-Melissa! Melissa! Estás bem?
-Eu estou, mas acho que o Aleh não está.
-Como é que escapaste?
-Bem, criei uma bolha protetora, afinal tenho o poder de fazer o que quiser. Onde está a tua irmã, Bella?
-Não sei, mas ela não quis ver a luta…Bella chegaste! Nem sabes a Melissa conseguiu derrotar Aleh!
Bella chorou de felicidade. Finalmente o seu pesadelo tinha acabado e já podia ser livre. Olhou para Melissa a encher os pulmões e ouviu o que ela disse em alto e bom som:
-BELLA! ÉS A MINHA COMPANHEIRA E VOU PROTEGER-TE PARA SEMPRE!
-Obrigado, capitã.
Nesse momento, abraçaram-se as duas e ficaram companheiras. Foram dar a notícia á ilha e festejaram. Após a festa Melissa foi preparar o barco para partirem.
-Agora vamos ser piratas?
-Não! Vamos ser viajantes, mas com um objetivo.
-Qual é o teu?
-O meu pai foi preso há muito tempo. Vou salvá-lo.
-Isso é que é esperança! Ele já deve estar morto, lamento.
-Mas eu sei que ele não está. Eu herdei o poder da destruição dele e o Valdir está a tentar fazer experiências com ele.
-Tentar?
-Sim, o meu pai controla o poder muito bem, só quando os seus sentimentos ficam negativos é que não o consegue controlar, porque as emoções são más e poderosas.
-Foi assim que ele foi preso, não foi?
-Sim. Ele ainda não tinha superado a morte da minha mãe e andava sempre triste e abatido. Nem deu luta ao Valdir para não magoar ninguém.
-Como é que sabes isto tudo?
-Instinto.
Amanheceu e as meninas entraram para o barco e despediram-se de todos. Rumo á aventura, Bella estava com um sorriso de orelha a orelha. Finalmente podia ser o que sempre quis ser, navegadora. Olhou para Melissa com um olhar de ternura e agradecimento. Arriscou a sua vida para salvar uma desconhecida que poderia estar a mentir, mas em apenas um dia ela aprendeu que Melissa seguia sempre o instinto dela.
Demoraram dois dias para chegar a Kyushu. Quando chegaram viram que aquela ilha estava em festa. Era um feriado dia da independência da ilha. Elas juntaram-se á festa e divertiram-se. Durante a festa Bella conheceu um rapaz chamado Taylor.
-Minha senhora, podia ajudar-me a encontrar a minha mãe?
-Claro. Onde é que a viste pela última vez?
-Ontem.
-Ontem? Já foste á polícia?
-Já, mas eles não podem fazer nada se não têm provas e além disso têm de vigiar a festa da independência.
-Bem, a que horas desapareceu? E aonde?
-Foi por volta das cinco da tarde e estava a chegar da escola. Vi a sombra da minha mãe em casa e depois desapareceu!
-Espera aqui vou falar com uma pessoa.
Melissa estava bem longe de Bella e demasiado ocupada a tentar ganhar um concurso de bebida.
-Melissa! Podes chegar aqui, por favor?
-Claro. Que queres?
-Temos de ajudar um rapaz. A mãe dele desapareceu ontem e temo que tenha sido raptada.
-Não o podemos ajudar.
-Porquê?!
-Sei que este mundo está virado do avesso, mas não posso ajudar todos que encontrar pelo caminho.
-Ajudaste-me a mim! Porque não podes fazer o mesmo por ele?
-Porque eu tenho um objetivo e só recruto e ajudo aqueles que eu achar que devo.
-Sabes…pensei que fosses menos egoísta, mas enganei-me. Podes começar a arranjar outra navegadora.
-Porque queres ajuda-lo?
-Eu sei como é não ter mãe e tu também devias saber! Não quero que ele passe o mesmo que nós! Se puder fazer a diferença na vida dele e na de outros, vale tudo a pena.
-Não te posso impedir…vamos lá ajudá-lo.
-Obrigado Melissa!
Foram ter com o rapaz que estava encostado a uma parede a escutar a conversa de dois homens.
-Taylor o que se passa?
-Aqueles homens estavam a falar da minha mãe!
-O que te leva a crer isso?
-Eles disseram que iam levar a próxima carga de escravos amanhã para a próxima ilha enquanto que os polícias estavam ocupados na festa.
