Extra - Fascínio

Completar uma missão sempre foi algo de que gostava. Afinal de contas, era simplesmente uma comemoração. Em vários sentidos. Primeiro, porque derrotar uma fera dezenas de vezes maior do que ele era extasiante. Segundo, o ritmo eufórico da batalha fazia a adrenalina correr por suas veias como se fossem chamas, o deixando acelerado. E terceiro, porque ela estava com ele. Lucy era sempre dos dois quem encontrava o culpado, desvendava o mistério. Quanto à ele ficava a questão das batalhas. Podia ser o quanto idiota fosse, mas se tratando de lutas ele era um estrategista quase tão bom quanto Mavis.

Foi numa dessas lutas, precisamente quando eles fugiram sem uma ordem da Master que se descobriu apaixonado pela amiga. Naquele resgate eles fizeram algo durante a batalha que nem um mago estudando por anos conseguiria. Metsuryû e Seirei Mahou não se complementam e ainda mais somente os dois não conseguiriam derrotar sozinhos um dragão com centenas de anos. Os mais velhos sempre eram os mais difíceis de matar. O couro era reforçado demais, as pedras de escamas de Destro eram impenetráveis. Não era por acaso que se tratava de um dos Cinco mais fortes do Levante.

Estavam quase perdendo. O príncipe de Cameron, herdeiro do trono de Eramar assistia a tudo apavorado dentro de uma gaiola de ferro. Quando Destro se desmembrou em pedras, seu rugido estremecendo como um terremoto Lucy e ele simplesmente agiram. Enquanto ele desviava da chuva de pedras, a avalanche quase destruindo a caverna ela se jogou do alto de um monte e por reflexo agarraram as mãos. A qualidade de magia entre eles de repente havia mudado. Crescendo e se envolvendo de uma maneira... que antes de notarem toda a caverna estava repleta de chamas escarlates e brilho dourado. Luz celestial de estrelas. Nem soube qual feitiço ela usou, não foi um espírito. Quanto à ele invocou um Ôgi. O nível mais alto de um metsuryû mahou. Tomado de surpresa o dragão de pedra recebeu uma chuva de estrelas com chamas escarlates. O caleidoscópio das magias o explodindo ao atingi-lo.

Parte da montanha desmoronou junto com o dragão. A caverna ruía e eles não tiveram outra opção se não libertar o príncipe da gaiola de ferro e fugir. Bem, não foi então surpresa o tamanho da balburdia quando chegaram à cidade. Os cidadãos estavam eufóricos. O Rei sem palavras e todos os chefes de unidade da Infantaria intrigados como eles conseguiriam derrotar Destro. Mavis sabia e fez questão de contar ao Rei, porem em troca ficaria em segredo. Lucy então foi admitida na 5ª unidade e os membros da Fairy Tail ficaram tão eufóricos que fizeram uma festa. A bagunça durou três dias e logo no começo Redifus os obrigou a posar para uma pintura. Queria que ficasse registrado, ora. Então enquanto todos bebiam, cantavam e dançavam Lucy e ele (regados à álcool) caíram num sofá, perto do bar ao fundo. Certo, na verdade ele caiu e a puxou, fazendo a garota parar em cima dele. Estava bêbado e ela também. E sinceramente eles eram amigos. O que havia demais? Era uma festa. Eles derrotaram sozinhos um dos Cinco do Levante! Uma porcaria de uma pintura não era nada! Apenas para debochar de Redifus ele a ajeitou colocando-a entre suas pernas. Lucy entendendo pediu que a abraçasse e se recostou no seu peito. Quase se deitando de costas nele. Para melhorar a extravagancia da pose ele levantou uma perna e Lucy cruzou as delas. A maga sabia o quanto era bonita e se aproveitava. Apoiando um braço o joelho dele ela fez questão de mostrar suas chaves e então ele levantou outro punho e explodia em chamas.

Redifus ficou chocado e muito envergonhado. Mal conseguia encara-los. Eles simplesmente o mandaram criar coragem e pintar.

Sinceramente, só mesmo bêbado para fazer uma coisa dessas. Lucy estava mais embriagada que ele então de certo modo, podia ter evitado. Afinal tinha mais tolerância a álcool que a maioria. Por isso lembrava, todo confuso com uma sensação de euforia, mas lembrava. Quando o nakama mostrou a pintura pronta seu rosto se tingiu de vermelho tamanha vergonha. Lucy mal o olhava na cara por dias. Mavis simplesmente havia achado bonita o retrato e pendurou no alto da parede do fundo. Quem entrasse no prédio a primeira coisa que veria seria a maldita pintura.

