-Posso entrar?
-Entra. Que fazes aqui?
-Eu sei que a tua ferida nas costas abriu.
-Não te preocupes Bella. Isto cura logo.
-Anda cá.
Bella colocou um creme na ferida de Melissa. Ela contorceu-se de dor. A ferida estava infetada e Bella levou-a para um quarto.
-Que vais fazer?!
-Lamento, mas vou ter de te operar.
-Porquê?! Bella, não podes fazer isso.
-Queres morrer?!
-Não, mas…
-Mas nada! Vou dar-te a anestesia.
-Tu és médica?!
-Eu não, mas o Sidorov é.
-O Sidorov?! Mas ele não é um espadachim?
-Sou, mas também tirei um curso em medicina.
-Tens vinte e dois anos isso é impossível! Tinhas de ter vinte e oito anos.
-Eu menti-te. Eu tenho vinte e nove anos. Agora conta até dez.
-Tu surpreendes-me cada vez mais.
Após a operação Sidorov conseguiu curar a infeção e salvar a vida de Melissa. Ela necessitava de repousar durante muito tempo, coisa que ela detestava fazer. «A sério que não me posso mexer? Vou ter de ficar aqui durante uma semana enquanto eles se divertem!»
-Coitada da Melissa. Ela detesta ficar quieta.
-Pois, mas vai ter de aguentar até ao final desta semana. Podes falar-me um pouco de ti?
-Ainda dizes que a Melissa é a curiosa.
-Desculpa. Espera… como é que sabes que eu lhe disse isso?
-Ela contou-me. Mas, o que queres saber?
-Como é que ela te encontrou?
-Bem…
Bella e Sidorov ficaram a conversar o dia todo. Melissa olhou pela janela do quarto e sentiu que aqueles dois iam acabar juntos. «Eles são tão giro juntos. Aquilo ainda vai dar namoro»
Foram todos dormir para amanhã atracar no porto do país Snowball. O país tinha este nome, porque nevava quase todo o ano e parecia um globo de neve. Atracaram no porto e desceram do barco. Viram neve branca, suave e macia. Estavam trinta graus negativos e eles estavam bem agasalhados.
-Este lugar é lindo, mas já estou farta do frio.
-Eu não. Este lugar é magnífico! Quero ficar aqui para sempre. Vamos ter uma luta de bolas de neve?
-Tens o quantos anos?! Dez?!
-Anda lá Bella. É muito divertido e eu costumava brincar com o meu pai quando nevava. Não faz mal nenhum divertirmo-nos de vez em quando!
-Sidorov alinhas?
-Não sei…- pegou numa bola de neve e acertou na Bella- não sei se me conseguem ganhar.
-Ai não consigo?- atirou-lhe de volta uma bola de neve.
-Eu também quero!
Rapidamente estavam os três a atiram bolas de neve uns aos outros. A cinquenta metros deles estava uma rapariga a espia-los. Quando ouviu o nome de Melissa os olhos dela arregalaram. «Por fim encontrei-a.»
-Olá. Eu chamo-me Ruby e preciso da vossa ajuda.
-Porquê?
-O nosso país vai sofrer um ataque terrorista amanhã e eu tenho que impedir que isso aconteça!
-Porquê nós?
-Porque eu preciso da tua ajuda Melissa.
-Como é que sabes o meu nome?!
-Ouvi a rapariga de cabelos ruivos chamar-te, mas isso agora não interessa. Eu sei que vocês são capazes.
-Tu nem nos conheces!
-Mas vi que derrubaram o famoso edifício dos escravos em Kyushu. Aparecem na primeira página de todos os jornais.
-Daqui a pouco vamos ter prémio, mas eu vou pensar no teu caso…
-Melissa, nós vamos ajudá-la.
-Não vais começar, pois não Bella? Nós não podemos ajudar toda a gente do mundo!
-Eu sei que não, mas podemos tentar e já que estamos aqui podemos fazer algo.
-Concordo com a Bella.