-Sim, mas como sabes que a tua mãe foi apanhada?
-Porque eles disseram que a senhora de ontem tinha dado muita luta e para ter cuidado com ela.
-Temos de achar o edifício onde prendem os escravos.
-Deve ser aquele, senhora.
O edifício estava no cimo de uma montanha do outro lado da ilha.
-Taylor fica aqui que nós vamos trazer a tua mãe.
-Muito obrigada!
Melissa e Bella demoraram duas horas para chegar ao edifício. Este tinha seis andares e o andar dos escravos era o último.
-Qual é o plano?
-Bella, não há nenhum plano.
-Vamos entrar? Sem mais nem menos?
-Sim. É melhor habituares-te a isto. Eu nunca elaboro planos.
Entraram pela porta principal e rapidamente desceram as escadas até ao último andar. Chegaram e viram pelo menos dez celas cheias de escravos. Melissa sabia como era estar numa daquelas celas ficou mais dedicada em salvar a mãe de Taylor.
-Quem é a mãe do Taylor?
-Melissa! Fala baixo, os guardas vão ouvir-te!
-E então? Não vamos andar de cela em cela a perguntar.
-Não estás preocupada com os guardas?
-Se estivesse não tinha gritado. Então quem é a mãe do Taylor?
-Sou eu! Aqui na última cela!
Melissa foi a correr até á última cela. Olhou para dentro e viu uma senhora com pelo menos trinta anos, loira e de olhos cor de mel e estava coberta de feridas superficiais.
-É a mãe do Taylor?
-Sim, como está o meu filho?
-O Taylor está muito preocupada consigo e pediu-nos para salvá-la. Mas de resto é um menino muito corajoso.
-Saiu ao pai. É pena que o pai seja um marinheiro.
-Acredite que não. Posso passar pouco tempo em casa, mas o seu filho vai ficar muito orgulhoso de ter um pai como ele.
-Já abriu a cela?
-Estou a tentar, mas o cadeado é resistente. Vai ter de ser.
Ela apontou com a mão direita para o cadeado e disse umas palavras incompreensíveis. Apareceu uma roda azul em torno do cadeado rebentando-o, mas como Melissa não controlava bem o poder acabou por rebentar com a cela.
-Ops, foi um acidente.
-Muito obrigada! Venham pessoal!
Os outros escravos saíram da cela e Melissa foi libertar o resto. Tinham libertado duzentos escravos.
-O que é que estás a fazer?
-A salvar a mãe do Taylor.
-Desculpa?! Não eras tu que dizias que não podias salvar todos?
-Já que estou aqui posso salvar todos.
-Tu és parva?! Os guardas vão saber!
-Tarde de mais…os guardas vêm aí.
-O quê?! Melissa, tu vais levar ao chegar ao barco! Malta, há por aqui alguma saída?
-Pelos tuneis subterrâneos.
-Eu levo os escravos para longe do edifício, depois vem ter comigo á festa!
-Cuidado Bella! Vamos a isto. Quem quer ser o primeiro?
Melissa ativou o poder do Punho de Dragão. Cinco vieram na direção dela, soqueou um derrubando outro. Um soldado tentou cortá-la, mas ela conseguiu agarrar na espada e tirou-lha atirando-a para longe. Sem como se defender o soldado fugiu, mas estavam sempre a vir mais. Um soldado tentou acertar-lhe com a espada ela desviou-se do ataque e deu-lhe um gole no pescoço pondo o soldado inconsciente. Fez uma rasteira a outro e soqueou-o. Ela olhou para as escadas e viu mais a descer. Olhou para o lado esquerdo e viu soldados a voar e cheio de cortes. «O que se está a passar? Quem é que está a derrota-los todos?»
Quando os soldados caíram todos ela viu um homem musculado com uma espada na mão coberta de sangue. Tinha um olhar sério ainda mais sério que o dela quando lutou contra Aleh. Parecia uma pessoa perigosa. «Gosto da maneira de ele lutar e parece-me forte. Quero-o ao meu lado!»
Viu-o a subir as escadas e foi atrás dele.
-Quem és tu? Porque me estás a seguir?
-Quero-te comigo! Preciso de ti para a minha tripulação.
-O quê? Nem pensar! Eu tenho assuntos a tratar!
-Que assuntos?!
-Agora tenho de recuperar as minhas espadas.
