O amor chegou

-Tanta gente! Só aqui devem viver cinco milhões de pessoas. Isso era a população da ilha de Ohara.

      -A sério?! Numa ilha só vivem cinco milhões de pessoas? Na minha viviam pelo menos quinze milhões.

      -Mas a tua ilha tinha mais gente, porque existia um edifício para os escravos.

      -Isso também é verdade.

      -Vamos ver a cidade ou vamos discutir qual a ilha ou cidade com mais gente?

      Do nada um rapaz com cabelo loiro, olhos azuis-claros como o céu de Verão, alto e usava um fato para dar boa impressão às raparigas. Pegou na mão de Bella e beijou-a suavemente.

      -Mas que beldade. Nunca vi tanta beleza numa mulher jovem. Venha comigo vou mostrar-lhe a beleza desta cidade.

      -Lamento imenso, mas não posso. Eu tenho que…

      -Podes ir, Bella. Não há problema nenhum.

      -Tens a certeza Melissa?

      -Claro. Vai lá.

      -Primeiro vou mostrar-lhe o famoso aquário. Esqueci-me, que mal-educado. Chamo-me Justin.

      -Eu sou a Bella, prazer em conhecê-lo.

      Justin e Bella foram ver o aquário. Era tal como ele dizia. Era enorme, existiam quase todo o tipo de peixes dos venenosos aos inofensivos, os peixes davam ao aquário um espetáculo de cores e a água era mais límpida que o próprio vidro. Foram até ao local das alforrecas.

      -Justin, isto é lindo!

     -Eu sei. É o meu lugar preferido – agarrou Bella pela cintura e encostou-a a si.

     -Tu estás a atirar-te a mim?!

     -Não, claro que não! – Retirou a mão da cintura de Bella e coçou a cabeça.

     -Eu vou indo. Já agora és um péssimo mentiroso.

     -Espera! Está bem, estava a atirar-me a ti. Não aguentei a tua beleza.

     -Eu não estou interessada e obrigada pelo elogio, mas tenho de ir ter com os meus amigos.

     -Eu vou contigo!

     Saíram do aquário e foram para o centro da cidade. Viram Sidorov e Melissa numa loja de espadas. Aparentemente, ele estava a comprar uma espada para ter como reserva.

     -Malta! Cheguei.

     -Como correu o encontro?

     -Sidorov, não foi nenhum encontro.

     -Cá para mim foi. Beijaram-se ao verem as alforrecas?

     -Como é que sabes que fomos ver as alforrecas?

     -Porque uma rapariga disse-me que o Justin levava para lá todas as raparigas que queria engatar.

      -Seu porco! Obrigado, Sidorov.

      -Não! Isto é um mal-entendido.

      Ela começou a correr atrás dele com a nova espada de Sidorov o que fez com que ele fosse atrás de Bella. Os três correram pela cidade toda deixando Melissa para trás. Finalmente, Bella apanhou Justin num beco sem saída. Deu-lhe um estalo e cortou a camisa dele. Entregou a espada a Sidorov e foi ter com Melissa.

      -Isto é assim?! Deixam-me aqui numa cidade que não conheço e ainda por cima foram atrás de um rapaz!

      -Desculpa. Vamos a um médico.

     -Fazer o quê?

     -Vamos ver se alguém te consegue curar essas feridas e cada um vai fazer um check-up inteiro.

     -Então vamos indo antes que o Justin venha.

     Entraram no médico e fizeram o check-up. Primeiro foi Sidorov, depois Bella e por fim Melissa. Melissa demorou mais um pouco, porque recentemente tinham descoberto um medicamento que fazia com que as feridas sarassem mais depressa, mas como tudo, existiam riscos. Poderia ter um ataque cardíaco, uma hemorragia interna e infeções. Mesmo assim aceitou o tratamento.

      -Meninas, vou comprar equipamento médico para depois colocar no barco.

      -Está bem. Nós vamos estar no mercado a comprar mantimentos.

      Justin estava no mesmo mercado que Bella e Melissa. Não conseguiu resistir e seguiu Bella. Ele estava apaixonado pelos longos cabelos ruivos e pelas curvas do corpo esbelto. Sabia que não podia ir ter com ela, porque Melissa estava lá. Olhou para ela, primeiro com raiva, mas olhou mais detalhadamente e viu que Melissa era tão bonita como Bella. Cabelos castanhos, olhos azuis e um corpo perfeito.

