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Tempo estimado de leitura: 42 minutos
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*Os personagens desta história pertencem a Hinako Takanaga, mas o enredo é de total autoria minha e de Psicodelium.
*É meio chato ter que dizer isso, mas não custa reforçar: Essa Fanfiction contém yaoi/lemon, ou seja, relacionamento homossexual, sexo entre homens, se você não gosta e se sente desconfortável com o conteúdo, por favor, troque de página, sem nos incomodar.
*Apesar de eu já ter revisado a fic, para ver se havia erros ortográficos, posso ter deixado escapar algo, então se enxergar algo, por favor avise.
*A história foi escrita por mim e por pisicodellium.
*A ideia veio de um rpg que estávamos fazendo pelo wpp e esperamos que vocês gostem, tanto quanto nós gostamos.
–Senpai.- Por que o mais velho insistia em ser tão cabeça dura? Afinal, sair com os amigos de vez em quando, fazia bem.
As mãos estavam agarradas ao braço do rapaz de cabelos acinzentados, puxando-o de forma que não pudesse voltar para dentro da universidade.
–Você passou o dia inteiro trabalhando no seu experimento novo, tem que sair e se divertir um pouco, vamos.
A voz era praticamente suplicante, mas Souichi teimava em permanecer de cara fechada.
–Além do mais... Faz tempo que não saímos juntos.
Um sorriso entristecido formara-se no canto dos lábios de Morinaga, que continuava a puxar a manga do jaleco branco enquanto falava, talvez o rapaz ali mudasse de ideia em algum momento.
Tatsumi estava sim hesitante em sair com o moreno, não estava mais se sentindo tão confiante como antes em passar um tempo a mais com o colega, na verdade nunca esteve, sempre preferiu manter a relação que tinham de colegas, mas se não fosse pelo kouhai insistir tanto...
–Morinaga, eu já disse que não, por que persistir tanto?
–Insisto porque você é meu melhor amigo e faz tempo que não saímos para beber juntos.
O homem de cabelos azuis prensara o mais baixo contra a porta de entrada, já trancada da universidade, seus olhos acabaram por encontrar as orbes alaranjadas e não conseguiu evitar de perder-se ali. Aquilo sempre acabava por acontecer.
Ele perdia-se nos olhos de Souichi e saía de órbita.
Voltou a ter algum pensamente concreto quando sentiu uma ardência incômoda no rosto.
–Droga, senpai, tinha que me bater?
Era dramático por natureza, sempre acabava chorando quando aquilo acontecia. Não porque realmente doía, mas porque gostava de ver o quanto o mais velho sentia-se culpado depois.
–Merda, não se aproxime tanto.- Repreendeu-o.
O de cabelos claros, apesar de custar para aceitar, se sentia sim atraído de certa forma por seu colega, mas os dois eram homens e deveriam se portar como tal. Além do mais, odiava quando Tetsuhiro se aproximava demais, a vergonha acabava por lhe dominar.
–Se eu for com você, você não vai voltar a fazer aquelas coisas, né? -O de cabelos escuros suspirou. Se aquele era o único jeito de fazer o mais velho o acompanhar...
–Não irei. Prometo. - Escondera uma das mãos no bolso do jaleco e cruzou dois dedos ali. Seu senpai não precisava saber que estava contando uma pequena mentirinha, certo? -Vamos?- Estendeu o braço para que o menor o enlaçasse no seu, apesar de saber que ele nunca faria isso, tentar era uma boa ideia.
Tatsumi olhava da face de Morinaga para o braço, pensando se aceitava esse tipo de contato, mas a única coisa que fez foi abrir a porta e passar por ela, ainda tinha seu orgulho como homem e não poderia deixar mais ninguém os ver dessa forma.
–Apenas alguns drinks, não pense que irei ficar até tarde com você. - Morinaga respirou fundo após ter o contato rejeitado e saiu logo atrás dele, sorrindo animado por ter ao menos o convite aceito.
–Podemos ir para uma cafeteria que abriu aqui perto. Lá tem algumas bebidas muito boas.
Seguiram caminhando em direção ao café. Devia ficar a três ou cinco minutos dali.
Quando adentraram o local, o sino avisando que haviam recebido novos clientes tocou e foram recebidos com alguns olhares daqueles que já estavam presentes.
Souichi, em busca de acabar com o pequeno momento, resolveu tomar a frente e buscar um lugar para os dois, e, logo o encontrou.
–Morinaga, tem um lugar lá fundo, vai ser melhor lá.- Tetsuhiro apenas seguiu seu senpai, não gostara de ter que ficar tão escondido, mas parecia que era um dos poucos lugares vagos.
–Acho que vou de martini, por enquanto. E você, Senpai, o que vai pedir?- Os olhos alaranjados pareciam concentrar-se em todo lugar, menos no moreno, que havia esquecido o quanto seu amado Senpai se preocupava com os olhares sobre os dois.
Acabou por estalar os dedos a frente do rosto dele, na tentativa de chamar sua atenção.
–Senpai, parece que está em outro planeta... - Riu. - O que você vai pedir? - Uma boa pergunta.
Sair para beber não estava em seus planos, portanto, não fazia a mínima do que pedir.
–Acho que o mesmo que você.- Estava sem ideias, e o que seu colega havia pedido não era de todo ruim.
Não estava tão confortável ali, afinal, a ideia de ir para lugares muito públicos com o amigo não lhe agradava muito.
–Nós podíamos ter ido para um lugar mais reservado.- Comentou, se arrependendo logo em seguida pela forma que o mais novo o olhou.
O homem de cabelos brancos não sabia o que era mais vergonhoso, ficar em publico com o kouhai, sendo vítima dos olhares estranhos, ou ficar sozinho com ele por conta dos assédios que sofria.
–Não pense besteiras, Tetsuhiro.
Como sempre, Souichi tinha que criticar tudo. Havia conseguido um lugar movimentado para que se misturassem à multidão, ele reclamou.
Se tivessem ido a um lugar vazio, teria reclamado da mesma forma.
–Por que tem vergonha de sair comigo? Somos amigos no fim das contas.- Levantou uma das mãos e chamou o garçom, que logo foi e voltou com duas taças de martini. Levantou a taça esperando que o mais velho imitasse o gesto.
Apesar das palavras terem sido baixas, Tatsumi conseguiu ouvir o que o moreno dissera.
Não era propriamente vergonha o que sentia, talvez estivesse mais para... Desconforto?
Sair sozinho com Morinaga era sim estranho, eram amigos, mas não deixava de ser desconfortante. Observou o gesto feito pelo moreno e o repetiu com sua taça, bebendo em seguida.
–Nós somos amigos, né? - Falou mais para si mesmo que para o garoto a sua frente.