-Pronto Ruby, vamos ajudar-te.
-Muito obrigado. Venham comigo, por favor.
-Para onde vamos?
-Quero que venhas comigo Melissa. Vocês fiquem aqui, por favor.
-Tudo bem, vamos.
Bella estava desconfiada, então seguiu Melissa e Ruby.
-Oi! Bella o que estás a fazer?!
-A ver o que se está a passar.
-Mas, a Ruby disse que só precisava da Melissa.
-Por isso mesmo! Não podes confiar em alguém logo no início. Eu tenho a impressão que algo vai correr mal e que a Melissa se vai magoar.
-Agora que vejo, és capaz de ter razão.
Seguiram-na até a uma pequena cabana. Melissa e Ruby entraram dentro, mas não estava ninguém lá. «Estranho…a Ruby disse que os seus amigos estariam aqui. Oh não, caí numa armadilha». Sem ter tempo de reagir Ruby golpeou Melissa no pescoço fazendo com que ela desmaiasse. Em seguida abriu um alçapão e arrastou pelo Melissa para um túnel subterrâneo.
-Não estão a demorar muito?
-Vamos entrar!
Abriram a porta e viram que ninguém estava na cabana.
-Eu sabia! Nunca a devíamos a ter deixado ir.
-A culpa não é tua calma. Ela não pode ter ido muito longe. Deve haver por aqui alguma passagem, porque não saíram pela porta da frente.
-Julgando pelo aspeto da casa deve ser um alçapão.
-Só a julgar pela casa já sabes qual é a passagem?!
-Normalmente são alçapões e além disso era uma ladra. Conheço muito bem a estrutura das casas. Aqui está o alçapão!
Abriram-no e desceram o mais rápido possível para resgatar Melissa. O problema é que o túnel era um labirinto. Decidiram correr sempre em frente e depois virar a direita, mas era um beco sem saída. Voltaram para trás e viraram á esquerda.
-Não acredito! Parece nos filmes. Viramos numa curva e aparecem três tuneis e temos que escolher o certo, porque senão somos mortos ou caímos numa armadilha!
-Calma, há sempre uma solução. Não dizias que eras uma ladra?
-Sim, mas nunca estive numa situação destas!
-Foram pelo túnel da esquerda.
-Como é que sabes?!
-Sangue. Provavelmente da Ruby. Vamos seguir o túnel e ver onde vai dar.
Entraram no túnel e viram ainda mais sangue nas paredes e no chão, mas já estava seco não podia ser de nenhuma das duas. Queria dizer que a Ruby já tinha raptado mais gente.
Mais á frente Melissa acordou presa numa cadeira. Estava num quarto bem iluminado. Tinha três janelas, uma cama e um tapete. Não existia nenhum móvel o que indica que ainda estava a ser contruído. A porta abriu-se e saiu de lá Ruby com um homem.
-Ruby! Tira-me daqui ou não queres que te ajude?!
-Ingénua. Ainda não entendeste? Não há nenhum ataque terrorista, era demasiada coincidência. Nós só te queríamos.
-O quê?! É por isto que eu não ajudo pessoas. O que querem?!
-Tinhas razão, Ruby. Ela é mesmo bonita, aliás linda!-dizendo isto tocou-lhe suavemente na cara.- Deixa-nos a sós, por favor.
-Tira a mão!- afastou a cara da mão dele. – Diz lá o que queres.
-Como seria de esperar eu quero o teu poder.
-Não é possível. Eu nasci com ele só poderias tirar o poder a alguém se fosse artificial.
-Tudo é possível. Foi o almirante Valdir que o provou.
-Valdir?! Mas…
-Eu li no jornal que ele retirou o poder da destruição a um homem que tinha nascido com ele. Vez?! Tudo é possível!
-Esse homem era o meu pai…quer dizer que ele está morto?! Mas… eu ia busca-lo e salva-lo.
-O teu pai?! Então recebeste o poder do teu pai. Mas que pena, ele não estar morto.
