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POV – Anne
Estávamos cansados do treino, a formação mais poderosa de Konoha havia decidido mostrar o porquê tinham recebido esse título.
- Ainda não acredito que lutei com essa menininha fofa. – disse Chõza apertando as bochechas de Nora.
- Eu troco por esse garoto. Ele é enérgico demais, mas talvez fosse melhor ele ficar com Shikaku, quem sabe o menino ajude ele a recuperar o ânimo. – Inoichi riu da sua piada.
- Ainda tem algo que não consegui encontrar a resposta sozinho. Espero que possa me ajudar. – Shikaku disse já se sentando ao meu lado. – Seu clã busca a perfeição, mas existem duas marcas no pescoço de você e são ambas imperfeitas, embora não tenham aspecto de terem nascido com vocês, o que quer dizer que foram fabricadas. Então, me questiono porque seu clã deixaria marcas assim em vocês, afinal todos sabemos que se eles quisessem ela poderia ser removida.
Aquela era uma informação que Konoha não precisava ter, embora tenha sido muito perspicaz em sua analise Shikaku não expôs nenhuma teoria a respeito da marca, o que reafirma para mim que ele não precisa saber sobre.
- São marcas classificatórias do Clã Oculto, por isso não são tiradas. – “Merda! Nora, o que está pensando?”
- As marcas são sempre na parte de trás do pescoço, próximo a raiz do cabelo de forma a ser escondida mais facilmente. – o 3º Hokage surgiu do nada só para completar Nora – Uma linha e se classifica como um Samurai, duas linhas e se classifica como gueixa, embora ambas vão parecer uma linha única apenas um pouco maior uma da outra, afinal são finas e pequenas demais para serem notadas, mas não esperaria menos de você Shikaku.
- A terceira marca que parece a lua minguante é a do Clã Real, representa que somos as herdeiras principais. Os Samurais recebem um sol e as gueixas a lua representando que ela não seria vista se não fosse o brilho do sol para iluminá-la e torná-la digna de ser vista. A última marca são pontos que ditam a nossa importância para o clã, uma gueixa pode receber até quatro pontos, como Anne, e os Samurais até cinco, o que significa que mesmo em nossa importância máxima, ainda somos inferiores a eles.
As palavras de Nora haviam levado para fora toda a explicação velada sobre aquelas marcas. Levei minha mão até aquelas marcas que nos tornavam únicas, e ao mesmo tempo alvo. Era a nossa única fonte de identificação própria, para além do Samurai que nos seria confiado.
- A marca é uma queimadura feita ao nascermos, pela própria mãe, o que causa a irregularidade. Caso a mãe não consiga realizar a marcação a criança não possui significado para o Clã e pode ser descartada ou não, de acordo com a vontade do Grande Líder Samurai. Se uma criança receber a marca errada, deve ser considerada uma aberração e por isso deve ser morta imediatamente pela mãe caso ainda esteja viva, e em seguida a mãe deve ser punida por não ser capaz de produzir uma criança digna de receber a vida. – completei para terminar logo com isso, se eles iriam saber que fosse tudo e corretamente.
- Obrigado. – Shikaku respondeu suavemente, quebrando o silêncio que nos cercava. – Posso entender melhor agora, e com certeza posso identificá-las. Apesar de ficarem parecendo palavras vazias, vocês são muito dignas da vida que receberam, e merecem mais do que o seu clã vem lhes dando, são fantásticas e deveriam ter uma vida assim.
Nora se agarrou a Guy e começou a chorar, e entre soluços baixos entrecortados ela dizia que queria ir embora. “Então, ela já tinha percebido.” Não podia culpá-la por essa atitude, essa era a segunda vez que estava em Konoha de forma pública, e ainda não havia me acostumado a gentileza e verdade que todos possuíam.
- Vocês são perfeitas, perfeitas demais para tudo o que passam, vocês transpiram o poder da juventude.
- Essa é a última função da marca é mostrar que somo imperfeitas, e por isso devemos nos esconder e aceitar a imposição dos superiores, porque são eles que determinam quem somos e não nós.
POV – Kakashi
O 3º Hokage foi embora levando Ino- Shika - Chõ e nos deixando Tenzõ e Naruto, ao que parece o Sandaime não conseguia controlar o garoto. Assim demos o treino do dia como encerrado, Tenzõ saiu rápido dizendo que queria ir à sua casa fazer alguma coisa, embora estivesse claro que ele estava nos evitando.
Mestre Jiraiya ainda não tinha aparecido hoje, tudo o que sabíamos é que ele estava “em pesquisa”, de acordo com o recado que ele mesmo deixou escrito na mesa junto ao nosso café da manhã. Guy e Nora continuaram ali, chorando o fogo da juventude perdida, mas aquilo já começara a ser uma competição de quem chorava por mais tempo.
Saímos dali brincando de fazer lançamento de Naruto um para o outro, ele estava se divertindo e pedindo para ir cada vez mais alto e rápido, enquanto Anne e eu tínhamos de tomar o máximo de cuidado para não machucá-lo. Por fim acabamos por comprar picolés, ele se acalmou no colo de Anne, enquanto enfiava os dois picolés de uma vez na boca.