–Mas amigos não ficam assediando amigos.- Sussurrou, novamente para si mesmo.
Mesmo que o rapaz a sua frente tivesse sussurrado e o barulho alí estivesse infernal, Tetsuhiro conseguira ouvir, e sentiu o peito apertar.
–Me desculpe por... Você sabe...- Sim, ele gaguejou e acabou por corar. Engoliu o conteúdo da taça de uma só vez, vendo tudo ao redor girar e logo voltar ao normal. Nunca fora tão fraco para bebidas assim, talvez fosse o estado de espírito no qual se encontrava.
–Outra, por favor.- O rapaz de fios azuis levantou a mão e o garçom logo lhe trouxe o que pediu.
–Se controle, eu não vou carregar você pra casa.- Avisou, mesmo que Morinaga recém fosse para sua segunda taça, não gostaria de ver o amigo em um estado um pouco deplorável.
–O que você ia dizendo?- Tentou mudar o percurso da conversa para que não se tornasse algo tenso.
–Pedi desculpas por te assediar, Senpai. Foi isso.- Falou, mesmo que um pouco nervoso e impaciente, falou. As mãos tremiam um pouco e a voz também saíra um bocado trêmula, aquilo já era o efeito da bebida sobre si, ou era efeito da maldita paixão que nutria por Souichi? Respirou fundo e bebeu um gole da bebida.
Era um pedido de desculpas?
Não era como se odiasse ser tocado pelo outro, mas era errado, dois homens juntos, nunca seriam vistos com bons olhos, e também homens não podem constituir família, isso, a seu ver, era totalmente errado.
"No que diabos está pensando, Souichi?"
–Você não tem que se desculpar, idiota.- Olhava para todos os cantos, menos para Tetsuhiro. Não queria ter que encará-lo, não agora.
Morinaga mantinha-se cabisbaixo e com uma imensa vontade de engolir aquela bebida de uma só vez, mas por saber que só deixaria o outro mais zangado, optou por beber em pequenos goles.
–Você não quer... Sei lá, caminhar um pouco pela rua?- Respirou fundo e retomou a coragem que precisava para falar.
–D-digo... Não tem ninguém a essa hora pelas ruas, seria uma boa andarmos um pouco, não acha?
–Haa? A ideia não é ruim.- Tatsumi sabia que estava deixando o outro chateado e isso de certa forma o comoveu e forçou a aceitar a proposta.
Morinaga fez questão de pagar a conta, afinal, havia convidado, hm?
Seguiram pela rua, onde alguns postes aparentavam estar queimados e só o brilho das estrelas e da lua os iluminava. Ele procurou a mão de Tatsumi, segurou-a e enlaçou os dedos nos dele, talvez a ausência de pessoas por alí o fizesse aceitar o contato.
Souichi começou a sentir o rosto queimar e não era preciso alguém lhe dizer que estava vermelho, se sentia envergonhado de estar em uma situação assim com o colega.
Olhou para todos os lados e constatou que não havia ninguém na rua, acabou por soltar um suspiro de alivio involuntariamente.
–Não se acostume com isso, idiota.
O mais novo sorriu satisfeito.
–Meio impossível. - Sua mão encaixava-se perfeitamente na do seu Senpai, eram como peças de quebra cabeça, perfeitos juntos.
–Sabe, Senpai... E-eu adoro passar um tempo a sós com você.
Não era só Souichi que estava vermelho por ali, Tetsuhiro também corava às vezes, seu corpo inteiro detinha o ritmo das batidas aceleradas do coração. Haviam combinado de conversar durante a caminhada, mas palavras apenas estragariam o momento. O silêncio que se fazia presente ali era perfeito e os permitia pensar melhor sobre o que sentiam.
–Ei, Morinaga, não diga coisas como essas.- Odiava quando seu colega dizia palavras bonitas para si, o momento por si só já era bastante vergonhoso e Tetsuhiro ainda falava palavras que o faziam corar.
–Morinaga, qual é o real sentido de tudo isso?- Os batimentos do moreno desaceleraram e ele parou de caminhar subitamente.
Que tipo de pergunta era aquela?
O sentido era apenas o que sentia pelo rapaz de cabelos claros e compridos, e sentimentos não fazem sentido algum.
–Eu... Não faço ideia. - Ele sussurrou mais para si mesmo do que para o outro.
–Te amo tanto que, às vezes, acho que, em momentos como esse, minha mente me prega peças. - Ele passou a olhar nos olhos âmbar e, sem querer, passou uma das mãos pelo rosto do mais velho, era de uma beleza única.
–Há momentos em que acho que você é capaz de retribuir o que sinto... Mesmo que seja um pouco. - Os olhos azuis marejaram, mas o azulado não desviou a atenção das orbes âmbar, ao contrário, podia ver seu reflexo ali.
O menor pensou melhor nas palavras que o moreno dizia, belas palavras...
–Não brinque comigo, Morinaga.- Um grito vindo do mais velho pôde ser ouvido, seguido de um tapa nas mãos do mais alto que arregalou os olhos com tal rejeição.
–Não venha me falar de amor, nós somos homens. Devemos ficar com mulheres e não nos agarrarmos em publico.- Cada palavra que Tatsumi proferia parecia sair com tom mais enojado que as anteriores, mesmo que isso não fosse realmente o que sentia, era o que tinha ouvido e seguido durante toda a sua vida. Era o que deveria fazer. Dois homens juntos? Tetsuhiro e Souichi juntos?
Que piada, nunca daria certo.
Podia ver os olhos de seu kouhai transbordando e lágrimas quase saindo.
Não queria fazê-lo chorar, mas também não poderia aceitar seu amor. Ou poderia..?
–Ei, Morinaga, você também não precisa...- O que iria dizer? Havia dito coisas extremamente duras, que machucaram o mais novo, e pior, sem ao menos pensar antes.
As palavras do menor rasgavam-lhe a alma, Morinaga sentia o peito apertar e doer. Talvez tudo aquilo fosse o preço a pagar por amar um homofóbico, certo?
–Me desculpe... Esqueci que só em cogitar a ideia de eu e você juntos... - Prendeu as lágrimas o máximo que pôde, mas em algum momento não conseguiu mais contê-las e deixou que caíssem livremente. Se o menor realmente achava que não deveriam sair juntos, por que aceitava seu carinho e tratava-o diferente em certos momentos? Não conseguia compreendê-lo, e nunca conseguiria.
–Eu disse para não chorar, Mori... Que droga.- Era tudo tão difícil... Ter um homem que era apaixonado por si era novo, e o sentimento que sempre teve, que lhe foi ensinado a ter, por gays, foi desgosto. Descobrir que seu único amigo nutria sentimentos como esses por si, era completamente apavorante e estranho.
