Chegou a uma ilha com um nome muito esclarecedor. Goldtown. Tudo era feito de ouro, desde o chão das ruas até aos telhados das casas! Melissa foi abastecer o barco com comida, bebida, roupa e foi comprar uma bússola.
Foi a uma loja que tinha objetos de navegação. Na bancada estava uma rapariga de estatura média, longos cabelos ruivos, olhos verdes esmeralda e muito bela.
-Vai comprar alguma coisa ou não?
-Por acaso precisava de uma bússola.
-Tenho cem bússolas. Posso saber para onde vai?
-Quero ir para a próxima ilha.
-Kyushu?
-Exatamente. Então…qual é a bússola?
-Esta. Tome, são cinquenta euros.
-Cinquenta?! Isso não é um exagero?!
-Se quer pague se não quer não pague.
-Eu pago. Aqui tem.
Melissa saiu da loja, mas sentia uma enorme curiosidade em saber quem era aquela rapariga. Sentia que algo de mal lhe iria acontecer, mas não deu muita importância a isso, afinal era só um sentimento. Foi alojar-se num hotel e passou lá a noite. Acordou e foi dar um passeio pela cidade. Começou a ouvir uns rumores de que existia um gangue que assaltava as pessoas e que o próximo ataque seria nessa manhã. Muitos não acreditaram até que viram o chefe. Era robusto, rude, bruto e estava todo tatuado.
-Vá coloquem tudo o que têm neste saco.
Melissa não entendia, porque é que as pessoas o faziam se o chefe não trazia qualquer arma!
-Desculpe, mas porque é que estão a dar as vossas coisas se ele nem uma arma tem?
-A senhora não sabe? Ele comprou esta ilha e temos de obedecer senão somos executados!
-Que horror!
Nesse momento, ela viu a rapariga de longos cabelos ruivos. Fazia parte do gangue. Não podia deixar de estar surpreendida, mas isso explicava porque é que ela era rude. Mesmo assim ela não acreditava que a rapariga era má, ia investigar isto a fundo.
O gangue foi-se embora com os bens preciosos e foi para o cume de uma colina onde estava a sua “sede”. Melissa segui-os para tentar recuperar os bens preciosos das pessoas, mas quando chegou á sede foi capturada e feita prisioneira num quarto. Não ficou assustada, porque já tinha sido amarrada assim e era fácil escapar. Desatou as cordas e cuidadosamente sem fazer ruído saiu do quarto e saiu da sede. Era hora do almoço e todos estavam a dormir. Pegou no saco e levou-o consigo. Quando ia sair a rapariga ruiva apareceu e estava com um olhar capaz de matar.
-Onde é que pensas que vais? Esse tesouro é meu.
-Para que precisas disto? A tua loja tem muito lucro!
-Pois tem, mas o dinheiro não chega.
-Não chega para quê?! É mais que suficiente para a vida inteira! Não precisas de roubar as pessoas nem roubar piratas!
-Como é que sabes que roubo piratas?!
-Vi os teus outros tesouros… aquelas riquezas só vêm do mar. RESPONDE!
-Tu não entendes nada!
-Como assim?!
-O chefe, Aleh, comprou a nossa ilha!
-Já sabia disso.
-Mas ao comprar a ilha comprou também todas as pessoas que vivem cá! Foi há dezasseis anos atrás quando eu tinha oito anos.
Aí, Bella, lembrou-se como tudo começou. Era um dia normal na ilha. Bella e a sua irmã adotiva, Carma estavam em casa a ajudar a mãe na loja. Bella, sempre quis ser uma navegadora. Navegar por todos os mares, desenhar todas as ilhas, já que ainda não tinham sido todas descobertas. Sonhava em desenhar o mapa do mundo completo. Nessa tarde, Aleh chegou á ilha e matou o presidente e ficou no comando colocando a bandeira com o símbolo do gangue.
-Oiçam todos, porque só falo uma vez! Esta ilha pertence-me e todos têm de obedecer às minhas ordens! Quem não obedecer, morre.
-Vocês não podem fazer isso!
-Quem é esta mulher?
