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Vamos responder uma questão que pode ter deixado alguém curioso...
POV – Nora
Devo admitir que apesar de ainda não gostar de estar quebrando as regras do Clã Oculto, Tenzõ é divertido. Ele não se parece comigo, nem com Emilly, mas é lógico que isso não seria possível para um garoto criado em Konoha.
As suas histórias me faziam rir, me faziam lembrar porque o portão principal do Clã Oculto era o meu lugar favorito, e mais que isso, me faziam entender Emilly. Ela ainda sofria tanto por eles terem abandonado-a. Mas, confesso que as vezes isso me deixava feliz, era uma forma de puni-la por ter me machucado.
- Ei! – ele me chamou – Você ainda está me escutando?
- Desculpe, não.
- Tudo bem. Eu também estou preocupado com ela. Sabe, ela me trouxe para cá, mais está me protegendo, sinto que posso confiar nela. – ele bocejou e eu ri – Tem sorriso tão encantador quanto o dela.
- Venha, vou arrumar um espaço para você dormir.
POV – Emilly
Kakashi.
Kakashi.
Kakashi.
Não conseguia tirar da minha seu rosto, seu nome, seu cheiro, seus olhos, suas emoções reprimidas... Ele estava tão diferente, mas era ao mesmo tempo tão familiar.
“Droga, Kakashi. O que pensa que está fazendo? Não veio quando foi convidado, e vem agora, por quê? Tenzõ é tão importante para você? Ou é só uma missão?”
Parei em frente ao tigre que ficava na praça central e o abracei.
Eu não deveria estar sentindo nada, afinal os ninjas de Konoha foram os culpados d’eu perder a minha primeira pureza: a família. Não conseguia mais considerar ninguém como importante o bastante para ser minha família e junto havia perdido parte da segunda pureza que eram as minhas emoções.
Mas, Kakashi as trouxe de volta para mim.
- O que eu devo fazer? – perguntei ao tigre – Eu o deixei com o meu pai. Fui cruel com ele, assim como ele foi comigo. Mas, talvez eu o tenha feito mal demais, deixando-o lá. – forcei para ver se lágrimas desciam para limpar a queimação dos meus olhos, mas como eu esperava nada aconteceu.
“Ele vai sobreviver. Ele precisa. É a obrigação dele.”
Encostei minhas costas no tigre e me sentei em posição fetal. “Como podia ter tanta raiva dele e não conseguir me mover por achar que eu o tinha feito mal? Ele também havia me ferido.”
Não tinha ordens para retornar a fronteira, não tinha forças para voltar para Nora e Tenzõ, não tinha coragem de voltar e desafiar o Grande Líder Samurai, meu pai. Então, fiquei sentada ali até amanhecer ouvindo os gritos que o meu clã produzia, e esperando minhas lágrimas descerem, para me acalmar, mas isso não aconteceu.
POV – Nora
“Que droga, Emilly. Onde você está? Preciso de ajuda. O que vou fazer quando o garoto acordar, não temos o que dar a ele.”
- Já está acordada? Bom dia.
- Eu não dormi, precisava cuidar de você.
- Desculpe.
-Tenho uma idéia. Você disse que foi até o lugar favorito de Emilly ontem e fez um balanço, podemos ir lá agora.
- Não, eu não quero ir. Emilly pode voltar aqui e ficar preocupada por eu não estar aqui e... – sorri para ele.
“Como era ingênuo em pensar que Emilly se importava com ele. Ninguém era tão vazia como ela.”
- Por favor, acha mesmo que não conheço a minha prima? Vamos logo, vá tomar banho e vamos para o balanço, você mesmo disse que ela estava feliz lá. Tenho a certeza de que ela estará lá. – Sorri e mostrei meu polegar a ele. Sem que eu precisasse falar, ele entrou e foi para o chuveiro.
- Nora.
- Até que enfim. Por que demorou tanto? Nós duas sabemos que foram mandadas maikos para a fronteira.
- Fomos atacados de novo, então, passei por uma audiência com o Grande Líder Samurai. Mas, não estava bem, então optei por não voltar e assim não ser um tormento para você e para Tenzõ.
- O Grande Líder Samurai acertou mesmo quando deu esse seu nome, você realmente fala de modo agradável, mesmo quando não é o que queremos ouvir.
- Emilly, você voltou. – disse Tenzõ sorrindo, ainda saindo do corredor.
Antes que ele chegasse a sala na qual estávamos a porta se abriu e um homem moribundo entrou por ela, ele provavelmente seria um dos intrusos que nos atacaram agora, pois não o conhecia.
- Segunda, primeira, segundo. – ele disse e caiu em nossa frente
- Kakashi senpai. – disse Tenzõ levantando-o e colocando-o para dentro da sala.