–O que eu quero dizer é que... Você pode estar confuso. - É isso. Confuso. O mais novo estava com duvidas, por isso dizia essas coisas.
–Morinaga, por que logo eu?
"Por que logo Tatsumi Souichi?"
Tetsuhiro perguntava-se isso todos os dias. Havia milhões de homens por aí, dos jeitos mais variados, bonitos e gentis, e, dentre tantos, fora amar logo aquele homem. Considerava-se o maior idiota do mundo por isso.
–Não sei por que é você, Senpai... É apenas você e ponto.- Cessara o choro um pouco, decidiu voltar a encarar o mais baixo, sério, tinha que controlar-se para não chorar.
–Se-senpai... Me desculpe.
O mais velho passou a rever algumas palavras e arrepender-se de ter as dito. No fim, fizera seu único amigo chorar. Único amigo. Droga, no que diabos estava pensando quando disse tudo aquilo?
–Morinaga.- Mesmo não sabendo o que diria e nem o que faria, Souichi apenas fez o que achou ser certo, abraçou aquele que dizia o amar.
Estranho. Um homem que se dizia homofóbico abraçando um homem que se dizia gay.
Talvez Morinaga tivesse mudado algo dentro de seu senpai sem nem imaginar. E mesmo que o rapaz de orbes alaranjadas não quisesse mudar, já era tarde de mais.
Ficou pouco tempo preso aos braços do moreno, devido a vergonha e também ao fato de não querer que o garoto pensasse algo errado.
Só não queria ver o mais novo chorar e acabou por pensar que um abraço o acalmaria.
–Acho melhor irmos pra casa.- Se dependesse apenas de certo moreno, o abraço duraria para sempre, mas abusar dos sentimentos confusos do seu Senpai também já era de mais. Antes de se soltar dos braços mais aconchegantes e confortáveis nos quais já havia estado, Tetsuhiro fez questão de aspirar o aroma cítrico que os cabelos brancos exalavam, era perfeito.
–Vamos. Vamos sim.
Acabaram por caminhar até o apartamento do moreno.
Com a caminhada o clima de tensão acabou por diminuir, já conseguiam falar sobre coisas banais e até rir com algumas piadas.
Tatsumi havia alcançado seu objetivo: fazer o clima de tristeza ir embora. Tirando a parte da mini-discussão, havia sido divertido, tinha que admitir que sair com Morinaga sempre lhe fazia rir e se sentir bem.
–Bom, acho melhor eu ir, já está ficando tarde. Nos falamos amanhã, idiota, se cuida.- O de cabelos brancos ainda se permitiu rir um pouco e pôs-se a caminhar para casa.
–Senpai, eu... - Tarde de mais, o menor já seguia a passos rápidos para longe. O moreno entrou em casa e tratou de ir dormir, não havia nada de realmente importante para fazer, então deveria, ao menos, ter uma boa noite de sono.
* * *
Morinaga acordou com o despertador tocando. Aquele era um barulho que realmente odiava.
Tomou um banho, ainda estava um pouco cedo para ir à universidade, então pôde relaxar e vestir as roupas com calma. Quando acabou, comeu alguma coisa e seguiu caminhando para o prédio onde cursava agricultura. Sabia que daria de cara com Tatsumi logo à porta, ele era sempre um dos primeiros a chegar.
–Bom dia, Senpai. - Sorriu, era sempre gentil e bem humorado pela manhã, diferente de seu Senpai, que parecia acordar sempre com o pé esquerdo.
Tatsumi se sentia aliviado por seu colega estar como sempre esteve, alegre, alegre até demais.
Como alguém podia estar de bom humor tão cedo?
–Bom Dia.
Mesmo que as coisas tivessem sido resolvidas na noite anterior, mal conseguiu dormir pensando nas palavras do moreno e no sonho que teve.
"Não, nada de sonho. Estava mais para pesadelo."
Balançou a cabeça de um lado, sentindo os cabelos compridos e esbranquiçados voarem de um lado para o outro, tentando apagar as lembranças do "terrível pesadelo" que teve com o mais novo. Não havia nada no momento que lhe envergonhasse mais que o tal sonho.
O moreno sentou num dos bancos do pátio ao lado do colega, era estranho o modo como nunca haviam pessoas perto dele por ali. Tirou um dos cadernos da mochila e abriu-o em uma página específica.
–Senpai, há alguns exercícios da aula de ontem que eu não entendi, poderia me explicar?- Sorriu para ele. Não havia de todo desentendido o assunto, mas amava quando seu senpai lhe explicava, era uma das coisas que ele fazia de melhor, falar. Sua voz era a mais melodiosa que o azulado já havia ouvido em todo o mundo, o que o fazia prestar mais atenção ao timbre da voz do amigo e em como ela soava do que na própria explicação.
Tatsumi não tinha nenhum problema em explicar para o mais novo, afinal, era um dos assuntos o qual mais gostava.
–Haa, claro. Por que hoje nós não estudamos juntos? Na sua casa é melhor, eu acho. Pa-para estudar, claro. - A mente do de cabelos brancos estava a mil por hora, como sempre, não conseguiria pensar em nada no momento e poderia deixar a mente do moreno ainda mais confusa.
–Está tudo bem nisso? - Ele o encarou confuso. Desde a última vez que dormiram juntos, que Tatsumi não colocava os pés no seu apartamento. -D-digo... Você quer mesmo ir em minha casa? Nesse caso, podemos estudar lá, sim.
O sinal tocou e os dois seguiram para dentro da sala. A aula passou mais devagar que nunca, ao menos ao ver de certo loiro e certo moreno, e ambos permaneciam mais impacientes do que nunca.
Faltava apenas alguns minutos para acabar a última aula e Tetsuhiro simplesmente não queria esperar.
Suas mãos tremiam em nervosismo e a tampa da caneta estava entre seus dentes, sendo mordida com ferocidade.
Finalmente o sinal tocara. Dois rapazes que normalmente não se importavam muito com a hora não conseguiram conter sorriso de canto ao ouvir o barulho infernal que costumavam repudiar.
Morinaga arrumou os livros e esperou que o rapaz de cabelos cinzentos fizesse o mesmo.
Era agora. Antes de começarem a estudar, teriam que ter "a conversa", mas... O que dizer mesmo?
No fim, tudo que deveriam falar um ao outro já havia sido dito.
O caminho foi feito em silencio, cada um que pensasse no que iria falar ou que tivesse maior confusão de sentimentos dentro de si.
Quando, enfim, chegaram no prédio, Morinaga tratou de destrancar logo a porta e entrar, mas o mais velho acabou por travar na entrada. As lembranças da noite que tiveram ali lhe vieram a tona, estava bêbado sim, mas lembrava de algumas coisas.