Foi um inferno.

Todos os rapazes e homens caçoavam dele dizendo “Os dois magos namorados”. Perdeu a conta de quantas brigas arranjou por causa disso. No entanto, discretamente ele observava a pintura e gradualmente um sentimento foi crescendo dentro dele, junto todas as outras sensações. Desejo de ver Lucy, o nervosismo por ficar perto dela, o habito estranho de ficar analisando cada gesto, cada maneira de falar. Sem perceber foi se encantando e então veio o golpe final. Quando sua libido atacava a cada certo período do mês ele havia sonhado com a melhor amiga. Acordou todo suado e excitado além de assustado. Desde esse dia, cerca de um ano e meio quando formou equipe com ela havia se apaixonado perdidamente por Lucy.

Agora por que pensava em tudo isso? Bem, a resposta podia ser simples. Ele estava em missão, com uma maga estelar e por acaso, devorava os lábios da garota enquanto a mesma permanecia desmaiada. Isso além de errado era muito gostoso. Se sentia extasiado, grogue pelo gosto de sua boca. Não chegava a ser doce, tinha um toque crítico lá no fundo quando movia nos lábios lentamente nos delas. Passando a ponta da língua a cada vez que provava. Suspirando de prazer. Deixava um pouco de espaço para ela respirar, não queria sufoca-la e também esperava internamente que continuasse desacordada.

Nem ele sabia porque fazia isso. E se explicar quando ela o pegasse no flagra estava fora de questão. Apenas havia certeza de duas coisas. Primeira, a ânsia que sentia era demais, precisava beijá-la. Segundo, ele sabia plenamente que era a loirinha.

Na luta de há pouco ele por um momento se distraiu ao ver pela visão periférica um brilho dourado. Seu pulso acelerou de expectativa e virou o rosto na direção da loirinha. Prendeu o folego. Surpreso com a visão que estava tendo. O padrão dourado das magias celestiais girava sob os pés dela. As saias do vestido esfarrapado levantavam esvoaçando nas suas pernas e os cabelos loiros dançavam ao redor do seu rosto. Até aí foi nostálgico rever a mesma cena, no entanto, não chegou a se confundir. Virada de lado, girando a argola com as chaves no pulso a loirinha encarava raivosa os monstros que corriam até ela.

Chocado escutou o feitiço do contrato múltiplo. Vendo as nove chaves brilharem em ouro. Os Duhbs atraídos pela luz dourada que dela irradiava o esqueceram e por uns instante pode admirar fascinado ela invocar Libra e Scorpio. Sem ordenar os espíritos cumprirem suas ordens. Ela não olhava as chaves na argola, simplesmente girava no pulso e agarrava uma. Chamando o espirito portador. Ele nunca viu nada igual. Parecia uma fada orgulhosa, mostrando que mesmo machucada de frágil não havia nada. E de fato, ela era uma fada. Uma maga efetiva da Fairy Tail.

Mais tarde perguntaria para ela como conseguiu fazer o contrato com todos aqueles espíritos ao mesmo tempo. Principalmente do Palácio de Leão. Loki. Sorriu na boca dela, a loirinha o chamou por “Leo”. Deve ser por isso que o golpe não foi tão estrondoso, mas mesmo assim destruíram os monstros.

Ajeitou-a no seu colo, puxando as pernas dela em cima da sua. Estava ficando sem ar. Seus pulmões já reclamavam e ofegando foi afastando devagar o rosto, mordiscando os cantos dos lábios rosados e agora inchados. Ela sugou uma golfada de ar, por um momento o assustando. Será que acordou? Abriu os olhos arquejando, mas não encontrou outro par o encarando de volta. Suspirou aliviado e... um pouco desanimado. Apoiou a testa na dela, arquejando e pensando. O que estava havendo com ele? Parecia com o que houve com a ancestral da garota. Não, isso nem chegava a ser perto. Ele estava se envolvendo demais com a loirinha. Seu jeito, seu cheiro, seu lado frágil e ainda a maneira como usava sua magia.

Estremecendo engoliu em seco, a observando tão de perto e junto dele. Aquela sensação de insegurança o invadia, mais forte do que antes. Assustado percebeu que estava fascinado por ela e que isso era apenas um passo para se transformar algo mais.