"eu" pertenço a "Ela"

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  • Mrk
  • Capitulos 1
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

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    Capítulo 1

    "eu" pertenço a "Ela"

    “História/Estória” é uma palavra, no português, feminina: “A História/A Estória”. É uma garota, mulher ou deusa que pode nos revelar, ensinar e orientar sobre o mundo em que constituímos nossas pequenas vidas. Não posso afirmar nada pelos outros, mas ela sempre foi um fascínio para mim: um garoto desorientado nas áridas trilhas da vida.

    Também faço História/Estória; “minha história/estória”, meu lado sensível, monstruoso, racional, masculino e feminino.

    Minha criatividade percorre meus pensamentos e faz pegar a caneta entre os dedos, traçando o caderno em busca de um mundo novo, só meu.

    Minha imaturidade, infantilidade tentando fugir do mundo real e da responsabilidade; recanto temporário até voltar ou encontrar um novo “útero” que proteja o moleque indefeso de tudo e de todos.  

    A “Deusa” possuidora tanto do “bem” quanto do “mal”.

    Sobre a palma da mão de uma “Deusa” benevolente, a qualquer momento, sem maiores explicações, posso encontra-me esmagado como um inseto nojento.

    Vida própria “Ela” tem. Algo que demorei a notar e admitir por meu fútil orgulho e remoído ego, insistente em se manter quando deveria ter sido expurgado como um câncer do meu corpo e mente.

    Confundo que sou o criador “Dela”, mas na verdade “Ela” sempre esteve “lá”, informe, esperando a oportunidade de ser moldada. Eu sou o primata que a imagina sua forma física, em uma estátua de barro - sou capaz somente de representa-la com palavras e frases.

    Nunca percebi a arrogância em afirmar ser o seu criador.

    “Ela” sempre esteve “lá”.

    Do mundo subterrâneo “Ela” me observava com seus olhos maravilhosamente cruéis; azuis, brancos, amarelos, pretos - as cores dos quatro cantos do mundo. Tudo vê e possui o domínio. O centro é “Ela”, tudo está voltado para “Ela”.

    O Centro Imóvel Invisível.

    Veio até mim. Subiu degrau por degrau as escadas para o mundo que por direito lhe pertence. Orfeu foi fraco e desobediente perante as ordens dos deuses; restou somente a perda de sua amada para a morada dos mortos. “Ela” não hesitou. Não precisava recear qualquer coisa do passado. O mundo das trevas já não era o suficiente para manter sua reluzente luz, benevolência colossal... tornara-se pequeno demais para manter sua terrível monstruosidade.

    Naquele aspecto informe enxergo seu libidinoso corpo; o corpo que fascina, mas que pode levar à morte. A tentação além do amor - não sei se “Ela” emergiu do mundo das trevas para salvar-me ou aniquilar-me; para libertar-me ou escravizar-me... Para ensinar a viver ou a morrer.

    O mundo lhe pertence; eu pertenço a “Ela”.

    Sou um mero garoto que pensava estar totalmente fora do alcance “Dela”; imune aos seus efeitos, benções, castigos.

    Pensava estar imune a sua salvação.

    Multiforme e informe. Corpóreo e incorpóreo. Sensível e insensível. Benevolente e malevolente. Bem e mal. Vida e Morte.

    Capaz de ser único e muito, “Ela” mantem meu equilíbrio e me desequilibra nos segundos seguintes. Uma constante e incansável perseguição para encontra-la; exaustiva e temerosa fuga “Dela”.

    Olhar para frente ou para trás? Só consigo realizar um desses atos.

    “Ela” enxerga até mesmo o infinito.

    Conhece-me da cabeça aos pés, mas não pretende mostrar quais são os defeitos e as virtudes.

    “Encontre por si mesmo!”

    Palavras cruéis eu ouço. Estou sozinho.

    “Siga para onde indico. Há algo lá!”

    Palavras de esperança. O que posso encontrar ao final?

    Ao meu lado estará como Mentora, mostrando-me um mundo magnífico e concedendo-me provações perigosas. Testar é seu objetivo, pois não é uma criança franca que “Ela” deseja. É o único modo para que a benção divina desça sobre mim.

    É a esperança e desejo “Dela”.

    A forma pela qual a moldei é também a trilha indicada para a jornada.

    “Há algo lá!”

    A esperança cresce para encontra-la.


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