-Sou uma ex-soldado da Marinha. Conheço muito bem as leis do governo e sei muito bem que não podes comprar uma ilha sem a autorização do governo.
-Eu faço o que bem me apetecer! Já agora não comprei a ilha, matei o presidente.
-Estás feito!
-Mãe! Olha para o desenho que fiz da nossa ilha!
-Bella, isto está perfeito!
-O que é isto?
-Dá-me o desenho!
-Devolve o desenho á minha filha!
-Foste tu que o fizeste?
-Fui! Dá-me o desenho!
-Mudança de planos! Vamos levar esta rapariga ela vai ser-nos muito útil para desenhar o mapa das ilhas que formos roubar.
-Eu não quero ir, mãe!
-Vocês não vão levar a minha filha para nenhum lado!
-Bella, mãe!
-Carma! Anda cá filha.
A mãe de Bella abraçou as duas e disse ao ouvido de cada uma que as amava. Aleh, agarrou no braço da mãe das meninas e começou a bater-lhe. Quando ela já não se podia defender, com sangue a escorrer pela testa, nariz e boca pegou numa arma e disparou diretamente para o coração. Elas assistiram a tudo e começaram a chorar e a abraçar a mãe coberta de sangue.
-Ainda não acabei. Tu vens conosco.
Pegaram na Bella e levaram-na para a sede. Carma desesperada tentou lutar, mas acabou por ser esfaqueada e foi diretamente para o médico.
Chegaram á sede e forçaram Bella a fazer uma tatuagem com o símbolo do gangue. Após a tatuagem estar feita ela fugiu para a cidade. Quando a viram ficaram contentes, mas olharam para o braço dela e viram o símbolo do gangue. Aí a cidade virou-lhe as costas e abandonou-a. Triste e magoada correu de novo para a sede para fazer um acordo com Aleh.
-Aleh gostas de dinheiro, não gostas?
-Sim, porquê?
-Tenho um acordo para ti. Se eu conseguir arranjar os dez mil milhões de euros tu deixas a ilha para sempre.
-Pode ser, mas se não conseguires serás a minha navegadora.
-Aceito!
A partir deste dia, Bella esforçou-se para arranjar o dinheiro. Saiu para os mares roubando piratas e juntando o seu tesouro num esconderijo. Teve de fazer coisa que nunca pensava que iria fazer para sobreviver.
-Ah…agora entendo… não sabia.
-Não tinhas como saber.
-Disseste que eras uma navegadora, não foi?
-Sim, porquê?
-Quero que sejas minha companheira!
-Deve estar a gozar! Roubaste-me o tesouro e agora queres ser minha amiga?!
-Tenho de devolver os bens às pessoas. Vem comigo e assim o teu inferno acaba.
-O meu sim, mas depois começa o inferno das pessoas que amo! Se eu fugir, matam todos…
-Só tenho de derrotar o Aleh, não é?
-Não estás a perceber, ele não pode ser derrotado! Nunca ouviste dizer que um em cada um milhão nasce com poderes subnaturais?! Ele nasceu com poderes…o poder de controlar os seres vivos!
-E depois? Todos têm um ponto fraco e além disso, eu quero-te ao meu lado a guiar-me pelo mar.
-Existem outros navegadores por aí!
-Mas eu quero-te! Vou derrota-lo e depois vens comigo…porque és minha companheira!
Bella, ficou tocada. Desde a morte da sua mãe ninguém a ajudou. Ela era uma simples ladra que fazia tudo para sobreviver. Quando viu que Melissa estava disposta a sacrificar a vida por ela, chorou e disse:
-Melissa, salva-me eu não aguento mais.
-Não te preocupes, ele não vai magoar-te mais.
Melissa foi a correr até á sede. Viu que Aleh estava a contar o dinheiro e os soldados estavam a embarcar para irem assaltar um barco pirata.
-Aleh!
-Quem és tu?
-A pessoa que vai matar-te!
-Matar-me?! Tens noção de que eu sou invencível? Eu tenho o poder de controlar todos os seres vivos!
-Eu também tenho um poder. O poder da destruição!
-Com um poder maior não deves ter tanto controlo sobre ele, pois não?