Coisas, essas, que faziam seu coração acelerar e o rosto alvo adquirir uma tonalidade avermelhada.
O moreno logo percebeu que seu amigo não se movia, lhe era estranho o modo como o olhar cor de pêssego passeava com um ar tão melancólico por todo o cômodo.
–Senpai, não vai entrar? - Esperou uma resposta que, mesmo demorada, chegou aos seus ouvidos.
–Claro que vou.
Ambos sentaram sobre o futon, claro que depois de deixar os sapatos na entrada, e puseram-se a encarar um ao outro, sem dizer uma só palavra. Tetsuhiro fez menção de começar a falar, mas Souichi fora mais rápido e iniciou com algumas poucas palavras.
–Precisamos falar sobre os últimos acontecimentos.
O silêncio parecia reinar na sala de estar do pequeno apartamento, logo, o mais velho tratou de quebrá-lo com algo que mal pensou para falar.
–Sabe, sobre você dizer me amar e coisas do tipo.- O assunto não lhe agradava nada, mas precisavam por as cartas na mesa.
–Como posso saber que não está mentindo pra mim? Sei que somos... Argh, amigos, mas quero ter certeza.- Amigos. Era o que eram, mas isso não o impedia de sentir inseguro. Sempre acreditou que gays eram homens que que queriam apenas se aproveitar de outros homens. Quanto a essa forma de pensar Tatsumi não havia mudado, e não pretendia mudar.
–Se o que diz é realmente verdade, haam... Me prove.
–HEEEH? - Provar o amor, na sua opinião era a coisa mais difícil e impossível existente.
–Como diabos quer que eu prove?- A voz saíra aterrorizada e trêmula, ele amava seu Senpai, amava em uma quantidade que não era possível medir, mas provar algo que não se pode ver ou tocar é impossível.
Respirou fundo e encarou as orbes alaranjadas do menor, ainda mantendo o semblante sério, mas ainda suave como sempre.
–Senpai, é impossível provar como se ama alguém... - O rapaz de olhos azuis sorriu já um pouco entristecido e cabisbaixo.
–Como disse? - Souichi nunca fora amado por ninguém, nem, se quer havia amado alguém, essa era a primeira vez que alguém lhe declarava um tipo de sentimento tão profundo, por isso era difícil acreditar.
–Mas se você me ama de verdade, deve haver alguma forma de me provar esse amor, Morinaga. Como quer que eu acredite? Eu nao posso simplesmente me entregar a você, sem saber se estou fazendo a escolha certa.
Tetsuhiro permitiu-se sorrir feito uma criança, estava mais feliz do que nunca estivera antes. Então, Senpai realmente queria que estivessem em uma relação que fosse além da amizade.
–Ok, conseguirei uma maneira de provar, mas... - O mais novo aproximou-se perigosamente do rapaz de cabelos brancos e o abraçou. Apenas o abraçou, com todo o amor que tinha.
Quando o mais velho se sensibilizava com algo, convencê-lo de qualquer coisa se tornava fácil.
Morinaga ignorou todo e qualquer comentário repreensivo do menor e aproximou o rosto ao dele o máximo possível, até sentir os lábios roçarem na boca macia e vermelha de Tatsumi, que retribuiu o beijo, mesmo ainda muito tímido.
No fim, era isso que queria, ter os lábios de seu kouhai presos aos seus.
Os batimentos cardíacos do rapaz de cabelos brancos aceleraram como nunca antes, era difícil encarar o colega sem se sentir envergonhado.
–Eu não... sei o que dizer agora, Mori...- Sussurrou, cabisbaixo e completamente corado.
Prender o mais velho em seus braços, era o que poderia fazer para acalmá-lo, além de acariciar seus cabelos compridos e macios, claro.
As mãos do moreno tremiam um pouco e seus batimentos cardíacos haviam acelerado um bocado, ele sentia a respiração quente do menor contra seu ombro, era uma sensação tão boa.
–Senpai... Me desculpe. - Tetsuhiro apenas jogou o colega na cama, no fim, era aquele tipo de pessoa. Passou a beijá-lo novamente, de forma mais ávida e urgente, sua língua encontrava-se com a de Tatsumi e juntas faziam uma dança única e especial. Seu corpo prensava o menor contra o colchão, e em meio ao beijo suas mãos trataram de embrenhar-se nos fios claros que tanto amava, acariciando a nuca do mais velho.
O de orbes âmbar, por sua vez, mantinha as mãos agarradas ao tecido negro da camisa do maior. Ia acontecer tudo de novo, e ao menos tivera tempo para pensar se estava pronto para entregar-se ao moreno mais uma vez.
Morinaga não se contentou apenas em ter os lábios do amigo presos aos seus, mas também fez questão de dar uma leve mordida no lábio inferior ao finalizar o beijo, logo, partindo para atacar o pescoço alvo de Souichi com mordidas e alguns chupões, sentira imensa falta daquele gosto e daquela pele de maciez inimaginável, amava o parceiro mais que tudo.
–Senpai... Não fique tão nervoso, hm? - O maior sorriu tentando confortar àquele que tanto amava. -Não farei nada que você não permita.- E depois de falar, voltou a atacar o pescoço e os ombro do mais velho com mordidas de força moderada e alguns beijinhos leves.
Era inevitável que mesmo o de cabelos brancos soltasse algum gemido vez ou outra. "Não faço nada que você não queira." Nem ele mesmo sabia o que queria.
Ainda que um pouco tímido, empurrou Morinaga para que deitasse sob si, apenas para atacar o pescoço do mais novo com mordidas e alguns chupões, igualmente ele fizera consigo.
O maior, que se encontrava entregue e submisso de bom grado, apreciou cada toque desajeitado e meio descoordenado do amigo, era, com certeza, muito fofo.
–Senpai... Pode deixar que eu cuido de tudo, hm? - Sorriu e inverteu as posições.
Ficando novamente por cima, ele passou a beijar todo o rosto do de olhos claros, sentindo a temperatura subir mais a cada segundo, começava a ficar quente naquele quarto.
Uma de suas mãos alcançou a barra da camisa de seu Senpai e tratou de puxá-la para cima, até retirar por completo, tendo que separar os lábios por um pequeno instante para que pudesse fazer isso. Agora sem camisa, Tatsumi parecia mais envergonhado que nunca, diferente do moreno, que permitiu-se até dar uma pequena risada frente a suas reações.
Em determinado momento ele deixou os lábios de Souichi para ir até os mamilos do mesmo. Deu um beijo em cada um dos dois antes de tudo e passou a sugar, um de cada vez, com avidez, arrancando vários gemidos do mais velho.
O rapaz mais velho não entendia como que era possível, um homem sentir prazer quando quem o tocava de forma tão intima era outro homem.