      -Bella aquele não é o rapaz que queria engatar?

      -Não acredito que ele está aqui! Para de me seguir!

      -Eu não estava! Só vim fazer compras. Talvez és tu que me andas a seguir.

      -Eu?! Tu não deves estar bem…bateste com a cabeça?

      -Além disso há raparigas muito mais bonitas que tu. A tua amiga é bem boa!

       -Desculpa, estás a falar de mim? – Ela pegou no braço dele e torceu-o – posso ser muito gira, mas não sou muito simpática com rapazes porcos.

       -Está bem, já entendi! Desculpem, mas juro que não vos segui.

       -Eu sei. Anda Bella. Vamos levar as coisas para o barco e partir daqui a pouco.

       -Posso ir com vocês?!

       -Desculpa, mas tu não sabes lutar e deves ser daqueles rapazes mimados.

       -Não sou mimado, nem nunca fui! Além disso eu nasci com um poder.

       -Pronto, mas eu sigo o meu instinto e não te quero comigo.

       Justin não quis saber e foi atrás delas. Não se sentia seguro há muito tempo. Elas lembravam-no as suas irmãs mais novas. Melissa podia não o querer, mas ele também tinha um instinto e por vezes seguia-o. Esta era uma das vezes em que ele o seguia, porque ele ainda não tinha superado completamente as mortes das irmãs dele e sempre que via uma rapariga lembrava-se delas. O verdadeiro motivo de “engatar” raparigas não era engata-las, mas sim tentar aproximar-se delas e ajuda-las em tudo o que podia para reprimir a culpa da morte das suas irmãs.

       Do outro lado da cidade estava Sidorov. Ele estava a ir em direção ao barco quando um senhor vinha a correr na direção dele e o empurrou para o chão.

      -Veja para onde anda! Ainda por cima partiu algum equipamento!

      -Desculpe!

       Sidorov viu que ele carregava uma arma então decidiu ir atrás dele. Deu o equipamento a um senhor e pediu-lhe para comprar o equipamento que se partira e para depois deixar na loja. Correu o mais que pôde e apanhou o homem.

      -Larga-me! O que pensas que estás a fazer?! Eu conheço-te?!

      -Não me conheces, mas eu conheço-te. Tu és o Dimitri e tens como alcunha “estripador”. Valor da cabeça 3.000.000 €.

      -Esqueci-me de que tinha um cartaz de procurado. Vais cortar-me a cabeça?

      -Vou se não me disseres porque tens uma arma contigo e sei que não tens medo de usa-la. Quero prevenir isso antes que seja tarde.

      -Não tens nada a ver com isso. Mas tens razão, vou usá-la, mas vai ser contra ti!

     -Se fores capaz de me acertar, força!

Dimitri pegou na arma, mas Sidorov foi mais rápido e fez um corte no braço dele e agarrou na arma.

 -Ainda vales três milhões! É o que eu digo, não sabem fazer contas. O que é que ias fazer?!

 -Já disse, não tens nada a ver com isso!

 -Tens três segundos para me dizeres, porque eu sei que não andas com uma arma por aí!

 -Ia ter com uma pessoa.

 -Lamento, mas vais ter de me dar um nome…

 -A sério que não posso. Se ela descobre que fui eu que denunciei o assalto estou… oh não! Acabei de dizer tudo!

 -Três milhões! Hahaha! Vou lembrar-me disto para todo o sempre. Vens comigo.

  Sidorov atou as mãos de Dimitri e levou-o para o barco.

  Entretanto Melissa e Bella já lá estavam a arrumar as coisas que tinham comprado. Justin esperou por uma oportunidade para se esconder no barco. Viu-a e entrou. Escondeu-se na cave e ficou lá tentando ser discreto. 

 -Onde é que está o Sidorov?! Ele está a demorar muito. Tenho quase a certeza que ele meteu-se em sarilhos. Aquele homem…

 -Diz que é aquele homem… tu adoras o Sidorov!

 -Eu?! Sinceramente, inventas cada coisa.

     -Pois claro, eu vi-vos a falarem quando estava a descansar da operação.

     -O problema é que não deves ter visto a conversa toda.

     -Porque dizes isso?

     -Porque passado dez minutos de conversa começamos a discutir.

     -Então, tens razão. Estou a inventar histórias.