-Não vou mentir, após três anos de treino ainda não o consigo controlar totalmente.
Sem avisar Aleh aproveitou o momento e com o seu poder fez aparecer uma corrente que se prendeu á volta do pescoço de Melissa.
-Mas… o que é isto?! Não consigo tirar!
-Esta é a corrente do Inferno. Com ela consigo controlar as pessoas ou animais. Usei isto tantas vezes com a tua amiga, Bella. Acolhia e dei-lhe uma vida melhor do que quando era uma ladra.
-Ela sofreu muito por tua causa! Obrigaste-a a trabalhar para ti durante dezasseis anos e doze horas por dia! Isso é exploração!
-Achas que eu não sei disso?! Ela nunca vai pagar-me…nunca vai sair do Inferno!
-Vai sim e sabes porquê? Porque vou derrotar-te e fazer com que ela se torne minha companheira!
-Deita-te!
Como Melissa tinha a corrente ela deitou-se contra a sua vontade. Tentava-se levantar, mas não valia a pena, pois Aleh estava a controla-la.
-Não vale a pena resistires. Assim não vais conseguir, nem vou ter de sujar as mãos.
Ela lembrou-se das lagrimas de Bella e isso motivou-a a levantar-se. Consegui e Aleh não queria acreditar no que estava a ver. Melissa ativou o seu poder. As mãos dela ficaram com uma bola vermelha á volta dos punhos. Agarrou na corrente com força e quebrou-a.
-Como é que conseguiste?!
-Este poder dá-me força subnatural nos punhos. Se for bem treinado consigo ter a força de um Dragão, por isso chamo-lhe Punho de Dragão.
Melissa pensou para si, «tenho de me despachar, não aguento com este poder durante muito tempo»
Ela correu na direção dele e conseguiu ataca-lo com um soco. Aleh com a força do soco embateu na parede da sede e começou a sangrar pelo nariz e pela boca. Sabia que não tinha hipótese numa luta corpo a corpo, então entrou na sede e foi para o andar mais alto. Melissa seguiu-o. O problema é que nos andares Aleh ainda tinha alguns homens e estava a controla-los pela coleira.
-Boa sorte com eles!
-Seu cobarde! Anda cá se tens coragem!
Os homens rodearam-na e pegaram nas espadas prontos para atacar. «Não posso usar mais que um poder ao mesmo tempo, vou ter de me desviar». Eles começaram a golpeá-la, mas Melissa desviava-se facilmente até que ficou distraída e um lhe fizesse um corte que cobria as costas toda. Deitou-se no chão a gemer de dor. «Como é que baixei a guarda?! Isto dói e estou a perder demasiado sangue. Tenho de me levantar». Levantou-se e lutou corpo a corpo com os soldados. Após os ter vencido, esforçou-se e subiu as escadas rapidamente, porque com aquele ferimento ela não iria muito longe. Encontrou Aleh no topo com mais homens a defende-lo.
-Parece que a menina fez um dói-dói.
-Não te preocupes, tu também terás um. Não te perdoou-o pelo que fizeste com as pessoas desta ilha. És um monstro.
-Falou a que apareceu em todos os jornais como a “arma mortal”!
-Sim, é isso que me chamam, mas não me importo. Sabes porquê? Sei que vou encontrar companheiros que nunca me vão deixar sozinha.
Os homens que o estavam a proteger atacaram-na, mas desta vez ela não estava distraída e soqueou todos os que se meteram no caminho. Olhou nos olhos de Aleh com um olhar matador e ameaçador. Ele ficou com medo e começou a tremer. Deu alguns paços para trás para começar a correr, mas Melissa foi mais rápida e sem ele se aperceber ela bateu-lhe no nariz partindo-o. Estava no chão a agarrar o nariz.
-O menino fez um dói-dói, foi?
-Vais pagá-las!
Aleh pegou numa faca que tinha no bolso e esfaqueou-a no tornozelo. Gritou de dor e para se vingar tentou dar um soco nele, mas ele desviou-se e ela deu no chão. Este rachou fazendo com que o edifício desmorona-se.