A seu ver, era algo diferente, estranho, mas não deixava de ser bom.
Em alguns momentos Souichi chegava a sentir-se como uma adolescente virgem, por não fazer nada além de gemer.
Das outras vezes que haviam feito sexo, Morinaga fez questão de lhe preparar bem e ser gentil da melhor forma possível que queria retribuir tudo que ele havia lhe proporcionado.
–Quero fazer algo por você também, Mori.- E como se ainda fosse possível, o rosto do menor acabou por ficar mais vermelho.
Sorriu diante da fala do menor.
Nunca, em toda a sua vida, em todo o tempo que conhecia seu Senpai, o imaginou dizendo algo, que fosse parecido com aquilo.
–Quem está fazendo algo por alguém no momento sou eu, certo? - Apontou o olhar para a ereção que começava a se formar no membro do colega.
Voltou a brincar com os mamilos dele, mas antes, tratou de tomar seus lábios para si mais uma vez, não cansava de sentir a língua do rapaz de cabelos claros na sua.
Por vezes chegou a notar que Tatsumi cobria o rosto corado e procurava conter os gemidos que Tetsuhiro tanto amava ouvir.
–Senpai, não precisa segurar a voz, estamos a sós... - Sussurrou no ouvido escondido em meio aos cabelos compridos e acinzentados, para logo depois morder o lóbulo de sua orelha.
–Mas... isso é constrangedor.
Tudo era feito para que enlouquecesse, Souichi agora tinha certeza. Os dedos de seu kouhai, que lhe rodeavam a pele com tanta delicadeza que as vezes sentia-se indefeso, a forma como lhe prendia naqueles braços fortes e firmes... Tudo fazia o mais velho querer gritar por mais e mais. Não só ele, mas também o moreno.
Chegava a se surpreender em certos momentos com a calma e o rosto nada corado de Morinaga. Por que tinha que ser o único a envergonhar-se tão fácil, mesmo?
–Como você consegue ficar tão calmo com algo assim?- Acabou por cobrir o rosto, completamente corado, com as mãos, em busca de esconder-se.
O moreno mais novo riu baixo, observando cada reação do amigo com o máximo de atenção possível.
–Simples... - Sorriu. -Eu amo você e me sinto completamente a vontade para falar qualquer coisa quando estou com você... - Não costumava ter vergonha quando o assunto era aquele que tanto amava e admirava. Seu senpai.
Parou o que fazia para retirar com cuidado a calça e a box de Tatsumi e encarar seu membro clamando por alívio.
–Já está bem duro aqui. - Tocou a glande de leve com o indicador apenas provocando-o.
Seu coração se acalmava aos poucos, mesmo que estivesse com vergonha. A respiração do mais novo batia contra as partes mais sensíveis de seu corpo, fazendo-lhe arrepiar-se por inteiro, nunca tinha pensado em como era possível ficar tão excitado quando não era uma mulher que lhe tocava, mas sim um homem. Talvez realmente fosse gay e... Não. Não gostava de homens. Era apenas Morinaga, ele era o único.
O moreno pensou ainda não ter tocado o amado de modo tão intenso, pelo menos, não tanto quanto desejava. Faria com que Tatsumi lembrasse da melhor noite de suas vidas, para sempre.
–O que você está fazendo? - O de cabelos claros sabia que o amigo só estava o provocando, mas se Morinaga estava esperando que fosse implorar ou algo do tipo, estava muito enganado.
–Eu? - O mais novo apenas riu, fingindo-se desentendido.
Lambeu toda a extensão do membro rijo do rapaz que estava preso abaixo de si e submisso aos seus toques, iria provocá-lo o máximo que pudesse, queria saber de cada reação do corpo do mais velho aos seus toques.
–Senpai... Eu posso?- Não esperava que o mais velho implorasse pelo contato ou coisa do tipo, queria apenas que desse permissão. Havia prometido, afinal de contas.
–Eu... Não farei nada sem sua permissão, lembra? - Ele sorriu envergonhado. Em outras situações, não levaria uma promessa tão a sério, mas se tratava de Souichi ali, do homem que amava.
–Já que estamos aqui... -Foi o que disse, sua voz quase não foi possível de ser ouvida, mas também não iria repetir caso o outro pedisse.
Se ele já estava o tocando de forma intima, que terminasse o trabalho e não provocasse tanto.
O rapaz de cabelos compridos não precisou falar duas vezes e Morinaga abocanhou seu falo de uma só vez. Seus lábios subiam e desciam indo à direção contrária da língua, o que fazia um belo trabalho arrancando gemidos, arrastados e maravilhosamente melodiosos, de Tatsumi.
O moreno fez questão de apenas largar dali quando seu Senpai estava próximo de atingir o ápice.
Atacou os lábios ainda entreabertos do mais baixo, mordendo o inferior e beijando-o de forma mais urgente. Separou os lábios por um pequeno instante, apenas para apreciar a visão do amado deitado e ofegante, os cabelos estavam espalhados pela cama e o peito subia e descia rapidamente.
–Senpai... Te amo tanto.
–Ama?-Sussurrou, Testuhiro insistia em dizer aquela frase que Tatsumi custava para acreditar. O que sentia em relaçao a Morinaga? Sentia algo acima da amizade, o amava? Será que aquele homem rabugento e homofóbico havia se apaixonado por seu colega extrovertido? -E se eu sentir o mesmo? -O que era para ser apenas um pensamento, escapou por seus lábios sem nem perceber.
Tetsuhiro parou e encarou-o completamente surpreso.
"E se eu sentir o mesmo?" aquilo fora a passagem do moreno para o dia mais feliz de sua vida, amava tanto aquele idiota abaixo de si.
–Senpai... - Os olhos brilhavam em alegria e sua voz era de uma animação gigantesca. Morinaga deixou que o peso de seu corpo caísse no menor em forma de abraço, aquele abraço que fica marcado na vida de um casal eternamente.
E os lábios de Morinaga Tetsuhiro e Tatsumi Souichi encontravam-se mais uma vez naquela noite, não de forma urgente ou apressada, mas de forma cálida e gentil.
–Esse é o dia mais feliz da minha vida, Senpai... Você realmente retribui o que sinto... - Ele falava mais sozinho que com o outro. Sua felicidade foi tamanha a ponto de fazê-lo beijar o corpo inteiro do mais velho. Iniciou no topo da cabeça, passou pelo rosto, boca, nariz, bochechas, logo alcançava o pescoço e seguia para a clavícula, peito e mamilos. Distribuiu milhões e milhões de beijos pelos braços e pernas de Souichi, chegando aos seus pés e voltando para encarar o rosto do de cabelos cinza.