-Não está?!
-Valdir disse que antes de o matar tinha que cumprir uma promessa.
-Ainda bem que ele se lembra.
-Vamos começar.
O homem pegou numa esfera de cristal e colocou-a á frente de Melissa. Disse umas palavras incompreensíveis e de repente a esfera começou a brilhar. Ela estava a começar a ficar fraca e sonolenta.
-O que estás a fazer? Não me estou a sentir bem.
-Estou a retirar-te o poder, já agora aviso que será muito, mas muito doloroso.
-Paraaaaaa! Que se passa? Para isto por favor! Isto dói, dói muito!
Ele começou a rir-se na cara dela. A bola estava a absorver cada pedaço do poder dela como se estivesse a ser arrancado da pele. Ela contorcia-se no chão de tanta dor apesar de ser psicológica. O homem saiu da divisão.
Entretanto Bella e Sidorov tinham aberto o alçapão e entraram no edifício onde estava Melissa. Conseguiam ouvir os seus gritos de desespero a pedir por ajuda. O pior é que ela não conseguia utilizar os poderes, porque não os controlaria no estado em que estava. Subiram as escadas e haviam pelo menos duzentos quartos. Seguiram os gritos, mas os gritos ecoavam e não sabiam onde ela estava. Escolheram os que estavam mais perto dos gritos e abriram os quartos. Encontraram-na a vomitar sangue.
-Melissa! Calma, continua a respirar.
-Destruam…a…bola…
-Não fales! Onde está?
Bella pegou na bola, mas ela foi repelida e caiu no chão. Sidorov tentou cortá-la, mas a esfera partiu a espada. Esta já tinha um terço do poder de Melissa e se aumentasse era mais difícil de partir a esfera. Bella pensou um pouco e pegou num punhal que trazia e esfaqueou Melissa no braço. A esfera parou por segundos e Sidorov nesse tempo cortou-a.
-Já está. Bom trabalho Bella, mas ela está cheia de feridas. Uma no tornozelo, outra no braço, no ombro e nas costas. Este tipo de feridas necessita de muito tempo para sarar completamente.
-Desculpa, mas era a única maneira de impedir o contacto. Coitada, desmaiou com tanta dor. Pega nela e vamos embora.
-Não me parece.
-Quem és tu?
-Também és muito linda- aproximou-se dela e tocou-lhe na cara, mas Sidorov torceu-lhe o braço- larga-me!
-Não lhe toques!
-Pronto eu não lhe toco. Preciso que deixem a Melissa onde estava.
-Nem penses. Bella sai daqui e leva a Melissa contigo, eu trato deste tarado.
-Tem cuidado ele deve ter algum poder, já que roubou vários.
Bella fugiu com Melissa. Foram até ao alçapão, mas viram que o alarme tinha sido acionado. «Não vamos ir muito longe, por isso mais vale atacar o problema pela raiz». Pegou em Melissa e escondeu-se num quarto. Olhou á volta e viu várias esferas brilhantes a única diferença é que estas estavam cheias. Bella pegou numa e tentou analisá-la, mas de novo a bola repeliu-a. A esfera caiu e partiu-se soltando o poder. Este foi na direção de Melissa, mas Bella protegeu-a. Como não estava habituada ao poder entrou em pânico e desmaiou. Melissa acordou e levantou-se para ajudar Bella. Pegou nela e saiu do quarto, mas os homens de Ruby foram atrás dela. «Agora não por favor!»
Sidorov derrotou o homem misterioso e foi a correr para o andar de baixo. Viu alguns homens no chão e presumiu que tivesse sido uma delas. Seguiu o rasto dos homens e viu que acabava no quintal. Viu outro alçapão e entrou. Correu pelo túnel a dentro e viu as duas.
-Meninas! Esperem aí. O que se passou com a Bella?
-Não faço ideia, mas encontrei uma esfera partida. Quando um poder é libertado tem de arranjar um hospedeiro, temo que a Bella é o hospedeiro.
