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Estava a caminho da lanchonete do pai do Ryota, com ele eu estava muito nervosa. Uma sensação de medo surgia em mim junto a uma sensação de segurança por ele estar ali. Enquanto andávamos uma mulher passou por nos e nos deu um cartão para cada. Era de uma vidente, eu nunca acreditei ou desacreditei disso porém guardei na minha bolsa e ele botou no bolso e quebrou o silêncio.
Ryota- Você acredita em destino?
Anne- Como assim?
Ryota- Você acredita que as coisas acontecem por acontecer ou é algo destinado?
Anne- Eu sempre achei que algumas coisas são coisas do destino, mas você também pode mudar o seu destino. Se você não vai atrás de algo o destino não vai trazer para você
Ryota- Tem razão, mas você acreditaria que uma pessoa é destinada a fazer parte da vida de uma outra, por simplesmente obra do destino?
Anne- Acredito, a Dulce foi assim. Ela faria parte da minha vida mesmo ela não tendo viajado para os Estados Unidos. Ela iria fazer parte da minha vida do mesmo jeito. Mas porque essas perguntas?
Ryota- Só puxando assunto pra te conhecer melhor
Anne- E porque você iria querer me conhecer melhor?
Ryota- Achei você interessante, as meninas que conheço a maioria são carentes e muito frágeis
Anne- E eu não sou frágil?
Ryota- Você é, mas carência você não tem ou não sabe bem o que é
Anne- Você é bem sincero e misterioso
Ryota- Misterioso eu sempre fui e sincero só quando posso
Anne- Então você não é confiavel
Ryota- Depende do que você chama de confiável
Anne- Confiável para mim é a pessoa que me respeita e me reconhece por quem eu sou e que saiba guardar meus segredos
Ryota- Segredos eu guardo vários e respeito quem me respeita. Única coisa que não suporto é falsidade
Anne- Como assim?
Ryota- Eu não suporto mentiras, pessoas que mentem pra enganar as pessoas não tem meu respeito
Anne- Acho que não vamos nos dar muito bem...
Ryota- Porque?
Anne- Nada, pensei alto...
Ryota- Eu sei o seu segredo, nem por isso eu te odeio
Anne- C-Como assim? Que segredo?
Ryota- Viu você gaguejou, você esconde algo
Anne- Como você sabe?
Ryota- Porque eu também escondo... Chegamos, vamos?
Na hora eu tava muito nervosa, eu conseguia conversar com ele normalmente melhor do que com qualquer outra pessoa a não ser a Dulce. Eu não queria que ele descobrisse quem eu era, mas provavelmente ele já sabia. Eu não sabia o que fazer. Fiquei pensativa e em silêncio enquanto entrávamos na lanchonete
Ryota- Miko cade meu pai?
Miko- Ele deve tá na cozinha
Ryota- Ta bom
Miko- Essa é sua namorada?
Ryota- Não, ela é a filha da Nara Nozumi, filha do senhor Nozumi
Miko- Sério?
Ryota- É
Miko- Ela não fala?
Ryota- Anne... Anne
Anne- Oi... Desculpa, tava distraida
Miko- Olá
Anne- Você é a...?
Miko- Eu sou a Tomiko Mashida, mas pode me chamar de Miko
Anne- Prazer, sou Anne Nozumi
Miko- O Ryo falou
Anne- Ryo...?
Ryota- Miko vo falar com meu pai, Anne espera aqui tá?
Anne- Ta bom
Haru- Olha só a moça bonita do outro dia, voltou pra comer de novo?
Miko- Você conhece ela mana?
Haru- Ela veio aqui outro dia ai não foi?
Anne- Sim, o hambúrguer daqui é muito bom
Haru- É deve ser bom porque você comeu três
Miko- Haru... Que isso, ela é convidada do chefe
Anne- Não tem problema, é verdade. No dia eu não tinha comido nada e exagerei um pouco
Haru- Você é amiga do Ryota?
Miko- Ela é da família Nozumi
Haru- Sério?
Anne- Vocês conhecem minha família?
Miko- Claro, é uma família de talentos
Haru- Até dizem que aquela cantora Karyn é da sua família, é verdade?
Anne- E-Eu não sei, acho que não...
Miko- Você parece com ela...
Anne- É, sempre dizem isso
Haru- Mas e ai como você conheceu o chefinho?
Miko- Ele deve ter ido no restaurante de vocês não é?
Anne- É ele foi, mas conheci ele na escola
Ryota- Anne vem aqui, por favor
Anne- Eu tenho que ir lá depois conversamos, tchauzinho
Miko- Tchauzinho
Ryota- O que elas tava falando?
Anne- Seus podres só
Ryota- Não tenho podres
Anne- Sem graça, o que você quer?
Ryota- Meu pai quer falar com você
Anne- Eu já tinha esquecido disso
Ryota- Ele é meio intrometido então se prepara.
Eu tinha relaxado um pouco, consegui me controlar bem. Porém toda hora aquilo que ele me falou antes voltava pra minha mente e meu coração voltava a disparar e quando o pai dele me viu só piorou...
Takagi- Olha se não é a pequena Anne
Ryota- Pai, o que eu disse
Takagi- Ta bom seu chato
Anne- Prazer em conhecer senhor Mamoru
Takagi- Ah sem isso, a gente já se conhece, até ja te peguei no colo
Ryota- Pai...
Takagi- Para de ser chato
Anne- É Ryo... Para de ser chato
Takagi- Olha só, igualzinho a Nara. (Risada estranha)
Ryota- Fala logo o que você tem pra falar, e Anne depois precisamos conversar seriamente
Takagi- Deixa de ser chato, e pequena deixa que depois eu e minha esposa vamos visitar sua mãe e falamos de negócios
Ryota- Então eu posso levar ela?
Anne- E quem disse que eu vou com você?
Takagi- (Risada maliciosa) Ela é toda sua
Ryota- Anne por favor pode vir comigo?
Anne- Assim tudo bem, mais pra que?
Ryota- Eu falo quando sairmos...
Ele ficou muito estranho do nada, meu nervosismo aumentou e eu fazia e falava coisas sem pensar. Ele me levou para outra rua e me encurralou na parede e disse...
Ryota- Quem te contou?
Anne- Contou o que?
Ryota- Foi a Miko?
Anne- Ela não me contou nada, e porque esse nervosismo?
Ryota- Então porque você me chamou de Ryo?
Anne- Ah então é isso... Eu ouvi elas te chamando assim. Esse nome soou familiar e me lembrei... Ryo era o garoto que eu conheci quando era mais nova, que sempre me ajudava...
Ryota- Então você lembrou...
Anne- Então é você mesmo...
Isso explicou muita coisa, o nervosismo que eu sentia e a sensação de segurança. Pra mim aquele garoto sempre foi o meu porto seguro. Eu engolia o choro porque ele falava para eu não chorar. Quando sofri críticas, quando errei e fui julgada, a pressão da profissão que era ser uma cantora de sucesso, nada disso me derrubou por ter a Dulce, minha mãe e a lembrança desse garoto nos meus sonhos...