     «O quê?! A Bella gosta daquele tipo?! Deve ser mentira, tem de ser! Ele nem deve saber cuidar dele quanto mais de uma rapariga que necessita de cuidados extremos! Além disso já para não falar do aspeto dele. Ela merece muito, mas muito melhor que aquilo!»

     Sidorov chegou ao barco e atirou Dimitri para o chão.

-E quê?! Isto é assim…trazes pessoas desconhecidos para o meu barco?

-Desculpa, mas nós estamos perante um assalto.

-Assalto?!

-Sim. Este homem aqui, o Dimitri, está a planear um assalto com uma mulher. Sei que não gostas de ajudar, mas este assalto é enorme e temos de impedi-lo.

-Está bem. Qual é o assalto?

-Provavelmente, será no banco da cidade.

-Como é que sabes isso?!

-Melissa, eu fui uma ladra. O problema é que aquele banco tem o cofre mais impenetrável de todos.

-Como assim, impenetrável?

-O código daquele cofre tem dez dígitos e muda de dois em dois minutos. Só um assistente tem a chave onde aparece o novo código. Ah, já me esquecia, pelo caminho tem sensores de luz, movimento, som e fumo.

-Incrível! Devem ter milhões lá dentro, só pode!

-O que interessa é que temos de impedir que isso aconteça. E este meu amigo já me confessou que ele ia desativar os sensores todos e disse-me também que a senhora ficava no bosque entre as cidades de Snowball e Winner.

-Então vamos a isso!

Pegaram em Dimitri e foram a caminho do bosque. Justin saiu da cave discretamente e seguiu-os. Estava com medo de entrar naquele bosque, porque segundo as lendas existiam criaturas estranhas e poderosas. Mas a criatura que mais se temia era a maior de todas e a mais mortal. Diziam que tinha seis metros de altura, andava sobre duas patas, braços curtos, mas garras mortais e o que todos mais temiam á cerca deste monstro é que ele tinha cara de humano. Os rumores diziam que o monstro outrora fora um homem. Mas um dia ele cometeu os maiores dos pecados, mas não havia tempo para pensar em mitos. Justin tinha de os avisar antes que fosse tarde demais, mas pelo outro lado teriam de eliminar a célula que estava prestes a assaltar um banco mundial. Ele ouviu uma porta a fechar-se e acordou para a realidade. Foi atrás deles a correr.

-Bella, achas que o Justin vai voltar a seguir-te?

-Espero bem que não, porque senão chamo a Melissa!

-Ouvi o meu nome! O que querem?

-A Bella disse que se o Justin a seguisse tu ias bater-lhe.

-Oh…coitado dele. Se eu lhe desse um soco ele morria num instante.

-Nem eu, um grande e maravilhoso espadachim conseguia derrotar a Melissa.

-Não és nada convencido. Mas não te preocupes Bella ele não voltará a seguir-te… e eu não acredito no que estou a ver!

-Olá outra vez, pessoal.

Bella mal viu a cara do Justin desatou a correr pelo bosque fora.

-Bella espera, por favor!

-Para de me seguir! Qual é o teu problema?!

-Eu só vos segui, porque vi que vocês levavam o Dimitri convosco. Eu quero ajudar-vos.

-Continua…

-A senhora de quem ele tanto fala não está cá. Deve estar num país ou ilha a milhares de quilómetros daqui. Ele ia era ter com o chefe dele que está á espera dele neste momento numa cabana não muito longe daqui. Vocês estão a meter-se com gente muito perigosa.

-Como é que sabes?! Como é que arranjaste essa informação toda?!

-Porque estou a espia-los há mais de um mês. Eles estavam a planear esse assalto para entregar o dinheiro á chefe superior. A sede deles é aqui neste bosque, porque sabem que as pessoas não se aproximam daqui. Existem lendas de que estranhas criaturas vivem cá e que quem entra no bosque nunca mais volta.

-Agora fiquei com medo! Melissa, tens razão. Não podemos ajudar toda a gente! Vamos embora!

-Tarde demais, Bella. Agora sim, estou mais que determinada a ajudar o Justin.

-Muito obrigado. Irei ficar agradecido para sempre. Sigam-me e não se afastem por nada!

Prosseguiram a caminhada, mas desta vez iam todos em fila. Na liderança ia Justin, atrás dele vinha Bella agarrada a ele cheia de medo, depois vinha Melissa que olhava para todos os cantos á procura das criaturas misteriosas e por fim vinha Sidorov e Dimitri.