-Quantas tens?!
-Tenho três, mas só utilizo duas ou uma. A outra é para reserva.
-Eu ajudo-te a recuperar e depois vais ser meu companheiro!
-Nem me perguntaste! Eu tenho um objetivo, por isso não vou contigo!
-Qual é?
-Ser o melhor espadachim do mundo!
-Para isso tens de derrotar o Marcello.
-Eu sei. Agora deixa-me em paz e vai á tua vida!
Acabaram de subir as escadas, mas como os guardas estavam atrás deles, decidiram esconder-se numa sala escura.
-Falam mais sobre ti.
-Hum… chamo-me Sidorov e tenho vinte e dois anos. Não és um pouco curiosa de mais?
-Eu quero saber mais sobre o meu companheiro.
-Já te disse que tenho coisas a tratar! Para de ser persistente! Eu não vou contigo.
-Eu sei que vens comigo e se não vieres eu convenço-te. Quais são esses assuntos?! Não é só recuperar as espadas, poi não?
-Não… eu conto-te. Eu devo…
-Ele deve-me cinquenta mil euros.
-James…
-Sidorov. É um prazer vê-lo. Então, onde está o meu dinheiro?
-Não o tenho. Não o consegui arranjar a tempo.
-Já sabes o que é que te vai acontecer, não sabes?
-Não podes fazer isso! Eu prometi que te pagava, mas não me deste tempo suficiente!
-O teu pai também não me conseguiu pagar e sabes o que eu lhe fiz. Matei-o.
Sidorov naquele preciso momento lembrou-se do seu passado. Quando tinha oito anos. Estava no jardim da casa a treinar para ser o melhor do dojo. Se queria ser o melhor do mundo ele tinha de derrotar o mestre. A mãe não gostava que ele fosse um espadachim porque era muito perigoso e podia nunca mais ver o filho. O pai era um alcoólico e estava sempre metido em sarilhos. Desta vez, o pai estava desaparecido há dois dias.
-Sidorov, cuidado no dojo!
-Mãe, eu vou ter cuidado. Não és só tu que quer que eu volte vivo. Eu também quero e não usamos espadas verdadeiras no dojo.
-Ai não? Então explica-me como é que ontem te fui buscar e tu escondeste uma espada de aço?
-Hum… mas só uma vez! Eu tenho cuidado.
-Vai lá. Já estás atrasado.
Sidorov chegou ao dojo e estavam todos a treinar. Foi ao balneário trocar de roupa lavou a cara e olhou para o espelho. «É hoje que vou derrotar o mestre!». Foi para a sala de treinos e derrotou todos os alunos. Olhou para o mestre e não foi preciso dizer nenhuma palavra. Desempenharam espadas de puro aço e começaram a luta. «O mestre tem bons reflexo e sabe bloquear ataques muito bem. Consegue bloquear ataques e atacar em segundos! Incrível, mas tenho de ser melhor». Por fim a luta acabou e Sidorov acabou perdendo.
-Fui demasiado rápido?
-Pode ter ganho hoje, mas prometo que o vou derrotar! Nem que demore dias, meses ou até anos!
-Despacha-te, porque não tenho muito tempo.
-Como assim?
O mestre foi-se embora sem responder. Sidorov ficou no dojo sozinho a treinar e a pensar no que o mestre tinha dito. «Não tem muito tempo?! Será que ele vai viajar?»
Entrou no dojo e foi ao armário e viu a agenda do mestre e abriu-a. Viu que ele ia todos os dias ao médico fazer quimioterapia.
Foi a correr para casa a chorar, porque sabia que o mestre tinha cancro e não ia viver durante muito tempo.
-Mãe! Mãe! O mestre tem cancro do estômago!
-Querido, não entres na sala.
-Porquê?
Quando entrou viu o pai no chão morto. Tinha sido esfaqueado no pescoço e sangrou até á morte. Sidorov ainda ficou mais deprimido. Foi para o quarto chorar e ficou lá durante uma semana. Quando finalmente teve coragem de sair viu que a mãe não estava em casa. Preocupado, procurou por todo os lados, mas não a encontrou. Aí percebeu que a querida mãe dele o tinha abandonado. Foi ao dojo, mas estava fechado. O cancro tinha levado a melhor. Foram demasiadas tragédias ao mesmo tempo e ele não conseguia digerir tudo.