-Então a Bella tem um poder?
-Sim. Agora vamos embora antes que mais homens venham. Já me esquecia, temos de salvar a Ruby.
-A Ruby?! Espera, rapta-te e tenta matar-te e tu vais ajudá-la?
-Eu sei, mas ela não tinha escolha. Aquele homem ameaçou matar o irmão mais novo dela. Eu compreendo. Eu faria o mesmo.
-Está bem, mas temos de ser rápidos. Primeiro deixamos a Bella num local seguro.
O túnel tinha acabado e saíram por um esgoto. Subiram e correram para a cidade. Bateram em todas as portas, mas ninguém estava em casa, porque era feriado. Encontraram uma senhora idosa a sair de casa.
-Espere! Minha senhora!
-Sim?
-Eu sei que estou a ser muito atrevida, mas a minha amiga desmaiou e não tem onde ficar.
-Pode ficar em minha casa não há nenhum problema. Mas eu preciso de ir á mercearia comprar comida para a minha neta Ruby. Tomem as chaves de minha casa.
-Muito obrigado.
Entraram na casa da idosa e nunca tinham visto uma casa como aquela. Não havia nenhum vestígio de pó, os móveis brilhavam e eram da melhor qualidade. Subiram as escadas e viram três quartos. Colocaram Bella no quarto de hóspedes.
-Parece que a avozinha não sabe o que a querida netinha anda a fazer no tempo livre.
-Sidorov, ela não teve escolha. Eu acho que ela não queria magoar a avó. No quarto dela tem fotos, cartas e prendas muito antigas. Ela gosta mesmo da avó.
-Por acaso também gostava da minha, mas morreu com um ataque de coração.
-Boa! Já sei mais uma coisa sobre ti.
-Cheguei. Querem algo para comer.
-Não se incomode.
-Não é nenhum incómodo! Eu faço-vos um lanchinho delicioso.
-Muito obrigada, mas nós temos de ir a um sítio primeiro.
-Claro.
Melissa e Sidorov saíram da casa e foram a correr para o esgoto e correram pelo túnel. Chegaram ao edifício, mas não encontraram Ruby. Procuraram em cada quarto, mas nada. Voltaram para a casa da senhora idosa e viram Ruby sentada.
-Sua mentirosa, anda cá!
-Ruby, o que se está a passar?
-Avó, sente-se.
-Precisas da nossa ajuda e tentas matar-me! Vês Bella?! É por isso que não ajudo ninguém desconhecido.
-Tens razão, mas não neste caso. A Ruby estava a tentar salvar o irmão mais novo dela, cujo poder foi roubado. O problema é que ela chegou tarde de mais e ele foi morto.
-O meu irmão tinha sido capturado, porque tinha o poder de manipular a eletricidade. - Começou a chorar e abraçou-se a Bella.
-Peço imensa desculpa. Eu não sabia de nada.
-Não faz mal. A minha neta consegue superar a morte dele. Vou preparar o jantar.
-Bella, tu ficaste com algum poder?
-Ainda não sei. Os poderes artificias demoram a revelar-se. Vocês estão bem?
-Estamos.
Jantaram em silêncio, ninguém disse uma única palavra e também foram da mesma maneira dormir.
No dia seguinte, despediram-se de Ruby e foram para a próxima cidade. Segundo as informações de Ruby a próxima cidade tinha como nome Winner, porque segundo a história a cidade saiu sempre vitoriosa nas suas conquistas e nas batalhas. Passaram a fronteira e já se notava a diferença. Não existia tanta neve e não era tão frio. Demoraram três horas para chegar. Quando chegaram apesar de as cidades ficaram a 5km de distância eram muito diferentes. Esta cidade tinha uma muralha á volta que protegia a cidade inteira, as casas eram feitas de pedra resistente e estavam bem organizadas de modo a que fosse difícil ataca-las. Entraram na cidade e foram reservar um quarto no hotel. Desfizeram as malas e foram ver melhor a cidade.