–Haa? - Nem havia percebido o que ocorria em sua volta, havia se declarado para o mais novo? Então, o amava? Era isso que significava amar alguem? Era estranho, um sentimento novo, mas que não era de total desagrado. -Eu acho que é isso o que eu realmente sinto.- Murmurou. Não disse com todas as palavras que o amava e talvez não dissesse tao cedo, mas já era um começo.
Puxou senpai para deitar-se sobre si. Depois de uma declaração daquelas não iria mais querer uma noite de sexo apenas por sexo, não. Queria que fosse algo especial, faria daquela a noite que Tatsumi jamais esqueceria.
Eles permaneceram por longos minutos em silêncio, apenas ouvindo a respiração um do outro, o peso do menor contra seu peito era algo confortável de sentir.
–Senpai... - E Morinaga quebrou o silêncio sepulcral, ouviu um simples "umh?" como reposta.
–Vou te fazer o homem mais feliz do mundo inteiro.
Morinaga Tetsuhiro, mesmo depois de ter levado tantas patadas, sempre ficou ao seu lado repetindo que o amava, nunca o deixou sozinho, isso já o deixava contente, ainda bem que percebeu seus sentimentos, antes que fosse tarde demais, não saberia o que fazer caso perdesse Morinaga. -Irei cobrar essa promessa.
–E eu irei cumprir antes que precise cobrar. - Ambos riram, e foi em meio ás risadas que Tetsuhiro voltou a ficar por cima do rapaz de olhar alaranjado, atacando seus lábios com uma delicadeza desconhecida até por ele mesmo. Seus lábios se encaixavam de modo perfeito nos de Souichi, foram feitos um para o outro, moldados.
–Você não quer tomar um banho... D-digo... - Corou. Não devia ter perguntado, droga, Morinaga.
–A-apenas esqueça, por favor.- Riu, completamente sem jeito.
Já que estavam em um momento como aquele, por que não aceitar o convite? Morinaga parecia tão confiante, mas com uma simples pergunta conseguiu se envergonhar. -Se você vier comigo, aceito a oferta.- Disse, sem olhar para os olhos do moreno.
Sorriu. O lado gentil e fofo de senpai era o seu preferido.
–Claro que vou. - Com pressa, o moreno praticamente arrastou Tatsumi até o banheiro e tirou o que restava a si mesmo de roupas.
Ao entrar no box e ligar o chuveiro, pôde ver o olhar envergonhado do baixinho para si, estava completamente rubro.
–Senpai. - Repreendeu-o de modo brincalhão. -Deixe a vergonha de lado e venha até aqui, a água está ótima. - Estendeu a mão num gesto amigável e esperou que o outro entrasse.
Observou o gesto do companheiro e segurou sua mão para que entrasse em baixo do chuveiro. O espaço não era muito grande, por isso os corpos nus ficaram colados, enquanto a água escorria. Com todas as declarações acabaram por não fazer nada e a ereção em meio as pernas do Senpai havia sumido... Pelo menos, até aquele momento. A água quente passava pelo corpo de ambos, que estavam colados, sem dizer nada, apenas aproveitando o momento, quando Souichi sentiu algo incomodar em meio as suas pernas. "Espero que ele não perceba" pensou, em busca que Morinaga não notasse, se virou de costa para o moreno, que ficou sem entender a ação.
Estava lavando os cabelos longos e macios do menor quando ele, subitamente, virou de costas.
–Senpai, o que houve? - Falou, preocupado. Estavam conversando animados e aquela ação repentina de Souichi realmente o preocupara. Havia algo de muito errado ali.
–Senpai, olhe para mim, por favor. - O de cabelos claros com certeza tomara um choque de realidade e havia voltado a ser o homofóbico intolerante de antes, era o que pensava Morinaga.
Seu coração estava a mil, mesmo que estivessem feito aquelas coisas antes no quarto, não queria que Tetsuhiro visse que havia ficado excitado tão rápido novamente, era embaraçoso. -Eu não posso. -Respondeu, não sabia o que dizer, não queria que Tetsuhiro o visse naquele estado.
Com certeza o que mais temia acabara de acontecer. Souichi não o amava, havia sido tudo um sonho, um simples sonho.
–Desculpe-me... - A voz saiu embargada, tentara, em vão, esconder a tristeza aparente. -Eu sei que você não me ama de verdade, que foi só um momento e... Desculpe-me, senpai. - Falou cabisbaixo.
Ele estava chorando? Havia entendido errado... Em um momento de espanto, querendo concertar as coisas, se vira de frente para o mais alto.-Não diga besteiras e pare de chorar, Morinaga. -Repreendeu, seu rosto estava vermelho, mas não era de vergonha e sim de raiva. Tetsuhiro entendeu errado e isso havia o tirado do sério, Tatsumi jamais iria brincar com os sentimentos de alguém, ainda mais de seu único amigo.
Não reparou em nada de "diferente" no corpo do mais velho, apenas puxou-o para um abraço e foi ali que entendeu tudo.
–Você... Não acredito que está envergonhado com as reações de seu corpo, Senpai.- Ele riu baixinho. Era espantoso como Tatsumi corava com os comentários mais simples. -Eu poderia ter resolvido isso aqui, sabe? - Uma das mãos desceu devagar até a ereção do menor e passou a massageá-la, arrancando alguns gemidos dele. Encostou o rapaz de cabelos claros na parede e tratou de ajoelhar-se e abocanhar de vez seu membro pulsante e necessitado de alívio.
Era impossível não gemer, Morinaga sabia exatamente o que estava fazendo, se perguntava como ele sabia fazer tão bem essas coisas? Prática... Com quantos homens Morinaga já havia se deitado?
Mas no que diabos estava pensando? Enquanto o moreno estava de joelhos em sua frente, o único pensamento que estava tendo era com quantos ele já dormiu... Que besteira. -Mori.-Chamou/gemeu, trazendo a atenção do mais novo para si, não disse nada, estava achando injusto apenas receber, se ajoelhou em frente ao moreno, empurrando o para trás e com um pouco de dificuldade chegaram até o outro lado, pondo Tetsuhiro de costas na parede e se abaixando até que sua face estivesse em frente ao membro ereto de Morinaga.-Você também é filho de Deus.
Sentiu suas costas baterem de leve na parede do box, estava extremamente gelada.
–Mas, Senpai, eu ain-- Ahn... - Gemeu, na verdade quase gritou, ao sentir Tatsumi próximo a sua área mais sensível. Ele arrumou melhor o corpo para que Souichi pudesse continuar da melhor forma possível, puxou-o para um último beijo e deixou que fizesse o que queria consigo.
Os lábios tímidos e inexperientes encostaram-se a glande de seu membro, o que fez o moreno arrepiar-se por inteiro, era, de todas as sensações que sentira até hoje a melhor de todas.
