas. Ambos deviam ter morrido naquele dia chuvoso três anos atrás. O sangue misturava-se com as gotas que caiam enquanto os exércitos enfurecidos do norte e do sul se enfrentavam em uma batalha sangrenta que já durava três dias.
O arrependimento por não tê-la matado quando pequena o corroía, esse sentimento aflorou-se quando trocaram golpes de espada, o ódio que ela sentia era refletido em cada golpe certeiro. A sede pelo sangue dela só fazia sua garganta ficar mais seca. Ela em busca de vingança, e ele tentando concertar um erro do passado. Mas o que ambos tinham em comum era que carregavam dentro de si, a alma de dois assassinos...