Eu os acompanhei, comecei a pegar toalhas, e Tenzõ pegava vasilhas com água. Tudo precisava ser muito rápido, são poucos os que sobrevivem a uma noite com o Grande Líder Samurai. Aquele garoto, com certeza é especial.
- Emilly. - Tenzõ a chamou. Ela não se movera e nem parecia respirar, desde que viu o intruso – Não se preocupe com Kakashi senpai. Eu sei que ele parece horrível agora, mas ele é muito forte, vai ficar bem. - mas apesar disso, Emilly não se moveu
- Emilly. – eu a chamei – Preciso de ajuda. Não tenho tantos ninjutsus médicos quanto você, preciso que me ajude, ou ele pode morrer. – e foi só assim que ela se moveu
POV – Kakashi
Não sei bem quanto tempo dormi, mas eu com certeza preferia ter ficado acordado, meu corpo estava destruído pela surra que havia levado e precisava se recuperar, mas não queria dormir para não ter que ver aquelas lembranças que aquele homem repulsivo me fez reviver. Mas agora havia passado, eu conseguia ficar acordado, então abri meus olhos lentamente.
- Viram! Eu disse! Eu disse! Sabia que Kakashi senpai não iria morrer. – Tenzõ estava gritando, parecia que eu não havia ensinado nada a ele.
- Tenzõ, controle-se. – disse, com a minha visão voltando a ter foco de novo. E foi então que eu vi aqueles olhos de novo.
Os olhos dela haviam mudados, os sentimentos agora transbordavam deles. Pude ver a dor que estava causando a ela por estar ferido, por ter a feito cuidar de mim, mas era culpa dela, afinal ela me abandonara com seu pai. Queria puxá-la para mim, abraçá-la e dizer que estava tudo bem. Mas seria mentira.
- Tome Emilly. Toalhas limpas, ele ainda soa muito. – “Emilly? Não, com certeza não. Eu tenho certeza de que essa é Anne.” Senti as toalhas secas em minha testa, e percebi que realmente estava suando.
- Meu nome é Nora. – disse a moça que trouxe as toalhas, me forcei para olhá-la, mesmo não querendo quebrei o contato visual com ela.
- Ela é muito divertida, Kakashi senpai – disse Tenzõ se apoiando nos ombros dela, que ao invés de ficar rígida com Anne faria, apenas sorriu.
- Sou Kakashi Hatake, o capitão anbu da Aldeia da Folha. – olhei novamente para quem eu tinha a certeza de que era Anne
- Essa é Emilly, Kakashi senpai. Ela que cuidou da maior parte dos seus ferimentos, foi ela que me capturou também, ela é prima da Nora e é a garota mais bonita que eu já vi. Mas, tem uma coisa senpai que eu quero te perguntar. O que era aquilo que você disse?
- Segunda, primeira, segundo. A segunda miranai que é Nora, deve se tornar a primeira protetora do segundo intruso, que é Kakashi. – quando ela disse o meu nome, qualquer dúvida que eu tinha se fora, ela era a Anne.
- Sou sua guardiã agora Kakashi e Emilly é a guardiã de Tenzõ. – apesar de estar ouvindo todos, eu apenas os ignorei, me sentei e fiquei com o rosto a um palmo do de Anne
- Por que você me abandonou com ele?
- Você fez isso primeiro. Deveria ser mais educado e cumprimentar melhor Nora e Tenzõ, eles passaram a manhã todo cuidando de você.
- Eu nunca abandonei você. Foi o seu clã, que levou você a força de Konoha. Por que Emilly?
- Quando sai de lá o Grande Líder Samurai falou sobre isso.
- Sim, eu lembro “Aproveite bem esse nome cheio de memórias enquanto você pode, porque vou arrancar tudo de você...”
- Ele me deu esse nome, quando me tornei miranai. Estou no segundo nível agora.
- Quão ferida você ficou, Anne?
- Emilly, por favor. Não posso e não quero lembrar que já fui Anne um dia.
Ela fechou seus olhos, para eu não ver a dor que ela queria esconder. Encostei minha testa na dela, sua postura mudara, mas logo relaxou. Senti sua respiração pesada, seu cheiro, tudo nela era ainda melhor do que eu lembrava e esperava, e aquela menininha que eu conheci a 6 anos atrás, não fazia jus a mulher que estava a minha frente.
Acaricie o seu rosto delicadamente, pois para mim ela era mais frágil que porcelana e mais rara do que diamante. Peguei as toalhas que tinha em suas mãos, toalhas essas que estavam sujas de sangue e suor. Suspirei, para aliviar a dor, a saudade, e para ter certeza de que estava vivo. Segurei suas mãos, e fechei meus olhos.
Se tudo isso é um sonho, eu não quero acordar mais.