Não sabia o que estava fazendo, mas tentava imitar o que Tetsuhiro fizera consigo, mesmo que soubesse que não proporcionaria tanto prazer ao moreno quanto ele proporcionou a si, mas faria o possível. Abocanhou por inteiro o membro. Péssima ideia. Pela falta de experiencia acabou por se engasgar e a vergonha foi enorme. -Eu sinto muito. -Tossiu um pouco. -Eu não sei fazer isso, preciso que me ajude aqui, Morinaga. -Pediu e mais uma vez botou sua face perto da intimidade do outro.
–Está tudo bem. - O moreno sorriu em busca de acalmar o rapaz de orbes laranja. Levou as duas mãos aos seus cabelos, acariciando-os devagar.
Uma ideia passou por sua cabeça, ideia de como ajudar o amado e inexperiente Senpai.
–Vou guiar seus movimentos e você faz o que quiser, ok? - Segurou um pouco mais firme os cabelos compridos do outro e o guiou até seu membro, onde sentiu, primeiro respiração quente e nervosa de Souichi, mas logo em seguida, sua língua, passeando por ali. Gemeu arrastado com a sensação, era incrível.
–Se-senpai... - Em certo momento, quando percebeu que o mais velho havia pego o jeito, soltou seus cabelos e passou a apertar as próprias coxas, em busca de algo que não o fizesse gritar tão alto.
–A-ahhn... Es-tá muito... Senpai... -
Sentido? As coisas que saíam pelos lábios de Tetsuhiro não faziam o menor sentido. E foi em meio às palavras desconexas e aos gemidos despudorados que Morinaga acabou por derramar-se na boca de Tatsumi.
–Desculpe-me... - Falou ainda meio inebriado pelo recente orgasmo.
Havia gostado bastante da sensação de dar prazer ao colega, apesar de ter sido pego de surpresa quando o liquido branco atingiu sua boca, o gosto era estranho não era bom e nem ruim, não tinha porque reclamar... - Você poderia ter avisado.-Se não reclamasse, não seria Tatsumi Souichi.- Você quer continuar?
–Querer... Eu quero, mas não faremos se você não quiser. - Apertou o mais velho entre seus braços e levantaram dali. Morinaga fez questão de secá-lo e carregá-lo nos braço -Depois de muito insistir- até o quarto. Colocou Tatsumi na cama e se jogou ao lado dele, puxando-o para mais perto.
–Você não acordará com dor alguma dessa vez. É uma promessa. - Sorriu e pôs-se a beijar os lábios do mais velho de forma necessitada, com pressa. Sabia que teriam todo o tempo do mundo, mas tinha pressa, pressa de fazê-lo seu mais uma vez.
–Te amo tanto. - Falou entre um beijo e outro, acariciando os cabelos longos e clarinhos que tanto amava.
Logo, os beijos desciam para o pescoço de Tatsumi, que apertava os olhos em meio aos gemidos.
Se entregar ou nao? Era a pergunta que martelava seus pensamentos. Se fosse com Morinaga, poderia topar qualquer coisa. Com essa quantidade de pensamentos, percebeu o quanto era bipolar, uma hora queria e outra não, sentia que amava o moreno, mas a outra tinha repulsa por dormir com outro homem. Amanha poderia se arrepender... -Eu não teria feito... Tudo aquilo no banheiro..Se não quisesse, não é?- Disse, se entregando aos poucos pro momento. -Só seja gentil e tenha calma.-Pediu, estava assustado, não era a primeira vez que faziam isso, mas era a primeira que estava sóbrio.
O moreno acariciou os cabelos acinzentados e enormes. De forma lenta e carinhosa, beijou-o, sentindo cada movimento das línguas, que tocavam-se sem pressa ou urgência alguma, e cada batida dos corações, que, com o momento, pareciam ficar cada vez mais rápidas.
–Senpai... - Sorriu e passou a beijar cada parte do corpo, alvo e perfeito que tanto amava. Tatsumi tremia e arrepiava-se a cada toque, ele podia sentir isso. Pôde sentir o nervosismo do mais velho quando levantou suas pernas, que aliás, eram bem torneadas, e passou a acariciar o ponto rosado alí entre as nádegas, parecia que seu autocontrole iria esvair-se por inteiro.
Levou as mãos até as nádegas de Souichi, separando-as e tendo total acesso ao local ali escondido.
Aproximou o rosto do ponto róseo e, sem aviso algum, passou a lamber e chupar a região, penetrando a língua alí algumas vezes.
Ainda era difícil para Tatsumi entender como alguém poderia sentir prazer em um lugar como aquele, mas era tao bom, que se tornou inevitável gemer. Os sons iam saindo cada vez mais altos. -Mori.- Gemeu o apelido do mais novo, e botou suas duas mãos nos cabelos negros, os puxando levemente em certa busca de apoio, isso era tão gostoso, e diferente ao mesmo tempo.
Por sua vasta experiência com homens, sabia exatamente onde e como tocar.
Amava ouvir os sons descontrolados que saíam pela boca de seu amado Senpai, era uma das coisas mais maravilhosas do mundo. O contato das mãos de Souichi em seus cabelos o fez perceber que devia passar ao próximo passo. E foi o que ele fez, parou de brincar com a cavidade quente e já um pouco pulsante e esticou um dos braços até o criado mudo, em busca do pote de lubrificante.
Pegou uma quantidade generosa do creme e levou até a entrada do mais velho, inserindo um primeiro dígito com todo o cuidado possível.
–Senpai... Se estiver doendo muito, me diga. - Falou em tom visível de preocupação.
–É estranho.- Comentou, doer, não doía, mas era incomodo ter algo ali dentro, e não estava mais tão bom como antes, mas conforme Morinaga mexia os dedos, Tatsumi ia se acostumando e logo o prazer lhe tomou e os gemidos voltaram. -Pode continuar. -Disse.
Realmente, no início não doía, mas quanto mais perto do fim chegavam...
Inseriu um outro dígito, esperando que, novamente, o menor se acostumasse para que pudesse movê-los ali.
Tetsuhiro preparava o amado com todo cuidado possível, ia devagar e sempre esperava que ele se acostumasse às sensações. E em meio a isso tudo, um terceiro dedo foi inserido, ele sentiu o corpo de Tatsumi estremecer.
–Calma, hm?
Calma? Como ele podia pedir por calma? Claro, não era ele que estava com "coisas" dentro de si. Já havia passado do incomodo, e sentia uma leve dor, não era motivos para escândalo, mas só em pensar o que viria depois desse terceiro dedo... Já o assustava. Mas como foi com os outros dois, passou e começou a sentir algo maravilhoso. Não tinha mais o que reclamar naquele momento.
