Recuso-me a aceitar

POV – Donatella

Era o fim.

Ele estava próximo, eu sabia e estava pronta para ele.

Victor já havia encontrado sua liberdade, por isso não tinha porque de tristeza era o e que ele planejara durante toda a vida, e conseguiu concretizar. Os sonhos dele se tornaram realidade. E eu faria a minha parte para concluir todo o plano.

Os movimentos ao redor do Clã Oculto já não existiam mais, meu ataque fora o suficiente para exterminar com as poucas vidas que ainda restavam, por fim, todas as pessoas que ainda estavam vivas estavam ali ao meu redor.

A Herdeira Principal já não deveria ser chamada assim, não havia mais nada para ela herdar, tão pouco era a mais importante de alguma coisa, mas ela ainda despertava em mim o sentimento de pena, tamanha dor ela sentira. Alguns tolos poderiam dizer que esse é um destino cruel, mas era o melhor que nós tínhamos. E eu era grata por tê-lo.

Criei o maior número de clones que consegui, e as espalhei pelo Clã Oculto, precisava ter certeza de que todos os corpos seriam queimados e não haveria nada do nosso DNA por ali quando tudo acabasse.

O tempo parecia se arrastar.

Como se ele quisesse me deixar presa nesse inferno.

Mas eu não iria aceitar isso.

Olhei para Nora e a vi embrulhada nos braços de Guy, enquanto ambos choravam por perceberem a calamidade do nosso Clã. Durante todo o desenvolvimento do plano nunca havia parado para pensar em todos os envolvidos, na história e nos sonhos que cada um poderia ter. Só pensei no que eu achei ser o certo, mas olhando-os ali percebo que talvez nem todos mereçam o mesmo final.

Mas, isso não pode acontecer.

Durante todo o tempo o sonho de Victor foi o meu sonho, eu escolhi o amar e viver para ele, se eu desistisse agora, seu sonho se tornaria uma mentira, um sonho que não pode ser realizado. Mas, eu vou conseguir. Essa é a minha missão, tornar o sonho dele realidade.

Abri meu leque e passei a olhar ao redor com espanto, fui me aproximando como que para protegê-los, e Nora fez o que eu queria, se levantou posicionando na defensiva junto a mim. Ela sinalizou para Guy que foi para perto dos Kages. Eu realmente deveria ser uma atriz incrível, pois todos se colocaram em forma de defesa, até mesmo Anne, Kakashi e o sannin Jiraya.

Não havia mais porque esperar. Eu estava protelando.

Juntei o leque, transformando-o em algo parecido com uma kunai.

Era agora.

Um grito.

Seu sangue escorreu para a minha mão pelo leque.

O golpe foi certeiro. Atingi seu coração sem problemas, seu grito foi curto e alto assim como sua morte.

Havia terminado.

- Sinto muito. Mas só precisamos de uma. – sussurrei, embora tenha parecido um grito em meio aquele silêncio

Segurei o corpo sem vida de Nora contra o meu e me virei ignorando a todos, ou tentando. Corri para me afastar deles antes que fosse tarde demais, mas parecia que suas reações corriam comigo. 

O choque de Nora pelo golpe, sua dor, sua vida escorrendo em minhas mãos. Guy e seu desespero por perder a única mulher que seria capaz de compreendê-lo em todo o fogo de sua juventude, um traço de incredulidade por ter se afastado dela porque eu me aproximei. Anne que perdia muito mais do que sua prima, perdia uma irmã, a única em todo o Clã Oculto que a via como alguém normal dentro dos padrões de uma gueixa, aquela que era capaz de desafiá-la e protegê-la.  

Queria ter sido responsável pela morte de qualquer outra pessoa.

Mas fora encarregada de Nora e por mais que me ferisse era a minha missão, era por Victor. Como punição iria tornar a minha morte cruel. Sempre ouvi dizer que ser queimada viva é uma das piores formas. Por isso, saltei nas chamas com Nora em meus braços, e deixei as labaredas do fogo consumirem minha vida até que eu não conseguisse mais suportar a dor.

 POV – Kakashi

Nora...

Ainda não conseguia acreditar que a perdemos bem ali na nossa frente com aquela que acreditamos estar ali junto conosco.

Anne chorava compulsivamente nos braços de Jiraya, acabara de perder uma das pessoas mais importantes para si, e tudo o que precisava era do colo de seu pai para escondê-la de toda a loucura que acontecia naquele clã.

Mas o único realmente afetado por aquela morte fora Guy. Queria dizer que sabia o que fazer depois de tantas perdas que tive, mas cada perda trás uma sensação única para cada um, mesmo sendo uma única pessoa a ser perdida, parecem várias se contarem as sensações que trazem para aqueles que ficam para trás.

  Guy correu para tentar alcançá-las, mas sua visão estava embaçada pelo choro que tomava-o sem previsão de parar, por isso consegui superar sua velocidade e segurá-lo. Nunca pensei que isso poderia acontecer, mas essas eram circunstancias únicas, por isso o meu espanto por ele tentar me golpear com força o bastante para me matar não me surpreendeu por muito mais do que alguns segundos.

- Precisa deixá-la ir, Guy.

- Não! – gritava entre o choro – É a minha Nora.

- Lembra do que todos diziam? Eles diziam que é fácil deixá-las para trás. Talvez seja verdade. – ele me golpeou com força, precisei concentrar meu chacra no chão para não cair

- Eu não quero tentar. – ele aumentou sua voz, furioso – Abandone-a! Faça o que está me dizendo! – suas palavras me atingiram com mais força do que qualquer golpe que me dera - Deixe que a joguem no fogo para queimar até morrer... – suas palavras morreram conforme seu corpo desacordado pendia para trás sendo apoiado pelo Raikage que o golpeara

- Desculpem! Mas não aguentava mais vê-lo sofrer.