Eram em horas assim que eu me considerava muito louco e imprudente, eu tinha uma certa inveja dele por estar tão próximo da minha Anne, ser capaz de tocá-la e amá-la sem medo. Eu ainda não podia fazer isso, ela poderia não parecer mas, ainda é uma menina, ainda preciso protegê-la de mim. Não posso fazer com ela tudo o que eu gostaria, seria errado e mais uma marca na alma dela.
- Você tem paciência demais com ele. – disse enquanto a via se limpar no rio. Naruto havia melado Anne com seu picolé e agora dormia a sombra de uma árvore.
- Ele possui marcas demais para uma criança. E nós dois sabemos o como essas coisas são difíceis de lidar. – me aproximei dela, a ponto de ficar a um palmo de suas costas, como eu queria tocá-la, então ela virou para mim e me perdi nos seus olhos. Nossas respirações ficaram pesadas, e um vento forte nos tirou do transe.
- Eu preciso fazer isso, Anne. Ainda não sei quando tenho ou não permissão de fazer isso, mas essa é a forma mais eficaz que eu descobri de desvendar você e seu emaranhado de emoções. - ela abaixou a minha máscara e se aproximou mais de mim, eu me afastei, deixando-a um pouco espantada, então sorri. – Eu disse que não perderia mais para você, não dessa forma. – ela sorriu para mim e eu a beijei.
Ainda não sou capaz de lembrar de uma sensação melhor que essa. Sua boca junto a minha, seu corpo reagindo ao meu, sua respiração se confundindo com a minha, sua língua se entrosando com a minha, tudo agia em uma sincronia perfeita, a perfeição que o clã dela tanto almejava.
Anne tinha muito mais do que a perfeição, ela era própria perfeição.
Nos afastamos em busca de ar, mas não consegui recuperá-lo longe dela, então a puxei de volta para mim, deixei minhas mãos vagarem do seu cabelo ao seu rosto até a sua cintura, que era feita sob medida para as minhas mãos. Sua pele era tão incrível e perfeita, a melhor definição que encontraria seria compará-la a uma porcelana de tão frágil, mas ela era rara como um diamante, e macia como um algodão.
Anne era tudo o que ainda restava de bom no meu mundo. Ela era o meu mundo inteiro. Eu a entedia e ela me entendia. Eu não precisava de nada mais. Ela preenchia tudo o que eu precisava.
Ela se afastou novamente em busca e ar e apoiou sua cabeça em meu ombro, embora precisássemos de mais ainda éramos humanos, e precisávamos respirar também. Deixei minhas mãos vagarem por seu cabelo e sua pele, e me permiti mergulhar em seu cheiro inebriante.
Em minha boca ainda estava a explosão de sabores, que ela deixara, do seu próprio gosto ao picolé que comera. Jamais pensaria que iria gostar da mistura de picolé com o meu chocolate amargo favorito. Sorri com a idéia. Mas era ela que tornava essa mistura em algo divino, mas eu precisava sentir só ela.
Então, apertei- a contra mim e a levei até o rio, pulando dentro dele, molhando nos por inteiros. Para a minha surpresa, ela se agarrou mais a mim, tentando me escalar para ficar mais alta, de forma a tirar uma parte de seu corpo da água.
- Parece que descobri a sua fraqueza. Você não sabe nadar. – não me contive e gargalhei disso – Eu nunca iria imaginar que a herdeira, teria medo de água. – ela fez uma careta de raiva para mim
- Somos armas, as pessoas não costumam levar armas para nadar. – disse me fuzilando com os olhos, embora mostrasse também que estava se divertindo
- Bom. Eu gosto de nadar, então, como minha namorada... – ela arregalou os olhos para mim surpresa. “Mas, espera, eu... eu... eu... disse... NAMORADA? O que aconteceu comigo? Estou perdendo o juízo! É isso, Anne está me deixando louco e...” ela calou meus pensamentos com um beijo.
Sim. Anne é a MINHA NAMORADA. Ela é só minha, não importa o que aconteça, vou continuar amando-a com todas as minhas forças até o fim da vida. Meio precipitado, talvez. Mas, só por eu ser um cara aos 17 anos não quer dizer que não sei o que eu quero. Nós nunca fomos crianças mesmo.
Deitei-a rente a mim, próximo ao rio, ao qual me mantive dentro. As sensações começaram a brotar novamente, como uma enxurrada, uma muito, mais muito mais forte que a corrente que passava por esse rio.
Seus lábios molhados se entrelaçando aos meus, seu corpo, que com toda a certeza não parecia de uma menina, e ele estava tão marcado pelas roupas molhadas, mas isso é tão errado e imprudente. Anne me puxou para mais perto dela, nossos corpos ficaram mais colados, e eu sabia que aquela era a hora que nós precisávamos parar
Me afastei dela, e deitei ao seu lado com os pés dentro do rio, porque nem mesmo a água estava sendo capaz de apagar esse fogo...