–Acho que já está bom. -Avisou.
Respirou fundo, sabia que teria que causar uma certa dor no menor para que ambos pudessem provar do mais puro prazer. Ele guiou o membro, duro e que clamava por alívio, até a entrada de Tatsumi.
–Se doer, diga e eu paro. - Falou antes de começar a forçar a glande para dentro. Apesar de toda a preparação, ali ainda estava muito apertado. Tentou forçar mais uma vez e, enfim, conseguiu, mas parou assim que viu o menor chorando. Droga, Morinaga.
–Senpai...
A dor dos dedos não era nada comparado com aquilo, que droga. Um lado seu queria parar, mas o outro queria continuar, sabia que para alcançar o prazer, teria que vir a dor. Começou a sentir algo molhado em seu rosto e usou uma de suas mãos para limpar as lagrimas, conseguia ver a preocupação no rosto de Morinaga e viu que ele iria se retirar. Ele se sentia culpado por causar dor em Tatsumi.
"Idiota" pensou Souichi, fechando as pernas ao redor da cintura de Tetsuhiro, impedindo sua saida. -Já vai passar.-Avisou de forma tremula.
–Mas, senpai...
Não pôde terminar a frase, Tatsumi estendera os braços em sua direção, ele não fez nada além de tomar aqueles para si mais uma vez. Sentiu que o mais velho relaxou em meio ao beijo e tratou de entrar um pouco mais, parando sempre ao mínimo sinal de dor vindo dele.
Logo, ele já estava completamente dentro de Souichi. Acariciava os cabelos longos em busca de acalmar o amado, que mesmo com algumas lágrimas ainda escorrendo dos olhos, mantinha as pernas ao redor de sua cintura.
Como doía, mas sabia que logo ia parar, era o que esperava. Quando sentiu que a dor havia parado, percebeu que poderia dar o sinal para Morinaga se mover, afinal o mais novo devia estar sendo torturado ali. -Pode mexer.-Avisou.-Mas vai com calma, por favor.
–Não iria te machucar por nada nesse mundo, Senpai.
E o vai e vem iniciou, era tão lento que, por algumas vezes, jurou ter ouvido o mais velho reclamar, mas continuou sempre lento, sentindo cada aperto do menor em sua pele, em busca de apoio. Em meio às estocadas, sempre lentas, porém fortes e precisas.
Depois de algumas estocadas, a dor quase não era notada, e estava tão gostoso. -Mori.-Gemeu o apelido do moreno e isso se repetiu por mais um tempo. -Acho que você poderia ir mais rápido.- Disse, já não sentia mais dor, não via motivos para ter tanta calma.
Passou a, gradativamente, aumentar a velocidade dos movimentos. Os cabelos acinzentados iam e vinham com os movimentos e o menor, boquiaberto e perdido em meio às sensações, falava coisas desconexas ao moreno, que em meio ao seu transe respondia com algo sem sentido. Era de uma felicidade tamanha poder estar daquele jeito com o amigo, finalmente.
–Se-enpai... - Gemia o apelido carinhoso, pelo qual o chamava desde sempre, enquanto saía e entrava no mais velho numa velocidade quase que absurda. Sentiu pequenos choques percorrerem seu corpo, sabia que o momento não duraria para sempre, então tratou de prender o membro de seu Senpai entre as mãos e masturbá-lo no mesmo ritmo em que estocava.
–A-anh... Senpai...- Com uma última estocada mais profunda, acabou por derramar seu líquido dentro do tão amado amigo, talvez amante, sentindo o corpo amolecer e cair sobre o dele logo depois.
–Senpai, eu te amo.
Isso havia sido maravilhoso, uma das melhores sensações que já tinha sentido. E aquela frase no final de tudo, que sempre lhe foi dita e que sempre serviu para fazer seu rosto esquentar e seu coração acelerar. - Mori...-Essa seria a hora em que iria se declarar, se não tivesse se lembrado de algo que começou a lhe incomodar, empurrou Morinaga para o lado e tocou o liquido branco.-Você não costuma usar preservativos quando vai transar, seu idiota?-Repreendeu o outro, terminando de lhe empurrar o pondo para fora da cama, ouvindo o moreno reclamar. Iria se declarar. Iria dizer para Morinaga Tetsuhiro a importância que ele tinha, em como fazia o se sentir bem, em como um homem fazia seu coração bater tão depressa e em como... O amava. Em como Tatsumi Soyichi havia se apaixonado por outro homem, Morinaga Tetsuhiro, alguém totalmente seu oposto, mas que no momento isso não importava. Iria dizer tudo isso, mas optou por ficar calado, por que o seu Mori não precisava saber, pelo menos não agora, mas quem sabe um dia diga, o tão esperado "eu te amo" para o moreno.
Morinaga martirizou-se até o último fio de cabelo por ter esquecido a maldita camisinha.
Viu Souichi encarando o teto, o silêncio sepulcral reinava e seu coração apertava-se pelo medo, teria o mais velho não gostado do que acabaram de fazer? Ou ele teria ficado irritado pela forma abrupta como falou "eu te amo"? Claro. Só podia ser isso.
–Senpai, eu... - Olhou-o meio cabisbaixo. -Me desculpe por não respeitar o seu tempo e... E dizer que te amo, o tempo todo...- Ele aproximou-se um pouco mais do menor, acariciando seu rosto com o polegar, Tatsumi tinha uma pele macia e bem cuidada.
–Mas é o que eu realmente sinto.- Sussurrou.
O mais velho riu e olhou diretamente nos olhos de Morinaga. -Você é idiota ou o que? - Brigou com o mais novo. -Você não tem... Você não pode ficar pedindo desculpas o tempo inteiro. -Disse, observando a face de espanto de Tetsuhiro. -Não se deve se sentir culpado por amar alguém.- O tom de sua voz foi diminuindo. -Principalmente quando a pessoa sente o mesmo.-Tatsumi não sabia se iria conseguir manter sua cabeça erguida, estava com vontade de chorar e nem sabia o por quê.
"Quando a pessoa sente o mesmo." Ele corou, seu coração acelerara de uma forma inimaginável. Apertou Tatsumi em seus braços, ouvindo um 'idiota' quase inaudível vindo dele.
–Então... Você realmente me ama? - Perguntou com o sorriso mais animado do mundo, enquanto ainda apertava-o entre seus braços. Seu maior sonho, em todos os 4 anos nos quais conhecia Tatsumi Souichi, era ter seus sentimentos correspondidos. Amava o companheiro de forma devastadora, amava-o de todo o seu ser. -Estou muito feliz. Senpai... Obrigada.
–Você ainda tem dúvidas disso?- Tatsumi murmurou antes de corresponder ao abraço.